Rim

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Capítulo 19
Aparelho Urinário
O aparelho urinário é responsável pela manutenção da homeostase, produzindo urina, em
que são eliminados resíduos.
Consta de dois rins, dois ureteres, uma bexiga e uma uretra.
Os rins secretam hormônios, como a renina, que participa da regulação da pressão
sanguínea, e a eritropoetina, uma glicoproteína que estimula a produção de eritrócitos.
Rim
O rim possui uma borda convexa e outra côncava, na qual se situa o hilo (vasos e nervos),
onde há os cálices, os quais se reúnem para formar a pelve renal. É constituído pela cápsula
(conjuntivo denso), zona cortical e zona medular (formada por 10 a 18 pirâmides medulares (de
Malpighi); há as papilas, cada uma delas perfurada por 10 a 25 orifícios (área crivosa); da base de
cada pirâmide partem 400 a 500 arcos medulares que penetram na cortical).
Cada lobo renal é formado por uma pirâmide e pelo tecido cortical que recobre sua base e
lados. Um lóbulo é um raio medular e o tecido cortical que fica em volta delimitado pelas arteríolas
interlobulares.
Rins são associações de néfrons, que são formados por: corpúsculo renal ou de Malpighi,
túbulo contorcido proximal, partes delgada e espessa da alça de Henle e túbulo contorcido
distal. Todos são envolvidos por uma lâmina basal.
Os corpúsculos renais e os túbulos de trajeto tortuoso são corticais enquanto a alça de Henle
situam-se na zona medular.
O néfron começa pelo corpúsculo renal ou de Malpighi
O corpúsculo renal é um tufo de capilares envolvidos pela Cápsula de Bowmann (dois
folhetos, um interno  visceral  junto aos capilares, e outro externo  parietal  formando os
limites do corpúsculo renal; entre os dois folhetos há o espaço capsular, que recebe o líquido
filtrado através da parede dos capilares e do folheto visceral da cápsula).
Há o pólo vascular, pelo qual penetra a arteríola aferente e sai a eferente, e o pólo urinário,
onde nasce o túbulo contorcido proximal. Há conexões diretas entre o vaso aferente e o eferente
(possui maior quantidade de músculo liso que o aferente).
O folheto externo ou parietal da cápsula é de epitélio simples pavimentoso, que se apóia
numa lâmina basal e numa fina camada de fibras reticulares.
O folheto interno ou visceral são os podócitos: corpo celular de onde partem diversos
prolongamentos primários que dão origem aos secundários. Localizam-se sobre uma membrana
basal, mas o contato com ela é feito pelos prolongamentos secundários. Entre esses últimos
prolongamentos há as fendas de filtração, fechadas por uma membrana.
Os capilares glomerulares são do tipo fenestrados. Há uma membrana basal (fusão das
lâminas basais do endotélio e dos podócitos) entre as células endoteliais fenestradas e os podócitos,
sendo a principal barreira na filtração glomerular. Essa membrana é formada por:
 Lâmina rara interna: próximo às células endoteliais;
 Lâmina densa: feltro de colágeno tipo IV e laminina (barreira física) numa matriz que contém
proteoglicana eletricamente negativa (retém moléculas carregadas positivamente);
 Lâmina rara externa: em contato com os podócitos.
As lâminas raras contêm fibronectina (ligação entre as células).
Os capilares glomerulares possuem as células mesangiais entre dois capilares envolvidos
pela mesma lâmina basal. Possuem numerosos prolongamentos curtos e são envolvidas por uma
camada de matriz molecular extracelular. É possível que sejam elementos de sustentação dos
capilares.
O túbulo contorcido proximal apresenta células com orla em escova (microvilos)
O túbulo contorcido proximal compreende uma parte inicial tortuosa e uma parte retilínea
que penetra na medular por uma extensão muito curta.
A parede é formada por epitélio cúbico simples. Células com citoplasma fortemente
acidófilo devido às muitas mitocôndrias.
Esses túbulos possuem a luz ampla com microvilos (orla em escova) em sua parede. Suas
células têm prolongamentos laterais que se interdigitam com os das células vizinhas (aumentam
consideravelmente a superfície basal da célula, onde as mitocôndrias estão concentradas;
características das células envolvidas no transporte de íons).
Alça de Henle
Cada alça de Henle, com uma parte delgada e outra espessada, possui a forma da letra U.
Nas alças longas (mais numerosas; próximas à região medular) a curvatura é sempre na parte
delgada, enquanto nas alças curtas (localizadas junto à cápsula) ela se localiza na parte espessa.
