IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE OPERAÇÃO, MANUTENÇÃO

IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE OPERAÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO
DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS DE LUZERNA - (SC)
Giovana Martinelli da Silva
Engenheira Civil – UFES (2000). Mestre em Engenharia Ambiental pela UFES.
Engenheira da empresa Fluir Engenharia Ambiental.
Renate Wanke
Engenheira Civil formada pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
Especialista em Engenharia do Meio Ambiente na Universidade Federal do Espírito
Santo em 2002. Engenheira Civil da Fluir Engenharia Ambiental. Mestre em
Engenharia Ambiental pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
Marcelo Teixeira Pinto
Engenheiro Químico. Especialista em Gestão em Qualidade de Serviço.
Superintendente de Meio Ambiente da Companhia de Saneamento Ambiental do
Distrito Federal (CAESB).
Elisabet Maria Zanela Sartori
Administradora de Empresa e Técnica em Contabilidade pela Fundação
Universitária do Oeste Catarinense/Universidade do Oeste de Santa Catarina
(FUOC/UNOESC). Especialista em Administração Pública pela UNOESC-Joaçaba.
Administradora/ Diretora Geral do Serviço Intermunicipal de Água e Esgoto-SIMAE
de Joaçaba.
João Carlos Ungericht
Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC-Florianópolis).
Especialista em Engenharia de Produção Mecânica pela UNOESC-UFSC.
Engenheiro/Chefe de Serviço de Engenharia do Serviço Intermunicipal de Água e
Esgoto-SIMAE de Joaçaba.
Carlos Alberto Roma dos Santos
Técnico Elétrico/Eletrônico e em Saneamento pelo SENAI. Graduando em Gestão
Pública pela Fundação Universitária do Oeste Catarinense/Universidade do Oeste
de Santa Catarina (FUOC/UNOESC). Assistente Técnico/Colaborador Responsável:
Equipe de Manutenção Elétrica/Mecânica do Serviço Intermunicipal de Água e
Esgoto -SIMAE de Joaçaba.
Ricardo Franci Gonçalves (1) *
Engenheiro Civil e Sanitarista - UERJ (1984), Pós-graduado em Eng de Saúde
Pública -ENSP/RJ (1985), DEA - Ciências do Meio Ambiente - Univ. Paris XII,
ENGREF, ENPC, Paris (1990), Doutor em Engenharia do Tratamento e Depuração
de Água – INSA de Toulouse, França (1993), Prof. Adjunto do DHS e do PPGEA UFES.
ENDEREÇO (1): Departamento de Hidráulica e Saneamento – Universidade Federal
do Espírito Santo – Agência FCAA – Vitória – ES – CEP.: 29.060-970 – Brasil – Tel.:
+55-(027) 3335-2860 - Fax: +55- (027) 3335-2165, e-mail: [email protected]
IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE OPERAÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO
DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS DE LUZERNA - (SC)
OBJETIVO
Este trabalho refere-se à implantação de um sistema de operação, manutenção e de
gestão da estação de tratamento de esgoto sanitário (ETE) de Luzerna - (SC). O
objetivo maior é a implantação do modelo de operação, manutenção e gestão da
ETE de Luzerna, que permita, através de um processo permanente de autoavaliação, obter os melhores desempenhos operacionais, ambientais, econômico e
social da infra-estrutura instalada. Trata-se de um empreendimento construído com
recursos do Programa PROSAB Transferência de Tecnologia (FINEP / FUNASA /
CAIXA), sob a responsabilidade do Serviço Intermunicipal de Água e Esgoto SIMAE.
METODOLOGIA
O município de Luzerna possui uma área de 116,7 km e está situada no Meio Oeste
de Santa Catarina, região fisiográfica do Vale do Rio do Peixe, a uma distância de
360 Km da Capital do Estado, Florianópolis. Luzerna integra a Microregião do Meio
Oeste Catarinense, composta de 13 municípios, pertencendo a AMMOCAssociação dos Municípios do Meio Oeste Catarinense.
O sistema de esgotamento sanitário (SES) de Luzerna foi dimensionado para
atender a uma população de projeto de 6.460 habitantes, dividida em 7 bacias de
esgotamento, com uma rede coletora do tipo separador absoluto com 15.800 m, 5
estações elevatórias e uma ETE concebida e dimensionada para realizar o
tratamento a nível secundário, através da associação em série dos processos
biológicos UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket) e biofiltros aerados submersos
(BFs).
A ETE é composta de pré-tratamento (gradeamento e caixa de areia),
peneira estática, reator UASB, Biofiltros aerados submersos, EEE de recirculação
de lodo de lavagem dos BFs, leitos de secagem e sistema de automação.
A Figura 1 e 2 mostra o lay-out da estação de tratamento de esgotos (ETE) de
Luzerna (SC).
