Anatomofisiologia Martin.p65

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XIII – O Sistema Urinário
sistema tubular contendo diversos distintos segmentos:
Túbulo Contornado Proximal, Alça de Henle, Túbulo
Contornado Distal e Ducto Coletor.
Na medida em que o filtrado flui através destes
túbulos, diversas substâncias são reabsorvidas através da
parede tubular, enquanto que, ao mesmo tempo, outras são
excretadas para o interior dos mesmos.
a. TÚBULO CONTORNADO PROXIMAL
Nosso sistema urinário é formado por dois
rins, dois ureteres, uma bexiga e uma uretra.
Dos cerca de 5 litros de sangue bombeados pelo
coração a cada minuto, aproximadamente 1.200 ml,
ou seja, pouco mais de 20% deste volume flui, neste
mesmo minuto, através dos nossos rins.
Trata-se de um grande fluxo se
considerarmos as dimensões anatômicas destes
órgãos.
O sangue entra em cada rim através da
artéria renal. No interior de cada rim, cada artéria
renal se ramifica em diversas artérias interlobares.
Estas se ramificam em artérias arqueadas que, por sua
vez, ramificam-se então em numerosas artérias
interlobulares. Cada artéria interlobular, no córtex
renal, ramifica-se em numerosas arteríolas aferentes.
Cada arteríola aferente ramifica-se num tufo de
pequenos capilares denominados, em conjunto,
glomérulos.
Os glomérulos, milhares em cada rim, são
formados, portanto, por pequenos enovelados de capilares.
Na medida em que o sangue flui no interior de tais
capilares, uma parte filtra-se através da parede dos
mesmos. O volume de filtrado a cada minuto corresponde
a, aproximadamente, 125 ml. Este filtrado acumula-se,
então, no interior de uma cápsula que envolve os capilares
glomerulares (cápsula de Bowman). A cápsula de Bowman
é formada por 2 membranas: uma interna, que envolve
intimamente os capilares glomerulares e uma externa,
separada da interna. Entre as membranas interna e externa
existe uma cavidade, por onde se acumula o filtrado
glomerular.
O filtrado glomerular tem o aspecto aproximado
de um plasma: um líquido claro, sem células. Porém,
diferente do plasma, tal filtrado contém uma quantidade
muito reduzida de proteínas (aproximadamente 200 vezes
menos proteínas), pois as mesmas dificilmente atravessam
a parede dos capilares glomerulares.
O filtrado passa a circular, então, através de um
Ao passar pelo interior deste segmento, cerca de
100% da glicose é reabsorvida (transporte ativo) através da
parede tubular e retornando, portanto, ao sangue que
circula no interior dos capilares peritubulares,
externamente aos túbulos.
Ocorre também,
neste segmento,
reabsorção de 100% dos
aminoácidos e das
proteínas que porventura
tenham passado através
da parede dos capilares
glomerulares.
Neste mesmo
segmento ainda são
reabsorvidos
aproximadamente 70%
das moléculas de Na+ e de
Cl- (estes últimos por
atração iônica,
acompanhando os
cátions). A reabsorção de
NaCl faz com que um
considerável volume de
água, por mecanismo de osmose, seja também reabsorvido.
Desta forma, num volume já bastante reduzido, o
filtrado deixa o túbulo contornado proximal e atinge o
segmento seguinte: a Alça de Henle.
b. ALÇA DE HENLE
Esta se divide em dois ramos: um descendente e
um ascendente. No ramo descendente a membrana é
bastante permeável à água e ao sal NaCl. Já o mesmo não
ocorre com relação à membrana do ramo ascendente, que é
impermeável à água e, além disso, apresenta um sistema de
transporte ativo que promove um bombeamento constante
de íons sódio do interior para o exterior da alça,
carregando consigo íons cloreto (por atração iônica).
Devido às características descritas acima,
enquanto o filtrado glomerular flui através do ramo
ascendente da alça de Henle, uma grande quantidade de
íons sódios são bombeados ativamente do interior para o
exterior da alça, carregando consigo íons cloreto. Este
fenômeno provoca um acúmulo de sal (NaCl) no interstício
medular renal que, então, se torna hiperconcentrado em
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(do interior para o exterior da alça).
No ramo ascendente da alça de Henle flui, por
transporte ativo, NaCl do interior para o exterior da alça.
c. TÚBULO CONTORNADO DISTAL:
sal, com uma osmolaridade um tanto elevada, quando
comparada aos outros compartimentos corporais. Essa
osmolaridade elevada faz com que uma considerável
quantidade de água constantemente flua do interior para o
exterior do ramo descendente da alça de Henle (lembre-se
que este segmento é permeável à água e ao NaCl) enquanto
que, ao mesmo tempo, NaCl flui em sentido contrário, no
mesmo ramo.