Geralmente, a delgada é descendente e a espessa é ascendente.
A parte delgada possui luz ampla, pois sua parede é formada por células achatadas, com
núcleos salientes para a luz.
A estrutura de sua parede é de epitélio cúbico simples.
O túbulo contorcido distal apresenta células cúbicas sem orla em escova
O túbulo contorcido distal é revestido por epitélio cúbico simples. Comparado com o
túbulo proximal, esse último possui as células maiores, com orla estriada e mais acidófilas
(abundância em mitocôndrias) que as suas. Também possui, em sua metade basal, pregas que se
encaixam nas células vizinhas. A parte apical de suas células possui microvilos esparsos e mais
curtos, não formando orla.
O túbulo distal encosta-se ao corpúsculo de Malpighi do mesmo néfron e, nesse local, sua
parede se modifica. Suas células tornam-se cilíndricas, altas, com núcleos alongados e próximos uns
aos outros. Aparelho de Golgi na região basal. Esse segmento modificado chama-se mácula densa,
sensível à concentração de Na+ e Cl-, produzindo um sinal molecular que modifica o calibre da
arteríola aferente, regulando assim a filtração glomerular.
Tubos ou ductos coletores
A urina passa então para os tubos ou ductos coletores, que na medula se unem uns aos
outros e se dirigem para as papilas.
Os tubos coletores mais delgados são revestidos por epitélio cúbico. À medida que se
fundem, suas células ficam mais altas, até se transformarem em cilíndricas.
As células dos néfrons e dos tubos coletores se unem umas às outras através de zônulas de
oclusão próximas à extremidade apical das células. São essenciais para que possa existir uma
diferença na composição química entre o fluido intratubular e o fluido do espaço intersticial (entre
os túbulos do rim).
O aparelho justaglomerular secreta renina que, agindo indiretamente, aumenta a pressão
sanguínea e a secreção de aldosterona
Próximo ao corpúsculo de Malpighi a arteríola aferente (às vezes também a eferente) não
apresenta a membrana elástica interna e possui células epitelióides em vez de fibras musculares na
sua camada média. Essas células epitelióides são as justaglomerulares, com núcleos esféricos e
citoplasma carregado de grânulos. Apresenta características de células secretoras: RER abundante,
grânulos e aparelho de Golgi desenvolvido. A mácula densa do túbulo distal localiza-se próximo às
células justaglomerulares, formando o aparelho justaglomerular, que também possui as células
mesangiais extraglomerulares.
As células justaglomerulares produzem renina que age indiretamente no aumento da
pressão arterial e na secreção da aldosterona. Ela atua sobre o angiotensinogênio, liberando a
angiotensina I que, sob a ação de uma enzima do plasma, passa a ser angiotensina II. Esse último
peptídeo aumenta a pressão sanguínea e a secreção de aldosterona (inibe a excreção de sódio pelos
rins) pelo córtex da adrenal.
Circulação sanguínea
Cada rim recebe uma artéria renal que se divide em dois ramos antes de penetrar no rim, que
irão dar origem às artérias interlobares, que segue entre as pirâmides renais. Na altura da base das
pirâmides, as artérias interlobares formam as arciformes (arqueadas), que percorrem o limite entre a
medular e a cortical. Dessas partem as artérias interlobulares, situadas entre os raios medulares.
Originam-se então as arteríolas aferentes dos glomérulos, e delas as eferentes (oxigenação e
nutrição da cortical). Todas as artérias que vão para a medula são chamadas de arteríolas retas.
Os capilares da parte superficial da cortical se reúnem para formar as veias estreladas, que se
unem às interlobulares e vão formar as veias arciformes, que dão origem às veias interlobares.
Quando essas se fundem, tem-se a veia renal, pela qual sai o sangue do rim.
A medular possui as veias retas, que também se ligam às veia arciformes.
Interstício renal
As células intersticiais são mais numerosas na medula, onde muitas apresentam gotículas
lipídicas no citoplasma e secretam o pré-hormônio medulina I, que é transformado em medulina II
(potente vasodilatador, que abaixa a pressão sanguínea) no fígado.
As da cortical produzem também 85% da eritropoetina (hormônio glicoprotéico que
estimula a produção de eritrócitos pelas células da medula óssea) do organismo; o fígado sintetiza
os outro 15%.
Histofisiologia
A filtração tem lugar no glomérulo. Os túbulos do néfron absorvem do filtrado as
substâncias que ainda são úteis para o organismo. Os tubos coletores absorvem água, contribuindo
para a concentração da urina, que em geral é hipertônica em relação ao plasma sanguíneo (controla
o equilíbrio osmótico).
