Metas de Inflação e Evolução dos Preços Setoriais

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Metas de Inflação e Evolução dos Preços Setoriais
Acauã Brochado
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto - USP
Rua Rui Barbosa, 261 ap. 81 CEP 14015-120 Ribeirão Preto – SP
CPF: 292.448.808-73
[email protected]
Rudinei Toneto Júnior
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto - USP
Av. dos Bandeirantes, 3900 Ribeirão Preto – SP
CPF: 097.305.378-01
[email protected]
Grupo de pesquisa sugerido:
5 - Políticas Setoriais e Macroeconômicas
Políticas Agrícolas Clássicas (PGPM, Crédito Rural, Moderfrota, etc.) e Políticas
Macroeconômicas (Cambial, Juros, etc.).
Coordenador: Prof. Dr. Antônio Márcio Buainain (IE/UNICAMP)
Forma de apresentação: painel
Metas de Inflação e Evolução dos Preços Setoriais
Acauã Brochado
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto - USP
Rua Rui Barbosa, 261 ap. 81 CEP 14015-120 Ribeirão Preto – SP
CPF: 292.448.808-73
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Rudinei Toneto Júnior
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto - USP
Av. dos Bandeirantes, 3900 Ribeirão Preto – SP
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5 - Políticas Setoriais e Macroeconômicas
Painel
Ajuste Setorial e as de Metas de Inflação: Preços Agropecuários
Resumo
Este trabalho analisa a evolução dos preços na economia brasileira no período recente,
segmentando-os segundo os setores da economia (agricultura, indústria e serviços) e segundo
a classificação em segmentos livres e administrados. O primeiro ponto a ser destacado é a
evolução desfavorável dos preços livres em relação aos administrados em todo o período pósestabilização, tanto durante a âncora cambial como durante o regime de metas de inflação. O
segundo ponto a ser destacado é a mudança do comportamento dos setores: o setor serviços
apresentou um maior crescimento dos preços no período 1994/98 enquanto a estabilização se
baseou na âncora cambial que penalizou os setores de transacionáveis compostos pela
agricultura e indústria, sendo a primeira a grande âncora do plano. Na segunda fase em que se
adotou o regime de metas o setor que teve a maior contenção de preços foi o setor serviços
enquanto agricultura e indústria compensaram parte da defasagem. Todos os setores
apresentaram uma evolução bastante abaixo dos preços administrados. A forte compressão
dos preços livres tende a criar uma série de dificuldades para se alcançar o crescimento
econômico, mantendo-se o regime de metas de inflação coexistindo com um grupo
significativo de preços administrados.
PALAVRAS-CHAVE: metas de inflação, análise setorial, preços agrícolas, preços
livres, preços administrados
Ajuste Setorial e as de Metas de Inflação: Preços Agropecuários
1. Introdução
Após vários anos de instabilidade de preços e planos fracassados de estabilização o
Brasil conseguiu, finalmente, reduzir os patamares inflacionários a partir da adoção do Plano
Real em 1994. Pode-se dividir o período posterior a 1994 em duas fases no que se refere ao
regime monetário adotado: o primeiro que vai de 1994 a 1998 que podemos denominar de
âncora cambial e o segundo de 1999 em diante que corresponde ao regime de metas
inflacionárias.
Apesar de ter alcançado a estabilidade dos preços não se verificou a retomada do
crescimento econômico duradouro como se esperava. Neste período alternaram-se anos de
crescimento bastante expressivo com anos de crescimento insignificantes, na média o
crescimento tem sido bastante reduzido, situando-se na faixa dos 2%a.a.. Na primeira fase o
fraco desempenho estava associado aos desequilíbrios gerados pela estratégia de
estabilização, em especial no que se refere aos desequilíbrios do setor externo e ao
desequilíbrio fiscal. Na segunda fase, apesar do país adotar o tripé que se considera o mais
consistente em termos de política macroeconômica – metas de inflação, câmbio flutuante e
superávit primário – não se verificou a retomada do crescimento. Isto parece estar associado
a rigidez com que se adota o regime de metas inflacionárias no Brasil e características
intrínsecas a economia brasileira. Sempre que se observa uma retomada da economia enxergase pressões inflacionárias e a política monetária parece tentar abortar o crescimento. Isto nos
permite questionar se o regime de metas de inflação é, de fato, o melhor regime monetário
para o Brasil, como colocado para os demais países?
Algumas características da economia brasileira que podem afetar negativamente a
implantação do sistema são: (i) a presença de choques recorrentes, principalmente, com a taxa
de câmbio; (ii) uma elevada inércia (persistência dos choques) em decorrência,
principalmente, dos contratos e mecanismos de reajustes de tarifas (preços administrados);
(iii) a baixa credibilidade das autoridades monetárias dificulta a convergência dos preços para
as metas, segundo alguns analistas; (iv) inadequação dos mecanismos de financiamento da
economia, entre outros aspectos. Assim, analisar como essas características se relacionam
com o regime de metas inflacionárias e com o crescimento econômico torna-se de crucial
importância para avaliarmos as reais possibilidades de o país retomar o crescimento de forma
duradoura.
