GUIÃO DE ASMA BRÔNQUICA NOS ADULTOS Autora: Paula Perdigão (Pneumotisiologista consultora) Apoio de PHOENIX CENTRO MÉDICO E ICOR Moçambique- 2014 0 INDÍCE I- Introdução II- Epidemiologia III- Definição IV- Fisiopatogenia V- Factores Desencadeantes VI- Prevenção VII- Casos Especiais VIII- Parceria Médico-Doente IX- Classificação X- Tratamento XI- Critérios de Gravidade XII- Exacerbação XIII- Crise de Asma Grave XIV- Complicações 1 I.Introdução A asma é uma doença muito antiga, atribuindo-se a sua paternidade a Hipócrates. O termo “asma” tem origem grega e significa arquejante, ofegante! A asma brônquica é uma das doenças crónicas mais frequentes mundialmente sendo mesmo nas crianças, a doença crónica mais frequente! A asma é um problema de saúde pública, afectando todos os países do mundo. A mortalidade por asma é maior nos países em desenvolvimento! Os custos mundiais da asma são superiores aos da Tuberculose e do Sida juntos! Segundo o “Relatório Global da Asma de 2012” a asma afecta 300 milhões de pessoas globalmente e provocou em 2009 cerca de 250 mil mortes. A sua prevalência tem aumentado quer nos países industrializados quer nos países em desenvolvimento, especialmente nas crianças. GINA (Iniciativa Global contra a Asma), a ONG internacional que apoia o controlo mundial da asma, estabeleceu a meta de reduzir em 50% as hospitalizações por asma em 2015. Este Guião tem como principal objectivo dar conhecimentos actualizados aos clínicos, para que os doentes adultos sejam melhor controlados e se evitem mortes desnecessárias. A asma brônquica afecta 300 Milhões de pessoas e matou 250 mil em 2009 2 II.Epidemiologia A prevalência mundial da asma duplicou nos últimos 30 anos, sobretudo nos países de baixos e médios recursos, devido sobretudo ao aumento da atopia. Nas crianças, a asma é mais frequente nos rapazes, enquanto nos adultos é mais frequente nas mulheres. Nos países com poucos recursos, como Moçambique, espera-se um aumento do número de casos, devido ao crescimento demográfico, percentagem da população jovem, aumento da urbanização, industrialização e mudanças no estilo de vida. A mortalidade é cerca de 1 por 100 mil habitantes mas pode atingir os 9 por 100 mil habitantes. Apesar de um melhor conhecimento da doença e da existência de medicamentos mais eficazes, o número de mortes evitáveis tem vindo a crescer devido a um controlo inadequado da doença. III.Definição A asma é um processo inflamatório crónico das vias aéreas, que leva à hiperreactividade das mesmas, provocando uma obstrução generalizada e variável, que se reflecte em episódios recorrentes de pieira, aperto toráxico, dispneia e tosse, geralmente à noite ou nas primeiras horas da manhã. Estes episódios são geralmente reversíveis quer pela acção da terapêutica quer expontâneamente. A asma está muitas vezes associada com outras manifestações de atopia como a rinite alérgica e o eczema atópico 3 Definição operacional: Para ajudar os profissionais de saúde a diagnosticar os casos de asma é útil a seguinte definição: deve-se suspeitar de asma em qualquer doente que apresente queixas respiratórias de tosse, pieira ou dispneia, que surgem de preferência à noite, acordando o doente, ou de manhã cedo, que aparecem e desaparecem quer expontâneamente quer com o tratamento. Estes doentes devem ser examinados cuidadosamente e, se nenhuma outra causa for encontrada, devem ser considerados como sofrendo de asma. IV.Fisiopatogenia A asma é provocada por diversos factores, em indivíduos que possuem uma tendência genética para desenvolver a doença. Os factores causais provocam inflamação crónica