ESTUDO DA EXPANSÃOPOR UMIDADE (EPU) EM EDIFÍCIOS

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Anais do 47º Congresso Brasileiro de Cerâmica
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Proceedings of the 47th Annual Meeting of the Brazilian Ceramic Society
15-18/junho/2003 – João Pessoa - PB - Brasil
ESTUDO DA EXPANSÃO POR UMIDADE (EPU) EM EDIFÍCIOS COM FALÊNCIA
ESTRUTURAL NA GRANDE RECIFE - PE
L.V. Amorim1, H.S. Ferreira2, G.A. Neves3, R. A. Oliveira4, H.C. Ferreira3
Av. Aprígio Veloso, 882 CEP: 58.109-970 - Campina Grande/PB
[email protected]
1Aluna de Doutorado em Eng. de Processos, CPGEP/CCT/UFCG
2 Aluno de Graduação em Eng. de Materiais, DEMa/CCT/UFCG
3Professores do Departamento de Eng. de Materiais, DEMa/CCT/UFCG
4Professor do Departamento de Eng. Civil, DEC/UFPE
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo o estudo da expansão por umidade (EPU)
em tijolos cerâmicos de vedação, utilizados em alvenarias estruturais, afetados e
não afetados pela umidade de quatro edifícios com problemas estruturais localizados
na Grande Recife-PE. Foram confeccionados corpos de prova prismáticos a partir
das amostras de blocos cerâmicos nas dimensões de aproximadamente 10 x 2 x 1
cm3 para determinação da tensão de ruptura à flexão, e de 5 x 0,8 x 0,8 cm 3 para
determinação das EPUs atual, real e futura através de análises termodilatométricas.
Os resultados mostraram que os blocos cerâmicos estudados apresentaram EPU
superior ao limite máximo indicado pelas normas australianas, contribuindo
negativamente para instabilidade das estruturas.
Palavras-chave: Expansão por umidade, blocos cerâmicos, alvenarias estruturais
INTRODUÇÃO
Expansão por umidade (EPU) é o termo técnico utilizado para designar a
expansão sofrida por alguns materiais cerâmicos quando em contato com água na
forma líquida ou de vapor. Esta expansão pode causar danos desde o gretamento
de vidrados e/ou o destacamento de pisos, até o surgimento de trincas e o
comprometimento das alvenarias, pois além da degradação que confere aos blocos
cerâmicos,
prejudica
a
aderência
entre
a
argamassa
e
os
tijolos
e,
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consequentemente, a estabilidade da estrutura. Tentando quantificar esses
problemas, a ABNT(1) apresenta a metodologia de ensaios necessários para detectar
o fenômeno da EPU e sugere como limite máximo aceitável para blocos cerâmicos
uma expansão de 0,3mm/m.
A EPU começou a ser estudada na década de 20 por numerosos
pesquisadores, sendo o trabalho de Merrit e Peters o pioneiro (2). Em 1931, teve-se a
primeira referência do fenômeno de EPU em tijolos cerâmicos (3) e em 1954, a EPU
foi apontada como a causa principal da falha estrutural de três construções nos
Estados Unidos(4).
As pesquisas sobre EPU no Brasil detêm-se às Universidades Federais de
São Carlos (UFSCar), de Santa Catarina (UFSC) e da Paraíba (UFPB), atual
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Na UFPB os estudos iniciaram
em 1975(5). As pesquisas mais recentes focalizam os seguintes aspectos: otimização
da técnica de dilatometria na determinação da EPU; estudo da EPU em massas
convencionais e alternativas pelo uso do resíduo de granito, para revestimentos
cerâmicos; estudo da EPU em pisos cerâmicos comerciais; estudo da inter-relação
entre a EPU e o comportamento mecânico de cerâmicas vermelhas e a influência do
tratamento térmico e da metodologia de indução na determinação da EPU em placas
cerâmicas comerciais. Uma descrição detalhada desses estudos pode ser
encontrada na referência(6).
Também como parte dos trabalhos do DEMa/UFCG, foram elaborados laudos
técnicos sobre a influência da EPU no desabamento dos Edifícios Aquarela em
1997, Ericka e Enseada de Serrambí em 1999, construídos em alvenaria estrutural
singela, na Grande Recife, PE. Mais recentemente, em 2001, a EPU foi novamente
apontada como a causa de diversos danos na estrutura do Conjunto Residencial
Arruda.
