Gênero Brucella spp

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Gênero Brucella spp
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Nos animais: Doença de Bang, Aborto Contagioso, Aborto Infeccioso, Aborto Enzoótico e
"Slinking of The Calf".
No homem: Febre Ondulante, Febre de Malta ou do Mediterrâneo, Febre Maltesa, Febre de
Gibraltar
ATUALIDADES
Atualmente (2013), na “List of Prokaryotic names with Standing in Nomenclature”
organizada pelo pesquisador J.P. Euzéby há citação de 10 espécies e nenhuma subespécie
neste site www.bacterio.cict.fr/b/brucella. O gênero contêm poucas espécies; são elas:
Brucella abortus (Schmidt 1901) (Meyer and Shaw 1920).
Brucella canis (Carmichael and Bruner 1968)
Brucella ceti (Foster et al. 2007)
Brucella inopinata (Scholz et al. 2010)
Brucella melitensis (Hughes 1893) (Espécie típica do gênero).
Brucella microti (Scholz et al. 2008)
Brucella neotomae (Stoenner and Lackman 1957)
Brucella ovis (Buddle 1953).
Brucella pinnipedialis (Foster et al. 2007)
Brucella suis (Huddleson 1929,)
HISTÓRICO
Em 1887, foi isolada a primeira espécie do gênero Brucella pelo oficial e médico
Dr. David Bruce, em amostras (baço) colhidas na necropsia de militares que morreram
vítimas dessa enfermidade nas costas do Mediterrâneo, chamada de Febre de Malta. O
organismo foi inicialmente denominado Micrococcus melitensis e posteriormente de
Brucella melitensis.
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Em 1897, Bernard Bang, um veterinário dinamarquês, isolou de um feto abortado
bovino uma bactéria que foi denominada inicialmente de Bacillus abortus e, mais tarde, foi
conhecida como Brucella abortus.
Em 1914, Jacob Traum isolou de um leitão abortado a B. suis.
Em 1956, MB Buddle e Boyes, na Nova Zelândia, isolaram um microrganismo com
características semelhantes ao gênero Brucella spp de ovinos com alterações genitais.
Em 1953, Simmons e Hall, na Australia, isolou de carneiros com epididimite um
microrganismo idêntico ao isolado na Nova Zelândia.
Em 1957, Stoenner e Lachman, nos Estados Unidos, isolou a B. neotomae de um
roedor do deserto de Utah deniomindo Neotoma lepida.
Em 1966, Liland Carmichael, nos Estados Unidos, isolou a B. canis que
posteriormente foi descrita por Carmichael, em 1969.
As espécies B. ovis e a B. canis são mais adaptadas aos seus hospedeiros do que a B.
abortus, B. melitensis ou a B. suis.
Em 1994, Ross e colaboradores, na Escócia, isolaram e identificaram de penípedes
(focas) uma nova espécie do gênero Brucellas. Em 2007, os novos isolados foram incluídos
no gênero Brucella como o nome de B. pinnipedialis (Foster et al. 2007).
Em 1994, Ewalt e colaboradores, nos Estados Unidos, isolou de um cetáceo
(golfinho) capturado. Mais tarde, esses isolados foram incluidos no gênero Brucella com o
nome de B. ceti (Foster et al. 2007).
As amostras isoladas desses mamíferos marinhos e os testes sorológicos neles
realizados demonstraram que a infecção brucélica ocorre em um grande numero de espécies
marinhas.
Em 2008, Barun Kumar De e colaboradores, nos Estados Unidos (Oregon),
descreveram as características microbiológicas, bioquímicas e moleculares de uma
cepa/linhagem de Brucella incomum (BO1) isolada de uma prótese de seio (silicone) de
uma senhora com 71 anos de idade com sinais clínicos compatíveis com brucelose. A
análise inicial, incluindo teste de susceptibilidade bioquímica, TSA, análise de ácidos
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graxos e análise molecular baseadas na reassociação do ADN-ADN e presença de múltiplas
cópias de IS711 sugeriram que o isolado era uma “brucella like organism”, mas a
determinação da espécie, através de dados moleculares baseados no sequencionamento do
16S rARN e na análise sequencial multilocus, demonstraram que a linhagem BO1 era uma
cepa incomum, atípica e nova de Brucella, pois não está relacionada as atuais espécies
descritas. Em 2010 esta linhagem foi incluída na “List of Prokaryotic names with Standing
in Nomenclature” com a denominação de B. inopinata (brucela não esperada).
Tiller e colaboradores, em 2010, descreveram o isolamento e identificação de uma
bactéria incomum, Gram negativo, imóvel e “Brucella like organism” (BO2) isolado de
uma biopsia pulmonary de um homem com doença pulmonar crônica com 52 anos, na
Austrália. As caractarísticas bioquímicas e moleculares características da amostra BO2
demonstraram similaridade com a amostra BO1 descrita como B. inopinata.
Em 2009, Natalia E. Schlabritz-Loutsevitch e colaboradores, nos Estados Unidos
(Texas), descreveram e relataram, pela primeira vez, um novo isolado de Brucella
associado a dois casos de morte neonatal em primatas (babuínos). As amostras do útero
isoladas foram caracterizadas, utilizando os testes bioquímicos tradicionais, PCR e
sequenciamento de multilocus. Os isolados se assemelham morfologicamente a Brucella
embora suas caracteristicas não fossem consistentes com qualquer espécie descrita.
BRASIL
No Brasil, Gonçalves Carneiro, em 1913, relatou, pela primeira vez, um caso de
brucelose no homem. Desde lá, vários inquéritos epidemiológicos revelaram a presença da
enfermidade nos animais domésticos em todo o país. A brucelose bovina causada pela B.
abortus é a mais prevalente das infecções brucélicas no Brasil, seguida da B. suis em
suínos. A B. melitensis e a B. neotomae não foram isoladas/identificadas no país (Poester et
al., 2002).
Em 1977, um levantamento nacional estimou a prevalência para cada região do país.
Neste estudo a região Norte obteve uma prevalência de 4,1%; a região Nordeste com 2,5%;
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a região Centro-Oeste com 6,8%; Sudeste com 7,5% e região Sul com 4%. (Brasil, 1977).
