A Artigo Original Impacto do estado nutricional no prognóstico de pacientes com insuficiência cardíaca descompensada Impacto do estado nutricional no prognóstico de pacientes com insuficiência cardíaca descompensada Nutritional status impact in the prognosis of patients with decompensated heart failure Taiana Alves de Alcântara Andrade1 Cláudia Porto Sabino Pinho2 Maria Amélia Lins Castro3 Rafael Alessandro Ferreira Gomes4 Priscila Prazeres de Assis5 Moacir de Novaes Lima Ferreira6 Unitermos: Insuficiência Cardíaca. Estado Nutricional. Avaliação Nutricional. Desnutrição. Prognóstico. Keywords: HeartFailure. Nutritional Status. Nutrition Assessment. Malnutrition. Prognosis. Endereço para correspondência: Cláudia Porto Sabino Pinho Rua Engenheiro Sampaio, 255/1702 – Rosarinho Recife, PE, Brasil – CEP: 52041-020 E-mail: [email protected] Submissão: 17 de fevereiro de 2014 Aceito para publicação: 2 de julho de 2014 1. 2. 3. 4. 5. 6. RESUMO Introdução: A desnutrição é um achado comum em pacientes com insuficiência cardíaca (IC), principalmente em seus estágios mais avançados, constituindo um importante fator preditivo de redução de sobrevida. Objetivo: Avaliar o impacto do estado nutricional no prognóstico de pacientes com IC agudamente descompensada admitidos em emergência cardiológica. Método: Estudo transversal, envolvendo 91 pacientes com diagnóstico de IC agudamente descompensada admitidos em emergência cardiológica de hospital universitário de Recife-PE, no período de julho a outubro de 2010. Entre as variáveis nutricionais, avaliouse: hemoglobina, contagem total de linfócitos (CTL), prega cutânea triciptal (PCT), músculo adutor do polegar (MAP), circunferência do braço (CB), circunferência muscular do braço (CMB) e Avaliação Subjetiva Global (ASG). Resultados: A média de idade foi 50,2 (± 10,2) anos e 38,5% dos pacientes avaliados eram do sexo masculino. A desnutrição variou de 4,4 a 92,1%, dependendo do indicador nutricional utilizado, sendo a CTL e a CB os parâmetros mais sensíveis e a ASG e o MAP, os menos sensíveis. Não foi encontrada correlação entre os indicadores do estado nutricional e o grau de comprometimento contrátil do miocárdio (%FE). A anemia foi observada em 36,7% dos pacientes, sendo maior no sexo masculino (p<0,001) e nos pacientes não sobreviventes (p=0,039). A taxa de mortalidade foi 5,5% e a CTL foi preditor de mortalidade (p=0,036). Conclusões: O comprometimento do estado nutricional foi um achado comum nos pacientes com IC, mas percentuais variáveis foram observados conforme o parâmetro de avaliação utilizado. Apenas a anemia e a CTL foram preditores de mortalidade na população estudada. ABSTRACT Background: Malnutrition is a common finding in patients with heart failure (HF), especially in its later stages, constituting an important predictor of reduced survival. Objective: To evaluate the impact of nutritional status on the prognosis of patients with a cutely decompensated HF admitted to cardiology emergency. Methods: An observational, cross-sectional study involving 91 patients with a cutely decompensated HF diagnosis admitted to a university hospital emergency cardiac in Recife-PE, from July to October 2010. Among the nutritional variables was evaluated: hemoglobin, total lymphocyte count (TLC), triceps skinfold thickness (TSF), adductor pollicis (AP), arm circumference (AC), arm muscle circumference (AMC) and Subjective Global Assessment (SGA).Results: Mean age was 50.2 (± 10.2) years and 38.5% of patients were male. Malnutrition ranged from 4.4 to 92.1% depending on the nutritional indicator used, and TLC and AC parameters most sensitive and SGA and AP, the less sensitive. No correlation was found between indicators of nutritional status and degree of myocardial contractile impairment. Anemia was found in 36.7% of patients, being higher in males (p<0.001) and non survivors (p=0.039). The mortality rate was 5.5% and TCL was a predictor of mortality (p=0.036). Conclusion: The nutritional status impairment was a common finding in patients with HF, but variable percentages were observed as parameter of evaluation. Only anemia and TCL were predictors of mortality in the population studied. Acadêmica