1 Ofício 01/2011 Goiânia, 15 de janeiro de 2012. A Sobrati – Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva A/C.: Douglas Ferrari e Rodrigo Tadini Vimos por meio deste, encaminhar nosso artigo cujo título é “A relevância do cuidado humanizado interligado à mnemônica Fast Hug na Unidade de Terapia Intensiva” a fim de ser avaliado e publicado pela Comissão Editorial. ____________________________________________________________ Eu mestranda Maria Eduarda Pinheiro Barbosa, residente na Alameda Perimetral nº131, Setor Criméia Leste – Goiânia/GO, e-mail: [email protected], fone: (62) 3941-4876. ____________________________________________________________ Eu, Jamile Maria Thomé, médica intensivista, diretora técnica da Unidade de terapia Intensiva, orientadora da discente, e-mail: [email protected]. ____________________________________________________________ Sem mais para o momento, agradecemos. A relevância do cuidado humanizado interligado à mnemônica Fast Hug na Unidade de Terapia Intensiva1 The relevance of humanized care connected to the Fast Hug mnemonic in the Intensive Care Unit La relevancia de la atención humanizada relacionada con la mnemotecnia Fast Hug en La Unidad de Cuidados Intensivos Barbosa Maria Eduarda Pinheiro. Pesquisa científica relacionada à relevância do cuidado humanizado interligado à mnemônica Fast Hug. Revista Intensiva - Sobrati - Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva¹ 2 Resumo Objetivos: Demonstrar a relevância do cuidado humanizado interligado à mnemônica Fast Hug na Unidade de Terapia Intensiva. Materiais e Metódos: Estudo do tipo bibliográfico, com análise qualitativa das literaturas selecionadas, obtidas de artigos científicos provenientes de bibliotecas convencionais e virtuais. Resultados: Encontrou-se 18 publicações, sendo 55,5% na Medline; 38,9% em língua inglesa; todas redigidas entre os anos de 2000 a 2011, onde 7 artigos descreveram a mnemônica Fast Hug, porém sem a abordagem humanística. Conclusão: Notamos a necessidade de realização de mais pesquisas descrevendo esta temática. É necessário que a enfermagem desenvolva competências, que os enfermeiros possam agir sem o medo do risco, que a tomada de decisão seja descentralizada e que se estabeleçam objetivos com demonstração de ganhos através do cuidar, este interligado ao cuidado humanizado. Descritores: Unidades de Terapia Intensiva; Cuidados Críticos; Humanização da Assistência. 1 Artigo apresentado ao Mestrado Profissionalizante em Terapia Intensiva, turma MPTI DF 2011, da Sobrati – Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva. Summary Objectives: To demonstrate the relevance of humanized care connected to the Fast Hug mnemonic in the Intensive Care Unit. Materials and Methods: Bibliographical study with qualitative analysis of selected literature, scientific articles obtained from conventional and virtual libraries. Results: It was found 18 publications, 55.5% in Medline, 38.9% in English, all of them were written between the years 2000 to 2011, where 7 items are describing the Fast Hug mnemonic, however with no humanistic approach. Conclusion: It was noticed the need for more research addressing this issue. It’s necessary to develop nursing skills where nurses can act with no fear of risk, making decisions in a decentralized way and objectives can be established, always showing gains through caring linked to humanized care. Descriptors: Intensive Care Units; Critical Care; Humanization of Assistance. Resumen Objetivos: Demostrar la relevancia del cuidado humanizado relacionada con la mnemotecnia Fast Hug en la Unidad de Cuidados Intensivos. Materiales y Métodos: Estudio 3 bibliográfico de un análisis cualitativo de la literatura seleccionada, artículos científicos obtenidos a partir de las bibliotecas convencionales y virtuales. Resultados: Se han encontrado 18 publicaciones, 55,5% en Medline, 38,9% en Inglés, todas entre los años 2000 a 2011, donde 7 publicaciones relatan la mnemotecnia Fast Hug, pero sin el enfoque humanista. Conclusión: Hemos tomado nota de la necesidad de más investigación que aborde esta cuestión. Es necesario desarrollar habilidades de enfermería, en los que las enfermeras actuar sin el temor de riesgo, donde la toma de decisiones está descentralizada y que los objetivos se establecen con una demostración de los beneficios a través del cuidado vinculado a la atención humanizada. Descriptores: Unidades de Terapia Intensiva; Cuidados Críticos, Humanización de La Atención. 