Em 2001, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) instituiu o
Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose e Tuberculose (PNCEBT) que
definiu estratégias no controle da brucelose bovina no Brasil (Instrução Normativa 2004).
Os inquéritos sorológicos realizados no período compreeendido entre 2001 e 2004, nos 13
estados (BA, ES, GO, MG, MT, PR, SC, RJ, RS, SP, SE, TO e DF) constataram que a
infecção está disseminada em todas as áreas estudadas e que a situação é desigual entre os
estados e mesmo entre regiões de um mesmo estado. Detectou-se uma tendência de
crescimento da brucelose bovina no país (Centro-Oeste / Norte) com elevação nos estados
com muita tradição na pecuária de corte. Mato Grosso apresentou aumento da prevalência
quando comparado ao último levantamento da situação nacional realizado em 1975
(Anselmo e Pavez, 1977). Outros estados diminuíram sua prevalência, especialmente os
estados de Minas Gerais e Santa Catarina que apresentou os menores índices do Brasil
(Lage et al. 2008).
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO GÊNERO
Cocos, cocobastonetes ou bastonetes curtos com 0,5-0,7 de diâmetro e 0,6-1,5µm de
comprimento; arranjos individuais, aos pares, cadeias curtas ou mesmo em pequenos
grupos; acapsulados; não possuem coloração bipolar verdadeira; não possuem esporos;
Gram negativas; imóveis; não flagelados; aeróbias, possuindo metabolismo do tipo
respiratório; possuem sistema citocromo, e como aceptor final de elétrons, oxigênio ou
nitrato e, sendo assim nitrato redutase é produzida. Muitas amostras requerem CO2
suplementar para seu crescimento, especialmente no cultivo primário. As colônias, em agar
dextrose ou outro meio sem sangue são transparentes, elevadas, convexas com bordos
inteiros, lisos e com superfície brilhante. Possuem cor de mel quando iluminadas com luz
transmitida. Variantes rugosas de espécies lisas existem. Existem também espécies rugosas
estáveis com uma preferência por determinados hospedeiros (caninos e ovinos).
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A temperatura ótima de crescimento é de 37ºC. O crescimento ocorre entre 20ºC a
40ºC e o pH ótimo é entre 6,6 a 7,4; catalase positiva; geralmente oxidase positiva;
quimiorganotróficas. A maioria das cepas requer meios de cultivo seletivo e complexo,
contendo aminoácidos, tiamina, nicotinamida e íons de magnésio. Algumas cepas podem
ser induzidas ao crescimento em meio mínimo, contendo sais de amônio como única fonte
de nitrogênio. O crescimento é promovido pela adição de soro ou sangue, entretanto
hemina (Fator X) e nicotinamida adenina dinucleotídio (NAD Fator V) não são essenciais.
Produz ácido, mas não de carboidratos em meios convencionais, exceto para a B.
neotomae. Não produzem indol; não liquefaz a gelatina ou soro coagulado; não lisam
hemácias; não produzem metil carbinol (Teste de Voges-Proskauer); vermelho de metila
negativo; possuem antígenos intracelulares específicos para o gênero; são parasitos
intracelulares facultativos. São agentes infecciosos transmissíveis para muitas espécies
animais, e o homem.
TAXONOMIA
Classicamente, o gênero Brucella continha seis espécies, mas continua evoluindo.
Atualmente, novas espécies foram incluídas. Cada uma das espécies possui seus
hospedeiros preferenciais: B. abortus (bovinos); B. melitensis (caprinos e ovinos); B. suis
(suínos); B. canis (caninos); B. ovis (ovinos); B. neotomae (rato do deserto, Neotomae
lepida); B. microti (camundongo do campo, Microtus arvalis); B. ceti (cetáceos); B.
pinnipedialis (penípedes) e a B. inopinata (homem). Todas são importantes patógenos para
os animais (domésticos e silvestres) e o homem, causando uma doença que é denominada
genericamente de brucelose. Exceto a B. neotomae e a B. ovis, todas as demais são capazes
de infectar o homem. Novas espécies como B. pennipedialis dos penípedes; a B. ceti dos
cetáceos e a B. microti do roedor Microtus arvalis, e a B. innopinata isolada do homem
foram incluídas recentemente no gênero.
As alterações causadas pela brucelose são encontradas nos órgãos reprodutores e
sistema microcítico fagocitário (retículo-endotelial). As lesões no trato reprodutor incluem
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placentites e/ou abortamentos (bovinos, ovinos, suínos e caprinos) que levam à
infertilidade, associadas às perdas econômicas importantes.
A facilidade com que algumas espécies do gênero Brucella podem ser transmitidas
(direta ou indiretamente) aos animais e ao homem mostra a importância do controle desta
enfermidade.
As características morfotintoriais e culturais não são suficientes para diferenciar as
espécies novas e clássicas, assim como os seus vários biovares. Pode não ser correto
associar o isolamento de uma espécie ou biotipo a um hospedeiro, muito embora, cada
espécie tenha certa predileção por certos hospedeiros, conforme o Quadro I.
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Quadro I. As principais espécies de Brucella spp e seus hospedeiros preferenciais
Espécie(s)
Hospedeiro Preferencial
Hospedeiros secundários
_____________________________________________________________________________
Bovinos
B. abortus
B. melitensis**
B. suis
Ovinos
B. melitensis**
B. abortus
B. ovis (Epididimite)
Caprinos
B. melitensis**
B. abortus
Eqüinos
B abortus
B. suis
Suínos
B. suis
B. melitensis**
B. abortus
Caninos
B. canis
B. abortus
B. melitensis**
B. suis
Homem
B. abortus
B. canis
B. melitensis**
B. suis
B. inopinata**
?
B. ceti**
B.pinnipedialis**
?
B. neotomae**
?
B. microti**
?
Cetáceos
B. ceti**
?
Penípedes
B. pinnipedialis**
?
Roedores
(Neotoma lepida)
Camundongo campo
(Microtus arvalis)
** Até o presente momento, não há isolamento dessas espécies do gênero Brucella no Brasil.
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DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
O diagnóstico laboratorial é complexo, pois exige equipamento, meio e pessoal
qualificado. As características diferenciais entre diferentes espécies clássicas e seus
biovares do gênero Brucella é mostrado no Quadro II abaixo.