do Curso de Graduação em Medicina. Universidade de Pernambuco (UPE), Recife, PE, Brasil. Nutricionista, Especialista em Nutrição Clínica pela Associação Brasileira de Nutrição, Mestre e Doutoranda pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Pronto Socorro Cardiológico Universitário de Pernambuco (PROCAPE),Recife, PE, Brasil. Acadêmica do Curso de Graduação em Nutrição. Faculdade Maurício de Nassau (FMN), Recife, PE, Brasil. Médico Residente. Pronto Socorro Cardiológico Universitário de Pernambuco (PROCAPE), Recife, PE, Brasil. Nutricionista, Especialista em Nutrição Clínica pelo Programa de Residência do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), Recife, PE, Brasil. Médico, Doutor em Endocrinologia pela Universidade de São Paulo. Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), Recife, PE, Brasil. Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (2): 145-51 145 Andrade TAA et al. INTRODUÇÃO A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica complexa, de caráter progressivo, classicamente definida como distúrbio cardíaco funcional ou estrutural que prejudica a capacidade do ventrículo de encher-se ou ejetar sangue suficiente de acordo com a demanda do corpo, ou permite fazê-lo apenas com pressões de enchimento aumentadas1. Constitui um problema grave e crescente de saúde pública em todo o mundo, sendo a via final comum da maioria das cardiopatias2, com alto custo social e elevada taxa de mortalidade3. Desde os primórdios da Medicina, a desnutrição é reconhecida como uma manifestação comumente associada à IC, principalmente em seus estágios mais avançados. Dentro do elenco de manifestações clássicas da doença cardíaca, encontramos variados graus de depleção proteico-calórica, até os quadros extremos, genericamente denominados de caquexia cardíaca4,5. A ingestão de energia e nutrientes e o estado nutricional são elementos associados ao desenvolvimento e à progressão do quadro de IC6, sendo a presença da desnutrição um importante fator preditivo de redução de sobrevida nos pacientes com a doença, independentemente de variáveis importantes, como idade, classe funcional segundo a New York Heart Association (NYHA)7 e fração de ejeção8. Diante do histórico entrelaçamento entre desnutrição e IC e das evidências de que a desnutrição pode mudar o curso da doença, levando a um pior prognóstico, este estudo tem o objetivo de avaliar o impacto do estado nutricional no prognóstico de pacientes com insuficiência cardíaca agudamente descompensada admitidos em emergência cardiológica de hospital universitário em Recife-PE. MÉTODO Foi realizado um estudo observacional, do tipo transversal, envolvendo 91 pacientes com diagnóstico de insuficiência cardíaca (IC) agudamente descompensada admitidos na Emergência Cardiológica do Pronto Socorro Cardiológico Universitário de Pernambuco (PROCAPE), no período de julho a outubro de 2010. Foram incluídos pacientes com diagnóstico de IC, de ambos os sexos, com idade entre 18 e 65 anos. Como critérios de exclusão, foram consideradas as situações que poderiam promover alterações do estado nutricional ou modificar a história natural da doença: idade <18 anos e >65 anos; internamento prévio recente (em período inferior a 15 dias); transferências de outros hospitais; presença de outras doenças crônicas consumptivas associadas (câncer ou HIV/Aids); nefropatias em tratamento dialítico; internamento curto (<48 horas), inviabilizando a coleta de dados; além de condições clínicas que impossibilitassem a aferição das medidas antropométricas. O diagnóstico de IC agudamente descompensada foi definido como início rápido ou mudança clínica dos sinais e sintomas de IC, resultando na necessidade urgente de terapia, podendo ser nova ou devido à piora de IC pré-existente (IC crônica descompensada)9. Foram avaliadas variáveis sociodemográficas (sexo, idade, escolaridade), clínicas (grau de IC à admissão e sua causa, ecocardiografia, presença de 3ª bulha persistente, tempo e desfecho do internamento), bioquímicas (hemoglobina, hematócrito, contagem total de linfócitos) e nutricionais (prega cutânea triciptal, circunferência do braço, circunferência muscular do braço, músculo