PRESENÇA DE BACTÉRIAS SOLUBILIZADORAS DE FOSFATO DE CÁLCIO NAS RAÍZES DE ESSÊNCIAS FLORESTAIS E LEGUMINOSAS UTILIZADAS NA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS EM URUCU, AMAZONAS. André Luis WILLERDING (1) ([email protected]); Luiz Antonio de OLIVEIRA (1,2) ([email protected]); Francisco Wesen MOREIRA (1) ([email protected]). (1) INPA – C. Postal 478 – 69011-970 – Manaus – AM – (2) UEA. RESUMO Os solos de terra firme da Amazônia, classificados como Latossolos e Argissolos, possuem como características principais, elevada acidez (pH entre 3,8-4,3), alta saturação com alumínio( > 70%) e baixos níveis de fósforo disponível (0-3 mg.kg-1 de solo). Muitos microrganismos do solo participam no ciclo do fósforo transformando e disponibilizando esse elemento para as plantas, através da imobilização de fosfato solúvel ou pela solubilização de fosfato insolúvel. Avaliar a ocorrência de bactérias solubilizadoras de fosfato no sistema das plantas em condições naturais no campo é o primeiro passo para se saber se esses microrganismos estão contribuindo de alguma forma para a nutrição das plantas quanto ao fósforo. A capacidade solubilizadora é ubíqua no solo. Essas simbioses entre plantas e microrganismos são regras na natureza e facilitam a absorção de nutrientes, influenciando no crescimento e estruturação das comunidades vegetais. O objetivo desse trabalho foi verificar a ocorrência de bactérias solubilizadoras de fosfato (BSF) em raízes de plantas utilizadas na recuperação de áreas degradadas O trabalho foi feito na região de prospecção de gás natural e petróleo da Petrobrás junto ao Rio Urucu, no município de Coarí, Amazonas, distante cerca de 600 km de Manaus, em solos de baixa fertilidade e alta acidez, classificados como Latossolos e Argissolos. Coletou-se amostra de raízes de 150 plantas (cinco por espécie) utilizadas no reflorestamento, distribuída em 20 espécies de leguminosas e não leguminosas em seis áreas estudadas, IMT 4, JAZ 87, Clareira 2, Luc 36H, LUC 34H, Clareira 83, Clareira 12 (Tab. 1). De cada planta, cortou-se 10 segmentos de raízes (~1cm), colocando-os em placas de Petri contendo meio de cultura (pH 6,5) com glicose (1%), extrato de levedura (0,2%), agar (1,8%), adicionado com K2HPO4 (50 mL, 10%) e CaCl2 (100 mL, 10%). Essas soluções adicionais servem para formar o fosfato de cálcio precipitado, com vista a observar os halos de solubilização. Calculou-se a porcentagem de ocorrência das BSF sobre o total de raízes por cultura (n = 50). O contato das raízes com o meio possibilitou o crescimento das bactérias. Onde ocorreu o halo de solubilização de fosfato de cálcio, determinou-se a colônia como solubilizadora. As raízes de leguminosas apresentaram maiores índices de ocorrência de BSF. A mucuna apresentou o maior índice (50% das raízes amostradas), seguido pelo feijão de porco e ingá (34% cada), estilosantes e vermelhinho (30% cada) (Fig. 2). As espécies florestais não leguminosas apresentaram baixos índices de ocorrência de BSF (0 a 12%), quando comparadas com as leguminosas. A ocorrência das bactérias solubilizadoras de fosfato variou entre 2 a 50% das raízes amostradas. Os resultados indicam que as leguminosas podem ser mais favorecidas pelas bactérias solubilizadoras de fosfato de cálcio nessas condições edafoclimáticas do que as não leguminosas. Tabela 1: Relação das espécies botânicas amostradas Local Clareira 2 Clareira 2 Luc 36H IMT 4 Luc 34H jaz 87 jaz 87 IMT 4/Luc 36H/Luc 34H IMT 4/ Clareira 2/ Luc 36H/Clareira 83 Clareira 2/Luc 34H Luc 36H jaz 87 Clareira 83 Clareira 83 jaz 87/Luc 34H IMT 4/Clareira 83 jaz 87 Clareira 2 IMT 4/Luc 36H/Luc 34H Clareira 83 Cultura angico azeitona eritrina faveira camuzé faveira do mato feijão guandu feijão porco goiaba de anta ingá lacre mata pasto mucuna mututi visgueiro pau d'arco pau de balsa estilosantes sucuúba vermelhinho virola Espécie Pithecolobium trapezifolium Benth. Sizygium jambolana DC. Erithrina glauca Willd. Stryphnodendron guianense (Aubl.) Benth Enterolobium schomburgkii Benth Cajanus cajan (Vog.) Canavalia ensiformes (L.) DC Bellucia grossularioides (L.) Triana Inga edulis Mart. Vismia guianensis Cassia reticulata Willd. Mucuna pluriensis (L.) DC Pterocarpus officinalis Jack. Parkia pendula Benth ex Walp. Tabebuia serretifolia (G Don) Nichols. Ochroma lagopus Sw. Stylosantes capitata (Vog.) Himathanthus sucuuba Senna silvestris (Vell) H.S. Irwin & Berneby Virola surinamensis (Rol.) Warb 50 % de ocorrência de BSF 34 34 30 30 24 20 10 0 0 0 0 Figura 1: Ocorrência de BSF (%) nas raízes das plantas amostradas. 0 pau balsa 2 2 mututi 4 azeitona 4 eritrina lacre mata pasto vermelhinho ingá mucuna 6 faveira camuzé 12 0 Família Leg. Mimosoideae Myrtaceae Leg. Papilionoideae Leg. Mimosoideae Leg. Mimosoideae Leg. Mimosoideae Leg. Mimosoideae Melastomataceae Leg. Mimosoideae Clusiaceae Leg. Caesalpiniodae Leg. Mimosoideae Leg. Papilionoideae Leg. Mimosoideae Bignoniaceae Bombacaceae Leg. Mimosoideae Apocynaceae Leg. Caesalpiniodae Myristicaceae