Quadro II. Características diferenciais entre espécies/biovares clássicas do gênero Brucella
__________________________________________________________________________________
C r e s c i m e n t o em c o r a n t e s
A g l u t i n a ç ã o do s o r o
Espécies
Biovar
CO2 H2S
Tionina
Fucsina básica
A
M
R
_________________________________________________________________________________
B. melitensis 1
n
n
+
+
n
+
n
2
n
n
+
+
+
n
n
3
n
n
+
+
+
+
n
B. abortus
1
2
3
4
5
6
7
9
(+)
(+)
(+)
(+)
n
n
+/n
+
+
+
+
n
n
+
+
n
n
+
n
+
+
+
+
+
n
+
(+)
+
+
+
+
+
+
+
n
n
+
+
n
n
n
n
+
+
n
+
+
n
n
n
n
n
n
n
n
B. suis
1
2
3
4
5
n
n
n
n
n
+
n
n
n
n
+
+
+
+
+
n
n
+
(-)
n
+
+
+
+
n
n
n
n
+
+
n
n
n
n
n
B. canis
n
n
+
(n)
n
n
+
B. ovis
+
n
+
n
n
n
+
B. neotomae
n
+
(n)
n
+
n
n
Obs. * n = negativo-
+ = positivo
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Brucella abortus
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Brucelose bovina
Brucelose equina
INTRODUÇÃO
O isolamento de Brucella abortus foi obtido nas diversas populações bovinas
distribuídas pelo mundo, embora sejam raros em países onde programas de controle e
erradicação foram bem sucedidos.
MORFOLOGIA E COLORAÇÃO
A B. abortus é um bastonete curto ou cocobacilo, medindo 0,5 a 0,7 por 0,6 a
1,5µm. Os bastonetes são tão curtos que podem ser confundidos com cocos. Eles estão
presentes em arranjos individuais ou cadeias curtas. A B. abortus por ser um parasito
intracelular facultativa e frequentemente encontrada em aglomerados ou em esfregaços de
exsudatos. A B. abortus é Gram negativa, corando-se, com alguma dificuldade, pelos
corantes comuns. Ela não é álcool ácido resistente, mas pode resistir à descoloração com
alguns ácidos fracos; esta propriedade confere a base para algumas colorações especiais tais
como a coloração de Köster em que o organismo cora-se de vermelho vivo. B. abortus não
é móvel, não forma esporos e não possui cápsula bem desenvolvida. Entretanto, a presença
desta cápsula pode ser demonstrada em cepas isoladas, utilizando-se corantes especiais.
RESISTÊNCIA E SOBREVIVÊNCIA
As espécies são inativadas pela pasteurização entre 10 e 15 segundos; são destruídas
rapidamente pelos desinfetantes comuns como o cresol 3%; hidróxido de sódio a 2%;
compostos de ortofenóis 3-5%; mercuriais e álcool 70%.
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O crescimento de B. abortus fora da célula dos mamíferos hospedeiros não tem
importância na epidemiologia da doença, pois ela não se multiplica fora dos animais e
somente persiste no ambiente. A viabilidade dela fora do hospedeiro é influenciada pelas
condições ambientais. A sua viabilidade é aumentada em temperatura mais amena e
umidade, sendo diminuída quando há alta temperatura, luz solar direta e dessecamento,
como é demonstrado no Quadro II.
A resistência fora do corpo do hospedeiro é de aproximadamente: 5 dias à
temperatura ambiente; 30-37 dias quando secas lentamente no solo; 75 dias no feto
abortado em clima temperado. O tempo de sobrevivência nas fezes parece ter importância,
especialmente em muitos sistemas produtivos. O tempo de sobrevivência das fezes líquidas
varia, sendo dependente da temperatura de estocagem. Na temperatura de 45–50 ºC a
sobrevivência da B. abortus é de 4 horas, enquanto que na temperatura de 15ºC é de
aproximadamente 8 meses.
Quadro II. Sobrevivência da B. abortus, segundo o ambiente e o tempo
Ambiente
Tempo
Luz direta
4,5 h
Seco
4 dias
Úmido
66 dias
Frio
151 – 185 dias
Fluidas
8 –240 dias
Altas Temperaturas
2 dias
Solo
Fezes
Urina
5 dias
Água
Tratada
5 – 114 dias
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Poluída
Feto à sombra
30 – 150 dias
180 dias
OUTRAS FONTES DE INFECÇÃO
O papel dos touros na transmissão da B. abortus tem sido objeto de investigações. A
B. abortus pode causar orquite, epididimite e vesiculite seminal e a localização nesses
lugares resulta na eliminação do agente pelo sêmen. Seu potencial de transmissão está
associado ao método de reprodução (monta natural, I.A.) e, freqüentemente touros
infectados permanecem férteis.
Equídeos domésticos são susceptíveis à infecção com B. abortus havendo pouca
evidência que eles possuam um papel significante na epidemiologia da doença. A B.
abortus geralmente localiza-se na bursa, tendões, músculos e articulações assim como
tecidos e trato reprodutivo. O achado clínico clássico é o abscesso fistulado denominado
“Mal das cernelhas” ou “Mal das Cruzes”.
CARACTERISTICAS CULTURAIS E BIOQUÍMICAS
O crescimento pode ser aeróbio, mas muitas cepas necessitam tensão de CO2 para o
seu crescimento, especialmente no isolamento primário (B. abortus e B. ovis). A B. abortus
é catalase e oxidase positivas, produzindo H2S de proteínas ou peptídeos ricos em
aminoácidos e enxofre. Geralmente produz urease.
Os biovares foram classificados, segundo os testes:
1) Suscetibilidade aos corantes;
2) Necessidade de CO2;
3) Produção de H2S e
4) Presença do antígeno de superfície A (abortus) ou M (melitensis)
A B. abortus não é hemolítica, não liquefaz a gelatina e não produz ácido a partir da
glicose ou outro carboidrato, possuindo um padrão de oxidação de substrato.