O ponto que nos interessa neste artigo é que as estratégias de estabilização afetam de
forma diferenciada os diversos setores da economia de acordo com as regras de formação de
preços. Podemos pensar esses grupos a partir de vários critérios: exposição a concorrência
internacional (transacionáveis versus não transacionáveis), existência ou não de contratos e
mecanismos de indexação (preços administrados versus livres); de acordo com os setores da
economia (agricultura, indústria, serviços, etc); de acordo com o grau de concentração do
setor, entre outros. Na primeira fase da estabilização, a âncora cambial, esta ficou centrada,
especialmente no setor de transacionáveis e a restrição ao crescimento se colocava,
essencialmente, pelo desequilíbrio externo. Na segunda fase, pela lógica do sistema de metas,
o ajustamento se dá no chamado segmento de preços livres. Os preços administrados são
indexados não recaindo sobre esses o ajuste das taxas de inflação. Essa diferenciação com a
alteração dos preços relativos pode estar minando a margem de lucro dos setores mais
sacrificados e, consequentemente, a capacidade de investimento desses setores. Nesse quadro,
sempre que se verifica uma retomada da demanda nos setores penalizados, a tendência é que
os agentes tentem recuperar suas margens de lucro, para poderem expandir a capacidade
produtiva, o que acaba gerando pressões inflacionárias que podem levar a novas contenções
do Banco Central. Poderíamos estar assim em uma armadilha de crescimento ditada pelo
impacto diferenciado do regime de metas de inflação sobre os setores.
Assim, o objetivo deste trabalho é verificar a evolução dos preços na economia
brasileira após o Plano Real nos diferentes setores, para verificar aonde recai o maior peso da
estabilização. Estes serão segmentados em livres e administrados e segundo os grandes
setores – indústria, serviços, agricultura e administrados. Os dados utilizados foram os do
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) e foram agrupados nos grandes setores pelos autores, conforme apresentado no
Anexo. O trabalho divide-se em duas partes fora a introdução e as considerações finais. A
primeira faz uma breve descrição do período pós-estabilização no Brasil, destacando o regime
de metas inflacionárias. A segunda apresenta a análise da evolução dos preços.
2. A Estabilização no Brasil: Do Real às Metas
Após uma série de tentativas fracassadas de planos heterodoxos na Nova República, o
Plano Real lançado em 1994, conseguiu, finalmente, reduzir a inflação e mantê-la sob relativo
controle até o momento. Apesar do sucesso alcançado nestes últimos anos, no que se refere à
estabilização, outros problemas permaneceram e alguns até se agravaram. A crença de que
com a estabilização o país iria retomar uma trajetória estável de crescimento econômico não
se verificou. O comportamento do produto tem se mostrado extremamente oscilante no
período recente apresentando em média baixas taxas de crescimento, da ordem de 2%a.a.. O
sacrifício do crescimento na estratégia de estabilização provocou um aumento significativo do
desemprego no país.
O período pós-94 pode ser dividido em duas grandes fases: (i) a primeira que
corresponde ao primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso em que a
estabilidade centrou-se na chamada âncora cambial que foi acompanhada de uma profunda
deterioração nas contas externa e no desempenho fiscal do governo, culminando na crise
cambial do início de 1999, e, (ii) a segunda que corresponde ao segundo mandato do
presidente Fernando Henrique e aos primeiros anos do governo Lula caracterizada em termos
macroeconômicos pelo tripé: regime de câmbio flutuante, metas de inflação e superávit
primário.
2.1. 1994-1998: Âncora Cambial
O Plano Real foi um das mais engenhosas arquiteturas de combate à inflação. O Plano
partia do diagnóstico do caráter inercial da inflação, que dividia a mesma em dois
componentes: os choques que faziam com que esta mudasse de patamar e a tendência que
fazia com que ela se perpetuasse em determinado patamar e poderia ser dada por vários
mecanismos de indexação. A idéia do plano era romper a tendência por meio de uma reforma
monetária que se iniciou com uma ampla indexação da economia fazendo com que todos os
preços fossem expressos em uma medida denominada URV, que tinha seu valor corrigido
diariamente e correspondia a um dólar, enquanto as transações continuavam sendo liquidadas
em Cruzeiro Real. Em determinada data, 1º de julho, esta unidade de conta foi convertida em
moeda, o Real, unificando as funções de meio de troca e unidade de conta.
O sucesso do Plano Real dependia da ausência de choques, ou da capacidade de se
impedir que eles se propagassem na economia. O governo anunciou, junto com o plano, metas
de expansão monetária bastante restritivas e deixou a taxa de câmbio flutuar para baixo. Com
a elevada taxa de juros e a estabilização verificou-se um intenso fluxo de capitais para o país
que resultou em uma profunda valorização da taxa de câmbio. Isto se deu em um contexto no
qual o grau de abertura para o exterior tinha aumentado significativamente e o país possuía
um volume significativo de reservas. Com a economia aberta e as reservas altas, a
possibilidade de importações estava colocada. Como esta se tornava atrativa em decorrência
da valorização cambial, travavam-se os preços internos, rompendo a possibilidade de
propagação dos choques (repasse aos preços, tentativa de elevações).