Portanto, o seguinte fluxo de íons e de água se
verifica através da parede da alça de Henle:
No ramo descendente da alça de Henle flui, por
difusão simples, NaCl do exterior para o interior da alça,
enquanto que a água, por osmose, flui em sentido contrário
Neste segmento ocorre um bombeamento
constante de íons sódio do interior para o exterior do
túbulo. Tal bombeamento se deve a uma bomba de sódio e
potássio que, ao mesmo tempo em que transporta
ativamente sódio do interior para o exterior do túbulo, faz
o contrário com íons potássio. Esta bomba de sódio e
potássio é mais eficiente ao sódio do que ao potássio, de
maneira que bombeia muito mais sódio do interior para o
exterior do túbulo do que o faz com relação ao potássio em
sentido contrário. O transporte de íons sódio do interior
para o exterior do túbulo atrai íons cloreto (por atração
iônica). Sódio com cloreto formam sal que, por sua vez,
atrai água. Portanto, no túbulo contornado distal do nefron,
observamos um fluxo de sal e água do lúmen tubular para
o interstício circunvizinho.
A quantidade de sal + água reabsorvidos no túbulo
distal depende bastante do nível plasmático do hormônio
aldosterona, secretado pelas glândulas supra-renais.
Quanto maior for o nível de aldosterona, maior será a
reabsorção de NaCl + H2O e maior também será a excreção
de potássio.
O transporte de água, acompanhando o sal,
depende também de um outro hormônio: ADH (hormônio
antidiurético), secretado pela neuro-hipófise.
Na presença do ADH a membrana do túbulo
distal se torna bastante permeável à água,
possibilitando sua reabsorção. Já na sua
ausência, uma quantidade muito pequena de
água acompanha o sal, devido a uma
acentuada redução na permeabilidade à
mesma neste segmento.
d. DUCTO COLETOR:
Neste segmento ocorre também
reabsorção de NaCl acompanhado de água,
como ocorre no túbulo contornado distal.
Da mesma forma como no segmento
anterior, a reabsorção de sal depende muito
do nível do hormônio aldosterona e a
reabsorção de água depende do nível do
ADH.
e. FILTRAÇÃO GLOMERULAR:
Na região cortical do rim existem
milhares de glomérulos. Cada glomérulo é
formado de um conjunto de capilares. O
sangue que flui no interior de tais capilares,
chega aos mesmos proveniente de uma
arteríola denominada arteríola aferente. Este
mesmo sangue, após fluir pelos capilares
glomerulares, se dirige para a arteríola
eferente, que forma uma rede de capilares
peritubulares, que envolvem os túbulos
renais.
No interior dos capilares
glomerulares existe uma considerável pressão hidrostática
(60 mmHg), que força o sangue a fluir para frente, em
direção à arteríola eferente, e também contra a parede dos
capilares. No interior da cápsula de Bowman existe
também uma pressão hidrostática, mas esta é menor (18
mmHg). Outra pressão que não podemos deixar de
mencionar é uma pressão denominada oncótica ou
coloidosmótica (32 mmHg) no interior dos capilares
glomerulares, devido à grande concentração de proteínas
no interior dos tais vasos. Este tipo de pressão atrai água
do exterior para o interior dos capilares glomerulares.
Analisando-se as três pressões citadas acima,
conclui-se que existe realmente uma pressão resultante da
ordem de 10 mmHg., que pode ser considerada como
Pressão de Filtração, que favorece a saída de líquidos do
interior para o exterior dos capilares glomerulares e, com
isso, proporcionar uma boa filtração do sangue.
A cada minuto, aproximadamente, cerca de 125
ml de filtrado se formam no interior da cápsula de
Bowman. Tal filtrado é denominado filtrado glomerular.
É fácil imaginar que, se houver uma queda
significativa na pressão sangüínea haverá também, como
conseqüência, uma queda na pressão hidrostática no
interior dos capilares glomerulares. Isso provocará uma
queda acentuada na pressão de filtração, o que reduzirá a
filtração glomerular, poupando líquido (volume) para o
corpo, numa tentativa de se corrigir a queda da pressão.
O contrário se verificaria num caso de aumento da
pressão sangüínea.