das vias aéreas levando à hiperreactvidade brônquica. Outros, chamados factores desencadeantes, provocam limitação variável do calibre das vias aéreas, provocando os sintomas de asma. Vários mediadores inflamatórios são libertados pelos mastócitos (histamina, leucotrienos, triptase e prostaglandinas), pelos macrófagos (factor de necrose tumoral – TNF-alfa, IL-6, óxido nítrico), pelos linfócitos T (IL-2, IL-3, IL-4, IL-5, factor de crescimento de colónias de granulócitos), pelos eosinófilos (proteína básica principal, ECP, EPO, mediadores lipídicos e citoquinas), pelos neutrófilos (elastase) e pelas células epiteliais (endotelina-1, mediadores lipídicos, óxido nítrico). Estes mediadores causam lesões e alterações na integridade epitelial, anormalidades no controlo neural autónomo (substância P, neurocinina A) e no tónus da via aérea, alterações na permeabilidade vascular, hipersecreção de muco, mudanças na função mucociliar e aumento da reatividade do músculo liso da via aérea. Estes mediadores podem ainda atingir o epitélio ciliado, causando-lhe dano e rotura. Como consequência, as células epiteliais e os miofibroblastos, presentes abaixo do epitélio, proliferam e iniciam o depósito intersticial de colágeno na lâmina reticular 4 da membrana basal, o que explica o aparente espessamento da membrana basal e as lesões irreversíveis que podem ocorrer em alguns pacientes com asma. Outras alterações, incluindo hipertrofia e hiperplasia do músculo liso, elevação no número de células caliciformes, aumento das glândulas submucosas e alteração no depósito e degradação dos componentes da matriz extracelular, são constituintes do remodelamento que interfere na arquitetura da via aérea, levando à irreversibilidade da obstrução que se observa em alguns pacientes. Como resultado dos diferentes factores surge: Contração muscular brônquica Edema e infiltração celular da mucosa brônquica Espessamento da membrana basal Aumento da secreção brônquica Resultado: OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS 5 V. Factores desencadeantes Factores predisponentes: A atopia é o factor predisponente mais importante e caracteriza-se pelo aumento da produção de imunoglobina E (IgE), após exposição a determinadas substâncias ambientais. A hereditariedade joga também um papel importante e é frequente encontrarmos nos doentes história familiar de asma. Factores causais: A maioria dos doentes não conhece os factores causais. Certas substâncias têm a capacidade de levar a que o sistema imunológico reaja produzindo anticorpos específicos IgE. Quando uma pessoa com predisposição fica exposta a esse alergénio, os linfócitos-T do sistema imunológico transformam-se em linfócitos-Th2. Estes libertam citoquinas que actuam nos linfócitos-B e plasmócitos, estimulando-os a produzirem IgEs específicas. A pessoa torna-se então sensibilizada ao alergénio. Quando a pessoa volta a estar exposta à mesma substância, irá ocorrer uma reação imunológica provocando os sintomas da asma brônquica. Há muitos factores causais ou contribuintes e a asma é geralmente causada por uma combinação dos seguintes factores: Ácaros domésticos (Dermatophagoides pteronyssinus e farinae), os maiores causadores de asma, que se encontram principalmente nos colchões, 6 almofadas, tapetes, cortinados, livros, bonecos de peluche enfim tudo que possa acumular poeira Poeiras/poluição atmosférica causada pelos veículos ou outros poluentes atmosféricos Aerossóis ambientais Pólenes Fungos (Penicillium, Aspergillus, Alternaria) Proteínas animais provenientes da saliva, excrementos (urina, fezes) e pelos/penas de animais