A âncora cambial teve, porém, outras conseqüências. Uma das características desse
sistema é a diferenciação de seus efeitos entre diferentes setores. A possibilidade de
importação, com a folga cambial e manutenção da taxa de câmbio, força os preços internos a
acomodarem-se aos internacionais. Essa estratégia de estabilização é bastante eficiente para
os chamados bens transacionáveis, ou seja, aqueles que são transacionados no mercado
internacional (exportáveis e importáveis), principalmente os produtos industriais. Mas no caso
dos chamados bens não-transacionáveis, ela é totalmente ineficaz. O principal exemplo
deste segmento é o setor de serviços: aluguel, mensalidades escolares, alimentação fora de
casa, médicos, serviços de utilidade pública, infra-estrutura, etc. – “mercadorias” que não se
pode importar. Assim, esses preços tendem a continuar subindo, pois o crescimento
econômico associado à estabilização tende a pressionar os salários reais, e como estes setores
não sofrem a concorrência internacional podem repassar o aumento de custos para preços
enquanto a demanda se encontra aquecida. Isso acaba por gerar um desequilíbrio de preços
entre esses setores.
A valorização cambial levou a uma profunda reversão do saldo na Balança Comercial
que de elevados superávits transformou-se em deficitária, que combinada ao déficit na
Balança de Serviços, resultando em profundos déficits em Transações Correntes. Assim, a
manutenção da estratégia de estabilização requeria um fluxo de capitais constante para o país
para financiar os crescentes déficits em Transações Correntes, com isso necessitava-se manter
elevadas taxas de juros. Como conseqüência disso, o comportamento do produto ficou
dependente da disponibilidade de recursos externos. Quando a situação se encontrava
favorável podia-se reduzir a taxa de juros e permitir o crescimento econômico, tão logo se
colocasse a dificuldade de captar no exterior e pressionava-se a taxa de câmbio, a taxa de
juros era elevada e sacrificava-se o crescimento. Outro fator negativo, associado a esta
estratégia foi a situação fiscal e a elevação da dívida pública, pois a manutenção da política
cambial combinada com o elevado crescimento dos gastos públicos, gerou elevados déficits
públicos que somados aos ajustamentos patrimoniais com reconhecimentos de dívidas do
passado (FGTS, capitalização dos bancos federais, crise dos bancos estaduais, crise
financeira, entre outros) levou a um grande aumento da dívida pública.
Assim, o grande fato desse período foi a redução da inflação e sua manutenção em
baixos patamares, rompendo a seqüência de fracassados planos de estabilização. Mas a
estratégia adotada gerou um profundo desequilíbrio externo, a deterioração da situação fiscal
e um baixo crescimento econômico resultando no aumento da taxa de desemprego. Nesta
situação a estratégia foi colocada em xeque, por meio de uma crise cambial que resultou na
adoção do sistema de câmbio flutuante a partir de janeiro de 1999, levando a mudança na
política monetária.
A Tabela 1 mostra alguns indicadores econômicos do período.
Tabela 1 - Brasil: Indicadores Econômicos - 1995 – 1998
1995
1996
Crescimento do PIB (%)
4,22
2,66
Agrícola
4,08
3,11
Industrial
1,91
3,28
1997
3,27
-0,83
4,65
1998
0,13
1,27
-1,03
Serviços
Preços - acumulado 12 meses (%)
Índice de Preços ao Cons. - Fipe
Índice de Preços ao Atacado
Setor Público - NFSP (% do PIB)
Operacional
Primário
Dívida Líquida Total (% do PIB)
Política Monetária
Taxa de Juros Selic (%)
Emprego
Taxa de desemprego aberto (IBGE - %)
Setor Externo (US$ bi.)
Exportações
Importações
Balança Comercial
Transações Correntes
Fonte: Banco Central do Brasil, IBGE, Ipeadata.
1,30
2,26
2,55
0,91
23,17
6,38
10,03
8,1
4,83
7,8
-1,80
1,5
-0,27
30,56
0,08
33,28
0,95
34,35
7,06
-0,01
41,71
53,08
27,41
24,77
28,79
4,95
4,25
5,53
7,13
46,51
49,97
-3,47
-18,38
47,75
53,35
-5,60
-23,50
52,99
59,75
-6,75
-30,45
51,14
57,71
-6,57
-33,42
2.2. O Regime de Metas Inflacionárias no Brasil: 1999/2004
A partir de 1999 a política econômica brasileira sofreu uma forte alteração passando a
basear-se no seguinte tripé: câmbio flutuante, elevados superávits primários e metas de
inflação, adotado em julho de 1999. Em relação ao câmbio este deveria se ajustar para
garantir o equilíbrio externo, assim dever-se-ia esperar uma forte desvalorização real da taxa
de câmbio que possibilitasse a melhora da situação externa. Com esse regime cambial, a taxa
de juros seria liberada da função de ficar defendendo uma determinada taxa de câmbio, ou
seja, o país voltaria a ter a política monetária que passaria a ter como principal preocupação a
estabilidade dos preços, devendo, inclusive impedir que a desvalorização cambial ocorrida se
transformasse em processo inflacionário. O superávit primário deveria evitar o crescimento da
dívida pública e possibilitar a absorção de choques na economia, colaborando para evitar uma
maior volatilidade da taxa de câmbio.