Este trabalho teve como objetivo estudar a EPU em tijolos cerâmicos
provenientes dos Edifícios Aquarela, Éricka e Enseada do Serrambí que sofreram
falência estrutural e do Bloco F do Conjunto Residencial Arruda, localizados na
Grande Recife, PE.
MATERIAIS E METODOLOGIA
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Materiais
Foram estudadas amostras de tijolos cerâmicos não afetados e afetados pela
ação da umidade dos Edifícios Aquarela, Éricka e Enseada de Serrambí e do Bloco
F do Conjunto Residencial Arruda, localizados na Grande Recife, PE. A
denominação e procedência das amostras estão apresentadas na Tabela I.
Tabela I - Denominação e procedência das amostras de tijolos cerâmicos.
Edifício
Aquarela
Denominação
AquarelaN
AquarelaA
ÉrickaN
ÉrickaA
Éricka
ÉrickaA1
SerrambíN
Enseada do SerrambíA
Serrambí
SerrambíA1
Residencial ArrudaN
Arruda
ArrudaA
Procedência das Amostras de Tijolos
Superestrutura não afetados pela ação da umidade
Fundação afetados pela ação da umidade
Superestrutura não afetados pela ação da umidade
Fundação, pouco afetados pela ação da umidade
proveniente das águas superficiais e do lençol freático
Fundação esmagada, muito afetados pela ação da
umidade proveniente das águas superficiais e do lençol
freático
Superestrutura, não afetados pela ação da umidade
Fundação, pouco afetados pela ação da umidade
proveniente das águas superficiais e do lençol freático
Alvenaria próxima da caixa d'água, afetados pela ação
da umidade proveniente das águas superficiais e do
lençol freático, bem como de eventuais vazamentos da
caixa d'água
Superestrutura com 6 furos não afetados pela ação da
umidade
Fundação com 8 furos afetados pela ação da umidade
A fundação do Edifício Éricka foi constituída por blocos pré-moldados
trapezoidais e seu embasamento por blocos de cimento e tijolos cerâmicos de seis
furos, sendo as alvenarias ora constituídas com tijolos, ora com blocos e ora com
uma mistura de blocos e tijolos.
Metodologia
Corpos de Prova - Foram cortados corpos de prova prismáticos a partir das
amostras de tijolos cerâmicos nas dimensões de aproximadamente 10 x 2 x 1 cm 3
para determinação da tensão de ruptura à flexão e de 5 x 0,8 x 0,8 cm 3 para
determinação da EPU através de análises termodilatométricas.
Expansão por Umidade (EPU) - A EPU foi determinada através de análises
termodilatométricas, realizadas segundo metodologia do DEMa/CCT/UFCG, que
consiste no aquecimento do corpo de prova desde a temperatura ambiente até
500oC a 5,0oC/min e resfriamento natural até temperatura ambiente(7).
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Foram determinadas três tipos de EPUs: EPU real, EPU total e EPU futura. A
EPU real foi determinada em corpos de prova como recebidos e significa a EPU que
os tijolos sofreram durante o período que estiveram em serviço. A EPU total significa
a expansão por umidade que os tijolos seriam capazes de desenvolver durante sua
vida útil, e foi determinada em corpos de prova após tratamento térmico a 500 oC(1), e
a seguir ensaiados em autoclave utilizando uma pressão de vapor de 1,035MPa
(150psi) por período de 5h consecutivas(8). A EPU futura significa toda a expansão
por umidade que os tijolos poderiam ainda apresentar no futuro, sendo determinada
através da equação (A):
EPU futura = EPU total - EPU real
(A)
Para as amostras de tijolos provenientes do Conjunto Residencial Arruda foi
determinada apenas a EPU real através de análises termodilatométricas, segundo a
norma
NBR 13818(1),
originalmente
destinada
a
revestimentos cerâmicos;
aquecimento até 550oC com patamar de queima de 120 min.