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O crescimento de B. abortus é incrementado pela adição de sangue ou soro. Meios
com composição complexa como soro dextrose agar ou Albimi Brucella agar ou caldo
devem ser utilizados no isolamento primário e/ou na manutenção de cepas.
Antimicrobianos podem ser adicionados ao meio básico (polimixina B 5.000 UI/L;
bacitracina 25.000 UI/L; ciclohexamida 100 mg/L; ácido nalidíxico 5 mg/L; nistatina
100.000UI/L e vancomicina 20 mg/L), inibindo o crescimento de contaminantes em
amostras de placenta, secreções vaginais, leite ou fluido do abomaso de fetos abortados.
As colônias da B. abortus no isolamento primário são de crescimento lento e
raramente visível antes das 48 horas. Elas atingem o crescimento máximo após 5 a 7 dias a
37ºC. A colônia isolada pode ser lisa, caracterizado por serem convexas; redondas com o
bordo inteiro; podem estar dissociadas ou rugosas, caracterizadas por serem colônias
chatas, grandes com aparência granular e opacas. O crescimento é esparso no meio fluido.
A quantidade de C+G do ADN é de 57%. A B. abortus mostra 100% de homologia com as
outras brucelas, exceto a B. ovis.
FAGOTIPAGEM
A fagotipagem é utilizada para identificar diferentes espécies de Brucella spp,
incluindo as amostras de B. abortus. Os fagos utilizados na rotina são Tb, Wb, Fi, Bk2 e R.
A diluição do fago é conhecida como RTD (“Routine Test Dilution”) que corresponde a
104-105 unidades formadoras de placas por mililitro (UFP/mL). O RTD é o número mínimo
de fagos responsável pela lise confluente numa cepa propagante. Os procedimentos para
fagotipagem foram descritos em detalhes por Corbel e Hendy (1985). A fagotipagem é uma
ferramenta rápida e segura na identificação de espécies do gênero Brucella.
ANTÍGENOS
A parede celular da B. abortus consiste de uma camada externa de
lipopolissacarídio na qual a cadeia de polissacarídeos fica exposta. A cadeia de
polissacarídeo possui os antígenos de superfície principais (A ou M), os quais estão
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envolvidos na aglutinação. Estes antígenos da B. abortus nas cepas lisas estão relacionados
com antígenos de superfície encontrados na Yersinia enterocolitica 09, sendo fonte de
confusão na interpretação de testes sorológicos para a brucelose.
As proteínas da parede celular estão agrupadas em 3 categorias de acordo com o
peso molecular (SDS-PAGE). As proteínas possuem: a) 8.000 a 94.000D; b) 35.000 a
40.000D (porinas) e c) 25.000 a 30.000D. O antígeno protéico provavelmente estimule a
reação de hipersensibilidade retardada, provavelmente uma porina. Os antígenos
envolvidos na resposta celular não estão totalmente identificados.
EPIZOOTIOLOGIA
A B. abortus é um agente intracelular facultativo de bovinos e outras espécies,
sendo transmitida pela ingestão do alimento ou secreções contaminadas. A transmissão
venérea é possível, mas pouco comum. A transmissão congênita ou intramamária pode
ocorrer. Equinos, ovinos e cães podem infectar-se, mas a transmissão, nestas espécies, para
o hospedeiro primário é pouco provável. A doença é encontrada em todas as regiões
criatórias de bovino no mundo, exceto nas áreas onde os programas de erradicação tiveram
sucesso.
A B. abortus não é resistente à luz solar e à dissecação, sobrevivendo mais no
inverno do que no verão. Sobrevive no leite, mas é destruída pela pasteurização.
A brucelose bovina é endêmica no Brasil, estando presente e diagnosticada em
todos os estados, entretanto há grandes variações entre as estimativas dos estados. O
Ministério da Agricultura (MA), em 1975, num levantamento soroepidemiológico estimou
a prevalência da infecção brucélica em bovinos em 4,0% na região Sul; 7,5% na região
Sudeste; 6,8% na região Centro-Oeste; 2,0% na região Nordeste e 4,1% na região Norte
(Anselmo e Pavez, 1977; Poester et al., 2002). Outros estudos, realizados principalmente na
década de 80 não detectaram mudanças significativas comparadas à estimativa da década
anterior. No começo da década de 1990, Minas Gerais iniciou uma campanha de vacinação
compulsória de terneiras com a B19 em todo o estado. Além de Minas Gerais, o Rio
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Grande do Sul era o único estado que possuía um programa de vacinação ativo, mas com
menores índices de cobertura vacinal (Paulin e Ferreira Neto, 2003).
No Rio Grande do Sul, os levantamentos regionais revelaram que a situação pouco
mudou nos últimos anos. O programa bem sucedido de vacinação contra a brucelose bovina
fez baixar a prevalência de 2% para 0,6% em 1986. O último levantamento, realizado em
2006, revelou uma prevalência ao redor de 1% com variações, segundo a região do Estado.
Segundo os dados oficiais, a prevalência da brucelose bovina no Brasil variou entre 4 e 5%,
no período de 1989-1998 (Brasil, 2001).
Os estudos brasileiros mostraram que foram isoladas e identificadas a B. abortus
biovares 1, 2, 3 e 6 e a B. suis (Garcia-Garrillo, 1987; Langenegger et al., 1975). Giorgi et
al. (1972), em São Paulo, isolaram 23 amostras de B. abortus e B. suis de bovinos, suínos e
equinos. No Rio Grande do Sul, Poester (1974; 1977) isolou B.abortus biotipo 1 e B. suis
de bovinos, equinos e suínos. No Rio de Janeiro, Langenegger et al. (1975), isolaram e
identificaram 10 amostras B. abortus, sendo 4 cepas de B. abortus biotipo 1 e 6 do biotipo
3 de bovinos em matadouro. A maioria dos casos de brucelose humana está ligada a
atividade profissional do trabalhador e essencialmente relacionada com o magarefe.
A prevalência da infecção humana ou animal muito provavelmente esteja
subestimado, pois são reduzidos os trabalhos disponíveis. Em Minas Gerais, Godoy et al.