A expectativa era que a correção do câmbio levaria a um melhor desempenho das
contas externas, o superávit primário diminuiria o risco associado ao setor público, estes dois
elementos possibilitariam a queda da taxa de juros. Com melhor desempenho da balança
comercial e retomada dos investimentos com a queda da taxa de juros retomar-se-ia o
crescimento econômico e, a política monetária, deveria-se apenas acompanhar a inflação,
garantindo-se a estabilidade para que o crescimento econômico fosse sustentável. A realidade
mostrou-se muito mais complexa e a manutenção da estabilidade acabou provocando uma
grande volatilidade do produto, como veremos.
A adoção do sistema de metas de inflação no país seguiu uma tendência mundial. A
partir do início da década passada, o sistema de metas de inflação (SMI) passou a ser visto
como o mais adequado para o controle da inflação e foi sendo implantado em um número
crescente de países. Dentre esses se encontram países desenvolvidos (Inglaterra, Nova
Zelândia, Austrália, Canada), países em transição (Hungria, Polônia) e em desenvolvimento,
(México, Colômbia, Brasil).
Uma das definições formais mais aceitas do SMI na literatura é a seguinte: “uma
estratégia de política monetária que concilia cinco elementos principais: 1) o anúncio ao
público de alvos numéricos de médio prazo para a inflação; 2) um comprometimento
institucional com a estabilidade de preços como objetivo primordial de política monetária, ao
qual outros objetivos são subordinados; 3) uma estratégia de informação inclusiva na qual
muitas variáveis, e não só os agregados monetários ou a taxa de câmbio, são usados para
decidir os ajustes dos instrumentos da política; 4) elevada transparência da estratégia de
política monetária através de comunicação com o público e os mercados sobre os planos,
objetivos e decisões das autoridades monetárias; e 5) elevada responsabilidade do banco
central em atingir seus objetivos de inflação.” (Mishkin 2000) Ou seja, é muito mais do que
um simples anúncio ao público de alvos numéricos para a inflação do próximo ano.
Portanto, a credibilidade em um regime dessa natureza é crucial e desvios em relação
às metas não são desejáveis. Assim, atingir a meta passa a ser o objetivo primeiro do banco
central, deixando todos os outros em segundo plano. Por isso, apesar do referido sistema ter
atingido ótimos resultados no controle da inflação, ele tem levado alguns países emergentes a
renegarem quase totalmente a importância de seu crescimento econômico, e essa é a principal
raiz da discussão sobre a validade do SMI, principalmente em países não desenvolvidos.
Confirmando a proposição acima, apesar das elevadas expectativas de que o Brasil
retomaria o crescimento sustentável, isso não se verificou. Depois da adoção do regime, o
país manteve um crescimento muito baixo, no mesmo patamar que vinha se verificando nos
anos anteriores, e com elevada volatilidade, respondendo às ações do Banco Central para a
contenção da inflação. Ainda assim, não teve muito sucesso na manutenção de suas metas,
graças aos diversos choques (terrorismo, crise energética brasileira, eleições presidenciais)
ocorridos no período. Desde 1999, ano de implantação do sistema no país, verificou-se três
anos com taxas de inflação dentro dos limites definidos e três anos com inflação superior.
A tabela 2 mostra alguns indicadores econômicos do Brasil após a adoção do regime.
Tabela 2 - Brasil: Indicadores Econômicos - 2000 - 2004
1999
2000
Crescimento do PIB (%)
0,79
4,36
Agrícola
8,33
2,15
Industrial
-2,22 4,81
Serviços
2,01
3,80
Preços - acumulado 12 meses (%)
Índice de Preços ao Cons. - Fipe
8,63
4,38
Índice de Preços ao Atacado
28,88 12,06
Setor Público - NFSP (% do PIB)
Operacional
1,12
1,17
Primário
-3,19 -3,51
Dívida Líquida Total (% do PIB)
48,68 49,25
Política Monetária
Taxa de Juros Selic (%)
25,59 17,60
Emprego
Taxa de desemprego aberto (IBGE - %)
7,11
6,20
Setor Externo (US$ bi.)
Exportações
48,01 55,10
Importações
49,21 55,80
Balança Comercial
-1,20 -0,70
Transações Correntes
-25,33 -24,20
Fonte: Banco Central do Brasil, IBGE, Ipeadata.