Comportamento Mecânico - Foi determinada a tensão de ruptura à flexão (TRF),
segundo metodologia proposta por Souza Santos(9), em corpos de prova secos ao
ar. Os resultados da TRF são expressos MPa com aproximação de duas casas
decimais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados serão apresentados e analisados por Edifício; inicialmente os do
Edifício Aquarela, a seguir os do Edifício Éricka, os do Edifício Enseada de Serrambí
e por fim os do Conjunto Residencial Arruda.
Edifício Aquarela - Os resultados obtidos para a EPU e para a TRF das amostras
AquarelaN e AquarelaA, estão apresentados na Figura 1(a) e 1(b), respectivamente.
Mediante análise dos resultados, observou-se que a amostra AquarelaA apresentou
valor de EPU real (1,80mm/m) muito superior (200%) ao encontrado pela amostra
AquarelaN (0,62mm/m). Este resultado comprova que os tijolos provenientes da
fundação do Edifício Aquarela desenvolveram durante o período que estiveram em
serviço o fenômeno da EPU de forma mais pronunciada que os tijolos da
superestrutura.
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Analisando os resultados encontrados para a EPU total, observou-se que os
valores obtidos para as amostras AquarelaN e AquarelaA foram bastante próximos,
2,70mm/m e 2,95mm/m respectivamente, indicando que os tijolos cerâmicos
utilizados tanto na superestrutura quanto na fundação do Edifício apresentaram
tendências similares ao desenvolvimento da EPU. Por fim, os resultados
encontrados para a EPU futura mostraram valores elevados, sendo a EPU da
amostra AquarelaA aproximadamente 80% superior ao da amostra AquarelaN. Estes
dados indicam que os tijolos cerâmicos ainda poderiam desenvolver o fenômeno de
EPU, causando danos ainda maiores.
EPU Total
EPU Futura
2,95
3
2,5
2,7
2,08
2
1,8
1,5
1
0,5
0
1,15
0,62
TRF (MPa)
EPU (mm/m)
EPU Real
6
5
5,8
4
3
2
2,5
1
0
AquarelaN
AquarelaA
AquarelaN
AquarelaA
Amostras
Amostras
(a)
(b)
Figura 1 - (a) Expansão por umidade (EPU) e (b) tensão de ruptura à flexão
(TRF) das amostras de tijolos cerâmicos não afetados (AquarelaN) e afetados
(AquarelaA) pela umidade do Edifício Aquarela.
Em resumo, concluiu-se que os tijolos provenientes do Edifício Aquarela
desenvolveram o fenômeno de EPU durante o tempo que estiveram em serviço, e
que ainda poderiam ter esta acrescida com o decorrer do tempo.
Mediante análise dos resultados de TRF, observou-se que a amostra
AquarelaA (2,5MPa) apresenta comportamento mecânico bastante inferior ao
apresentado pela amostra AquarelaN (5,8MPa). Comparando os dados de TRF
(Figura 1(b)) com os de EPU (Figura 1(a)), observou-se que a amostra AquarelaA foi
a que apresentou menor valor de TRF e maior valor de EPU real, confirmando que a
queda no comportamento mecânico foi causada pela expansão dimensional sofrida
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pelos tijolos durante o tempo que estiveram em serviço. Neste caso, parece haver
uma nítida correlação entre a EPU e a TRF, ou seja, quando os tijolos entram em
contato com água, expandem e causam tensões de compressão em toda a
alvenaria. Estas tensões ao atingirem o ponto crítico começam a comprometer a
aderência entre os tijolos e a argamassa, que por sua vez não acompanha o
aumento dimensional sofrido pelos tijolos. Além desses problemas, também há
perda de resistência dos tijolos cerâmicos. A união de todos esses fatores leva ao
colapso da alvenaria.
Edifício Éricka - Os resultados obtidos para a EPU e para a TRF das amostras
ÉrickaN, ÉrickaA e ÉrickaA1, estão apresentados na Figura 2(a) e 2(b),
respectivamente. Mediante análise dos resultados, observou-se que a amostra
ÉrickaA1 foi a que apresentou maior valor de EPU real (1,23mm/m), sendo
aproximadamente 100% e 150% superior aos valores encontrados para as amostras
ÉrickaN (0,63mm/m) e ÉrickaA (0,52mm/m), respectivamente. Estes dados
mostraram que os tijolos esmagados (ÉrickaA1) provenientes da fundação do
Edifício foram os que mais desenvolveram o fenômeno de EPU durante o período
que estiveram em serviço. Os resultados encontrados para a EPU total, mostraram
que a amostra ÉrickaA1 foi a que apresentou maior valor (3,89mm/m). As demais
amostras, ÉrickaN e ÉrickaA, apresentaram valores de 1,85mm/m e de 1,23mm/m,
respectivamente.
