1 Ofício 01/2011 Goiânia, 15 de janeiro de 2012. A Sobrati

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Ofício 01/2011
Goiânia, 15 de janeiro de 2012.
A Sobrati – Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva
A/C.: Douglas Ferrari e Rodrigo Tadini
Vimos por meio deste, encaminhar nosso artigo cujo título é “A relevância do cuidado
humanizado interligado à mnemônica Fast Hug na Unidade de Terapia Intensiva” a fim de ser
avaliado e publicado pela Comissão Editorial.
____________________________________________________________
Eu mestranda Maria Eduarda Pinheiro Barbosa, residente na Alameda Perimetral nº131,
Setor Criméia Leste – Goiânia/GO, e-mail: [email protected], fone: (62) 3941-4876.
____________________________________________________________
Eu, Jamile Maria Thomé, médica intensivista, diretora técnica da Unidade de terapia
Intensiva, orientadora da discente, e-mail: [email protected].
____________________________________________________________
Sem mais para o momento, agradecemos.
A relevância do cuidado humanizado interligado à mnemônica Fast Hug na Unidade de
Terapia Intensiva1
The relevance of humanized care connected to the Fast Hug mnemonic in the Intensive
Care Unit
La relevancia de la atención humanizada relacionada con la mnemotecnia Fast Hug en La
Unidad de Cuidados Intensivos
Barbosa Maria Eduarda Pinheiro. Pesquisa científica relacionada à relevância do cuidado
humanizado interligado à mnemônica Fast Hug. Revista Intensiva - Sobrati - Sociedade
Brasileira de Terapia Intensiva¹
2
Resumo
Objetivos: Demonstrar a relevância do cuidado humanizado interligado à mnemônica
Fast Hug na Unidade de Terapia Intensiva. Materiais e Metódos: Estudo do tipo bibliográfico,
com análise qualitativa das literaturas selecionadas, obtidas de artigos científicos provenientes
de bibliotecas convencionais e virtuais. Resultados: Encontrou-se 18 publicações, sendo 55,5%
na Medline; 38,9% em língua inglesa; todas redigidas entre os anos de 2000 a 2011, onde 7
artigos descreveram a mnemônica Fast Hug, porém sem a abordagem humanística. Conclusão:
Notamos a necessidade de realização de mais pesquisas descrevendo esta temática.
É
necessário que a enfermagem desenvolva competências, que os enfermeiros possam agir sem o
medo do risco, que a tomada de decisão seja descentralizada e que se estabeleçam objetivos
com demonstração de ganhos através do cuidar, este interligado ao cuidado humanizado.
Descritores: Unidades de Terapia Intensiva; Cuidados Críticos; Humanização da
Assistência.
1
Artigo apresentado ao Mestrado Profissionalizante em Terapia Intensiva, turma MPTI DF
2011, da Sobrati – Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva.
Summary
Objectives: To demonstrate the relevance of humanized care connected to the Fast Hug
mnemonic in the Intensive Care Unit. Materials and Methods: Bibliographical study with
qualitative analysis of selected literature, scientific articles obtained from conventional and
virtual libraries. Results: It was found 18 publications, 55.5% in Medline, 38.9% in English, all
of them were written between the years 2000 to 2011, where 7 items are describing the Fast
Hug mnemonic, however with no humanistic approach. Conclusion: It was noticed the need for
more research addressing this issue. It’s necessary to develop nursing skills where nurses can
act with no fear of risk, making decisions in a decentralized way and objectives can be
established, always showing gains through caring linked to humanized care.
Descriptors: Intensive Care Units; Critical Care; Humanization of Assistance.
Resumen
Objetivos:
Demostrar
la
relevancia
del
cuidado
humanizado relacionada
con
la
mnemotecnia Fast Hug en la Unidad de Cuidados Intensivos. Materiales y Métodos: Estudio
3
bibliográfico de un análisis cualitativo de la literatura seleccionada, artículos científicos obtenidos
a partir de las bibliotecas convencionales y virtuales. Resultados: Se han encontrado 18
publicaciones, 55,5% en Medline, 38,9% en Inglés, todas entre los años 2000 a 2011, donde 7
publicaciones relatan la mnemotecnia Fast Hug, pero sin el enfoque humanista. Conclusión:
Hemos tomado nota de la necesidad de más investigación que aborde esta cuestión. Es
necesario desarrollar habilidades de enfermería, en los que las enfermeras actuar sin el temor
de riesgo, donde la toma de decisiones está descentralizada y que los objetivos se establecen
con una demostración de los beneficios a través del cuidado vinculado a la atención
humanizada.
