416 PREENCHIMENTO DE FALHAS SIMULADAS UTILIZANDO DADOS PLUVIOMÉTRICOS DO SATÉLITE TRMM PARA MACHADO - MG Sérgio Roberto Araújo [email protected] Acadêmico do curso de Geografia Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM Introdução: As falhas em medições de series diárias em estações de observação meteorológicas convencionais, são muito comuns, sejam elas por falta de pessoal (férias, doenças, aposentadoria ou mesmo falecimento) ou questões do equipamento, (falta de peças, falta de manutenção preventiva, entre outros), assim, a falta dos dados observados diariamente nas coletas, prejudicam nas análises das séries temporais, em todos os seus aspectos. (Tendências, variações sazonais, variações cíclicas e técnicas de dessazonalização) Objetivos: Coletar dados em totais mensais de pluviometria, na estação climatológica de superfície convencional, de Machado – MG, para uma série temporal da década de 2000, no já conhecido site do INMET, Instituto Nacional de Meteorologia, no Banco de Dados Meteorológico para Ensino e Pesquisa – BDMEP. No site do INPE/DSR/LAF, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em seu Departamento de Sensoriamento Remoto / Laboratório de Sensoriamento Remoto Aplicado à Agricultura e Floresta, buscaremos a mesma série temporal, nos dados estimados do satélite TRMM, que estão disponíveis em totais mensais, nas coordenadas geográficas da Estação de Machado – MG, Anais da 4ª Jornada Científica da Geografia UNIFAL-MG 30 de maio a 02 de junho de 2016 Alfenas – MG www.unifal-mg.edu.br4jornadageo Para testar a utilização de dados do TRMM, para preenchimento de falhas em leituras de pluviometria, utilizaremos primeiramente, da Correlação de Pearson, aplicando a regressão linear nas medias mensais das séries. Num segundo momento com a criação das falhas simuladas nas séries temporais da estação de superfície, faremos uma nova regressão linear com toda a série temporal, e aplicaremos a formula para apurar novas medições. Finalizando o trabalho, a Correlação de Pearson, mais uma vez será utilizada, agora para a comparação entre os dados reais suprimidos e os dados obtidos na Regressão linear. Fundamentação Teórica: Uma das principais dificuldades encontradas para estudos climáticos, sobretudo em um país de proporções continentais como o Brasil, está na existência (ou não) de um conjunto de dados e que apresente significativa qualidade (SANCHES, 2015). Barrera (2005), afirma que em função de ser o satélite melhor equipado em termos de instrumentos para estimativa de precipitação, o satélite TRMM fornece estimativas mais precisas do que as técnicas indiretas, baseadas em imagens de outros satélites. As estimativas de precipitação oriundas do TRMM são consistentes, mostrando boa acurácia com o regime pluviométrico registrados em superfície, podendo afirmar que dados de satélite são uma alternativa para obtenção de dados de superfície (LEIVAS et al., 2009). O TRMM é um dos primeiros satélites, da NASA, lançados com o objetivo de medir a precipitação, ao redor do planeta, nos locais onde cai a maior parte da chuva a região dos trópicos e a faixa estreita da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) paralela ao equador - bem como, nas áreas oceânicas correlatas, visando gerar conhecimentos sobre a chuva nessas áreas e contribuir para o entendimento de onde se formam as nuvens e onde ocorre a chuva. As medições de satélite são úteis também nos estudos de padrões de chuva na superfície da terra. Desde o lançamento do TRMM, o qual possui a bordo um radar com capacidade de estimar a precipitação, um número crescente de projetos de comparação vem sendo realizado para avaliar o grau de