2001
1,31
5,76
-0,50
1,75
2002
1,93
5,54
2,57
1,61
2003
0,54
4,49
0,07
0,61
2004
5,30
5,27
6,21
3,71
7,10
11,88
9,90
35,41
8,17
6,27
6,57
14,70
0,28
-3,70
51,57
-0,01
-3,96
56,80
-1,12
-4,35
53,60
-1,52
-4,65
51,81
17,50
19,10
24,50
16,40
6,40
7,10
6,20
5,40
58,20
55,60
2,65
-23,20
60,40
47,20
13,20
-7,70
60,30
40,00
20,30
3,85
96,48
62,78
33,70
11,67
O gráfico 1 mostra as metas, com suas bandas de tolerância, e as inflações observadas.
Gráfico 1 - O Regime de metas de inflação no
Brasil
14
12,53
IPCA em %
12
10
9,3
8,94
8
7,67
7,34
5,97
6
4
2
0
1999
2000
2001
2002
2003
2004
Centro da meta
Limite superior
Limite inferior
Inflação observada
Estes resultados como destacamos pode estar relacionado às características da
economia brasileira que dificultam a adoção do regime de metas de inflação, tornando seus
resultados inferiores ao de outros países. Entre essas características pode-se destacar: a
recorrência de choques associados a dominância fiscal ou dominância externa; a persistência
da inércia, a credibilidade, a ausência de mecanismos de financiamento, entre outras.
Para entendermos o funcionamento do sistema podemos pensar a determinação da
inflação por meio de uma Curva de Phillips e considerar que a taxa de juros seja o
instrumento a disposição do Banco Central para controlá-la, conforme explicitado pela
chamada regra de Taylor. A expressão abaixo representa a Curva de Phillips:
em que;
π
π
β
u
un
ε
π = π e − β (u − u n ) + ε
- inflação corrente;
e
- inflação esperada;
- parâmetro que indica a inclinação da curva de Phillips (sensibilidade da taxa de
inflação em relação a taxa de desemprego);
- taxa de desemprego;
- taxa natural de desemprego (NAIRU – taxa de desemprego não aceleradora da
inflação);
- choque de oferta.
Essa equação relaciona a taxa de inflação corrente da economia: à expectativa de
inflação, aos desvios da taxa de desemprego de sua taxa natural e a choques aleatórios de
oferta. Essas variáveis seriam as causas da inflação no curto prazo. Note-se, que no curto
prazo, dado as expectativas (ou as metas de inflação), choques de oferta ou reduções do
desemprego abaixo da taxa natural levariam a um aumento da taxa de inflação corrente. Caso
o governo tenha uma determinada meta para a taxa de inflação e ocorra um desvio em relação
a esta, a forma de ajustar a inflação verdadeira à meta é o controle da demanda, e, portanto, da
atividade econômica e da taxa de desemprego, o que se faria por meio da taxa de juros. Esta
situação poderia ser expressa da seguinte forma:
i = i * +α (π − π *)
onde:
i
i*
*
- taxa de juros
- taxa de juros compatível com a taxa de desemprego natural (estabilidade
inflacionária)
- parâmetro que representa a resposta da taxa de juros a desvios da inflação
- taxa de inflação corrente
- meta de inflação
Assim, de acordo com esta versão para a Regra de Taylor, sempre que a inflação
estivesse acima da meta, o Banco Central deveria aumentar a taxa de juros para reduzi-la e
quando ela estivesse abaixo deveria reduzir a taxa de juros. A taxa de juros (política
monetária) pode afetar a demanda agregada por diferentes canais: intenção de investir e
consumir (por se tratar do custo de oportunidade dos recursos), preço dos ativos (efeito
riqueza), mudanças da taxa de câmbio pelo fluxo de capitais, disponibilidade de crédito, entre
outros. O ponto a ser destacado é que, independentemente do canal de transmissão, este
sistema considera que elevações na taxa de juros conterão a demanda agregada e levarão a
queda da inflação.
Os custos associados a este sistema em termos de desemprego e crescimento
econômico dependem de um conjunto de fatores relacionados a estrutura econômica do país e
suas instituições. Entre as variáveis relevantes para determinar a eficácia deste regime
podemos destacar: a origem das pressões inflacionárias, a flexibilidade de preços e salários, o
grau de credibilidade do Banco Central, as características do mercado financeiro, o perfil e o
tamanho da dívida pública e a existência de mecanismos de indexação, os últimos dando
origem aos desequilíbrios que serão estudados neste trabalho.
No Brasil, parcela significativa do índice de preços é composta pelos chamados preços
administrados cujo comportamento é determinado pela inflação passada, os contratos
prevêem mecanismos de indexação das tarifas (energia elétrica, telecomunicações,
transportes, saneamento, entre outros). Este grupo representa em torno de 30% do índice e a
política de controle da demanda não afeta este componente. Assim, quando se verificam
desvios da inflação em relação à meta, o ajustamento deve se dar nos 70% restantes. Note-se
que neste grupo, parcela significativa é composta de commodities cujo comportamento do
preço é fortemente influenciado pelo mercado internacional e pelo comportamento da taxa de
câmbio, não sendo determinado pelo comportamento da demanda interna. Assim, a política
monetária afetaria este grupo, por um lado pela sua influência na taxa de câmbio e por outro
pelo comportamento da demanda.