4 1 Introdução O interesse em se pesquisar sobre a relevância do cuidado humanizado interligado à mnemônica Fast Hug na Unidade de Terapia Intensiva vem da busca por publicações brasileiras, sendo que a maioria é encontrada na língua inglesa. Assim, vê-se a necessidade do conhecimento sobre o assunto para aplicação da mnemônica destes cuidados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Utilizada como meio de identificar e conferir os principais aspectos dos cuidados gerais ao paciente crítico, a mnemônica Fast Hug é uma expressão inglesa do processo do cuidado: Alimentação (Feeding), Analgesia (Analgesia), Sedação (Sedation), Profilaxia Tromboembolítica (Tromboembolic prophylaxis), Elevação da cabeceira do leito (Head-of-bed elevation), Prevenção de úlcera de estresse (stress ulcer prevention) e controle de Glicose (Glucose control)1. Considerando este cuidado à beira do leito, avalia-se o paciente observando-o de forma mais individualizada, proporcionando melhor qualidade na assistência e a diminuição do tempo de internação. É importante salientar que deverá ser realizada uma avaliação prévia do paciente, visto que nem todos deverão se submeter a todos os cuidados descritos na mnemônica. A UTI é uma unidade reservada, complexa, dotada de monitorização contínua, onde são admitidos pacientes potencialmente graves ou com descompensação de um ou mais sistemas orgânicos. Fornece-se suporte e tratamento intensivo, propondo observação por 24 horas, composta por equipamentos específicos e outras tecnologias destinadas ao diagnóstico e ao tratamento. O cuidado proposto da unidade, teoricamente, ameniza o sofrimento, independente do prognóstico do paciente. Dispõe de assistência médica e de enfermagem especializada, de equipe multiprofissional e interdisciplinar, cujos profissionais são intitulados intensivistas2. Considerando este cuidado à beira do leito, avalia-se o paciente observando-o de forma mais individualizada, proporcionando melhor qualidade na assistência e a diminuição do tempo de internação. É importante salientar que deverá ser realizada uma avaliação prévia do paciente, visto que nem todos deverão se submeter a todos os cuidados descritos na mnemônica. A UTI é uma unidade reservada, complexa, dotada de monitorização contínua, onde são admitidos pacientes potencialmente graves ou com descompensação de um ou mais sistemas orgânicos. Fornece-se suporte e tratamento intensivo, propondo observação por 24 horas, composta por equipamentos específicos e outras tecnologias destinadas ao diagnóstico e ao tratamento. O cuidado proposto da unidade, teoricamente, ameniza o sofrimento, independente 5 do prognóstico do paciente. Dispõe de assistência médica e de enfermagem especializada, de equipe multiprofissional e interdisciplinar, cujos profissionais são intitulados intensivistas2. Nos últimos anos, tem-se falado muito sobre a implementação da humanização nas UTI, desde a infraestrutura até as relações humanas dos pontos de vista ético, psicossocial e espiritual - a equipe multiprofissional interagindo com o paciente e o familiar. Humanizar na UTI significa associar ambiente físico, tecnologia avançada e recursos humanos para garantir uma assistência completa ao paciente e ao familiar. Significa também, cuidar do paciente como um todo, englobando o contexto social, devendo, na prática, associar os valores, as esperanças e os aspectos culturais3. Por ser um ambiente que atende a pacientes de alta complexidade e gravidade, pode ser mais difícil implantar medidas de humanização na UTI, como por exemplo, a