Para a EPU futura, a amostra ÉrickaA1 foi novamente a que apresentou maior
valor (2,66mm/m), sendo este valor aproximadamente 120% e 275% superior aos
obtidos pelas amostras ÉrickaN e ÉrickaA, respectivamente. Estes dados indicaram
que os tijolos cerâmicos provenientes do Edifício Éricka poderiam continuar a
desenvolver o fenômeno de EPU causando danos ainda mais graves, e que a
amostra de tijolos da fundação esmagada (ÉrickaA1) apresentava-se em péssimas
condições e com possibilidades de EPU futura extremamente danosa.
Finalmente, conclui-se que os tijolos cerâmicos provenientes do Edifício Éricka
apresentaram EPU durante o período que estiveram em serviço e que ainda
poderiam ter esta expansão acrescida com o decorrer do tempo.
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Mediante análise dos resultados de TRF, observou-se que a amostra ÉrickaA1
apresentou comportamento mecânico bastante inferior (3,56MPa) ao apresentado
pelas amostras ÉrickaN (4,56MPa) e ÉrickaA (4,76MPa).
Comparando os resultados de TRF (Figura 2(b)) com os de EPU (Figura 2(a)),
observou-se que quanto maior a EPU menor o valor de TRF, sendo a amostra
ÉrickaA1 a que apresentou maior EPU real e menor TRF. Também neste caso,
estes dados mostram uma correlação direta entre estas duas variáveis, com a EPU
contribuindo para os baixos valores de TRF encontrados, para o comprometimento
da aderência entre a argamassa e os tijolos/blocos de cimento, e por fim, para o
colapso da estrutura.
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
EPU Total
EPU Futura
5
3,89
2,66
1,85
1,22
0,63
1,23
0,71
0,52
ÉrickaN
ÉrickaA
1,23
TRF (MPa)
EPU (mm/m)
EPU Real
4,56
4,76
4
3,56
3
2
1
0
ÉrickaA1
ÉrickaN
ÉrickaA
Amostras
Amostras
(a)
(b)
ÉrickaA1
Figura 2 - (a) Expansão por umidade (EPU) e (b) tensão de ruptura à flexão
(TRF) das amostras de tijolos cerâmicos não afetados (ÉrickaN), pouco afetados
(ÉrickaA) e afetados (ÉrickaA1) pela umidade do Edifício Éricka.
Edifício Enseada do Serrambí - Os resultados obtidos para a EPU e a TRF das
amostras SerrambíN, SerrambíA e SerrambíA1, estão apresentados na Figura 3(a) e
3(b), respectivamente. Mediante análise dos resultados, observou-se que a amostra
SerrambíA1 foi a que apresentou maior valor de EPU real (1,01mm/m), sendo
aproximadamente 15% e 85% superior aos valores encontrados para as amostras
SerrambíN (0,88mm/m) e SerrambíA (0,52mm/m), respectivamente.
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Estes dados mostraram que os tijolos esmagados (SerrambíA1) provenientes
da fundação do Edifício foram os que mais desenvolveram o fenômeno de EPU
durante o período que estiveram em serviço.
Os resultados encontrados para a EPU total, mostraram que a amostra
SerrambíA1 foi a que apresentou maior valor (1,41mm/m). As demais amostras,
SerrambíN e SerrambíA, apresentaram valores de 1,18mm/m e de 1,06mm/m,
respectivamente.
Para a EPU futura, a amostra SerrambíA foi a que apresentou maior valor
(0,51mm/m), enquanto que as amostras SerrambíN e SerrambíA1 apresentaram
valores de 0,30mm/m e de 0,40mm/m. Estes dados mostraram que os tijolos
cerâmicos provenientes do Edifício Enseada do Serrambí poderiam continuar a
desenvolver o fenômeno de EPU, e que a amostra de tijolos da alvenaria próxima da
caixa d'água (SerrambíA1), que embora tenha sido a amostra a desenvolver de
forma mais pronunciada a EPU durante o período que esteve em serviço, ainda
poderia vir a ter essa expansão acrescida em aproximadamente 40%.