A angiotensina, potente vasoconstritor, produzida
a partir da ação da renina sobre o angiotensinogênio,
exerce importante poder vasoconstritor especialmente
sobre a arteríola eferente. Portanto, um aumento na
produção de angiotensina ocasiona uma vasoconstrição
mais acentuada nesta arteríola e, como conseqüência, um
aumento da pressão de filtração e da filtração glomerular.
A noradrenalina, mediador químico liberado pelas
terminações nervosas simpáticas, exerce importante efeito
vasoconstritor especialmente sobre a arteríola aferente.
Portanto, um predomínio da atividade simpática do sistema
nervoso autônomo tem o poder de aumentar a
vasoconstrição nesta arteríola e, como conseqüência,
provocar uma redução da pressão de filtração e da filtração
glomerular.
f. APARELHO JUSTAGLOMERULAR:
Em numerosos nefrons observamos algo muito
interessante: Um pequeno segmento do túbulo contornado
distal aproxima-se intimamente a um segmento de uma ou
ambas as arteríolas (aferente e/ou eferente). Onde isso
ocorre, observamos uma diferenciação tanto na parede do
túbulo contornado distal quanto na parede da arteríola. A
parede do túbulo, que normalmente é constituída por um
epitélio cubóide, se torna neste segmento com um epitélio
diferente, com grande número de células cilíndricas, umas
bem próximas às outras. Tal região recebe o nome de
mácula densa. Já na parede da arteríola, verificamos uma
grande quantidade de células, neste segmento, com aspecto
bem diferente daquelas que formam o restante da parede do
vaso. Tais células apresentam em seu citoplasma uma
grande quantidade de grânulos de secreção, demonstrando
que são células produtoras de alguma substância. A
substância produzida nestas células, chamadas de
justaglomerulares, é exatamente a famosa renina.
O segmento descrito acima, formado por células
justaglomerulares (na parede das arteríolas) mais a mácula
densa (na parede do túbulo contornado distal) é conhecido
como aparelho justaglomerular. Portanto, podemos dizer
que a renina é produzida por este aparelho.
g. RENINA – ANGIOTENSINA –
ALDOSTERONA:
A renina, ao entrar em contato com o
angiotensinogênio, transforma-o em angiotensina-1. Esta,
sob ação de enzimas encontradas principalmente em
capilares pulmonares, transforma-se em angiotensina-2.
A angiotensina-2 é um potente vasoconstritor.
Fazendo vasoconstrição, aumenta a resistência ao fluxo
sangüíneo e, portanto, eleva a pressão arterial.
Além do poder vasoconstritor, a angiotensina é
um dos fatores que provocam, na glândula supra-renal, um
aumento na secreção do hormônio aldosterona. A
aldosterona aumenta a reabsorção de sal + água no túbulo
contornado distal. Conseqüentemente aumenta o volume
do compartimento vascular (volemia). Aumentando o
volume sangüíneo, o coração aumenta seu débito (débito
cardíaco). O aumento do débito cardíaco faz com que
também ocorra um aumento na pressão arterial.
Portanto, é fácil concluir que um aumento na
secreção de renina determina um aumento na pressão
arterial. Já uma redução em sua secreção, o efeito inverso
se verifica.
h. CONTROLE DA MICÇÃO:
Aproximadamente 1 ml de urina, a cada minuto,
escoa através dos ureteres em direção à bexiga. A partir de
um volume de aproximadamente 400 ml de urina na
bexiga, com a distensão da mesma devido a um aumento
de pressão em seu interior, receptores de estiramento
localizados em sua parede se excitam cada vez mais. Com
a excitação dos receptores de estiramento impulsos
nervosos são enviados em direção ao segmento sacral da
medula espinhal onde, a partir de um certo grau de
excitação, provocarão o surgimento de uma resposta
motora através de nervos parassimpáticos (n. pélvicos) em
direção ao músculo detrussor da bexiga (forçando-o a
contrair-se) e ao esfíncter interno da uretra (relaxando-o).
Desta forma ocorre o reflexo da micção. Para que, de fato,
a micção ocorra, ainda torna-se necessário o relaxamento
de um outro esfíncter, o esfíncter externo da uretra. Porém
este esfíncter externo é constituído de fibras musculares
esqueléticas e, portanto, são controladas por neurônios
motores localizados nos cornos anteriores da medula. Estes
neurônios recebem comando do córtex motor (no cérebro).
Sendo assim, não sendo o momento adequado à micção
diante de um reflexo, nosso córtex motor, área consciente
de nosso cérebro, manterá o esfíncter externo contraído e a
micção, ao menos por enquanto, não se fará acontecer.
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