Descriptores: Unidades de Terapia Intensiva; Cuidados Críticos, Humanización de La
Atención.
4
1 Introdução
O interesse em se pesquisar sobre a relevância do cuidado humanizado interligado à
mnemônica Fast Hug na Unidade de Terapia Intensiva vem da busca por publicações brasileiras,
sendo que a maioria é encontrada na língua inglesa. Assim, vê-se a necessidade do
conhecimento sobre o assunto para aplicação da mnemônica destes cuidados nas Unidades de
Terapia Intensiva (UTI).
Utilizada como meio de identificar e conferir os principais aspectos dos cuidados gerais ao
paciente crítico, a mnemônica Fast Hug é uma expressão inglesa do processo do cuidado:
Alimentação (Feeding), Analgesia (Analgesia), Sedação (Sedation), Profilaxia Tromboembolítica
(Tromboembolic
prophylaxis),
Elevação
da
cabeceira
do
leito
(Head-of-bed
elevation),
Prevenção de úlcera de estresse (stress ulcer prevention) e controle de Glicose (Glucose
control)1.
Considerando este cuidado à beira do leito, avalia-se o paciente observando-o de forma
mais individualizada, proporcionando melhor qualidade na assistência e a diminuição do tempo
de internação. É importante salientar que deverá ser realizada uma avaliação prévia do
paciente, visto que nem todos deverão se submeter a todos os cuidados descritos na
mnemônica.
A UTI é uma unidade reservada, complexa, dotada de monitorização contínua, onde são
admitidos pacientes potencialmente graves ou com descompensação de um ou mais sistemas
orgânicos. Fornece-se suporte e tratamento intensivo, propondo observação por 24 horas,
composta por equipamentos específicos e outras tecnologias destinadas ao diagnóstico e ao
tratamento. O cuidado proposto da unidade, teoricamente, ameniza o sofrimento, independente
do prognóstico do paciente. Dispõe de assistência médica e de enfermagem especializada, de
equipe multiprofissional e interdisciplinar, cujos profissionais são intitulados intensivistas2.
Considerando este cuidado à beira do leito, avalia-se o paciente observando-o de forma
mais individualizada, proporcionando melhor qualidade na assistência e a diminuição do tempo
de internação. É importante salientar que deverá ser realizada uma avaliação prévia do
paciente, visto que nem todos deverão se submeter a todos os cuidados descritos na
mnemônica.
A UTI é uma unidade reservada, complexa, dotada de monitorização contínua, onde são
admitidos pacientes potencialmente graves ou com descompensação de um ou mais sistemas
orgânicos. Fornece-se suporte e tratamento intensivo, propondo observação por 24 horas,
composta por equipamentos específicos e outras tecnologias destinadas ao diagnóstico e ao
tratamento. O cuidado proposto da unidade, teoricamente, ameniza o sofrimento, independente
5
do prognóstico do paciente. Dispõe de assistência médica e de enfermagem especializada, de
equipe multiprofissional e interdisciplinar, cujos profissionais são intitulados intensivistas2.
Nos últimos anos, tem-se falado muito sobre a implementação da humanização nas UTI,
desde a infraestrutura até as relações humanas dos pontos de vista ético, psicossocial e
espiritual - a equipe multiprofissional interagindo com o paciente e o familiar. Humanizar na UTI
significa associar ambiente físico, tecnologia avançada e recursos humanos para garantir uma
assistência completa ao paciente e ao familiar. Significa também, cuidar do paciente como um
todo, englobando o contexto social, devendo, na prática, associar os valores, as esperanças e os
aspectos culturais3.
Por ser um ambiente que atende a pacientes de alta complexidade e gravidade, pode ser
mais difícil implantar medidas de humanização na UTI, como por exemplo, a presença da família
e a liberdade de sair do leito.