presença da família e a liberdade de sair do leito. Podem-se observar, por parte dos profissionais, ações que minimizam o sofrimento dos pacientes e familiares. Por cuidados críticos/intensivos entendem-se à assistência prestada a pacientes críticos e potencialmente críticos, assumidos respectivamente, como: (1) pacientes graves, com comprometimento de um ou mais dos principais sistemas fisiológicos, com perda de sua autoregulação, necessitando substituição artificial de funções e assistência contínua; e (2) pacientes graves, que apresentam estabilidade clínica, com potencial risco de agravamento do quadro e que necessita de cuidados contínuos4. O paciente com demanda de cuidados críticos/intensivos também é reconhecido como grave e recuperável, com risco iminente de morte, sujeitos à instabilidade das funções vitais, requerendo assistência de enfermagem e médica permanente e especializada. Em contraposição, julga-se oportuno salientar que a demanda por Enfermagem em Cuidados Críticos/Intensivos não se limita a referenciais fisiopatológicos ou de prognósticos, compreendendo a natureza humana em suas dimensões, expressões e fases evolutivas, incluindo a assistência a pacientes crônicos ou terminais, que necessitam de intervenções assistenciais em nível qualiquantitativo elevado, devido à dependência total para o atendimento das necessidades de saúde4. Apesar do grande esforço que a equipe de enfermagem realiza no sentido de humanizar o cuidado em UTI, tal tarefa tem demonstrado difícil de realizar, pois demanda atitudes individuais contra um sistema tecnológico dominante5. Diante disto surge o questionamento: qual a relevância do cuidado humanizado interligado à mnemônica Fast Hug na Unidade de Terapia Intensiva? 6 Dada a importância de uma assistência de qualidade ao paciente em Unidade de Terapia Intensiva voltada aos cuidados de enfermagem, faz-se necessária a elaboração de estudos que apontem diretrizes, novidades, inovações e principalmente informações aos profissionais de enfermagem de UTI. Espera-se oferecer para os enfermeiros uma ferramenta para este cuidado em UTI, demonstrando que somente o cuidado assistencial por si só não é suficiente para assistência ao paciente crítico, observando o paciente como ser holístico. Como contribuição para o paciente virá à melhoria da qualidade de assistência e melhoria da qualidade de vida. Para ciência, almeja-se disponibilizar mais uma pesquisa para aprimoramento desta técnica ou protocolo visando a interrelação com a humanização do cuidar. 2 Objetivo: Demonstrar a relevância do cuidado humanizado interligado à mnemônica Fast Hug. 3 Materiais e Métodos Trata-se de um estudo bibliográfico, com análise qualitativa das leituras selecionadas, obtidas de artigos científicos, provenientes de bibliotecas convencionais e virtuais. Uma pesquisa bibliográfica pode visar um levantamento dos trabalhos realizados anteriormente sobre o mesmo tema estudado no momento, pode identificar e selecionar os métodos e técnicas a serem utilizados, além de fornecer subsídios para a redação da introdução e revisão da literatura do projeto ou trabalho. Em suma, uma pesquisa bibliográfica leva ao aprendizado sobre uma determinada área6. O estudo bibliográfico se baseia em literaturas estruturadas, obtidas de livros e artigos científicos provenientes de bibliotecas convencionais e virtuais7. Ao contrário da abordagem quantitativa, a abordagem qualitativa não emprega procedimentos estatísticos como centro do processo de análise de um problema. Por meio deste tipo de abordagem, o pesquisador interpreta os fatos, procura solução para o problema pressuposto8. Após a definição do tema, foi feita uma busca em bases de dados virtuais em saúde, especificamente na Biblioteca Virtual de Saúde – Bireme. Foram utilizados os descritores: Unidades de Terapia Intensiva; Cuidados Críticos; Humanização da Assistência. O passo seguinte foi uma leitura exploratória das publicações apresentadas no Sistema Latino- Americano e do Caribe de informação em Ciências