E, outro ponto a ser destacado é a freqüência de choques na economia brasileira, em
especial os vinculados a taxa de câmbio, destacando-se as fortes desvalorizações ocorridas em
2001 em função do contexto externo e em 2002 em função do quadro eleitoral no país. Assim,
por exemplo, uma desvalorização cambial como a ocorrida em 2002 gera um choque
inflacionário que faz com que a inflação se desvie da meta. A reação do Banco Central no
instante seguinte é elevar a taxa de juros para trazê-la de volta à meta, mas o conjunto de
preços administrados no instante seguinte já estará contaminado pela elevação inflacionária
restando aos segmentos de preços livres possibilitarem a convergência. Note-se, porém, que
neste caso, este segmento estará incorrendo em maiores custos que não poderão ser
repassados para preços, ou seja, sacrifica-se a margem de lucro dos mesmos e a capacidade de
investimento. Com isso, como a capacidade produtiva fica estagnada, quando se retoma o
crescimento este segmento não terá capacidade para atender a demanda, necessitando ampliar
os investimentos e, para tal, dado as restrições de crédito no país necessitam elevar seus
preços para recuperar as margens, colocando-se as pressões inflacionárias que levam a nova
contenção do Banco Central. Percebe-se, portanto, que ao longo do tempo vai-se penalizando
um conjunto de setores que acabam absorvendo o conjunto de choques e a evolução favorável
dos preços administrados, como veremos na próxima seção.
3. O Comportamento dos Preços: Uma Análise por Grupos
Nesta seção faremos uma análise da evolução dos preços na economia brasileira no
período recente. Estes serão segmentados pelo tipo de formação - livres e administrados - e
pelos grandes setores – agricultura, indústria e serviços. A fonte de dados é o IPCA-IBGE e
os dados para o setores foram agrupados pelos autores, conforme descrição feita no Anexo 1.
No Anexo 2 encontra-se uma tabela com os índices de preços para os diferentes grupos, os
principais itens de cada grupo e seus respectivos pesos no cálculo do IPCA. Com base nessa
tabela foram construídos alguns gráficos que evidenciam os seguintes resultados.
No Gráfico 1 temos a evolução do índice de preços para os grupos com preços
Administrados, Livres e o IPCA geral (total).
Gráfico 1
400,00
Âncora Cambial
Metas de Inflação
350,00
Total
300,00
Administrados
Livres
250,00
200,00
150,00
100,00
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
* índice em dezembro de 1994 = 100
Ao observarmos o Gráfico 1 podemos perceber claramente que os preços
administrados por contrato ou monitorados tiveram um aumento bem superior aos preços
livres. Eles aumentaram mais que o dobro que a inflação e quase três vezes o aumento dos
preços livres. Lembramos que o peso dos preços administrados é menor do que o dos livres,
porém é suficiente para “puxar” o IPCA para cima. Nota-se que a diferença ocorre desde a
implantação do Plano Real, mas acentua-se após a adoção do Regime de Metas.
Como já citado, essa diferença deve ser causada pelo fato de os índices que corrigem
os contratos dos preços administrados serem bastante sensíveis à variação cambial. Com a
mudança de regime em 1999, o Real sofreu uma grande depreciação que forçou esses índices
para cima.
O Gráfico 2 mostra a evolução dos preços agrícolas, industriais e de serviços.
Gráfico 2
Âncora Cambial
240,00
Metas de Inflação
Agrícolas
Industriais
Serviços
Administrados
190,00
140,00
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
90,00
* índice em dezembro de 1994 = 100
Nesse gráfico podemos notar a grande valorização dos preços de serviços na primeira
fase do Plano Real. Mesmo quando comparada com a trajetória dos preços administrados, que
também subiram bastante, a aceleração inicial dos serviços é enorme. Esse aumento foi
possibilitado pelo aumento da renda real dos consumidores e pelo fato desse setor não estar
exposto à concorrência externa. Na fase seguinte, no regime de metas inflacionárias, este
passa a ser o setor mais afetado, pois o seu desempenho depende diretamente das condições
do mercado interno, que depende do emprego e do rendimento dos consumidores. Como nos
últimos anos o desemprego tem se mantido elevado e o rendimento tem apresentado queda
contínua, este setor teve poucas possibilidades de reajustar seus preços.
Já o setor industrial e, principalmente, o agrícola, altamente afetado pelo preço das
commodities, tiveram suas possibilidades de aumentos de preços minadas pela competição
externa, gerada pelo câmbio apreciado do período.
Entre 2001 e 2002 notamos uma pequena aceleração dos preços agrícolas,
provavelmente provocada pela forte desvalorização da nossa moeda no período. Foi nesse
período que ocorreu o grande salto das exportações agrícolas brasileiras. Posteriormente, em
2003, houve uma nova desaceleração, devido à nova valorização da moeda nacional.