Podem-se observar, por parte dos profissionais, ações que
minimizam o sofrimento dos pacientes e familiares.
Por cuidados críticos/intensivos entendem-se à assistência prestada a pacientes críticos e
potencialmente
críticos,
assumidos
respectivamente,
como:
(1)
pacientes
graves,
com
comprometimento de um ou mais dos principais sistemas fisiológicos, com perda de sua autoregulação, necessitando substituição artificial de funções e assistência contínua; e (2) pacientes
graves, que apresentam estabilidade clínica, com potencial risco de agravamento do quadro e
que necessita de cuidados contínuos4.
O paciente com demanda de cuidados críticos/intensivos também é reconhecido como
grave e recuperável, com risco iminente de morte, sujeitos à instabilidade das funções vitais,
requerendo
assistência
de
enfermagem
e
médica
permanente
e
especializada.
Em
contraposição, julga-se oportuno salientar que a demanda por Enfermagem em Cuidados
Críticos/Intensivos
não
se
limita
a
referenciais
fisiopatológicos
ou
de
prognósticos,
compreendendo a natureza humana em suas dimensões, expressões e fases evolutivas,
incluindo a assistência a pacientes crônicos ou terminais, que necessitam de intervenções
assistenciais em nível qualiquantitativo elevado, devido à dependência total para o atendimento
das necessidades de saúde4.
Apesar do grande esforço que a equipe de enfermagem realiza no sentido de humanizar
o cuidado em UTI, tal tarefa tem demonstrado difícil de realizar, pois demanda atitudes
individuais contra um sistema tecnológico dominante5.
Diante disto surge o questionamento: qual a relevância do cuidado humanizado
interligado à mnemônica Fast Hug na Unidade de Terapia Intensiva?
6
Dada a importância de uma assistência de qualidade ao paciente em Unidade de Terapia
Intensiva voltada aos cuidados de enfermagem, faz-se necessária a elaboração de estudos que
apontem diretrizes, novidades, inovações e principalmente informações aos profissionais de
enfermagem de UTI.
Espera-se oferecer para os enfermeiros uma ferramenta para este cuidado em UTI,
demonstrando que somente o cuidado assistencial por si só não é suficiente para assistência ao
paciente crítico, observando o paciente como ser holístico. Como contribuição para o paciente
virá à melhoria da qualidade de assistência e melhoria da qualidade de vida. Para ciência,
almeja-se disponibilizar mais uma pesquisa para aprimoramento desta técnica ou protocolo
visando a interrelação com a humanização do cuidar.
2 Objetivo:
Demonstrar a relevância do cuidado humanizado interligado à mnemônica Fast Hug.
3 Materiais e Métodos
Trata-se de um estudo bibliográfico, com análise qualitativa das leituras selecionadas,
obtidas de artigos científicos, provenientes de bibliotecas convencionais e virtuais.
Uma pesquisa bibliográfica pode visar um levantamento dos trabalhos realizados
anteriormente sobre o mesmo tema estudado no momento, pode identificar e selecionar os
métodos e técnicas a serem utilizados, além de fornecer subsídios para a redação da introdução
e revisão da literatura do projeto ou trabalho. Em suma, uma pesquisa bibliográfica leva ao
aprendizado sobre uma determinada área6. O estudo bibliográfico se baseia em literaturas
estruturadas, obtidas de livros e artigos científicos provenientes de bibliotecas convencionais e
virtuais7.
Ao contrário da abordagem quantitativa, a abordagem qualitativa não emprega
procedimentos estatísticos como centro do processo de análise de um problema. Por meio deste
tipo de abordagem, o pesquisador interpreta os fatos, procura solução para o problema
pressuposto8.
Após a definição do tema, foi feita uma busca em bases de dados virtuais em saúde,
especificamente na Biblioteca Virtual de Saúde – Bireme. Foram utilizados os descritores:
Unidades de Terapia Intensiva; Cuidados Críticos; Humanização da Assistência.