(1977) estimaram prevalência de 0,28% de reagentes dentre 9.360 amostras de doadores de
sangue. Barufa (1978), no Rio Grande do Sul, evidenciaram que a enfermidade era mais
frequente em pessoas da zona rural; mais frequente no homem do que na mulher e que o
consumo de queijo não pasteurizado seria a fonte de infecção para o homem.
Nos Estados Unidos, 85% das infecções em bovinos são causadas pelo biótipo 1; as
remanescentes pelos biótipos 2 e 4. As propriedades de maior tamanho provavelmente
possuem maiores infecções maiores pela manutenção de animais, latentemente infectados.
O uso de áreas de pastejo comunitárias pode ser um fator na transmissão de B. abortus
entre as propriedades. Há casos de infecção por B. abortus em várias espécies silvestres
como bisões, cervídeos e alces. O convívio destas espécies com bovinos aumenta a
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possibilidade de infecções cruzadas, representando uma via pouco frequente. Na África, a
situação é bem diferente, ocorrendo casos de brucelose bovina devido à transmissão,
através dos animais silvestres.
Os animais pré-púberes são geralmente resistentes à infecção, mas há um aumento
da suscetibilidade à infecção com o amadurecimento sexual e prenhez. A infecção da
bezerra (terneira) pode ocorrer no útero da mãe ou pela ingestão de leite contaminado.
Animais expostos podem desenvolver infecções latentes que não são detectáveis, através de
testes sorológicos. A freqüência de tais infecções está estimada em 2 a 3 % dos animais
expostos. Os animais com infecção latente podem permitir a transmissão da infecção ao
produto e disseminar a brucelose em uma propriedade (tida como) indene. Nos machos, os
casos de epididimites e orquites são relativamente comuns, podendo assim, transmitir a
brucelose, através do sêmen contaminado.
A principal porta de entrada da B. abortus é a mucosa oral de terneiros ou terneiras
que ingerem leite contaminado; nasofaringe e a mucosa conjuntival e, mais raramente, o
trato genital de machos e de fêmeas. Sob condições experimentais, o organismo penetra na
pele íntegra de cobaias, suínos e bovinos. Após a penetração a B. abortus dirige-se ao
linfonodo regional e, posteriormente à corrente sanguínea. A fase de bacteremia resulta na
disseminação do organismo ao úbere, útero e linfonodos associados.
A B. abortus é um microrganismo intracelular facultativo, podendo sobreviver e
multiplicar-se em macrófagos e células epiteliais. A sobrevivência nas células fagocíticas
do hospedeiro, em parte, está relacionada à falha do organismo em estimular um nível
efetivo de desgranulação após a entrada do agente. Este efeito é mais aparente em B.
abortus com variantes lisas do que nas rugosas. A B. abortus possui uma resistência natural
à morte intraleucocitária. O agente prolifera maciçamente em células com altos níveis de
eritritol, como aquelas encontradas no trato genital de fêmeas prenhe e macho. As bactérias
penetram nas células epiteliais do córion e proliferam, produzindo placentite e endometrite
com ulceração da camada de revestimento do útero.
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As lesões no feto incluem: edema, congestão pulmonar, hemorragias do epicárdio e
da cápsula esplênica. A morte fetal segue, mas não é certo que seja devido à endotoxinas da
B. abortus ou interferência da função placentária. A presença dos organismos induz
inflamação das membranas, interferindo com a circulação do feto e pode explicar o porquê
do aborto. O feto morre por falta de aporte nutricional. O organismo é encontrado no
estômago e pulmões do feto abortado. O aborto, geralmente ocorre no terço final da
prenhez. Após o parto ou aborto a B. abortus está presente nas descargas uterinas por
poucos dias, sendo gradualmente eliminada do trato reprodutivo. A infecção pode ser
mantida no sistema microcítico fagocitário e úbere. Grande número de bactérias é
eliminado no leite e fonte de infecção para bezerros (terneiros) e para o homem. A maioria
dos infectados permanece portador pela vida, eliminando o organismo no exsudato e no
leite, após cada parto. A B. abortus pode ser detectada nos linfonodos do trato digestivo e
baço de animais infectados, podendo ser isolada do sangue e de higromas do joelho. O
higroma da articulação do joelho possui alta correlação com abortos causados por B.
abortus em animais no continente africano, onde um grande número de organismos
virulentos está presente no fluido.
B. abortus pode infectar equinos em menor frequência do que em bovinos. Nos
equinos, as localizações preferenciais são: bursas, articulações ou bainhas tendíneas, e tem
sido encontrada em bursites supra-atlantal, bursites supra-espinosa e em cernelhas
fistulosas (Mal das cernelhas). Esta bactéria pode também infectar ovinos, caprinos e
suínos, mas numa frequência menor.
IMUNIDADE
A B. abortus é parasito intracelular facultativo, podendo escapar do efeito
bactericida do anticorpo ou complemento presente no plasma. A imunidade protetora
depende principalmente da resposta celular em que a atividade lítica dos macrófagos é
iniciada, após a ativação das linfocinas pelos linfócitos T. A opsonização pelos anticorpos
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facilita a entrada da bactéria nos macrófagos, aumentando a possibilidade da morte
bacteriana intracelular.
As bactérias multiplicam-se mais lentamente nos macrófagos de animais vacinados
do que em animais controle não vacinados. O anticorpo humoral é pouco correlacionado
com a imunidade protetora. Fêmeas vacinadas com B19, quando (bezerras) terneiras,
mostram-se resistentes ao desafio, após os títulos caírem a níveis abaixo dos detectáveis.
Entretanto, grandes doses de soro hiperimune podem interromper a difusão de Brucella spp
nos animais infectados. Após a infecção, aglutininas da classe IgM são as primeiras
imunoglobulinas a aparecerem no plasma, atingindo o seu pique em 2 semanas.
Os
anticorpos IgG aparecem um pouco mais tarde, superando os títulos de IgM em 4 a 6
semanas e, permanecendo como anticorpos dominantes. Bovinos infectados possuem altos
títulos de IgG. Estes anticorpos aglutinantes não possuem atividade opsonizante e nenhum
efeito sobre a eliminação do organismo. Em bezerras vacinadas com a B 19, a produção de
IgM aumenta rapidamente. O anticorpo IgG1 eleva-se mais lentamente, não atingindo altos
níveis, nem persistem por muito tempo. Os anticorpos de IgG1 são muito mais baixos nos
animais vacinados do que dos animais naturalmente infectados.