acurácia possível entre os dados de satélite baseados em algoritmos de precipitação. Uma vantagem adicional das estimativas de precipitação por satélite é o número insignificante de falhas nas séries temporais. Nas séries obtidas para este trabalho, não há falhas nos dados. Anais da 4ª Jornada Científica da Geografia UNIFAL-MG 30 de maio a 02 de junho de 2016 Alfenas – MG www.unifal-mg.edu.br4jornadageo 417 Outro aspecto bastante interessante para países de proporções continentais, é que o número de unidades meteorológicas de superfície, convencional ou automática nunca serão suficientes, já os dados do TRMM, que possui uma baixa altitude e um ciclo rápido, cobrindo totalmente a área proposta, com ótimos resultados. Metodologia: 418 Para o trabalho foram levantados os dados observados na Estação Climatologia Convencional de Superfície, situada no município de Machado - MG, junto ao site do INMET, no Banco de Dados Meteorológico para Ensino e Pesquisa BDMEP (http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=bdmep/bdmep), com a coleta de dados da década de 2000 (01/01/2000 a 31/12/2009). Em seguida obtivemos os dados estimados pelo satélite TRMM, com as coordenadas coincidentes ao local da Estação (OMM 83683), junto ao site do INPE no seu Departamento de Sensoriamento Remoto - DSR, do LAF – Laboratório de Sensoriamento Remoto Aplicado à Agricultura e Floresta (http://www.dsr.inpe.br/laf/series/mapa.php). Inicialmente, fizemos a correlação de Pearson, sobre as médias de todos os totais mensais de cada série completa com 120 elementos. De posse dos dados foram feitas supressões nos dados observados da Estação Meteorológica de superfície, criando falhas simuladas, e utilizada a regressão linear da correlação de Pearson, para as duas séries temporais, obtendo a formula para apurar novos valores para as falhas. Finalizando foi aplicado novamente a correlação de Pearson, para os resultados obtidos e os dados reais suprimidos. Figura 1. Localização das coordenadas correspondente ao satélite TRMM e identificação da Estação Meteorológica de Superfície de Machado - MG. Anais da 4ª Jornada Científica da Geografia UNIFAL-MG 30 de maio a 02 de junho de 2016 Alfenas – MG www.unifal-mg.edu.br4jornadageo Tabela 1 – Totais pluviométricos mensais observados na Estação Meteorológica de Superfície do INMET – Machado e Médias mensais. JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ 2000 500,8 228,5 194,6 35,6 5,8 0,5 28,5 44,5 141 53,6 216,6 179,7 2001 233,3 61,4 180,5 19,9 59,3 1,1 3,7 25,1 68,3 125,6 238,4 183,8 2002 206 324,7 180,9 8,3 41,8 0 7,2 17,5 55,3 59,9 247,2 184,2 2003 276,2 114,5 118,9 70 47,4 0 14,2 17,3 9,8 54,3 184,4 237 2004 234,9 366,9 75,2 98,6 104,5 30,9 20,4 10,5 26,6 124,2 191 232,9 2005 496,4 127,7 281,3 46,5 108,2 19 37,2 10,7 149,8 49 100,6 254,9 2006 200,1 230,1 246,1 13,3 8,7 8,8 2,9 11,7 48 129,3 178,6 367,9 2007 596,5 103 80,2 87,9 59,9 4,4 74,2 0 8,9 68,4 254,9 147,1 2008 230 138,1 238,3 142,3 38,3 26,7 0 31 91,3 107,8 167,2 206,7 2009 210 402,9 114,3 187,3 51,8 46,2 25,5 68,1 120,5 128,2 50,6 352,6 Média 318,4 209,8 171,0 71,0 52,6 13,8 21,4 23,6 72,0 90,0 183,0 234,7 Anais da 4ª Jornada Científica da Geografia UNIFAL-MG 30 de maio a 02 de junho de 2016 Alfenas – MG www.unifal-mg.edu.br4jornadageo 419 Tabela 2 – Totais pluviométricos mensais estimados no satélite TRMM do INPE / LAF para as coordenadas idênticas – Machado e Médias mensais. JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ 2000 457,4 254,4 239,4 19,9 18,1 0 38,4 30,5 149,9 50,4 244,5 254,1 2001 167,8 96,6 160,2 21,5 73 0 3,7 28,5 91,6 133,5 246,5 296,4 2002 185,6 277,6 114,4 12,8 53,1 0 10,9 19,7 83,5 62,5 150,5 256,6 2003 448,7 