TEXTO PARA PAIS COMPORTAMENTO INFANTIL – LIMITES E MAU-COMPORTAMENTO Que as crianças precisam de limites, ninguém duvida. No entanto, muitas vezes, observamos o desrespeito à autoridade dos pais e a falta de limites na escola e nos ambientes sociais. É importante que a educação infantil possa ser discutida, num sentido mais amplo, para que possamos conviver num ambiente mais pacífico, harmonioso e saudável. A “falta de limites” pode ser explicada pela imaturidade emocional e neurológica das crianças para lidarem com as experiências que vivem. Quando a criança “testa” os limites, ela está na verdade, querendo aprender com os mais velhos a se comportar “adequadamente”. Ao experienciar os limites, a criança desenvolve-se emocionalmente, formando estruturas pessoais para lidar com a frustração. Dizer “não” aos filhos é uma questão de saúde, além de uma questão social. A incapacidade de lidar com a frustração pode, no futuro, levar o indivíduo à incapacidade de conviver em sociedade, e numa realidade mais preocupante, ao mundo do crime. Limites são a base do desenvolvimento emocional dos pequenos, condição indispensável para que cresçam aptos a conviver, a respeitar pessoas e leis, a circularem em meio à diversidade de rostos, jeitos, idéias e pensamentos. A educação é um processo contínuo e dinâmico. Aprenderemos sempre, durante toda a nossa vida. Estamos sujeitos a uma infinidade de estímulos e é importante que saibamos selecionar, separar o que não nos fará bem e o que nos fará realmente feliz. Para lidar com crianças, é necessário compreender o que se passa numa cabecinha que ainda não entende tudo, e ajuda muito se tentarmos lembrar de como vivemos nossa infância. Muitas dificuldades experienciadas entre pais e filhos advêm de uma série de “faltas” cometidas. Hoje, os grandes responsáveis pela educação dos jovens – na família e na escola – não estão conseguindo cumprir bem o seu papel. É a falência da autoridade dos pais em casa, do professor em sala de aula, do orientador na escola. Quando se fala em disciplina, os mais velhos sempre recordam o modo como foram educados, na maioria das vezes, de forma autoritária. Muitos filhos desta geração, que eram obrigados a cumprir tudo o que os pais lhe ordenavam, decidiram contrariar esse sistema educacional. Na tentativa de proporcionar aos seus filhos o que não tiveram, os pais da segunda geração acabaram caindo no extremo oposto da geração anterior: a permissividade. Em sala de aula, também não é muito diferente. Muitos alunos não respeitam seus professores, e essa indisciplina acaba prejudicando o ensino e a aprendizagem da classe como um todo. Professores e orientadores têm dificuldade em estabelecer limites na sala de aula e não sabem até que ponto devem intervir em comportamentos inadequados que ocorrem nas escolas. Ensinar aos filhos a respeitar os limites envolve muitos aspectos, como por exemplo: - saber dizer não, algumas vezes, aos infinitos pedidos dos filhos: é mais importante que eles aprendam a valorizar o que ganham, e o que realmente importa, do que terem tudo o que querem, valorizando apenas o aspecto material. O que as crianças querem, na verdade, é que os adultos as ajudem a administrar os impulsos que comandam aqueles milhões de pedidos. E precisam, sobretudo, de consolo para suportar as angústias e a raiva bruta que sentem ao encarar os impulsos não satisfeitos. A seguir, estão outras orientações básicas sobre educação dos filhos: - os mais velhos, sejam pais ou professores, devem falar de forma clara, objetiva e coerente na hora de impor regras e sobre o que a criança não pode fazer, dando alternativas de comportamentos mais aceitáveis. Por exemplo, pode-se dizer: “Os seus desenhos são lindos, mas a parede não pode ser riscada. Aqui você tem lápis e papel para fazer outros desenhos”. Outro exemplo seria dizer: “Não posso te dar um caramelo antes da janta, mas posso te dar um sorvete de chocolate depois”. - Participar mais ativamente do cotidiano dos filhos. Quem não se sente valorizado quando as pessoas se interessam pelas suas realizações? Perguntar aos filhos como foi o dia? O que aprendeu na escola? Esta ocasião pode ser uma ótima oportunidade para ajudar os filhos a resolverem alguns conflitos pessoais, em que os pais podem lhes passar muitos ensinamentos. Ir ao cinema, ao parque, à praia, ou qualquer outra atividade que se possa realizar juntos também trará muitos benefícios. Estes momentos reforçam ainda mais a ligação, o respeito e amizade entre os familiares. - Valorizar mais os comportamentos aceitáveis, as condutas positivas. Do contrário, acabamos ensinando a ver o que está errado, e não o que está certo. - Preferir o diálogo, às agressões verbais e/ou corporais. A boa comunicação é uma peça chave em qualquer relacionamento e não seria diferente entre pais e filhos. É importante que os adultos saibam controlar as emoções. A disciplina é basicamente ensinar a criança como deve se comportar. Não se pode ensinar com eficiência se você é extremamente emocional. Diante de um mau comportamento, o melhor é respirar por um minuto e depois perguntar com calma: “o que aconteceu aqui?”. Todas as crianças necessitam que seus pais estabeleçam regras de conduta para o comportamento aceitável. - Pai e mãe não devem discordar sobre o que os filhos podem ou não fazer. Devem sim, discutir sobre a melhor forma de educá-los. Mas na frente deles, os pais devem “falar a mesma língua”, “assinar em baixo” do que o outro estiver falando. - Explicar o motivo de uma regra, ajuda as crianças a compreenderem os limites e elas se sentirão mais interessadas em obedecê-la. Também é importante não ceder, ou seja, não descumprir as regras. Dizer que não pode e depois da birra, dos chiliques ou do choro, a criança conseguir o que quer só vai fazer com que ela ache que pode burlar as outras regras, desrespeitando todos os limites. - Desaprove a má conduta e nunca a criança. É necessário que deixemos claro para nossos filhos que nossa desaprovação está relacionada ao seu comportamento e não diretamente a eles. Não os estamos rejeitando. Desta forma, não se afeta a noção de valor pessoal da criança. Longe de dizer “Criança má” (desaprovação da criança). Deveríamos dizer: “Não morda” (desaprovação da conduta). Os filhos observam os pais em tudo: sua forma de ser, de resolver conflitos, de tratar as pessoas, etc. Os pais são os primeiros e mais importantes exemplos a serem seguidos. Pode-se até tentar ensinar certos valores, mas as crianças inevitavelmente absorverão aquilo que é transmitido através do comportamento, dos sentimentos e atitudes de seus pais na vida diária. A maneira como os pais expressam e administram seus próprios sentimentos torna-se um modelo que será lembrado pelos filhos durante toda a vida deles. Quanto mais mestres em aplicarmos os limites, maior será a cooperação que receberemos dos nossos filhos e menor será a necessidade de aplicar as disciplinas desagradáveis para que se cumpram. O resultado é uma atmosfera caseira mais agradável para os pais e filhos. E paciência: as mudanças não ocorrem de uma hora para outra. A mudança do comportamento dos filhos ocorrerá após a mudança do comportamento dos pais. A compreensão dos limites pelos filhos ocorrerá de forma gradual e se estenderá para outras situações. Se necessário, procure ajuda de profissionais especializados. SOEP – Serviço de Orientação Escolar e Psicologia Camila Pinheiro – Psicóloga clínica e escolar