da Saúde – LILACS, National Library of Medicine – MEDLINE e Bancos de Dados em enfermagem – BDENF, no período de 2000 a 7 2011, caracterizando assim o estudo retrospectivo, buscando as fontes virtuais, os anos, os periódicos, os idiomas, os métodos e resultados comuns. Para o breve resgate histórico utilizou-se livros e revistas impressos que abordassem o tema e que possibilitassem um breve relato da evolução na forma e momento correto da aplicação da humanização interligada à mnemônica Fast Hug. Realizada a leitura exploratória e seleção do material, principiou-se a leitura analítica por meio da leitura das obras selecionadas, que possibilitou a organização das idéias por ordem de importância e a sintetização destas que visou a fixação das idéias essenciais para a solução do problema da pesquisa7. Após a leitura analítica, iniciou-se a leitura interpretativa que tratou do comentário feito pela ligação dos dados obtidos nas fontes ao problema da pesquisa e conhecimentos prévios. Na leitura interpretativa houve uma busca mais ampla de resultados, pois ajustaram o problema da pesquisa às possíveis soluções. Feita a leitura interpretativa se iniciou a tomada de apontamentos que se referiram a anotações que consideravam o problema da pesquisa, ressalvando as idéias principais e dados mais importantes7. 4 Resultados e Discussão Após a análise do material bibliográfico foi possível identificar que existe uma restrita literatura a respeito da aplicação humanização na mnemônica Fast Hug. Nos últimos anos, ao se buscar a Bases de Dados Virtuais em Saúde, tais como a LILACS, MEDLINE, SCIELO e outras revistas, utilizando-se os descritores Cuidados Críticos; Humanização da Assistência, encontrou-se 10 artigos publicados entre 2000 e até janeiro de 2011. Após a leitura exploratória dos mesmos, foi possível identificar a conceituação e interpretação de diversos autores a respeito da utilização da mnemônica Fast Hug e da humanização no cuidado ao paciente crítico, entretanto não foi encontrado nenhum artigo que interligasse ambos os assuntos. Este tema ainda não é muito discutido entre os profissionais de enfermagem brasileiros, pode-se evidenciar isto pelo fato de não existirem muitos artigos publicados no Brasil. Deste modo, apresentam-se a seguir as etapas de todo o processo para desenvolvimento do cuidado geral ao paciente crítico. Este método contém sete itens a serem analisados. 4.1 Alimentação (Feeding) 8 Esta é a primeira etapa a ser desenvolvida na mnemônica Fast Hug, onde se analisa tempo de jejum segundo idade, controle de ingestão pós-operatória, indicação de dieta oral, enteral ou parenteral. A desnutrição aumenta as complicações e piora o resultado final para pacientes criticamente doentes1,10,11. Os desafios para uma prática de suporte nutricional eficaz ainda são grandes, mas aprender a cada dia melhores métodos e criar condições próprias e condizentes com a realidade são passos importantes12. 4.1.1 Alimentação (Feeding) Interligada ao Cuidado Humanizado No sentido de melhorar a assistência, e esta ligada à humanização, para os pacientes conscientes pode ser solicitado para seu familiar que realize a oferta da dieta oral, aproveitando um momento importante da interação. Também se faz necessário colocar mensagens de motivação nas bandejas de refeições. Quanto às dietas enterais, procurar alternar os sabores da dieta e se possível tentar comunicação com o paciente para oferecer o sabor de sua preferência. Há várias definições de dieta, por isso, vale ressaltar a importância da comunicação ao cliente, explicando e exemplificando as dietas prescritas e os dispositivos usados para sua administração. 4.2 Analgesia (Analgesia) Nesta fase do cuidado utilizam-se métodos e técnicas que garantam adequada analgesia intra e pós-operatórias. A dor pode afetar a recuperação psicológica e fisiológica dos bons cuidados intensivos. Pacientes na UTI sentem dor por causa de sua doença, procedimentos invasivos, mas também em situações corriqueiras como mudança de decúbito, aspiração traqueal e na troca de roupas de cama13. 