Finalmente, conclui-se que os tijolos cerâmicos provenientes do Edifício
Enseada do Serrambí apresentaram EPU durante sua vida útil e que ainda poderiam
ter esta expansão acrescida com o decorrer do tempo, bem como que a amostra da
alvenaria próxima da caixa d'água (SerrambíA1) apresentou elevada EPU, muito
provavelmente pelo fato da superposição das águas superficiais e do lençol freático,
com eventuais/permanentes vazamentos do reservatório de água.
EPU Real
EPU Total
1,2
0,9
0
6
1,41
1,18
1,06
1,01
0,88
0,6
0,3
7
0,55
0,51
0,3
SerrambíN
0,4
TRF (MPa)
EPU (mm/m)
1,5
EPU Futura
6,08
5
3,74
4
3,04
3
2
1
SerrambíA SerrambíA1
0
SerramíN
SerrambíA SerrambíA1
Amostras
Amostras
(a)
(b)
Figura 3 - (a) Expansão por umidade (EPU) e (b) tensão de ruptura à flexão
(TRF) das amostras de tijolos cerâmicos não afetados (SerrambíN), pouco
afetados (SerrambíA) e afetados (SerrambíA1) pela umidade do Edifício
Enseada do Serrambí.
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Mediante análise dos resultados de TRF, observou-se que as amostras
SerrambíA e SerrambíA1 apresentaram comportamento mecânico bastante inferior
(3,04MPa e 3,74MPa) ao apresentado pela amostra SerrambíN (6,08MPa). Isto
mostra que os tijolos da fundação e da alvenaria próxima da caixa d'água, em
virtude do prolongado contato com águas do lençol freático, superficiais e de
eventuais/permanentes vazamentos do reservatório de água, tiveram sua resistência
comprometida,
apresentando
uma
queda
sensível
nas
suas
propriedades
mecânicas.
Não observou-se correlação entre o comportamento mecânico e a EPU das
amostras do Edifício Enseada do Serrambí, contudo, as expansões detectadas são
mais que suficientes para comprometer a aderência entre a argamassa e os tijolos e,
consequentemente, a estabilidade da estrutura.
Conjunto Residencial Arruda - Os resultados obtidos para a EPU real e para a TRF
das amostras ArrudaN e ArrudaA, estão apresentados na Figura 4(a) e 4(b),
respectivamente. Mediante análise dos resultados, observou-se que a amostra
ArrudaN apresentou valor de EPU real (0,94mm/m) superior (31%) ao encontrado
pela amostra ArrudaA (0,72mm/m). Este resultado comprova que os tijolos
provenientes da superestrutura desenvolveram o fenômeno da EPU de forma mais
pronunciada que os tijolos da fundação.
10
0,94
0,8
0,72
0,6
0,4
TRF (MPa)
EPU (mm/m)
1
9,16
7,4
8
6
4
2
0,2
0
0
ArrudaN
ArrudaA
Amostras
ArrudaN
ArrudaA
Amostras
(a)
(b)
Figura 4 - (a) Expansão por umidade real (EPU real) e (b) tensão de ruptura à
flexão (TRF) das amostras de tijolos cerâmicos provenientes da superestrutura
(ArrudaN) e da fundação (ArrudaA) do Bloco F do Conjunto Residencial Arruda.
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Mediante análise dos resultados de TRF, observou-se que a amostra ArrudaA
(7,4MPa) apresentou comportamento mecânico inferior ao apresentado pela amostra
ArrudaN (9,16MPa). Comparando os dados de TRF (Figura 4(b)) com os de EPU
(Figura 4(a)), observou-se que não houve correlação entre estas variáveis; a
amostra ArrudaN apresentou maior valor de TRF (9,16MPa) e maior valor de EPU
real (0,94mm/m), enquanto que a amostra ArrudaA apresentou menor valor de TRF
(7,40MPa) e menor valor de EPU real (0,72mm/m). Contudo, como mencionado para
o Edifício Enseada do Serrambí, as expansões detectadas são mais que suficientes
para comprometer a aderência entre a argamassa e os tijolos e, consequentemente,
a estabilidade da estrutura.