DIAGNÓSTICO
A infecção causada pela B. abortus pode ser detectada, através do: a) diagnóstico
bacteriológico; b) diagnóstico sorológico e c) diagnóstico molecular.
Diagnóstico bacteriológico
O isolamento da B. abortus é obtido pelo cultivo no meio base (agar Triptose ou
agar Albimi) com a adição de soro e ATMs. O cultivo é incubado à 37ºC em uma atmosfera
de 10 % de CO2, durante, pelo menos, 4 dias.
As amostras podem ser obtidas de feto abortado; placenta; exsudato uterino; leite e
abscessos. A prova biológica consiste na inoculação de tecidos ou fluidos macerados em
cobaias, devendo ser sacrificados 3 a 6 semanas, mais tarde. O soro é testado para a
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presença de anticorpos e os órgãos como o baço, fígado, linfonodos regionais e testículos
devem ser cultivados para o re-isolamento de B. abortus.
O exame direto de tecidos pode ser realizado pela IF (Imunofluorescência) ou pela
imunoistoquímica. Estas técnicas podem ser importantes, especialmente em amostras
contaminadas (membranas fetais, cotilédones, secreções vaginais ou fetais), apesar de ser
pouco utilizada na prática.
Diagnóstico sorológico
Os testes sorológicos para diagnóstico da brucelose tiveram inicio, em 1897, com o
desenvolvimento do teste de aglutinação de Wright (Wright e Smith, 1897). Problemas de
reações sorológicas positivas resultantes de exposição a outras bactérias ou reações
cruzadas foram detectados. Desde então, melhores testes têm sido desenvolvidos e muitos
destes são utilizados mundialmente. Raras enfermidades infecciosas apresentam tanta
variedade diagnóstica como a brucelose. Estes métodos incluem testes aplicados no soro,
no sangue total, no muco vaginal, no plasma seminal, no leite dessorado ou no leite total.
O diagnóstico da brucelose, de um modo geral, enfrenta situações específicas e
próprias que podem interferir com o desempenho dos testes aplicados (sensibilidade e
especificidade). Reações inespecíficas são atribuídas a anticorpos naturais ou a produtos
catabólitos de organismos que compartilham antígenos de estruturas semelhantes às da
Brucella. Reações cruzadas com outros microrganismos como: Salmonella urbana,
Escherichia coli O:116 ou O:157, Stenotrophomonas maltophilia e Yersinia enterocolitica
O:9 são alguns desses exemplos.
A membrana externa da brucela lisa é composta de fosfolipídios, proteínas e LPS-S.
A maioria dos testes sorológicos, particularmente aqueles que utilizam suspensão de
bactérias íntegras como o teste de soro-aglutinação lento (SAL) em tubo; o teste do
Antígeno Acidificado Tamponado (AAT) e o teste de Fixação do Complemento (FC); a
maioria dos testes de ELISA e o Teste do Anel em Leite (TAL) foram desenvolvidos para
detectar anticorpos contra a cadeia O do LPS-S.
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Estes testes são úteis em levantamentos, campanhas em larga escala e em programas
sanitários de controle e erradicação com fins comerciais, muito embora outros testes como
ELISA não sejam oficialmente reconhecidos no Brasil, no contexto do Programa Nacional
de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT). Alguns destes testes são
aplicados como teste de triagem por serem baratos, simples, com alta sensibilidade,
seguidos de testes confirmatórios mais específicos.
Teste do Antígeno Acidificado Tamponado (AAT)
O teste do AAT é uma modificação do teste de aglutinação em placa. O antígeno é
corado pelo Rosa de Bengala e tamponado a um pH de 3,65. Neste pH as “aglutininas não
específicas” são inativadas o a IgG dos animais infectados, aglutinam fortemente. Iguais
volumes de soro e antígeno (30μl) são misturados; agitados por 4 minutos e observados em
caixa com iluminação indireta. O teste é barato e simples de realizar. Apesar de melhorar a
especificidade num pH ácido, resultados falso-positivos podem ocorrer, geralmente devido
a presença de IgM devido a vacinação pela B19.
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1) B. abortus; 2) B. canis; 3) B. ceti; 4) B. melitensis; 5) B. microti*; 6) B. neotomae; 7) B. ovis; 8)
B. pinnipedialis; 9) B. suis biovar 1; 10) B. suis biovar 2; 11) B. suis biovar 3; 12) B. suis biovar 4;
13) B. suis biovar 5.
Espécies
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
+****
+
+
+
+
+
-
+
+
+
+
+
+
VP
-
-
-
-
+
-
-
-
-
-
-
-
-
Fago Tb**
(Tbilisi)
+
-
-
-
-
d
-
-*****
-
-
-
-
-
Fago Wb**
(Weybridge)
+
-
+
-
+
+
-
+
+
+
+
+
+
Fago Iz**
(Izatnagar)
+
-
+
+
+
-
+
+
+
+
+
+
Fago** R/C
-
+
-
-
-
+
-
-
-
-
-
-
L-Alanina***
+
-
-
+
-
d
-
d
-
d
-
-
L-Arabinose***
+
-
+
-
+
-
-
+
+
-
-
-
L-Arginina***
-
+
-
-
-
-
-
+
+
+
+
+
LAsparagina***
+
-
-
+
+
+
-
-
d
-
-
d
MesoEritritol***
+
d
d
+
+
-
+
+
+
+
+
+
D-Galactose***
+
-
+
-
+
-
-
+
+
-
-
-
L-Acido
glutâmico***
+
+
+
+
+
+
+
d
+
+
+
+
L-Lysina***
-
d
-
-
-
-
-
+
d
d
d
d
DL-Ornitina***
-
+
-
-
-
-
-
+
+
+
+
+
D-Ribose***
+
+
+
-
d
-
+
+
+
+
+
+
D-xilose***
-
-
+
-
-
-
-
+
d
d
d
d
Hospedeiro
preferencial
Bov
Pin
Sui
8
9
Urease
Espécies
1
Can Cet Cap Mar Nle Ov
2
3
4
5
6
7
Sui,
Sui Ren Ren
Leb
10
11
12
13
1) B. abortus; 2) B. canis; 3) B. ceti; 4) B. melitensis; 5) B. microti*; 6) B. neotomae; 7) B. ovis; 8)
B. pinnipedialis; 9) B. suis biovar 1; 10) B. suis biovar 2; 11) B. suis biovar 3; 12) B. suis biovar 4;
13) B. suis biovar 5.