domésticos como cães, gatos, baratas, pássaros etc. Infeções Respiratórias Virais Fumos, incluindo o tabaco (atenção aos fumadores passivos sobretudo as crianças de pais fumantes) Produtos químicos (mais de 500) no local de trabalho (asma ocupacional) Produtos químicos inaláveis (SO2) Refluxo gastroesofagico (RGE) Ar frio Mudanças bruscas de temperatura ou da pressão atmosférica. Humidade e cacimbo Alimentos (mariscos, amendoim, caju, nozes, leite, ovos, corantes e aditivos) Exercício físico violento Medicamentos (AAS, anti-inflamatórios não esteroides, bloqueadores beta adrenérgicos) Gravidez, menstruação ou menopausa Baixo peso ao nascer 7 Stress ou emoções fortes Cheiros intensos VI.Prevenção Colchões/almofadas forrados de plástico Lençóis e fronhas sintéticas, lavados com água quente semanalmente e secados ao sol Aspirar casa ou limpar com pano húmido e nunca varrer Arejar as casas Objectos dentro de casa que acumulem poeira guardados em armários fechados (livros, roupas etc.) Usar ar condicionado se possível Colocar bonecos de peluche no congelador 12horas por semana Vacina anual contra a influenza se possível Usar acaricidas e sprays contra as baratas se possível (garantir que o doente esteja fora de casa nesse momento) Não sair de casa se houver ventania e manter as janelas fechadas Evitar: Gatos/cães dentro da casa Pólenes Ambientes com fumo de tabaco Ambientes fechados com fumo de carvão ou lenha como cozinhar com combustíveis sólidos Fungos dentro de casa ou jardins (limpar frequentemente os locais com humidade, manter casa arejada) Poluição atmosférica (veículos, fábricas) 8 Mudanças bruscas de temperatura Ar frio Alimentos enlatados ou com corantes e conservantes ou identificados como causadores de crises Visitas a familiares/amigos com gripe AAS, AINE e bloqueadores beta- adrenérgicos Importante: Ter uma alimentação saudável, sem aditivos nem corantes, com muitos vegetais e frutas frescas, sobretudo bananas, devido ao potássio que contém, uma vez que os beta-adrenérgicos causam hipokaliémia. Também é importante realizar exercício físico como a natação ou Yoga. Se a asma for induzida pelo exercício aconselhar o salbutamol (inalador) meia hora antes do exercício. VII.Casos especiais Rinite, rino-sinusite e pólipos nasais As doenças das vias aéreas superiores estão presentes na maioria dos pacientes com asma e podem dificultar o seu controlo. Em geral, o tratamento da rinite melhora os sintomas da asma. Quer a sinusite aguda quer a crónica, podem piorar a asma e devem ser tratadas. Os pólipos nasais estão associados à asma, rinite e sensibilidade à aspirina, melhorando com o uso de corticoides tópicos. Refluxo gastroesofagico A prevalência de refluxo gastroesofagico em asmáticos é maior do que na população em geral. A associação entre asma e refluxo gastroesofágico já foi amplamente 9 descrita na literatura, mas não está claro se há uma relação causal entre as duas condições. Gravidez e aleitamento Nas mulheres que sofrem de asma brônquica e engravidam cerca de 1/3 melhoram, 1/3 pioram e as restantes ficam na mesma. Os efeitos deletérios da asma não controlada, para o binómio mãe-feto, são préeclâmpsia, necessidade de cesariana, prematuridade, baixo peso ao nascer, malformações e aumento da mortalidade perinatal. Algumas medicações potencialmente usadas para indicações obstétricas, em pacientes com asma devem ser evitadas pela possibilidade de broncoespasmo. Elas incluem prostaglandina F2-alfa, ergonovina e anti-inflamatórios não esteroides (pacientes sensíveis). A ocitocina é a droga de escolha para a indução do parto. Se necessário, as