adutor do polegar e Avaliação Subjetiva Global). A coleta de dados foi realizada por pesquisadores devidamente treinados até 72 horas após a admissão do paciente no hospital. Os dados clínicos e os exames bioquímicos foram obtidos do prontuário clínico, considerando-se as informações da admissão. A IC foi categorizada com base na intensidade de sintomas em quatro classes propostas pela NYHA7. A presença de terceira bulha foi definida como o som percebido à ausculta cardíaca, dado pelo impacto do sangue durante o período de enchimento rápido passivo do ciclo cardíaco, sendo esta observada na apresentação inicial na emergência10. A fração de ejeção, obtida pelo método de Simpson por meio da ecocardiografia (ECO), foi classificada como reduzida quando o valor obtido foi menor que 45%11. Ainda pela ecocardiografia, os pacientes foram classificados como portadores de disfunção sistólica, diastólica ou ambas, em um ou dois ventrículos. As medidas antropométricas foram tomadas em duplicatas ou triplicatas, sendo considerada a média entre as aferições. A espessura em milímetros da Prega Cutânea Triciptal (PCT) foi obtida com plicômetro científico da marca Cescorf® (Porto Alegre, Brasil), segundo a técnica descrita por Jelliffe & Jelliffe12, no ponto médio do braço não dominante (entre o processo acromial e o olécrano), em posição sentada, com o braço estirado livremente ao longo do corpo. O valor obtido foi comparado a tabelas padronizadas13, estimando-se o grau de comprometimento das reservas gordurosas em função do percentil em que o valor obtido se situa em relação a medidas populacionais: normal (acima do percentil 50), comprometimento leve (percentis 25 a 50), comprometimento moderado (percentis 10 a 24) e comprometimento importante (abaixo do percentil 10). A circunferência muscular do braço (CMB), em centímetros, foi calculada a partir das medidas da circunferência do braço (CB) e da espessura da PCT, utilizando-se a fórmula proposta por Jelliffe & Jelliffe12: CMB = CB – 3,14 x (PCT). A CB foi obtida no ponto médio entre o processo acromial e o olécrano. Do mesmo modo que para a espessura da PCT, os valores obtidos foram Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (2): 145-51 146 Impacto do estado nutricional no prognóstico de pacientes com insuficiência cardíaca descompensada classificados em percentis, por meio das tabelas normalizadas para sexo e idade elaboradas por Frisancho13 a partir de dados populacionais do estudo HANES I (United States Health and Nutricional Examination Survey). A partir do percentil obtido, definiu-se o grau de comprometimento observado em relação a esse parâmetro: normal (acima do percentil 50), comprometimento leve (percentis 25 a 50), comprometimento moderado (percentis 10 a 24) e comprometimento importante (abaixo do percentil 10). A medida do MAP foi realizada com o paciente sentado, o braço flexionado a aproximadamente 90° com o antebraço e a mão apoiados sobre o joelho. Os pacientes foram orientados a ficar com a mão relaxada. Foi utilizado o plicômetro exercendo pressão contínua de 10 g/mm2 para pinçar o músculo adutor no vértice de um triângulo imaginário formado pela extensão do polegar e indicador. O procedimento foi feito na mão dominante por três vezes, sendo usada a média como medida do MAP14. O ponto de corte de 13,4 mm foi adotado para identificar a desnutrição por esse parâmetro15. Em relação à Avaliação Subjetiva Global (ASG), os pacientes foram classificados em eutróficos (ASG-A), risco nutricional ou moderadamente desnutridos (ASG-B) e desnutridos grave (ASG-C). Para fins de análise estatística, os pacientes foram posteriormente divididos em desnutridos (ASG-B e ASG-C) e não desnutridos (ASG-A)15. O diagnóstico de anemia foi estabelecido de acordo com os critérios do Center for Disease Control and Prevention (CDC), considerando-se um valor de hemoglobina sérica < 13,5 g/dL para os homens e < 12 g/dL para as mulheres. (HUOC)/PROCAPE, sob o número 54/2010, e os pacientes que concordaram em participar da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme as diretrizes e normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde. RESULTADOS Dos 505 pacientes portadores