QUEIMADOR
DE GÁS
34
40
0
.5
.2 8
LEITOS DE SECAGEM
(6,00X7,80m)
25
ESTAÇÃO
ELEVATÓRIA
(Ø2,8 0m)
30
25
PENEIRAS
ESTÁTICAS
36
35
.5 7
30
COMPRESSORES
E PAINEL
30
BIOFILTROS AERADOS
SUBMERSOS
(2,50 x8,1 0m)
17
.2
0
PRÉ-TRATAMENTO
41
PV
65
35
17
.9
8
.3 1
REATOR UASB
(5,7 0x11 ,40m)
40
DEPÓSITO DE QUÍMICA
(3.00 x4.0 0)
45
ÁREA RESERVADA PARA
IMPLANTAÇÃO DE ESCRITÓRIO
E LABORATÓRIO
(5 .00 x8.00 m)
45
.2 9
AL
CIP
RIN
OP
S
S
E
AC
TA
VIS
50
Figura 1: Lay-Out da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE)
Figura 2: Estação de Tratamento de Esgotos (ETE)
Os procedimentos e métodos aqui descritos constituem um conjunto ordenado de
ações que poderão ser estendidos às novas ETEs, facilitando nos dias de hoje e no
futuro a operação, manutenção e a gestão de estações de tratamento de esgoto
sanitário. Os seguintes itens farão parte do sistema de operação, manutenção e de
gestão:
1. Avaliação inicial e análise crítica da infra-estrutura instalada;
2. Realização de análise crítica das atividades atuais de operação, de
manutenção e de gestão do sistema que estão sendo executadas pelo
SIMAE;
3. Realização dos ajustes necessários à partida da estação, em conjunto com a
equipe local;
4. Desenvolvimento do modelo de operação, manutenção e gestão da estação;
5. Treinamento das equipes de operação, manutenção e gestão;
6. Acompanhamento assistido às rotinas de operação, manutenção e gestão;
7. Avaliação final do desempenho da estação e do modelo de operação,
manutenção e gestão.
Detalhamento das Atividades:
1) Avaliação inicial e análise crítica da infra-estrutura instalada
Esta atividade consiste na realização de uma análise criteriosa das características e
das condições de implantação da infra-estrutura existente, para que se verifique se
a planta encontra-se ou não em condições de atender aos objetivos de tratamento
considerados no projeto. O projeto da estação de tratamento será objeto de
criteriosa análise no que diz respeito à descrição, ao dimensionamento e aos
desenhos. Serão avaliadas a configuração do fluxograma de tratamento, as
dimensões e a constituição das unidades de tratamento, assim como os
equipamentos instalados (Figura 3 e 4). Será verificada a necessidade de instalação
complementar de equipamentos ou a realização de obras de adaptação, para que
seja possível a obtenção de dados de operação e de manutenção a serem utilizados
no programa PROSAB operação.
2) Avaliação das atividades atuais de operação, manutenção e gestão
Nesta etapa será feita uma avaliação geral das atividades atuais de operação,
manutenção e gestão do sistema que estão sendo executadas pelo SIMAE, de
forma a compará-las com o modelo operacional preconizado no manual de
operações e manutenção, bem como com as práticas de excelência de gestão.
Serão avaliados ainda o fluxo de fornecimento de insumos, os recursos
disponibilizados pelo SIMAE para operação e manutenção da ETE, bem como os
recursos humanos utilizados.
Stop-Logs
Figura 3: Canal da Caixa de Areia
Figura 4: Avaliação da estrutura do UASB
3) Realização dos ajustes necessários à partida da ETE
Com base na avaliação preliminar, poderão ser necessários efetuar alguns ajustes
operacionais na partida da planta, os quais serão propostos e descritos nesta etapa.
Os ajustes incidirão sobre cada unidade componente da ETE, levando-se em
consideração as especificidades operacionais de cada uma delas, bem como sobre
o funcionamento harmônico do conjunto (Figura 5 e 6). A avaliação do sucesso das
medidas de ajuste será realizada com base na medição dos parâmetros de
desempenho de cada unidade, de acordo com o manual de operação e manutenção
da ETE.
Figura 5: Correção do gradeamento: construção de anteparo para limpeza da grade
Figura 6: Melhorias nas peneiras auto-limpantes, com modificações no reservatório de resíduos
4) Desenvolvimento do modelo de operação, manutenção e gestão da ETE
Em conjunto com o corpo gerencial do SIMAE será desenvolvido o modelo
gerencial, operacional e de manutenção da ETE, englobando todas as rotinas que
deverão ser cumpridas. As práticas de gestão voltadas aos principais fornecedores,
colaboradores, sociedade e clientes serão detalhadas, tendo por base: a construção
de um adequado sistema de informações, o planejamento operacional e a definição
clara dos procedimentos gerenciais.
5) Treinamento inicial da equipe de operação, manutenção e gestão
Com o modelo definido será feito o treinamento inicial das equipes de gestão, de
operação e de manutenção da ETE. O treinamento será realizado em três módulos:
Módulo 1: Técnicas de operação e de manutenção dos processos e equipamentos
que compõem a ETE. Módulo 2: Técnicas de monitoramento. Módulo 3: Técnicas de
gestão.