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Fixação do Complemento
Este teste é considerado como o teste confirmatório na detecção sorológica de
anticorpos de animais infectados. Ele foi modificado, padronizado e adaptado ao sistema de
microplacas (Alton et al. 1988; Anon, 2000). Ao contrário do teste SAL, os títulos não
diminuem quando a doença torna-se crônica. Os resultados são expressos em unidades
internacionais (UI) e, apesar de não estar padronizado no Brasil, o ponto de corte é definido
por alguns países em 20 UI que é aplicado rigorosamente onde a B19 não tiver sido
utilizada por muitos anos. A sua aplicação é restrita em países que aplicam a B19 como a
África do Sul que frequentemente tem problemas com um número inaceitável de falsopositivos, pois a vacinação induz a títulos significantes. É necessário treinamento e
experiência para certificar como livres de brucelose, quando rebanhos ou animais
individualmente são positivos ao teste.
Os títulos vacinais tendem a declinar mais rápido do que aqueles devido à infecção
com cepas de campo. O declínio de títulos é também dependente da idade de vacinação dos
animais. Existe uma dificuldade na diferenciação das reações vacinais das causadas por
cepas selvagens, não existindo nenhuma prova sorológica capaz de diferenciar títulos
vacinais de infecciosos. A vacinação de novilhas e animais adultos pode resultar em muita
confusão na interpretação de testes laboratoriais, sendo essencial o registro de vacinações e
de datas de nascimento para permitir a correta interpretação dos resultados do testes de FC.
Este teste é preconizado em bovinos para comércio internacional.
Teste de Soroaglutinação lenta (SAL)
O teste de soro-aglutinação em tubo (SAL) foi, no passado, utilizado nos programas
de erradicação da brucelose em muitos países. O antígeno e as condições do teste foram
padronizados internacionalmente. O teste é realizado em pequenos tubos e com diluições
seriadas do soro. A aglutinação completa na diluição 1:100 ou maior é considerada
positiva. Mais tarde, este teste foi adaptado como teste de SAR (soro aglutinação rápida) e
hoje não é mais utilizado.
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Em alguns países, o teste de SAL foi, e ainda é utilizado, associado ao teste do 2mercaptoetanol (2ME), como teste confirmatório nos programas de erradicação e controle
da brucelose. Ele é considerado como de alta especificidade quando associado ao 2ME e
alguns autores desencorajam o seu uso isoladamente, especialmente para propósitos
comerciais.
Aglutininas não específicas no soro são diminuídas pela adição de EDTA, sem a
redução nos títulos de B. abortus de animais infectados. O teste de SAL-EDTA é um teste
muito mais específico e particularmente útil na detecção de infecções novas,
particularmente naquelas com duas semanas de curso como demonstradas em condições
experimentais, mas sua utilidade em rebanhos que estão cronicamente infectados é mais
limitada, pois alguns animais infectados poderiam ser classificados como negativos pelo
teste, pois a infecção está na fase crônica. O teste de SAL é ainda muito útil como teste
suplementar para indicar os níveis de anticorpos IgM, a imunoglobulina após a vacinação
com a B19, mas não serve como indicador de infecção ou vacinação.
O teste do 2-Mercaptoetanol (2ME)
É um teste utilizado em paralelo com a prova lenta que por sua seletividade apenas
para IgG é empregado como teste complementar aos testes de triagem. Os anticorpos da
classe IgM degradam-se em presença de substâncias, contendo radicais tiol como o 2ME.
Desse modo, as amostras de soro com predomínio de IgM apresentam-se negativas ao 2ME
e positivos à prova lenta. Este mesmo resultado pode ser interpretado como resultado
inconclusivo. Se os 2 testes forem positivos com predomínio de IgG, eles podem indicar
infecção.
O teste de ELISA indireto (ELISAi)
O teste de ELISA indireto (ELISAi) possui uma sensibilidade semelhante à do
AAT, porém menor que a FC. O teste ELISA foi o teste substituto do AAT por estar
padronizado e sua leitura feita por espectrofotômetro ao invés de visual. Deve-se ter
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cuidado ao empregar-se esta técnica em rebanhos vacinados com B19, pois muitos
resultados falso-positivos podem ocorrer. O teste tem sido indicado para o comércio
internacional de bovinos pela OIE (Anon, 2000).
O teste de ELISA competitivo (ELISAc)
A base deste teste foi o uso de anticorpo monoclonal seletivo (Mab) que compete
com o anticorpo a ser testado. O ELISAc utiliza um Mab específico para um dos epitopos
da B. abortus (cadeia O) e que por isso possui maior especificidade do que o ELISA
indireto. O ELISAc foi capaz de eliminar em parte, os problemas de reações pós-vacinais
(B19) ou com outras bactérias. Infelizmente, o ELISAc resolve apenas parcialmente este
problema. Ainda persistem os anticorpos após a infecção com Yersinia enterocolitica O:9 e
pela vacinação com B19. Entretanto, a atividade do anticorpo residual devido à vacinação
ou reação cruzada foi menos persistente neste teste do que com os outros testes. É
recomendado como teste alternativo no comércio internacional de bovinos pela OIE (Anon,
2000)
Ensaio da Polarização Fluorescente (EPF)
O ensaio de polarização fluorescente é uma técnica rápida e simples para mensurar a
interação antígeno-anticorpo, sendo útil tanto no laboratório quanto em trabalhos de campo.