de IC admitidos no período da pesquisa, 91 foram incluídos. Dentre os pacientes que não participaram do estudo (n=414), 54,6% foram excluídos por terem mais de 65 anos; 32,9% por terem tido um período hospitalar curto, o que impossibilitou a coleta dos dados; 3,4% por apresentarem internamento prévio recente; 1,2% por terem vindo transferidos de outros hospitais; 2,0% por terem diagnóstico de nefropatia em terapia de substituição renal; e 5,3% por apresentaram condições clínicas que impossibilitaram a aferição das medidas antropométricas. Além disso, três (0,7%) pacientes se recusaram a participar do estudo. Os pacientes avaliados apresentaram idade média de 50,2 (± 10,2) anos, sendo 35 (38,5%) do sexo masculino.A Tabela 1 mostra as principais características clínicas e demográficas dos pacientes estudados. Destaca-se a hipertensão arterial como principal fator etiológico da ICC (66,2%), maior prevalência de disfunção sistodiastólica (67,1%) ao ecocardiograma, mortalidade de 5,5% e média de tempo de internamento hospitalar de 10,1 (± 9,5) dias. Em relação à avaliação da Contagem Total de Linfócitos (CTL), utilizada como parâmetro nutricional, por expressar o comprometimento do sistema imunitário como parâmetro nutricional, foram considerados os intervalos: normal (acima de 2.000 linfócitos/mm3), comprometimento leve (1.200 a 2.000 linfócitos/mm3), comprometimento moderado (800 a 1.199 linfócitos/mm3) e comprometimento grave (<800 linfócitos/mm3)16. Os dados foram lançados no software Epi Info, versão 6.04 (CDC/WHO Atlanta, GE, USA), e analisados no programa SPSS, versão 13.0 (SPSS Inc., Chicago, IL, USA). As variáveis contínuas (PCT, CB, CMB, MAP, Hemoglobina, CTL) foram testadas quanto à normalidade de distribuição pelo teste de Kolmogorov Smirnov, e como apresentaram distribuição normal, foram descritas na forma de média e desvio padrão. As médias foram comparadas pelo teste “t” de Student (duas médias) e ANOVA (mais de duas médias) e a Correlação Linear de Pearson foi empregada para análise da correlação das variáveis contínuas. As frequências foram comparadas pelo teste do Qui-Quadrado de Pearson, sendo considerada significância estatística quando p<0,05 para todas as análises. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Complexo Hospitalar Hospital Universitário Osvaldo Cruz Tabela 1 – Principais características dos pacientes com insuficiência cardíaca agudamente (ICC) descompensada admitidos em emergência cardiológica de hospital universitário em Recife, PE (2010). Variável Idade (anos) Sexo Masculino Escolaridade (anos) Classe Funcional da NYHA* I II III IV Etiologia da ICC Doença Arterial Coronariana Doença de Chagas Hipertensão Arterial Valvopatias Fração de Ejeção< 45% Sinal da Bulha Persistente Ecocardiograma Disfunção Diastólica Disfunção Sistólica Disfunção Sistodiastólica Tempo de Internamento (dias) Óbito * NYHA - New York Heart Association. Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (2): 145-51 147 n 91 91 72 91 90 80 90 80 91 91 Valores 50,2 (±10,2) anos 35 (38,5%) 5,94 (±3,54) anos 0 3 (3,3%) 26 (28,2%) 62 (68,1%) 9 (11,2%) 17 (21,2%) 53 (66,2%) 1 (1,3%) 35,9 (±15,5) 35 (38,5%) 9 (11,4%) 17 (21,5%) 53 (67,1%) 10,1 (±9,5) dias 5 (5,5%) Andrade TAA et al. A Tabela 2 apresenta os principais resultados da avaliação nutricional, verificando-se que alterações nutricionais mais prevalentes foram indicadas pela CTL e pela CB e as menores, pelo MAP e ASG. Tabela 4 – Características clínicas, demográficas e nutricionais de pacientes com Insuficiência cardíaca agudamente descompensada sobreviventes e não sobreviventes no internamento hospitalar. Variável Os achados descritos na Tabela 3 apontam que não houve correlação entre qualquer dos indicadores do estado nutricional analisados e o grau de comprometimento contrátil do miocárdio. Idade (anos) Sexo Masculino Escolaridade (anos) Classe Funcional NYHA‡ IV Contagem Total de Linfócitos CB CMB A anemia foi observada em 36,7% dos pacientes, sendo 66,7% no sexo masculino e 33,3% no sexo feminino (p<0,001). A mortalidade foi de 80% nos pacientes anêmicos e 20% nos não anêmicos (p=0,039) (dados não apresentados em tabelas). PCT A análise comparativa