DISCIPLINA DE BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA Profª Drª Patrícia Ruiz Spyere O Portal de Notícias da Globo 15/04/08 - 10h18 - Atualizado em 15/04/08 - 11h00 'Machucar' planta sem motivo inadmissível, diz relatório de bioética é Especialistas suíços fizeram relatório sobre direitos e proteção a vegetais. Fazer lavouras transgênicas não significaria violação desses seres vivos. Da EFE Plantação de verduras: elas teriam dignidade? (Foto: Divulgação) As plantas não devem ser tratadas de maneira arbitrária, e causar danos a elas sem nenhum motivo "não é moralmente admissível", determinou hoje uma comissão ética suíça. Essa é uma das conclusões de um relatório da comissão federal de ética para a biotecnologia no terreno nãohumano, batizado de "A dignidade da criatura no reino vegetal" e divulgado hoje em Berna. Elaborado por um grupo de especialistas, o relatório tenta dar resposta a questões éticas sobre o respeito às plantas e sobre se elas possuem ou não um valor moral. Algumas diferenças de opinião foram verificadas no debate, mas os membros da comissão concluíram por unanimidade que um ataque arbitrário contra plantas não é moralmente admissível. "O fato de arrancar flores à beira da estrada sem nenhuma razão válida é um exemplo de ato arbitrário", diz o relatório, que tem 24 páginas. No entanto, os especialistas não entraram em acordo sobre outras questões relativas à utilização das plantas. Transgênicos liberados A maioria deles opinou que as remodelações genéticas efetuadas nas plantas não transgridem a idéia da dignidade da criatura sempre que sua autonomia for mantida, ou seja, sua capacidade de reprodução ou de adaptação. A maior parte dos especialistas também determinou que, se o ser humano modificar geneticamente um organismo vegetal, "deve levar em conta a conservação e a proteção das estruturas naturais, que não estão sob a influência do homem". Além disso, a maioria dos participantes da comissão também concordou que está moralmente justificada toda ação que envolva direta ou indiretamente as plantas se ela tem o objetivo de conservar a espécie humana, sempre que os princípios da proporcionalidade e da precaução sejam respeitados. A elaboração deste relatório tentou dar resposta às distintas considerações que existem na sociedade suíça sobre a dignidade das plantas e partiu da Constituição suíça, que reconhece o direito à proteção do reino vegetal. Desaprovação O relatório constata que a idéia de que as plantas têm "dignidade" provoca desaprovação e até rejeição em algumas pessoas. "Muitos consideram o respeito moral às plantas como uma idéia ridícula", reconhecem os especialistas. Além disso, para muitas pessoas, o fato de se colocarem questões morais sobre a utilização das plantas não tem nenhum sentido, já que os vegetais se situariam em um terreno moralmente neutro. Entre as diversas questões debatidas pelos especialistas, teve destaque a de se as plantas têm ou não sensibilidade. Sem chegar a um acordo, a maioria dos especialistas não excluiu essa possibilidade, enquanto uma minoria rejeitou atribuir sensibilidade às plantas ao não encontrar razões para tanto. Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MRP401636-5603,00.html