O passo seguinte foi uma leitura exploratória das publicações apresentadas no Sistema
Latino- Americano e do Caribe de informação em Ciências da Saúde – LILACS, National Library
of Medicine – MEDLINE e Bancos de Dados em enfermagem – BDENF, no período de 2000 a
7
2011, caracterizando assim o estudo retrospectivo, buscando as fontes virtuais, os anos, os
periódicos, os idiomas, os métodos e resultados comuns.
Para o breve resgate histórico utilizou-se livros e revistas impressos que abordassem o
tema e que possibilitassem um breve relato da evolução na forma e momento correto da
aplicação da humanização interligada à mnemônica Fast Hug.
Realizada a leitura exploratória e seleção do material, principiou-se a leitura analítica por
meio da leitura das obras selecionadas, que possibilitou a organização das idéias por ordem de
importância e a sintetização destas que visou a fixação das idéias essenciais para a solução do
problema da pesquisa7.
Após a leitura analítica, iniciou-se a leitura interpretativa que tratou do comentário feito
pela ligação dos dados obtidos nas fontes ao problema da pesquisa e conhecimentos prévios. Na
leitura interpretativa houve uma busca mais ampla de resultados, pois ajustaram o problema da
pesquisa às possíveis soluções. Feita a leitura interpretativa se iniciou a tomada de
apontamentos que se referiram a anotações que consideravam o problema da pesquisa,
ressalvando as idéias principais e dados mais importantes7.
4 Resultados e Discussão
Após a análise do material bibliográfico foi possível identificar que existe uma restrita
literatura a respeito da aplicação humanização na mnemônica Fast Hug.
Nos últimos anos, ao se buscar a Bases de Dados Virtuais em Saúde, tais como a LILACS,
MEDLINE, SCIELO e outras revistas, utilizando-se os descritores Cuidados Críticos; Humanização
da Assistência, encontrou-se 10 artigos publicados entre 2000 e até janeiro de 2011.
Após a leitura exploratória dos mesmos, foi possível identificar a conceituação e
interpretação de diversos autores a respeito da utilização da mnemônica Fast Hug e da
humanização no cuidado ao paciente crítico, entretanto não foi encontrado nenhum artigo que
interligasse ambos os assuntos.
Este tema ainda não é muito discutido entre os profissionais de enfermagem brasileiros,
pode-se evidenciar isto pelo fato de não existirem muitos artigos publicados no Brasil.
Deste
modo,
apresentam-se
a
seguir
as
etapas
de
todo
o
processo
para
desenvolvimento do cuidado geral ao paciente crítico. Este método contém sete itens a serem
analisados.
4.1 Alimentação (Feeding)
8
Esta é a primeira etapa a ser desenvolvida na mnemônica Fast Hug, onde se analisa
tempo de jejum segundo idade, controle de ingestão pós-operatória, indicação de dieta oral,
enteral ou parenteral. A desnutrição aumenta as complicações e piora o resultado final para
pacientes criticamente doentes1,10,11.
Os desafios para uma prática de suporte nutricional eficaz ainda são grandes, mas
aprender a cada dia melhores métodos e criar condições próprias e condizentes com a realidade
são passos importantes12.
4.1.1 Alimentação (Feeding) Interligada ao Cuidado Humanizado
No sentido de melhorar a assistência, e esta ligada à humanização, para os pacientes
conscientes pode ser solicitado para seu familiar que realize a oferta da dieta oral, aproveitando
um momento importante da interação. Também se faz necessário colocar mensagens de
motivação nas bandejas de refeições.
Quanto às dietas enterais, procurar alternar os sabores da dieta e se possível tentar
comunicação com o paciente para oferecer o sabor de sua preferência.
Há várias definições de dieta, por isso, vale ressaltar a importância da comunicação ao
cliente, explicando e exemplificando as dietas prescritas e os dispositivos usados para sua
administração.
4.2 Analgesia (Analgesia)
Nesta fase do cuidado utilizam-se métodos e técnicas que garantam adequada analgesia
intra e pós-operatórias. A dor pode afetar a recuperação psicológica e fisiológica dos bons
cuidados intensivos. Pacientes na UTI sentem dor por causa de sua doença, procedimentos
invasivos, mas também em situações corriqueiras como mudança de decúbito, aspiração
traqueal e na troca de roupas de cama13.