4.2.1 Analgesia (analgesia) Interligada ao Cuidado Humanizado A dor está entremeada por aspectos subjetivos, recebendo influência direta de fatores emocionais, sociais, culturais e espirituais de acordo com cada paciente. O controle eficaz da dor é um dever dos profissionais de saúde, um direito dos pacientes que dela padecem e um passo fundamental para efetiva humanização do cuidar13. É de fundamental importância que os enfermeiros intensivistas tenham o conhecimento da fisiopatologia da dor, da farmacologia dos antálgicos, dos benefícios das técnicas analgésicas 9 e dos instrumentos que avaliam a dor com maior precisão, o efeito surtirá com a ausência de dor sem perda da consciência. 4.3 Sedação (Sedation) Quanto à sedação, seu uso deve ser realizado de forma consciente e concomitantemente com a utilização de drogas que permitam adequada intra-operátoria. A profundidade e a dose da sedação devem ser ajustadas para cada paciente1. A sedação excessiva aumenta o risco de trombose venosa, reduz a motilidade intestinal, a pressão arterial, a capacidade de extração de oxigênio dos tecidos, aumenta o risco de polineuropatia do doente grave e prolonga a internação e os custos na UTI. É recomendada a suspensão diária da sedação ou a monitorização contínua de sua profundidade. A sedação proporciona o alívio de ansiedade e agitação, a indução de um estado de calma e tranqüilidade. O termo “sedação” em terapia intensiva envolve dois componentes distintos e igualmente importantes: a sedação propriamente dita (hipnose, redução da ansiedade) e a analgesia. O nível de sedação pode ser mínimo, moderado (sedação consciente) ou profunda. Por isso considera-se importante a utilização de uma escala de sedação (Ramsay) e analgesia, pois favorece e facilita a obtenção de níveis adequados de sedação e analgesia, além de permitir melhor controle e autonomia por parte da enfermagem1,14,15. É incontestável a necessidade de sedoanalgesia no paciente crítico por impor-se claramente obrigatória face à agitação psicomotora (evitando a contenção física desnecessária) ou inadaptação à ventilação artificial. A interrupção diária e a monitorização da sedação tem sido definida como um elemento importante para que os efeitos colaterais da sedação excessiva, com concomitante maior tempo de ventilação mecânica e de permanência em UTI, sejam evitados1. Um dos grandes fatores de morbidade e mortalidade associada á sedação é a inadequada técnica de monitorização1,15. 4.3.1 Sedação (sedation) Interligada ao Cuidado Humanizado Enquanto inicia o desmame o enfermeiro tem que estar habilitado e capacitado para o trabalho contínuo do despertar diário, estimulação do cliente com as pranchas de linguagem alternativa, avaliação do nível de sedação e utilização e compreensão da escala de Ramsay. Utilizando o processo da Sistematização da Assistência de Enfermagem na prescrição dos cuidados evita-se até mesmo contenções desnecessárias e, caso ocorra sedação insuficiente, a instabilidade hemodinâmica estará presente e o paciente apresentará desconforto e agitação. 10 Faz-se necessária, então, a realização do exame físico e testes de posicionamentos e fixações de sondas, cateteres e a própria monitorização. Na sedação profunda com presença de inconsciência prolongada, bradicardia, hipotensão, depressão respiratória, trombose venosa profunda (TVP), catabolismo protéico e imunossupressão, o enfermeiro intensivista deve provocar visita clínica e discussão com equipe multiprofissional com o intuito de buscar uma melhor terapêutica para o paciente. 4.4 Profilaxia de Tromboembolismo (thromboembolic prophylaxis) Por natureza o doente crítico encontra-se propenso à TVP. A hipocoagulação deve ser ponderada pelo risco de hemorragia, mas não esquecida. Deve-se atentar para episódios de sangramento, para a necessidade de administração de anti-coagulantes via subcutânea, principalmente nos pacientes portadores de diátese hemorrágica. Esta profilaxia é frequentemente esquecida, apesar de considerável morbidade e mortalidade associadas ao tromboembolismo venoso. De acordo com Vincent (2005), estudos sugerem que todos os pacientes adultos recebam, pelo menos, heparina subcutânea, se não houver contra-indicação. Os riscos devem ser considerados em relação aos benefícios1. 