prostaglandinas E1 ou E2 podem ser usadas. Narcóticos, com exceção de fentanil, libertam histamina e podem agravar a asma. A analgesia por punção epidural é a mais indicada. Em caso de cesariana, o uso de atropina ou glicopirrolato podem aumentar a broncoconstrição, e a quetamina é o agente de escolha. Para evitar problemas no feto as exacerbações devem ser tratadas logo do início e a mulher grávida deve reforçar os cuidados de prevenção das crises. Cirurgia A cirurgia, sobretudo a toráxica e abdominal, pode exacerbar as crises de asma brônquica pelo que se aconselha os doentes a iniciarem um ciclo de corticóides 1 semana antes da cirurgia e manter até uma semana depois. Se a intubação traqueal estiver programada, deve ser feita a inalação de broncodilatador imediatamente antes, para atenuar o reflexo de broncoconstrição. Asma ocupacional: A asma ocupacional, que surge em 10-15% de todas as asmas em adultos, resulta da exposição a uma ou mais substâncias no local de trabalho. Conhecem-se cerca de 10 500 substâncias associadas a diversas profissões como pintores, marceneiros, carpinteiros, soldadores, envernizadores, trabalhadores da indústria de plásticos, padeiros, trabalhadores de curtumes, trabalhadores da indústria alimentar, tinturaria, farmacêutica e detergentes, agricultores etc. Deve suspeitar-se de asma ocupacional quando as crises surgem no local de trabalho e quando os doentes melhoram no fim de semana ou nas férias. O afastamento do local de trabalho é a medida preventiva mais eficaz mas nem sempre isso é possível. Asma no Idoso A asma no idoso é comum, porém subdiagnosticada devido quer à má percepção por parte dos doentes e à subvalorização dos sintomas por parte dos médicos. É importante o diagnóstico diferencial com DPOC, porque essas enfermidades podem ter apresentações semelhantes. O tratamento farmacológico da asma no idoso é igual ao efetuado nas outras faixas etárias, com especial atenção a alterações farmacocinéticas, interações medicamentosas e limitação no uso de dispositivos inalatórios. VIII.Parceria médico-doente Para o controlo eficaz da asma é necessário que se estabeleça uma parceria entre o clínico e o seu doente/familiares do doente de forma que estes percebam as seguintes questões: 11 O que é a asma Como se manifesta Como evitar os factores de risco Qual o tratamento e dosagens correctas Toma correcta da medicação quer de controlo quer de alívio Uso correcto da técnica dos inaladores (verificar em cada consulta) Necessidade de adesão ao tratamento Monitorização do seu estadio mediante sintomas ou PEF Reconhecimento dos sinais de alarme/agravamento de uma crise e medidas necessárias Saber quando e onde se dirigir em caso de agravamento Deve ser elaborado um plano escrito para cada doente (veja o quadro 2) com indicações muito claras sobre os tratamentos e o que fazer em caso de exacerbação da asma. Todas as prescrições devem ser escritas de forma clara e simples adaptadas à compreensão do doente. 12 Quadro 1 - Conteúdo educacional ( “ABCD” da asma). 1) 2) 3) 4) Abordar os fatores desencadeantes e agravantes e sua evicção Buscar medicamentos apropriados e com a técnica adequada Colocar em prática a o plano de ação, aprendendo a monitorar Descrever a diferença entre medicação preventiva e de alívio, conhecer os efeitos secundários dos medicamentos e saber como minimizá-los Quadro 2 - Exemplo de um plano de ação. Nome: Idade: Seu tratamento de uso contínuo – use diariamente: Antes do exercício use: QUANDO AUMENTAR MEU TRATAMENTO Avalie o nível de controlo da sua asma Na semana passada você teve: Sintomas diurnos mais