4.2.1 Analgesia (analgesia) Interligada ao Cuidado Humanizado
A dor está entremeada por aspectos subjetivos, recebendo influência direta de fatores
emocionais, sociais, culturais e espirituais de acordo com cada paciente. O controle eficaz da dor
é um dever dos profissionais de saúde, um direito dos pacientes que dela padecem e um passo
fundamental para efetiva humanização do cuidar13.
É de fundamental importância que os enfermeiros intensivistas tenham o conhecimento
da fisiopatologia da dor, da farmacologia dos antálgicos, dos benefícios das técnicas analgésicas
9
e dos instrumentos que avaliam a dor com maior precisão, o efeito surtirá com a ausência de
dor sem perda da consciência.
4.3 Sedação (Sedation)
Quanto à sedação, seu uso deve ser realizado de forma consciente e concomitantemente
com a utilização de drogas que permitam adequada intra-operátoria. A profundidade e a dose
da sedação devem ser ajustadas para cada paciente1.
A sedação excessiva aumenta o risco de trombose venosa, reduz a motilidade intestinal,
a pressão arterial, a capacidade de extração de oxigênio dos tecidos, aumenta o risco de
polineuropatia do doente grave e prolonga a internação e os custos na UTI. É recomendada a
suspensão diária da sedação ou a monitorização contínua de sua profundidade.
A sedação proporciona o alívio de ansiedade e agitação, a indução de um estado de
calma e tranqüilidade. O termo “sedação” em terapia intensiva envolve dois componentes
distintos e igualmente importantes: a sedação propriamente dita (hipnose, redução da
ansiedade) e a analgesia.
O nível de sedação pode ser mínimo, moderado (sedação consciente) ou profunda. Por
isso considera-se importante a utilização de uma escala de sedação (Ramsay) e analgesia, pois
favorece e facilita a obtenção de níveis adequados de sedação e analgesia, além de permitir
melhor controle e autonomia por parte da enfermagem1,14,15.
É incontestável a necessidade de sedoanalgesia no paciente crítico por impor-se
claramente obrigatória face à agitação psicomotora (evitando a contenção física desnecessária)
ou inadaptação à ventilação artificial. A interrupção diária e a monitorização da sedação tem
sido definida como um elemento importante para que os efeitos colaterais da sedação
excessiva, com concomitante maior tempo de ventilação mecânica e de permanência em UTI,
sejam evitados1. Um dos grandes fatores de morbidade e mortalidade associada á sedação é a
inadequada técnica de monitorização1,15.
4.3.1 Sedação (sedation) Interligada ao Cuidado Humanizado
Enquanto inicia o desmame o enfermeiro tem que estar habilitado e capacitado para o
trabalho contínuo do despertar diário, estimulação do cliente com as pranchas de linguagem
alternativa, avaliação do nível de sedação e utilização e compreensão da escala de Ramsay.
Utilizando o processo da Sistematização da Assistência de Enfermagem na prescrição dos
cuidados evita-se até mesmo contenções desnecessárias e, caso ocorra sedação insuficiente, a
instabilidade hemodinâmica estará presente e o paciente apresentará desconforto e agitação.
10
Faz-se necessária, então, a realização do exame físico e testes de posicionamentos e fixações de
sondas, cateteres e a própria monitorização.
Na sedação profunda com presença de inconsciência prolongada, bradicardia, hipotensão,
depressão
respiratória,
trombose
venosa
profunda
(TVP),
catabolismo
protéico
e
imunossupressão, o enfermeiro intensivista deve provocar visita clínica e discussão com equipe
multiprofissional com o intuito de buscar uma melhor terapêutica para o paciente.
4.4 Profilaxia de Tromboembolismo (thromboembolic prophylaxis)
Por natureza o doente crítico encontra-se propenso à TVP. A hipocoagulação deve ser
ponderada pelo risco de hemorragia, mas não esquecida. Deve-se atentar para episódios de
sangramento, para a necessidade de administração de anti-coagulantes via subcutânea,
principalmente
nos
pacientes
portadores
de
diátese
hemorrágica.