4.4.1 Profilaxia de Tromboembolismo (thromboembolic prophylaxis) interligada ao Cuidado Humanizado. A prática baseada em evidência está sendo rapidamente difundida, principalmente na área da medicina. Usar desta prática como rotina demonstra eficácia no cuidado juntamente com a educação continuada à beira leito. Nesta categoria podemos orientar a equipe de enfermagem a realizar o mapa de rodízio da área de aplicação dos antitrombolíticos, uso das meias elásticas de compressão, avaliação da perfusão periférica e aquecimento dos membros inferiores quando necessário, elevação dos mesmos e fisioterapia motora, salvo exceções. 4.5 Cabeceira Elevada (Head of bed elevation) Vários estudos têm demonstrado que a elevação da cabeceira do leito a 45 graus pode reduzir a incidência de refluxo gastroesofágico em pacientes ventilados mecanicamente. Um estudo randomizado, controlado demonstrou redução das taxas de pneumonia nosocomial quando os pacientes foram mantidos semi-recostados. Deve-se ficar atento para não manter apenas a cabeça do paciente elevado, mas também o tórax 1,13,14,15. Entretanto apesar da evidência e das recomendações, esta simples estratégia ainda não é aplicada de forma eficaz. O fato de se elevar a cabeça pode não ser o suficiente; os pacientes, especialmente quando sedados, tem a tendência de deslizar no leito. 11 4.5.1 Cabeceira Elevada, (Head of bed elevated) Interligado ao Cuidado Humanizado É extremamente importante atentar para prevenção de iatrogenias, pois podem ameaçar a qualidade de vida dos clientes. Parece improvável que o erro no campo da enfermagem seja completamente eliminado. Porém o foco do cuidado deve proporcionar a otimização e redução dos erros. A equipe deve ser treinada e orientada sobre a importância da cabeceira elevada, os benefícios da utilização desta prática e os resultados com a prevenção dos erros, sendo estes, diminuição da internação, do risco de broncoaspiração e melhor conforto respiratório. 4.6 Prevenção de úlcera de estresse (Stress ulcer prevention) Aqui todo paciente de risco para TVP deve receber alguma forma de profilaxia, que pode ser feita através de medidas farmacológicas, não farmacológicas ou associação de ambas. A prevenção de úlcera de estresse é de particular importância para pacientes em insuficiência respiratória, com distúrbios de coagulação, em uso de corticosteróides ou com história de úlcera gástrica. Provavelmente não há necessidade da profilaxia com agentes “antiúlcera” para todos os pacientes na UTI, mesmo após trauma ou cirurgia. A medicação ideal não foi determinada dentre as disponíveis como bloqueadores H2 (ranitidina), sucralfato ou inibidores de bomba de prótons (ex: omeprazol). Também vale ressaltar a prevenção de úlcera por pressão e de córnea, frequentemente neglicenciadas. 4.6.1 Prevenção de Úlcera de Estresse (Stress ulcer prevention) Interligado ao Cuidado Humanizado Entre as ações de enfermagem consideradas medidas preventivas para o desenvolvimento de úlceras, tanto de estresse como úlcera por pressão, lista-se abaixo algumas intervenções. Para evitar o estresse, utilizar as técnicas de relaxamento, proporcionar um ambiente calmo e bem iluminado sendo este, imprescindível para a redução de ansiedade do paciente. A implantação da musicoterapia também auxilia neste cuidado. Para os pacientes conscientes, deve-se providenciar um relógio em seu campo de visão, para que ele se situe no tempo. Também o uso de televisores para entretenimento vem aliado a este cuidado. Na profilaxia da úlcera por pressão, tem-se a redução dos fatores extrínsecos, manter lençóis esticados e secos, mudança de decúbito de 2/2 horas (se não for contra-indicação médica). Utilizar protetores de silicone para alívio de pressão e colchão caixa de ovo ou pneumático para melhor circulação corpórea. 