do que duas vezes? Sim Não Atividade ou exercício limitado pela asma? Sim Não Acordou à noite com sintomas? Sim Não Precisou usar medicação de alívio mais do que duas vezes? Sim Não Se você está monitorando o seu PEF, ele está menor do que____ Sim Não 13 Se você respondeu SIM a três ou mais perguntas,a sua asma pode não estar controlada, e você pode ter que aumentar sua medicação. COMO AUMENTAR MEU TRATAMENTO AUMENTE seu tratamento conforme orientação abaixo e avalie seu controlo diariamente: ________________________________________ (escreva aqui o próximo passo) Mantenha esse tratamento por _______dias (especificar o número de dias) QUANDO LIGAR PARA O MEU MÉDICO/CLÍNICA Chame seu médico/clínica no telefone:_____________________ SE você não melhorar em ______ dias. PROCURE UM SERVIÇO DE URGÊNCIA SE • Você está com falta de ar grave, conseguindo falar apenas frases curtas OU • Você está com falta de ar grave, e está com medo ou preocupado OU • Se você tem que usar sua medicação de alívio a cada quatro horas ou menos e não estiver melhorando. NESSE CASO 1) Inale duas a quatro doses de sua medicação _____________(nome da medicação de alívio) 2) Tome____mg de ___________ (corticoide oral) 3) PROCURE AJUDA MÉDICA NO SERVIÇO DE URGÊNCIA 4) CONTINUE USANDO SUA MEDICAÇÃO DE ALÍVIO ATÉ CONSEGUIR AJUDA MÉDICA Adaptado de Global Initiative for Asthma.(1) IX.Classificação 1. Controlada: Sintomas diurnos: sem sintomas ou 2 ou menos episódios/ semana. Sem sintomas nocturnos. PEF ou VEMS- Normal. Actividade normal 2. Parcialmente controlada: Sintomas diurnos: mais de 2 episódios/semana. Alguns sintomas nocturnos. PEF ou VEMS <80%. Alguma actividade limitada 3. Não controlada: 3 ou mais da parcialmente controlada. 14 X.Tratamento A-OBJECTIVOS: Evitar sintomas nocturnos e diurnos Usar pouco ou nenhum tratamento de alívio Ter uma vida activa e produtiva Ter a função pulmonar (quase) normal Prevenir as exacerbações B- MEDICAMENTOS PARA O CONTROLO DA ASMA PREVENTIVOS: 1.Anti-inflamatórios: budesonida, glucocorticoides fluticasona, mometasona inalados: ou orais: beclometasona, metilprednisolona, prednisolona e cromonas: cromoglicato dissódico, nedocromil. 1. Beta 2 agonistas de acão longa: inalados-salmeterol, formoterol; orais- salbutamol, terbutalina 2. Teofilinas de ação longa 3. Antileucotrienos: montelukast ,zafirlukast ALÍVIO RÁPIDO: 1. Beta 2 agonistas de ação curta: salbutamol, terbutalina 2. Anticolinérgicos: brometo de ipratrópio 3. Teofilinas de ação rápida: aminofilina 15 C-DEGRAUS DE TRATAMENTO Degrau1 Degrau 2 B2AR SOS Selecionar 1 ou antes do exercício Dose baixa de CI ou AL Degrau 3 Selecionar1 Dose baixa de CI + B2 AL ou Dose média/alta CI ou Dose baixa de CI + AL ou Dose baixa de CI +TL Degrau 4 Degrau 5 Selecionar 1 Acrescentar ou mais ao degrau 4 Dose média/ CO ou Alta de CI Anti-IgE + B2AL Ou/e AL Ou/e TL NOTA: Doente que inicia o controlo da asma deve começar no degrau mais apropriado e ser avaliado ao fim de 1 mês. SIGLAS: B2AR- Beta- 2 agonistas de ação rápida (salbutamol, terbutalina) B2AL- Beta 2-agonistas de ação lenta (salmeterol) CI- corticoides inalados (beclometasona, fluticasona, budesonido) CO- corticoides orais ( prednisolona) AL- anti-leucotrienos (montelukast, zafirlukast) TL- Teofilina de ação lenta 16 Corticóides-dosagens diárias: Baixa Média Alta Beclometasona 200-500 >500-1000 >1000-2000 Budesonido 200-400 >400-800 >800-1600 Flunisolido 500-1000 >1000-2000 >2000 Fluticasona 100-250 >250-500 >500-1000 Mometasona 200-400 >400-800 >800-1200 Triamcinolona 400-1000 >1000-2000 >2000 Nota: doente em tratamento preventivo que desenvolve