Esta
profilaxia
é
frequentemente esquecida, apesar de considerável morbidade e mortalidade associadas ao
tromboembolismo venoso.
De acordo com Vincent (2005), estudos sugerem que todos os pacientes adultos
recebam, pelo menos, heparina subcutânea, se não houver contra-indicação. Os riscos devem
ser considerados em relação aos benefícios1.
4.4.1 Profilaxia de Tromboembolismo (thromboembolic prophylaxis) interligada ao
Cuidado Humanizado.
A prática baseada em evidência está sendo rapidamente difundida, principalmente na
área da medicina. Usar desta prática como rotina demonstra eficácia no cuidado juntamente
com a educação continuada à beira leito. Nesta categoria podemos orientar a equipe de
enfermagem a realizar o mapa de rodízio da área de aplicação dos antitrombolíticos, uso das
meias elásticas de compressão, avaliação da perfusão periférica e aquecimento dos membros
inferiores quando necessário, elevação dos mesmos e fisioterapia motora, salvo exceções.
4.5 Cabeceira Elevada (Head of bed elevation)
Vários estudos têm demonstrado que a elevação da cabeceira do leito a 45 graus pode
reduzir a incidência de refluxo gastroesofágico em pacientes ventilados mecanicamente. Um
estudo randomizado, controlado demonstrou redução das taxas de pneumonia nosocomial
quando os pacientes foram mantidos semi-recostados. Deve-se ficar atento para não manter
apenas a cabeça do paciente elevado, mas também o tórax 1,13,14,15.
Entretanto apesar da evidência e das recomendações, esta simples estratégia ainda não
é aplicada de forma eficaz. O fato de se elevar a cabeça pode não ser o suficiente; os pacientes,
especialmente quando sedados, tem a tendência de deslizar no leito.
11
4.5.1 Cabeceira Elevada, (Head of bed elevated) Interligado ao Cuidado Humanizado
É extremamente importante atentar para prevenção de iatrogenias, pois podem ameaçar
a qualidade de vida dos clientes. Parece improvável que o erro no campo da enfermagem seja
completamente eliminado. Porém o foco do cuidado deve proporcionar a otimização e redução
dos erros.
A equipe deve ser treinada e orientada sobre a importância da cabeceira elevada, os
benefícios da utilização desta prática e os resultados com a prevenção dos erros, sendo estes,
diminuição da internação, do risco de broncoaspiração e melhor conforto respiratório.
4.6 Prevenção de úlcera de estresse (Stress ulcer prevention)
Aqui todo paciente de risco para TVP deve receber alguma forma de profilaxia, que pode
ser feita através de medidas farmacológicas, não farmacológicas ou associação de ambas. A
prevenção de úlcera de estresse é de particular importância para pacientes em insuficiência
respiratória, com distúrbios de coagulação, em uso de corticosteróides ou com história de úlcera
gástrica.
Provavelmente não há necessidade da profilaxia com agentes “antiúlcera” para todos os
pacientes na UTI, mesmo após trauma ou cirurgia. A medicação ideal não foi determinada
dentre as disponíveis como bloqueadores H2 (ranitidina), sucralfato ou inibidores de bomba de
prótons (ex: omeprazol). Também vale ressaltar a prevenção de úlcera por pressão e de córnea,
frequentemente neglicenciadas.
4.6.1 Prevenção de Úlcera de Estresse (Stress ulcer prevention) Interligado ao Cuidado
Humanizado
Entre
as
ações
de
enfermagem
consideradas
medidas
preventivas
para
o
desenvolvimento de úlceras, tanto de estresse como úlcera por pressão, lista-se abaixo algumas
intervenções.
Para evitar o estresse, utilizar as técnicas de relaxamento, proporcionar um ambiente
calmo e bem iluminado sendo este, imprescindível para a redução de ansiedade do paciente. A
implantação da musicoterapia também auxilia neste cuidado. Para os pacientes conscientes,
deve-se providenciar um relógio em seu campo de visão, para que ele se situe no tempo.
Também o uso de televisores para entretenimento vem aliado a este cuidado.
