Estudo de Caso Reutilização de resíduo sólido para fabricação de blocos para construção civil Empresa: Samambaia Serraria de Granitos LTDA Endereço: Avenida Hum, Quadra 01 – Parque das Industrias – Itapecerica/MG Atividade: Aparelhamento, beneficiamento, preparação e transformação de minerais não metálicos, não associados à extração / Fabricação de peças, ornatos e estruturas de cimento ou de gesso Licença Ambiental: AAF Nº 03457/2015 – LOC Nº 042/2013 Contato Responsável: Márcio José Gonçalves Pereira Descrição da empresa: A Samambaia Serraria de Granitos Ltda. atua no beneficiamento de granitos desde 1982, fornecendo ao mercado chapas de granito de alta qualidade, resultado do desdobramento de blocos de granito. Processo Produtivo: A atividade realizada pela Samambaia é caracterizada pelas etapas de recebimento e estocagem de matérias-primas e suprimentos, alimentação, serragem, polimento e estocagem de produtos. A empresa beneficia mármores e granitos que são recebidos em blocos para posteriormente serem encaminhados para serragem. O processo produtivo consiste na segmentação dos blocos rochosos utilizando fios diamantados, seguido de polimento onde o material recebe tratamento superficial em politrizes automáticas e é serrado com o auxílio de serras circulares. O produto final, chapas recortadas, é utilizado pelo setor da construção civil principalmente em pisos e fachadas. Para alimentar o processo produtivo são utilizados, em média, 420 toneladas/mês de blocos de granito e 120 m³/dia de água. Aproximadamente 95% da água utilizada é recirculada no processo produtivo. Como resultado do corte das rochas, do polimento das chapas e/ou lavagem dos pisos, é gerado efluente industrial, que é direcionado, por meio de canaletas, para uma Estação de Tratamento de Efluentes Líquidos Industriais (ETE), com processo de tratamento físico de coagulação e decantação. Boa Prática: A ETE é constituída por uma zona de mistura rápida, ponto no qual o coagulante é adicionado, e por um tanque de decantação, onde ocorre a separação sólido-líquido. O lodo decantado é bombeado para um tanque pulmão, que o armazena temporariamente para depois encaminhá-lo para o filtro prensa. O filtro prensa retira ao máximo a fração líquida do material e produz ao final do processo um lodo que possui aproximadamente 85% de umidade. O efluente tratado retorna ao processo produtivo. Buscando aproveitar o lodo gerado na ETE, a empresa optou pelo início de uma nova atividade, a fabricação de tijolos. Para tal, a empresa adquiriu a máquina Eco Premium 2600, cuja capacidade de produção é de 6.000 unidades de tijolos por 8 horas de trabalho sem interrupções. Figura 1 - ECO PREMIUM 2600 As matérias-primas utilizadas para a fabricação dos tijolos são: lodo, areia, cimento e água, na proporção de quatro porções de lodo, duas porções de areia e uma porção de cimento. O lodo gerado na ETE foi classificado segundo a ABNT/NBR 10.004/2004 (Resíduos sólidos – Classificação) como II-B, ou seja, é um resíduo sólido inerte e não perigoso, conforme laudo apresentado pela empresa. Após sua secagem, o lodo é enviado para um processo de trituramento, peneiramento. Em seguida o material é misturado com areia e cimento para posteriormente ser encaminhado para a prensagem no equipamento Eco Premium 2600. Após essa etapa, os tijolos permanecem secando, a céu aberto, por três dias ondem seguem para o paleteamento. Investimentos Os custos da implantação da iniciativa adotada, desde a compra de equipamentos e com a regularização ambiental da atividade giraram em torno de R$ 75.000,00. Não houve gasto com aquisição ou aluguel de galpão para a realização da atividade, uma vez que foi utilizado o espaço já disponível na empresa. Resultados Alcançados A fabricação de tijolos a partir do lodo gerado na ETE possibilitou que aproximadamente 966 ton/ano de lodo não fossem encaminhados para aterro industrial e gerou assim uma economia para a empresa com a destinação do resíduo. Além disso, a produção dos tijolos pode vir a gerar uma receita. O preço médio de fabricação de cada bloco de tijolo é de R$ 0,40 e cada tijolo é vendido a R$ 0,52. A ideia é produzir de 6 a 8 mil tijolos por dia, dependendo da demanda pelo produto e principalmente da geração de lama, relacionada à atividade produtiva da empresa. Assim, a projeção de faturamento com a fabricação de tijolos no melhor cenário é R$ 4.160,00/dia. Os tijolos estão em fase de certificação junto a laboratórios de aferição de qualidade, buscando assim agregar maior valor ao produto. Antes da Melhoria Depois da Melhoria Figura 2 – Resíduo Gerado no Processo Produtivo Figura 3 - Bloco de Tijolo Finalizado Conclusão: O processo de reutilização da água empregada no processo produtivo de beneficiamento de rochas ornamentais já ocorre em algumas indústrias no Estado de Minas Gerais. Entretanto, o processo de utilizar o lodo gerado na ETE como matéria-prima para fabricação de tijolos pode ser considerada uma prática diferenciada. Com a prática apresentada, o empreendimento deixa de enviar o lodo, gerado em grandes quantidades, para aterro industrial passando a utilizá-lo como matéria-prima para fabricação de tijolos e futura comercialização, demonstrando o ganho ambiental dessa iniciativa. Dessa forma, do ponto de vista ambiental, embasado nos argumentos apresentados pela empresa, o estudo de caso aqui citado, pode ser classificado como uma “Boa Prática Ambiental”. Recomenda-se que esta prática seja difundida às demais serrarias do Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte, 22 de Março de 2016. Gerência de Produção Sustentável - FEAM Gerência de Meio Ambiente - FIEMG