dos dados entre os pacientes sobreviventes e não sobreviventes (Tabela 4) revela que apenas o parâmetro CTL foi um preditor de mortalidade entre os pacientes com ICC (p=0,036). MAP Desnutrição segundo a ASG Fração de Ejeção Tabela 2 – Avaliação nutricional de pacientes com Insuficiência cardíaca agudamente (ICC) descompensada admitidos em emergência cardiológica de hospital universitário em Recife, PE (2010). Indicador Nutricional Tempo de Internamento n Leve % Moderada Grave n % n % n Prega Cutânea Triciptal 29 31,9 9 9,9 8 8,8 45 49,5 Circunferência do Braço 17 18,7 10 11,0 13 14,3 51 56,0 Circunferência Muscular do Braço 40 44,0 5 17,6 30 33,0 5,5 16 Músculo Adutor do Polegar 81 89,0 10 (11,1%) Avaliação Subjetiva Global 87 95,6 4 (4,4%) Hemoglobina 57 62,6 33 (36,7%) Contagem Total de Linfócitos 7 7,9 24 30,4 32 35,9 % 26 29,2 Tabela 3 – Coeficiente de Correlação de Pearson (r) e significância (p) entre parâmetros de avaliação nutricional e fração de ejeção. Indicador Nutricional Fração de Ejeção r p-valor Prega Cutânea Triciptal 0,079 0,473 Circunferência de Braço -0,072 0,513 Circunferência Muscular do Braço -0,211 0,052 Músculo Adutor do Polegar -0,060 0,586 Hemoglobina -0,049 0,658 Contagem Total de Linfócitos 0,089 0,425 Não Sobreviventes 5 57,6 (±7,4) 3 60,0% 3 6,0 (±4,4) 5 100% 5 0,94 (±0,4) p-valor 26,6 (±4,8) 5 25,1 (±12,2) 22,8 (±4,0) cm 5 24,6(±4,1) cm 85 11,8 (±8,1) mm 5 16,5 (±9,4) mm 85 18,9 (±5,9 mm 5 19,6 (±7,6) mm 4 4,7% 0 0 0,640* 0,333* 85 31 68 56 84 49,9 (±10,2) 36,5% 6,0 (±3,5) 65,9% 1,6 (±0,7) 85 85 79 0,100* 0,292† 0,984* 0,284† 0,036* 0,214* 0,802* 0,792† 35,9 (±15,5)% 5 35,4 (±18,0) 0,945* dias 85 9,89 (±9,5) dias 5 14,2 (± 0,984* 10,3) dias *Teste “t” de Student; †Teste Qui-Quadrado ou Exato de Fisher; ‡ New York Heart Association. CB: Circunferência do Braço; CMB: Circunferência Muscular do Braço; PCT: Prega Cutânea Triciptal; MAP: Músculo Adutor do Polegar; ASG: Avaliação Subjetiva Global. Alterações Nutricionais Normal Sobreviventes DISCUSSÃO A IC é um problema grave e crescente de saúde pública em todo o mundo, em razão do aumento de sua prevalência, altas taxas de mortalidade e altos custos associados à doença. É uma condição clínica que leva à piora da capacidade funcional, diminuição da qualidade de vida e aumento da morbidade dos pacientes17. A evolução clínica dos pacientes com IC, via de regra, caminha para quadros variáveis de desnutrição. Esta pode ocorrer devido à ingestão inadequada, ao metabolismo alterado, ao estado pró-inflamatório, ao aumento do estresse oxidativo e à maior perda de nutrientes, até mesmo pelas interações medicamentosas8. No Brasil, a principal etiologia da IC é a cardiopatia isquêmica crônica associada à hipertensão arterial. Em determinadas regiões geográficas do país e em áreas de baixas condições socioeconômicas, ainda existem formas de IC associadas à doença de Chagas, endomiocardiofibrose e à cardiopatia valvular reumática crônica, que são situações especiais de IC em nosso meio9. Neste trabalho, a principal causa de IC foi a hipertensão arterial sistêmica. Os sinais mais específicos e de maior valor prognóstico (pressão venosa elevada e B3) são pouco sensíveis e de reprodutibilidade inter-observador limitada, principalmente entre não especialistas, corroborando para o achado de terceira bulha apenas em 38,5% dos pacientes9. Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (2): 145-51 148 Impacto do estado nutricional no prognóstico de pacientes com insuficiência cardíaca descompensada O ECO é um método rápido, seguro e largamente disponível, que fornece diversas informações funcionais e anatômicas de grande importância. É útil na confirmação diagnóstica, avaliação da etiologia, do modelo fisiopatológico, do modelo hemodinâmico, do prognóstico e para indicar possíveis alternativas terapêuticas. O mecanismo responsável pelos sintomas e sinais clínicos pode ser decorrente da disfunção sistólica, diastólica ou de ambas, acometendo um ou ambos os ventrículos. Nos adultos, em aproximadamente 60% dos casos está associada à disfunção ventricular esquerda sistólica e, nos restantes 40%, à disfunção diastólica, devendo ser realçado que esta última vem