Na profilaxia da úlcera por pressão, tem-se a redução dos fatores extrínsecos, manter
lençóis esticados e secos, mudança de decúbito de 2/2 horas (se não for contra-indicação
médica). Utilizar protetores de silicone para alívio de pressão e colchão caixa de ovo ou
pneumático para melhor circulação corpórea.
12
4.7 Controle Glicêmico (Glucose Control)
Deve-se atentar para os episódios de hipoglicemia podendo causar danos imediatos ao
paciente dentro dos limites estabelecidos em UTI. Foi demonstrado que a hiperglicemia é um
marcador de mau prognóstico para pacientes graves, tanto clínicos quanto cirúrgicos. Van den
Berghe e cols demonstraram, em estudo randomizado e controlado redução da mortalidade em
pacientes cirúrgicos submetidos a controle rigoroso da glicemia com uso de insulina (entre
80mg/dl e 110g/dl)16.
Um controle tão restrito pode ser difícil de ser atingindo na maioria das unidades.
Assim, as diretrizes para tratamento da sepse grave e do choque séptico recentemente
publicadas, recomendam manutenção abaixo de 150mg/dl. Outros autores demonstraram
redução do tempo de internação na UTI e da mortalidade com controle glicêmico17,18.
4.7.1 Controle Glicêmico (Glucose Control) Interligado ao Cuidado Humanizado
A ética pode contribuir significativamente para humanização no ambiente hospitalar, esta
norteia nossos valores e normas e nos direciona para prática da profissão. Nesta prática,
princípios são aplicados por meio de direitos e deveres: o direito da assistência médica e dos
cuidados de enfermagem individualizados, o direito às terapias adequadas onde há um ambiente
humano que propicia o viver ou o morrer com dignidade.
Deste modo, a enfermagem tem atribuições primordiais como: a supervisão rigorosa da
insulinoterapia em bomba de infusão (BI), o rodízio ao realizar o Haemoglucotest (HGT), a
supervisão da dieta prescrita, acompanhamento dos exames laboratoriais, o cuidado com o
jejum prolongado, atenção para sinais e sintomas adrenérgicos: sudorese, tremor, palidez,
taquicardia, palpitações, nervosismos decorrentes da liberação de adrenalina, quando a glicemia
cai rapidamente; e atenção aos sintomas neurológicos: confusão, irritabilidade, cefaléia,
tonteira, fala enrolada e falta de coordenação, estes quando os níveis glicêmicos estão elevados.
5 Conclusão
Considerando a tradução literal da mnemônica Fast Hug (rápido abraço), deduz-se a
importância tanto do cuidado fisiológico ao paciente crítico, quanto do cuidado humanizado no
ambiente da Unidade de Terapia Intensiva, abordagem esta tão negligenciada na atualidade
pelos profissionais da área de saúde. O paciente crítico deve ser visto de forma diferenciada
pelo enfermeiro intensivista, que não pode acostumar-se à rotina diária, que na maioria das
vezes absorve a atenção do profissional, desviando-a para procedimentos e tecnologias19.
Entretanto, a relevância do cuidado humanizado interligado à mnemônica Fast Hug na
Unidade de Terapia Intensiva não foi diretamente abordada em nenhum dos artigos
13
selecionados,
apontando
para
a
necessidade
de
pesquisas
tanto
de
campo,
quanto
bibliográficas sobre o tema.
Conclui-se que na área do conhecimento a mesma é caracterizada por atitudes de
motivação, criatividade e aprendizado. Ou seja, agir torna-se cada vez mais complexo, pois a
necessidade de conhecimento e auto-aprendizagem são fatores determinantes exigindo, assim,
cada vez mais enfermeiros autônomos capazes de gerarem suas próprias atitudes e de
perceberem melhorias constantes a serem desenvolvidas em seu ambiente de trabalho, visando
um aprimoramento que poderá favorecer a sobrevivência dos pacientes.
Para que tudo isso ocorra é necessário que a enfermagem desenvolva competências, que
os enfermeiros possam agir sem o medo do risco, que a tomada de decisão seja descentralizada
e que se estabeleçam objetivos com demonstração de ganhos através do cuidar, este interligado
ao cuidado humanizado.
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