– Módulo 1: Técnicas de operação e de manutenção dos processos e
equipamentos
O objetivo deste módulo é treinar a equipe do SIMAE nas técnicas de operação e de
manutenção de todos os processos que compõem a ETE de Luzerna. O módulo
será composto pelos seguintes tópicos (Figura 7):
• Apresentação dos principais conceitos de operação da estação;
• Técnicas de operação e manutenção da caixa de areia: condições ideais de
funcionamento, manutenção do gradeamento e da caixa de areia; coleta,
acondicionamento e disposição dos resíduos;
• Técnicas de operação e manutenção da peneira estática: condições ideais de
funcionamento, manutenção da peneira; coleta, acondicionamento e disposição
dos resíduos;
• Técnicas de operação e manutenção do UASB: partida, medição da vazão de
esgoto afluente, controle da manta de lodo, descarte de lodo, controle da
escuma, acondicionamento da escuma, disposição da escuma, manutenção
preventiva, destinação do biogás;
• Técnicas de operação e manutenção do biofiltro: controle da vazão de ar,
controle da perda de carga dos biofiltros, lavagem do biofiltro para remoção do
excesso do lodo;
• Gestão do lodo: técnicas de gestão do lodo de lavagem dos biofiltros,
técnicas de gestão do lodo de UASB; operação e manutenção do leito de
secagem; destino do lodo desaguado.
– Módulo 2: Técnicas de monitoramento e análise de desempenho
Através deste módulo de treinamento, a equipe do SIMAE será capacitada a
monitorar, a realizar a análise crítica do funcionamento e a propor soluções
corretivas necessárias para o bom o desempenho da ETE de Luzerna (Figura 8). Os
seguintes tópicos serão objeto de abordagem:
• Apresentação do sistema de Informações sobre as grandezas fundamentais
de interesse do sistema de gestão, operação e de manutenção da ETE
• Medição
de
grandezas
fundamentais
e
leitura
de
instrumentos
e
equipamentos: vazões, níveis, massa, volumes, etc.
• Técnicas de coleta de amostras: fases líquida e sólida;
• Técnicas de análise laboratorial dos principais parâmetros de controle
operacional
o Amostras líquidas: sólidos suspensos, sólidos sedimentáveis,
DBO,
DQO, temperatura, pH, alcalinidade, oxigênio dissolvido, Coliformes
Fecais, Oxigênio Dissolvido
o Amostras sólidas (lodo): sólidos totais, sólidos voláteis, coliformes fecais
e helmintos.
• Elaboração de registros, coleta e tratamento de dados: anotações, relatórios,
preenchimento de formulários, documentação e tratamento das informações
(estatística descritiva, gráficos, tabelas, etc.)
• Metodologia de interpretação e análise crítica de resultados
• Procedimentos para correções de desvios no processo
– Módulo 3: Técnicas de gestão
Este módulo terá como objetivo a implantação de um modelo de gestão que enfatize
o trabalho de equipe, a motivação e a mobilização dos funcionários do SIMAE
envolvidos com a ETE de Luzerna. O treinamento enfocará ainda aspectos
relacionados com as metas operacionais e o plano de ação definidos no modelo de
gestão desenvolvido para a ETE, abordando os seguintes tópicos:
• Apresentação do modelo gestão;
• O sistema de informações do modelo nos parâmetros de gestão;
• Aspectos de Liderança e Relações Humanas;
• Mecanismos de incentivo e reconhecimento;
• Capacitação e Desenvolvimento;
• Proteção à saúde e Segurança do Trabalho;
• Aspectos relacionados aos clientes;
• Seleção e qualificação de fornecedores;
• Avaliação de custos;
• Impactos Sociais e Ambientais;
• Processos, Indicadores e Resultados;
• Informações comparativas e benchmarking;
• Análise crítica de desempenho global;
• Auditorias e Avaliações;
• Modelos de relatórios;
Figura 7: Treinamento de pessoal em campo
Figura 8: Treinamento laboratorial
6) Acompanhamento assistido das rotinas operação, manutenção e gestão
Esta etapa terá duração de 12 meses, a contar do final da etapa de ajustes da
partida da ETE, para acompanhamento da implantação do modelo de operação, de
manutenção e de gestão da ETE de Luzerna, bem como avaliação dos resultados
alcançados.
7) Avaliação final do desempenho da ETE e do modelo de operação,
manutenção e gestão
Ao final do período de 12 meses, será realizada uma análise crítica de todos os
documentos e informações produzidas, objetivando uma avaliação final do
desempenho da ETE e do modelo de operação, de manutenção e de gestão
implantado.
CONCLUSÕES
É importante que os sistemas autônomos desenvolvam um modelo de gestão de
saneamento visando à melhoria do desempenho e o aumento da produtividade de
seus serviços. Os métodos e as práticas de gestão de ETEs acima descritos
constituem um conjunto ordenado de ações que poderão ser implantados às novas
ETEs, facilitando a operação, manutenção e a gestão de estações de tratamento de
esgoto sanitário, dispondo ainda de uma equipe altamente treinada.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho faz parte do Programa de Saneamento Básico - PROSAB
Transferência de Tecnologia (FINEP, FUNASA e CAIXA), sob a responsabilidade do
Serviço Intermunicipal de Água e Esgoto - SIMAE.