Os preços industriais também foram fortemente contidos na fase da âncora cambial,
passando a apresentar uma recuperação na fase seguinte quando a moeda nacional se
desvalorizou e os produtos puderam passar a concorrer em melhores condições com os
produtos externos.
Vale notar que nenhum setor apresentou variações superiores ao dos preços
administrados.
A Tabela 3 mostra as variações anuais dos preços nos principais grupos e as variações
acumuladas nos dois períodos estudados, o de âncora cambial e o de metas de inflação.
Confirma-se que a evolução dos preços administrados acaba sendo independente do
comportamento da economia e que no regime de metas o segmento dos chamados preços
livres acaba arcando com todo o peso do ajustamento.
1995 1996 1997 1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004 1994 - 1998 1999 - 2004
22,41
8,94
5,97
7,67 12,53
9,30
7,60
43,46
64,51
Administrados 28,17 20,24 18,33 3,23 20,89 12,90 10,78 15,32 13,20 10,20
88,25
117,54
Livres
Agrícolas
Industriais
Serviços
36,99
8,21
24,08
87,16
50,48
68,75
65,40
42,06
Total
9,56
21,59 7,94
-3,30 3,30
14,84 4,67
51,11 16,11
5,22 1,66
2,99
1,78
2,45
4,87
1,35 6,37
6,43 11,31
0,76 11,78
1,71 1,91
3,68 6,57 11,49
3,55 11,46 18,91
3,83 6,82 14,77
3,39 6,58 7,54
7,79
7,83
8,42
9,72
6,54
2,44
7,21
7,22
4. Conclusão
O trabalho mostrou a evolução diferenciada dos preços entre os setores no Brasil, no
período pós-estabilização. Verificou-se que os preços administrados apresentam uma
evolução favorável independente de qual seja o regime de política monetária. Grande parte
dos preços administrados são importantes elementos de custos no conjunto das atividades
produtivas, sinalizando pressões de custos na economia. Por outro lado a forte contenção dos
preços livres para segurar as taxas de inflação deve ter provocado um forte estreitamento das
margens de lucro o que pode comprometer a capacidade de investimento afetando as
possibilidades de crescimento econômico. Esta restrição é bastante grave, principalmente se
considerarmos que as possibilidades de financiamento eterno as empresas no Brasil é bastante
restrito. Dividindo-se o segmento de preços livres entre os principais setores observa-se um
comportamento diferenciado dos setores de acordo com o regime de política adotado. Na fase
da chamada âncora cambial os setores industrial e agrícola foram os grandes penalizados pela
forte exposição a concorrência externa, enquanto o setor serviços para o qual a concorrência
externa é irrelevante apresentou um crescimento muito maior. Esta situação inverteu-se no
regime de metas de inflação quando o mecanismo de controle da inflação se faz via contenção
do mercado interno, o que acabou penalizando o setor serviços, enquanto a forte
desvalorização cambial possibilitou uma certa recuperação dos preços industriais e agrícolas.
4. Referências Bibliográficas
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BOGDANSKI, J.; TOMBINI, A. A. e WERLANG, S. R. da C., Implementing
Inflation Targeting in Brasil. Banco Central do Brasil, Trabalhos para Discussão.
•
EICHENGREEN, Barry, Can Emerging Markets Float? Should They Inflation Target?
University of California, Berkeley, Banco Central do Brasil, Trabalhos para Discussão
(2002).
•
FRAGA, A.; Golfajn I. e Minella A., Inflation Targeting in Emerging Market
Economies. Banco Central do Brasil, Trabalhos para Discussão.
•
LOBODA, Roberta B., Política Monetária, Curva de Phillips e Mecanismos de
Transmissão num Regime de Metas Inflacionárias. Monografia FEARP – USP (2003).
•
MANKIW, N. Gregory, Macroeconomia, 5ª Ed., Editora LTC
•
MISHKIN, Frederic S., Inflation Targeting in Emerging-Market Countries. The
American Economic Review. Vol. 90, n. 2, pp. 105-109, (2000).
•
MISHKIN, Frederic S., Inflation Targeting. Graduate School of Business, Cloumbia
University and NBER (julho de 2001)
Anexo 1 – Métodos
Para montar as tabelas de variações e preços foi usada a tabela obtida no site do IBGE
que explicita todos os itens pesquisados mensalmente para a obtenção do IPCA, com suas
respectivas variações e pesos em cada mês.
O agrupamento foi feito manualmente. Por exemplo, no subgrupo “Agrícolas”
entraram todos os itens constantes na tabela do IBGE do grupo “Alimentos e Bebidas”
(hortifruti, carnes, etc.) excluindo-se a alimentação fora do domicílio, que entrou em
“Serviços”. O item “leite e derivados foi incluído no grupo “Agrícolas” pois o maior peso está
no leite in natura. Para o cálculo dos pesos dos grupos, que possuem vários itens, foi feita
uma média ponderada dos pesos de cada item pertencente a cada grupo.