98,7 168,1 88,8 67,6 0,6 18,8 20,3 29,5 117,6 174,6 214,9 2004 227,8 329,7 128,9 122,9 109,6 50,8 35 0,1 24,7 125,2 172 270,4 2005 368,9 158,1 187,9 79,7 126,5 25,6 31 7,7 76,3 102,1 151,5 295,6 2006 179,2 278,5 223,3 36,6 32,3 13,9 3,2 22,8 76,2 180,3 237,7 339,6 2007 457,9 190,6 73,4 93,4 63,4 5,6 40,4 0 9,6 83,4 187,6 189,5 2008 278,8 233,3 215,9 148,3 31,5 13,9 0 22 58,3 110,2 177,3 361,4 2009 259,3 229,2 179,7 142,5 114,8 40,6 31,8 51,7 142,9 148,3 123,4 420,1 Média 303,1 214,7 169,1 76,6 69,0 15,1 21,3 20,3 74,3 111,4 186,6 289,9 Resultados: Nas médias mensais apuradas, aplicamos a regressão linear da teoria da Correlação de Pearson com os dados completos tendo cada série temporal 120 elementos. O coeficiente de R² = 0,9704 que indica uma correlação forte. Após a simulação de cinco falhas, na base de dados da estação de superfície, que passou a ter elementos a menos, tivemos que ajustar os dados do TRMM, que após fazermos a apuração da Média, da Máxima e da Mínima, foram suprimidos cinco elementos, sendo: a Máxima, a Mínima, e três valores no meio da série, fazendo com que as duas séries temporais se igualassem no número de elementos. 115 (cento e quinze) cada. Figura 2 – Coeficiente da regressão linear entre as médias das duas séries. Anais da 4ª Jornada Científica da Geografia UNIFAL-MG 30 de maio a 02 de junho de 2016 Alfenas – MG www.unifal-mg.edu.br4jornadageo 420 421 Figura 3 – Coeficiente de regressão linear entre as séries com 115 elementos. De posse da formula alcançada na regressão linear, para chegar ao valor de correlação das falhas suprimidas, obtivemos cinco novos valores, para a o seu preenchimento. Os valores dos resultados na aplicação da formula, foram comparados aos valores originais suprimidos anteriormente, na formula da regressão linear, que conforme na figura abaixo, obteve o coeficiente de R² = 0,8907, que é considerada uma forte relação, entre os itens. Anais da 4ª Jornada Científica da Geografia UNIFAL-MG 30 de maio a 02 de junho de 2016 Alfenas – MG www.unifal-mg.edu.br4jornadageo Figura 4 – coeficiente da regressão linear, entre os dados preenchidos através da 422 Formula aplicada e os dados reais suprimidos anteriormente. Conclusões: Com os resultados atingidos neste relato, podemos afirmar que: A utilização dos dados estimados do satélite TRMM, para preenchimento de falhas em séries temporais, de pluviometria para totais mensais, apresentaram resultados com forte similaridade comparados com a estação meteorológica de Machado MG. Os dados do satélite TRMM, são uma forte opção, para previsões de pluviometria, em series temporais, bem como na utilização seus dados para o preenchimento de falhas reais. Bibliografia: SANCHES, F. O.; O Geógrafo-Climatologista e as mudanças climáticas: uma proposta metodológica. Revista Equador, v. 4, p. 101-118, 2015. NOBREGA, R.; SOUZA, E.P. GALVÍNIO, J.D. Análise da estimativa de precipitação do TRMM em uma sub-bacia da amazônia ocidental. Revista de Geografia. Recife: UFPE – DCG/NAPA, v. 25, n. 1, jan/abr. 2008. ACOSTA, O. E. C.; Informação hidrometeorológica na regulação do setor elétrico brasileiro: indicadores de avaliação de disponibilidade hídrica, Relatório Final de Projeto de Pesquisa - USP, São Paulo SP, 2014.¹ Anais da 4ª Jornada Científica da Geografia UNIFAL-MG 30 de maio a 02 de junho de 2016 Alfenas – MG www.unifal-mg.edu.br4jornadageo 1 Este trabalho é a versão corrigida do Relatório Final de Projeto de Pesquisa de Pós-Doutorado que foi submetido à Comissão de Pesquisa do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), em setembro de 2014. O Prof. Dr. Augusto José Pereira Filho foi o docente responsável da supervisão da pesquisa.