Nas Figuras 5(a) e 5(b), encontram-se respectivamente os resultados de EPU
e de TRF das amostras dos Edifícios Aquarela, Éricka e Enseada do Serrambí e do
Bloco F do Residencial Arruda. Em relação aos resultados de EPU, observou-se que
as amostras afetadas pela ação da umidade do Edifício Aquarela apresentaram
maior expansão do que aquelas encontradas para os Edifícios Éricka e Enseada do
Serrambí e do Bloco F do Residencial Arruda, bem como, que todas as amostras,
com exceção da SerrambíN, apresentaram EPU superior ao limite máximo
especificado pelas norma australiana AS 1226.5(), que é de 0,3mm/m.
(a)
Amostras
(b)
Figura 5 - (a) Expansão por umidade (EPU) e (b) tensão de ruptura à flexão
(TRF) das amostras de tijolos cerâmicos dos Edifícios Aquarela, Éricka e
Enseada do Serrambí e do Bloco F do Residencial Arruda.
ArrudaA
ArrudaN
SerrambíA1
SerrambíA
SerrambíN
ÉrickaA1
ÉrickaA
ÉrickaN
AquarelaA
ArrudaA
ArrudaN
SerrambíA1
SerrambíA
SerrambíN
ÉrickaA1
ÉrickaA
Amostras
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
AquarelaN
EPU Futura
TRF (MPa)
EPU Total
ÉrickaN
AquarelaA
AquarelaN
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
Norma
EPU (mm/m)
EPU Real
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Em relação aos resultados de TRF, observou-se que os tijolos afetados pela
ação da umidade do Edifício Éricka são similares aos provenientes do Enseada do
Serrambí, e ambos são bastante superiores aos do Aquarela. Dentre as amostras
analisadas, as provenientes do Bloco F do Residencial Arruda foram as que
apresentaram maiores valores de TRF.
CONCLUSÕES
Os tijolos cerâmicos estudados apresentaram EPU superior ao limite máximo
sugerido pela ABNT. No caso do Edifício Aquarela a EPU foi fator determinante da
sua falência estrutural. Para os Edifícios Éricka e Enseada do Serrambí, EPUs
elevadas contribuíram para degradações das alvenarias de fundação, o que resultou
na falência da estrutura. Por fim, que as EPUs observadas nos tijolos provenientes
do Bloco F do Residencial Arruda foram bastante elevadas, sendo, provavelmente, a
causa dos danos nas alvenarias da superestrutura e da fundação.
REFERÊNCIAS
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Revestimentos Cerâmicos, Centro Cerâmico do Brasil, NBR-13818, 1999.
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5. J. B. Baungartner, H. C. Ferreira, Cerâmica 26, 130 (1980) 263.
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Metodologia de Indução na Determinação da Expansão por Umidade em Placas
Cerâmicas para Revestimento, Dissertação de Mestrado/PGECA/UFCG, 2003.
No prelo.
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Congresso Brasileiro de Cerâmica, S. Pedro, S.P., Junho de 2000, p. 14601.
8. ASTM, Standard Test
Method for Moisture Expansion of Fired Whiteware
Products, C370-88, 1994.
9. Souza Santos, P., Ciência e Tecnologia de Argilas, 2 a Edição, Vol. I, Ed. Edgard
Blücher, São Paulo, SP (1989), p. 195.
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10. AS, Standard Association of Australian, Method of Sample and Testing Clay
Building Bricks, Method for Determining Characteristic Expansion, 1226.5, 1984.
STUDY OF MOISTURE EXPANSION IN BUILDINGS WITH STRUCTURAL
COLLAPS IN RECIFE - PE
ABSTRACT
The aim of this paper is the study of the moisture expansion in ceramic bricks
affected and not affected by the action of the humidity from four buildings with
structural problems located in the Recife-PE. Specimens of 10 cm in length by 2 cm
by 1 cm in cross sections and of 5 cm in length by 0,8 cm by 0,8 cm in cross section
were cut and submitted to mechanical test and dilatometer test for determination of
real, total and future moisture expansions. The results show that the ceramic blocks
presented moisture expansion higher than to the maximum limit indicated by
Australian Standards, contributing negatively to instability of the structural masonry.
Key-words: Moisture expansion, ceramics bricks, structural masonry.
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