Para os índices dos grupos de preços livres e administrados, que são encontrados já
agrupados pelo IBGE, foram usados os índices oficiais, pois se encontrou uma pequena
diferença entre esses e os calculados pelo método acima. Vale destacar, porém, que tal
diferença não seria significativa para o presente trabalho.
Os itens especificados na tabela do anexo 2 são apenas os considerados principais e,
somados, não representam o total de seu grupo.
Agrícolas
Agroindustriais
Industriais
Cereais,
Produtos
Farinhas,
leguminosas e
Agroindustriais farmacêuticos e
féculas e massas
oleaginosas
Óticos
Tubérculos,
Açúcares e
Enlatados e
Cuidados
raízes e legumes
derivados
conservas
pessoais
Hortaliças e
Carnes, peixes
Sal e
Fumo
verduras
industrializados
condimentos
Alimentos
Frutas
Panificados
Leitura
prontos
Óleos e
Carnes
Reparos
Papelaria
gorduras
Bebidas e
Artigos de
Aparelho
Pescado
infusões
limpeza
telefônico
Móveis e
Pneu e câmaraAves e ovos
utensílios
de-ar
Leite e
Aparelhos
Motocicleta
derivados
eletroeletrônicos
Vestuário
Camioneta
Acessórios e
Veículo próprio
peças
Serviços
Alimentação
fora do
domicílio
Aluguel e taxas
Consertos e
manutenção
Estacionamento
Lubrificação e
lavagem
Recreação
Cursos
Anexo 2
IPCA desmembrado
Grupos
Total
Administrados
Água e Esgoto
Combustíveis (Veicular e Domésticos)
Energia Elétrica Residencial
Pedágio
Planos de Saúde
Telefone (Fixo)
Transporte Público
Livres
Agrícolas
Industriais
Agroindustriais
Artigos de Limpesa
Artigos para Higiene Pessoal
Automóveis
Eletroeletrônicos
Fumo
Móveis e Utensílios
Produtos Farmacêuticos e Óticos
Vestuário
Serviços
Alimentação fora do Domicílio
Aluguel*
Conserto de Automóveis
Educação*
Pesos
100,00%
29,50%
1,80%
7,11%
4,71%
0,05%
2,51%
3,47%
7,56%
71,50%
8,35%
33,15%
5,13%
0,90%
1,95%
3,01%
2,84%
1,26%
2,28%
4,30%
5,31%
30,00%
5,00%
3,93%
1,44%
3,20%
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
100,00
122,41
128,17
132,74
113,91
165,13
100,00
150,45
125,19
131,82
121,59
96,70
114,84
121,10
118,91
120,14
107,45
103,88
135,05
122,82
118,21
104,63
151,11
120,50
194,74
135,21
140,10
134,12
154,11
164,69
135,48
167,77
100,00
191,29
211,83
159,69
131,25
99,89
120,20
122,63
125,09
124,83
116,69
105,95
149,30
125,16
138,86
102,92
175,45
123,28
263,52
154,81
165,84
141,12
182,35
180,01
157,35
184,64
100,00
209,89
401,62
178,35
135,16
101,67
123,15
126,75
130,85
129,26
121,12
99,13
160,98
124,39
152,23
102,81
184,01
123,61
287,83
165,85
177,74
143,46
188,25
184,45
164,57
189,60
100,00
226,63
409,66
189,79
136,99
108,21
124,08
125,73
137,78
131,93
113,84
100,12
156,84
122,24
168,75
101,66
187,16
123,63
284,81
168,70
187,89
156,28
227,58
208,03
241,05
227,30
103,92
245,50
445,81
216,10
145,72
120,45
138,70
142,90
157,77
150,52
139,80
113,30
153,33
128,47
193,92
105,90
190,74
125,95
277,94
176,87
195,35
165,62
256,95
217,15
310,05
256,14
120,20
258,81
506,75
232,77
151,09
124,73
144,02
147,47
166,46
154,41
145,31
117,49
153,54
139,07
196,29
110,27
197,20
130,49
271,50
182,37
204,68
178,33
284,66
250,81
332,39
302,06
136,71
269,90
545,06
269,73
161,01
139,02
153,84
166,15
183,21
170,39
148,83
118,91
170,86
153,90
201,00
115,66
210,18
143,04
274,36
195,83
219,66
200,68
328,26
274,58
410,47
362,12
151,18
292,62
609,70
305,45
179,51
165,30
176,56
213,31
214,34
193,98
149,52
135,13
193,41
173,80
223,29
125,86
226,03
160,21
275,18
206,53
238,18
219,34
371,60
332,24
409,44
439,51
193,35
317,94
726,10
362,70
193,49
178,24
191,43
226,00
244,18
217,71
151,03
139,91
214,04
194,35
248,88
138,70
247,99
176,97
285,48
224,28
262,58
236,01
409,51
366,84
471,60
481,83
218,99
351,37
833,30
379,72
206,14
182,60
205,23
232,28
253,30
224,32
171,66
146,55
238,96
206,64
266,61
152,52
265,89
192,31
289,76
247,86
289,95
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