sendo mais observada com o aumento da expectativa de vida da população9. Neste estudo, 67% apresentavam disfunção sistodiastólica, sendo possivelmente explicada pela maior gravidade dos casos atendidos na unidade hospitalar. A associação entre quadros de caquexia e insuficiência cardíaca (IC) é fenômeno clássico e observado com certa frequência na prática clínica. Sua prevalência é variável, sendo influenciada pelas características da população estudada, parecendo ter relação com a causa da insuficiência cardíaca, com a duração dos sintomas e a intensidade da falência cardíaca5. Essas diferenças na incidência decorrem provavelmente das diversas formas existentes de avaliação da situação nutricional e da falta de uma definição única do que seja desnutrição e caquexia5,18. De 13,7% a 94,7% dos pacientes com IC podem apresentar comprometimento nutricional, dependendo das características da população e do parâmetro empregado para avaliação5,19-22. Neste estudo, foi detectado algum grau de comprometimento em 4,4% a 92,1% dos pacientes com IC, variando em função do parâmetro utilizado, sendo os mais sensíveis a CTL e a CB. A CB é um indicador de massa magra e reflete de maneira satisfatória a reserva protéica17,23 e como a IC cursa frequentemente com importante degradação muscular, havendo mobilização e deposição desproporcionais de tecido muscular e adiposo24, esse indicador pode ser descrito como uma importante ferramenta na triagem nutricional de pacientes com a doença. Em relação à CTL, observamos que 92,1% dos pacientes apresentaram algum grau de comprometimento nutricional (leve, moderado e grave), superior aos dados referidos por Veloso et al.5, que revelaram comprometimento nutricional em 57,8% de seus pacientes com IC avançada. Esse parâmetro, por sua vez, mede as reservas imunológicas momentâneas, indicando as condições do mecanismo de defesa celular do organismo17. Sabendo-se que a desnutrição está associada à depleção da imunidade humoral e celular, valores reduzidos de CTL sugerem desnutrição energética proteica23 e, por isso, frequentemente é um indicador relacionado a um mau prognóstico, devendo ser considerado na avaliação do paciente com IC. Neste estudo, seu papel como preditor de mortalidade foi observado pelas menores médias de CTL entre os pacientes não sobreviventes. Essa ampla variação observada nas prevalências de alteração nutricional conforme o método de avaliação empregado pode estar relacionado ao fato de que cada um dos parâmetros pode refletir um significado diferente. Portanto, como um parâmetro isolado não caracteriza a condição nutricional global do indivíduo, e ainda não se tem evidências conclusivas a respeito de qual indicador representaria melhor essa condição, acredita-se que a associação de mais de um parâmetro seria mais apropriada na triagem do risco de desnutrição entre os pacientes com IC. Aproximadamente 40% dos pacientes hospitalizados com IC têm anemia25. Nossos achados apontaram prevalência de 36,7%, similar ao descrito por alguns autores25,26. A anemia é uma comorbidade cuja importância prognóstica é bem reconhecida em uma série de doenças cardiovasculares, inclusive no infarto agudo do miocárdio. Na IC, essa associação vem ganhando atenção27. A causa da anemia na IC parece ser multifatorial. Diversos mecanismos têm sido propostos, entre eles a presença de alteração da função renal decorrente da sua gravidade e agravada pelo uso de diuréticos, o uso de ácido acetilsalicílico, a inibição da produção de eritropoetina pelo inibidor da enzima de conversão da angiotensina e hemodiluição. Outra possível causa, que vem ganhando destaque, é a supressão de eritropoetina e da eritropoiese por citocinas inflamatórias, as quais estão aumentadas na IC27. Tais aspectos têm levado diversos autores a estudar a anemia como indicador de prognóstico na IC22,26-28. Relata-se que a presença de anemia, mesmo em graus relativamente leves, associa-se com a piora de sintomas e taxas de readmissão hospitalar22. A maior prevalência de anemia em homens observada nesta investigação também foi relatada por outros autores que utilizaram os critérios diagnósticos do CDC para avaliar pacientes com IC27,29. No