uma crise deve tomar para alívio das crises: Beta2 Agonista de ação rápida + Brometo Ipratrópio em aerossol/nebulizador D- CONTROLO Controlo mensal nos primeiros 3 meses Sem melhoria ou deterioração: subir um degrau Controlada ao fim de 3 meses descer 1 degrau 17 E-PORQUE DEVEMOS PREFERIR OS INALADORES? Actuam directamente nas vias aéreas Menos efeitos secundários Mais rápido o efeito F-EFEITOS SECUNDÁRIOS Beta 2 Agonistas Taquicardia ( Frequência Cardíaca aumenta 9-12/m por dose) Tremores Hiperglicémia Hipokaliémia (aumenta o risco se associado aos diuréticos da ansa) Convulsões (raras pois passam fracamente a barreira HEC) 18 Beta 2 Agonistas e o coração: Enfarte do miocardio Progressão Ins. Cardíaca Morte súbita Arritmias ventriculares Metilxantinas: Janela terapêutica estreita (10-20mg/L) Nauseas, vómitos Taquicardia sinusal, arritmia ventricular SNC: agitação, tremores, convulsões Hipokaliémia Hiperglicémia Acidose metabólica Anticolinérgicos: Midriase Taquicardia Secura das mucosas Febre Aumento pressão intra-ocular 19 Corticoides inalados: Candidíase oral Disfonia Tosse reflexa Broncoespasmo XI.Critérios de gravidade de uma crise Não consegue dizer uma frase Dispneia em repouso Pulso > 120/m ou bradicardia FR > 30/m PEF < 60% previsto Silêncio à auscultação Sudorese/agitação SaO2 < 92% ; PaO2<60 mmHg;PaCO2>45 mmHg XII-Exacerbação Salbutamol: inalador: 2-4 puffs (ou em nebulização 0.5ml) de 20-20m na primeira hora depois: 2-4 puffs de 4-4 horas (ligeira) 6-10 puffs de 2-2 horas ( moderada) Corticosteroides orais : 1mg/Kg Oxigénio- 6L/m se a SaO2<95% Brometo de ipratrópio 2 puffs de 4-4 horas 20 XIII.Crise de Asma Grave 1. Salbutamol- nebulizador 0.5-1 ml em 3 ml soro fisiológico (ou inalador 2 puffs) de 20 em 20 minutos na primeira hora, depois de 1-1 hora ou de 4-4h dependendo da gravidade da asma. 2. Brometo de Ipratrópio: nebulização 250mcg (1ml) de 4-4 horas ou inalador 2 puffs de 4-4 horas 3. Aminofilina ev: (atenção: não associar se estiver com altas doses de Beta 2 agonistas) dose de indução (não dar se já está a fazer aminofilina) – 5mg/Kg em 100 ml de soro em 20 minutos seguida da dose de manutenção- 0,4mg/Kg/hora em 500ml dextrose 4. Hidrocortisona: 100-200mg EV de 6-6 horas 5. Oxigénio 6L/m 6. Se estas medidas falharem: sulfato de magnésio 2g EV 21 IMPORTANTE: 1. Os Beta 2 Agonistas de Acção Lenta (Salmeterol) NÃO PODEM SER USADOS ISOLADAMENTE, só associados aos Corticoides Inalados (ex.Seretaide) 2. Adrenalina, mucolíticos e sedativos não são recomendados na Asma Brônquica 3. B2Agonistas injectáveis só em condições excecionais (salbutamol-8mcg/kg peso- SC ou IM ou EV) 4. Fisioterapia e hidratação intensa não são recomendados Estado de Mal Asmático: Exacerbação aguda de asma, potencialmente fatal, caracterizada por broncoespasmo muito marcado, resistente ao tratamento com os medicamentos habituais e que de forma rápida e progressiva produz alterações clínicas que se não forem controladas rápida e eficazmente levam a uma insuficiência respiratória irreversível. Critérios para Intubação e Ventilação Mecânica: Alteração da consciência Bradipneia/apneia Cianose intensa Disrritmia cardíaca Choque Pulso paradoxal>18mmHg Frequência respiratória>35/minuto DEMI/PEF < 100 L/m PaCO2 >55mmHg /PaO2<60mmHg 22 XIV.Complicações da ASMA Pneumotórax Pneumomediastino Atelectasias Morte Bibliografia: “Pocket Guide for Asthma Management and Prevention “ 2012 www.ginasthma.org. “Enfermedades respiratórias” UNION “Compreender a Asma” Ordem Médicos Portugal “Pneumologia na Prática Clínica”-Freitas e Costa “Pneumologia Clínica”-A. Bugalho de Almeida 23