A cada 24 horas forma-se cerca de 1.500 mL de urina.
No corpúsculo de Malpighi forma-se o filtrado glomerular que será modificado em urina, ao longo
dos túbulos
A cada quatro ou cinco minutos passa pelos rins a quase totalidade de sangue circulante.
Os glomérulos são formados por capilares arteriais, cuja pressão hidrostática (75 mmHg) é
muito elevada em relação aos outros capilares. As forças contrárias a essa pressão são:
 Pressão osmótica dos colóides do plasma (30 mmHg);
 Pressão do líquido contido na parte tubular do néfron (10 mmHg);
 Pressão intersticial do interior do parênquima renal (10 mmHg).
Assim, a força de filtração resultante é de apenas 25 mmHg.
O filtrado glomerular tem composição química semelhante à do plasma sanguíneo, mas
quase sem proteínas, pois as macromoléculas não atravessam a parede do capilares.
As células endoteliais dos capilares glomerulares possuem poros citoplasmáticos numerosos
e sem diafragma, de modo que o endotélio é facilmente permeável (a barreira de filtração é
constituída pela membrana basal).
O túbulo contorcido proximal absorve 85% dos cloretos, do sódio e da água do filtrado glomerular
É no túbulo contorcido proximal que começa a absorção e excreção do filtrado glomerular.
Aí são absorvidos cerca de 85% do cloreto de sódio e da água do filtrado, assim como fosfato e
cálcio. Glicose, aminoácidos e sódio são absorvidos por processo ativo. A água difunde-se
passivamente. Quando a concentração da glicose está elevada no sangue, as células do túbulo não
conseguem retirá-la de todo, permanecendo glicose na urina (glicosúria).
O túbulo contorcido proximal transfere, do líquido extracelular para o filtrado, creatinina e
substâncias estranhas ao organismo. É um processo ativo que, nesse órgão, é chamado de secreção
tubular.
A alça de Henle é responsável pelo gradiente de hipertonicidade da medula renal
A alça de Henle participa da retenção de água. Cria um gradiente de hipertonicidade no
interstício da medular, que influencia a concentração de urina à medida que ela flui pelo tubo
coletor.
A parte descendente da alça de Henle é muito permeável, porém a parte ascendente é
impermeável. Na parte ascendente, o cloreto de sódio é ativamente transportado para fora do túbulo
(estabelece o gradiente de hipertonicidade). A osmolaridade do interstício é aproximadamente
quatro vezes maior do que a osmolaridade do sangue.
O túbulo contorcido distal é importante para a regulação do pH do meio interno
Aqui ocorre a saída do sódio por processo ativo e, geralmente, também sai água. A saída da
água é inibida pelo hormônio anti-diurético (ADH) da neuro-hipófise. O excesso de água no sangue
inibe a produção de ADH, tornando o túbulo distal impermeável.
Esse túbulo adiciona íons hidrogênio, potássio e amônia ao filtrado.
O tubo coletor participa da manutenção ou eliminação de água do meio interno
O tubo coletor também é sensível ao ADH. Portanto, aqui se dá o ajustamento final do teor
de água na urina.
Bexiga e vias urinárias
A bexiga e as vias urinárias armazenam por algum tempo e conduzem para o exterior a urina
produzida.
A mucosa é formada por um epitélio de transição e por uma lâmina própria de conjuntivo
que varia do frouxo ao denso. Não há submucosa.
As células mais superficiais do epitélio de transição são responsáveis pela barreira osmótica.
Nelas, a membrana plasmática em contato com a urina é especializada, apresentando placas
espessas separadas por faixas de membrana mais delgada. Quando a bexiga esvazia, a membrana se
dobra, formando vesículas fusiformes, que permanecem próximo à superfície celular. Ao se encher
novamente, sua parede se distende, havendo transformações das vesículas fusiformes em placas,
aumentando a superfície das células.
A túnica muscular é formada por uma camada longitudinal interna e uma circular externa. A
partir da porção inferior do ureter aparece uma camada longitudinal externa. Na parte proximal da
uretra, a musculatura da bexiga forma o esfíncter interno da mesma.
A parte do ureter colocada na parede da bexiga mostra apenas músculo longitudinal, cuja
contração abre a válvula e facilita a passagem da urina do ureter para a bexiga.
As vias urinárias são envolvidas externamente por uma membrana adventícia, exceto a parte
superior da bexiga, que é coberta por peritônio.
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