entanto, ainda não estão esclarecidas as razões dessas diferenças entre os sexos e qual a repercussão desse achado no prognóstico. Muitos estudos associaram anemia a eventos clínicos adversos em portadores de insuficiência cardíaca22,26-31. Sales et al.27 relataram uma taxa de mortalidade de 16,8% em pacientes anêmicos contra 8% em pacientes não anêmicos. Anand et al.32 encontraram uma taxa de mortalidade de 28% e 16%, respectivamente, em pacientes anêmicos e não anêmicos, com taxas de internação de 56% e 33% após um acompanhamento médio de 12 meses. Nesta investigação, foi verificada taxa mortalidade ainda maior entre os anêmicos quando comparados aos não anêmicos (80% vs. 20%). No entanto, ainda não se sabe se existe uma relação de Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (2): 145-51 149 Andrade TAA et al. causa e efeito entre a presença de anemia e o mau prognóstico ou se ela é apenas um epifenômeno, decorrente da própria gravidade da IC e de suas complicações, o que parece pouco provável, já que a anemia tem se mostrado preditora independentemente de outras variáveis, como idade, índice de massa corporal, albumina, creatinina e sódio séricos, presença de disfunção sistólica, uso prévio de ácido acetilsalicílico ou inibidor da enzima de conversão da angiotensina27,28,33. em ônus adicional e deve tornar-se rotina no seguimento desses pacientes. REFERÊNCIAS 1.Hunt SA, Abraham WT, Chin MH, Feldman AM, Francis GS, Ganiats TG, et al.; American College of Cardiology; American Heart Association Task Force on Practice Guidelines; American Assim como em outros estudos , não houve correlação entre os indicadores nutricionais e o %FEVE determinado pelo ecocardiograma. Esse fato vem reforçar a impressão de que a fração de ejeção, analisada por esse método, não guarda correlação com o comprometimento do estado nutricional. É possível que o comprometimento nutricional na IC tenha como determinantes outros fatores que transcendem o simples comprometimento da bomba cardíaca. Talvez, a complexa adaptação periférica e da resposta neuro-hormonal à falência miocárdica possa explicar melhor o frequente quadro de desnutrição observado nesses pacientes5. College of Chest Physicians; International Society for Heart Pacientes cardiopatas com desnutrição calórica moderada ou grave apresentam duas vezes mais risco de mortalidade34. As alterações de parâmetros antropométricos, bioquímicos e/ou imunológicos compatíveis com comprometimento nutricional moderado ou importante são achados frequentes na IC em fase avançada, cujo comprometimento nutricional é predominantemente do tipo marasmo, em que a diminuição da massa corpórea ocorre essencialmente às custas da massa muscular e do tecido adiposo. Diminuição moderada ou importante da massa corporal, determinada por meio da percentagem do peso ideal, associou-se a menor sobrevida e mostrou valor prognóstico independente em estudo que analisou as repercussões nutricionais na IC avançada e as relações causais com a disfunção ventricular esquerda e a mortalidade5. No entanto, os parâmetros antropométricos não foram preditores de mortalidade nesta investigação. 2.Stewart S, MacIntyre K, Hole DJ, Capewell S, McMurray JJ. 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Como reconhecidamente os indicadores nutricionais têm importante impacto sobre as taxas de reinternação, mortalidade e qualidade de vida, nossos resultados apontam a necessidade de se avaliar sistematicamente o estado nutricional de pacientes portadores de IC, no contexto da assistência multidisciplinar, cujos benefícios já são bem estabelecidos. Apesar de neste estudo, apenas a anemia e a CTL terem sido preditores de um mau prognóstico, a avaliação do estado nutricional constitui um importante instrumento no acompanhamento dos pacientes com IC, não implica micronutrients. J Am CollCardiol. 2001;37(7):1765-74. 7.Diseases of the Heart and Blood Vessels: Nomenclature and criteria for diagnosis. 6th ed. The Criteria Committee of the New York Heart Association. Boston: Little Brown; 1964. 8.Sahade V, Montera VSP. Tratamento nutricional em pacientes com insuficiência cardíaca. 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