12 4.7 Controle Glicêmico (Glucose Control) Deve-se atentar para os episódios de hipoglicemia podendo causar danos imediatos ao paciente dentro dos limites estabelecidos em UTI. Foi demonstrado que a hiperglicemia é um marcador de mau prognóstico para pacientes graves, tanto clínicos quanto cirúrgicos. Van den Berghe e cols demonstraram, em estudo randomizado e controlado redução da mortalidade em pacientes cirúrgicos submetidos a controle rigoroso da glicemia com uso de insulina (entre 80mg/dl e 110g/dl)16. Um controle tão restrito pode ser difícil de ser atingindo na maioria das unidades. Assim, as diretrizes para tratamento da sepse grave e do choque séptico recentemente publicadas, recomendam manutenção abaixo de 150mg/dl. Outros autores demonstraram redução do tempo de internação na UTI e da mortalidade com controle glicêmico17,18. 4.7.1 Controle Glicêmico (Glucose Control) Interligado ao Cuidado Humanizado A ética pode contribuir significativamente para humanização no ambiente hospitalar, esta norteia nossos valores e normas e nos direciona para prática da profissão. Nesta prática, princípios são aplicados por meio de direitos e deveres: o direito da assistência médica e dos cuidados de enfermagem individualizados, o direito às terapias adequadas onde há um ambiente humano que propicia o viver ou o morrer com dignidade. Deste modo, a enfermagem tem atribuições primordiais como: a supervisão rigorosa da insulinoterapia em bomba de infusão (BI), o rodízio ao realizar o Haemoglucotest (HGT), a supervisão da dieta prescrita, acompanhamento dos exames laboratoriais, o cuidado com o jejum prolongado, atenção para sinais e sintomas adrenérgicos: sudorese, tremor, palidez, taquicardia, palpitações, nervosismos decorrentes da liberação de adrenalina, quando a glicemia cai rapidamente; e atenção aos sintomas neurológicos: confusão, irritabilidade, cefaléia, tonteira, fala enrolada e falta de coordenação, estes quando os níveis glicêmicos estão elevados. 5 Conclusão Considerando a tradução literal da mnemônica Fast Hug (rápido abraço), deduz-se a importância tanto do cuidado fisiológico ao paciente crítico, quanto do cuidado humanizado no ambiente da Unidade de Terapia Intensiva, abordagem esta tão negligenciada na atualidade pelos profissionais da área de saúde. O paciente crítico deve ser visto de forma diferenciada pelo enfermeiro intensivista, que não pode acostumar-se à rotina diária, que na maioria das vezes absorve a atenção do profissional, desviando-a para procedimentos e tecnologias19. Entretanto, a relevância do cuidado humanizado interligado à mnemônica Fast Hug na Unidade de Terapia Intensiva não foi diretamente abordada em nenhum dos artigos 13 selecionados, apontando para a necessidade de pesquisas tanto de campo, quanto bibliográficas sobre o tema. Conclui-se que na área do conhecimento a mesma é caracterizada por atitudes de motivação, criatividade e aprendizado. Ou seja, agir torna-se cada vez mais complexo, pois a necessidade de conhecimento e auto-aprendizagem são fatores determinantes exigindo, assim, cada vez mais enfermeiros autônomos capazes de gerarem suas próprias atitudes e de perceberem melhorias constantes a serem desenvolvidas em seu ambiente de trabalho, visando um aprimoramento que poderá favorecer a sobrevivência dos pacientes. Para que tudo isso ocorra é necessário que a enfermagem desenvolva competências, que os enfermeiros possam agir sem o medo do risco, que a tomada de decisão seja descentralizada e que se estabeleçam objetivos com demonstração de ganhos através do cuidar, este interligado ao cuidado humanizado. 6 Referências Vincent JL. Give your patient a fast hug (at least) once a day. Critical Care Medicine [serial on 1 line] 2005 [cited 2011 jan 29]; 33(6): 1225-1230. Available from: URL: http://baymarineservices.com/Website/good%20articles/Fast%20Hug%20once%20a%20day% 20SCCM%206-05.pdf. Abrahão AL. 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