O mecanismo do teste é baseado na velocidade de rotação aleatória das moléculas em
solução. Moléculas menores apresentam maior velocidade e vice-versa. O antígeno,
conjugado com fluorcromo de baixo peso molecular (um fragmento do polissacarídeo O da
B abortus) é adicionado ao soro ou outro fluido a ser testado. Se o anticorpo estiver
presente, há a ligação com o antígeno marcado, causando uma diminuição de taxa de
rotação que pode ser medida por um equipamento de luz polarizada. O EPF tem
apresentado bons resultados em trabalhos experimentais. Este teste é recomendado como
uma alternativa para o mercado internacional de bovinos, pela OIE.
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Teste do Anel em Leite (TAL)
O teste do anel em leite (TAL) foi utilizado na detecção de anticorpos no leite. O
desenvolvimento de reação positiva depende de duas reações:
a) Glóbulos de gordura no leite são aglutinados pelos anticorpos no leite
(aglutininas/glóbulos de gordura)
b) Brucelas coradas pela hematoxilina (antígeno) que são adicionadas ao leite e que
formam um complexo antígeno/anticorpo e glóbulos de gordura que ascendem à superfície,
formando uma camada colorida no topo do tubo de teste.
O teste foi utilizado com teste de detriagem pela sensibilidade e versatilidade, pois
pode detectar a infecção brucélica nas amostras de leite (tarro ou de tanques) de rebanhos
com animais infectados, nos indivíduos infectados de um rebanho ou no monitoramento de
rebanhos livres. A sensibilidade é reduzida quando aplicada em rebanhos grandes com
poucos reagentes. Entretanto, a perda na sensibilidade em rebanhos grandes com 150 ou
mais animais pode ser contrabalançada pelo aumento na proporção do leite em relação ao
antígeno adicionado à amostra. Apesar de sua reduzida sensibilidade em grandes rebanhos,
o TAL tem tido sucesso no monitoramento de rebanhos leiteiros livres de brucelose. Após
um teste positivo no tarro, as vacas que contribuíram com esse leite devem ser
individualmente testadas pela sorologia, na identificação das fêmeas infectadas.
O TAL tem desvantagens como resultados falso-positivos incluindo
1-Prevalência alta de mastites;
2-Proporção alta de vacas no início e fim de lactação;
3-Vacinação recente com B19 (3-4 meses);
4-Leite congelado.
As amostras de leite podem ser preservadas para o TAL pela adição de 0,5 mL de
solução de formalina (7,5 mL de 37% de formaldeído em 1 litro de água destilada) para 10
ml de leite se o teste for realizado muito longe.
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No TAL o antígeno é uma suspensão morta de B. abortus, coradas pela
hematoxilina. Leite fresco misturado ao antígeno na proporção de 1 mL do leite para cada
gota de antígeno. A mistura é incubada a 37ºC, durante 1 hora. Caso seja positiva, a reação
apresentará agrupamentos de organismos na porção superficial, levados pelos glóbulos de
gordura. Assim, um teste positivo é evidenciado pela formação de um anel de coloração
violeta azulada na porção superior do tubo. A duração e temperatura na qual as amostras
são estocadas podem causar reações falso-positivas (em particular temperaturas maiores de
45º C por 5 min). As amostras pasteurizadas não devem ser testadas pelo TAL.
Vários países têm substituído o TAL pelo ELISAi para o leite. Embora essa técnica
não esteja padronizada, ela é recomendada no comércio de bovinos pela OIE.
Diagnóstico molecular (PCR)
Numerosos ensaios, utilizando o PCR já foram desenvolvidos na identificação de
espécies do gênero Brucella spp, especialmente nos estudos epidemiológicos. Várias
estratégias têm sido exploradas na diferenciação de espécies de Brucella, incluindo “locus
specific multiplexing” como o baseado no IS711 (sequência de inserção); PCR-RFLP no
locus omp2. Infelizmente, não há técnica robusta o suficiente que permita a diferenciação
entre os diferentes biótipos. Inicialmente, esses ensaios foram dirigidos ao ADN purificado
de isolados cultivados, mas tão logo novas linhagens foram identificadas (no leite e queijo),
novos avanços permitiram a melhoria dessa técnica diagnóstica em laboratórios como a
remoção de inibidores da PCR.
TESTE DE SENSIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS
A B. abortus é sensível às gentamicinas, canamicinas, tetraciclinas e rifampicinas. A
tetraciclina é associada à estreptomicina no tratamento de brucelose humana. A combinação
de cotrimoxazol à rifampicina ou tetraciclina e estreptomicina à rifampicina também é
utilizada. A localização intracelular do organismo requer uma terapia prolongada. Bovinos
não devem ser tratados com ATMs.
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VACINAS
Há dois imunógenos importantes no controle da infecção por B. abortus: a vacina
elaborada com a amostra B19 e a vacina elaborada com a amostra RB51. As 2 vacinas são
vivas. A cepa 19 consiste de uma linhagem viável, caracterizada pela baixa virulência
(cobaias e bovinos) e excelente propriedade imunizante. Esta cepa possui grande
estabilidade. A sua virulência não foi alterada desde 1930, ano em que foi isolada pela
primeira vez. A cepa B19 é uma amostra lisa de B. abortus, levemente patogênica para
cobaias. Vacas prenhes podem abortar pela inoculação da vacina B19 e, nesse caso, o
organismo vacinal pode ser demonstrado com facilidade nas membranas fetais e feto. A
linhagem vacinal, raramente é eliminada pelo leite. Ela pode causar infecção no homem,
geralmente de forma leve, com período de recuperação mais curto do que infecções por
cepas virulentas. Esta vacina deve por isso ser manipulada com cuidado.
As terneiras (bezerras) devem ser vacinadas entre 4 e 8 meses de idade. A vacinação
nessa idade é recomendada para evitar a persistência de aglutininas e problemas no
diagnóstico mais tarde.
A cepa B19 protege da infecção por B. abortus cerca de 70% das vacas ou por 4 a 5
gestações, sendo mais efetiva na proteção de animais jovens de cria quando aplicada sob
bases populacionais. Animais adultos vacinados com a B19 são protegidos, mas
desenvolvem aglutininas, persistentemente. Há evidências de que se reduzirmos a dose
vacinal haveria uma menor persistência de aglutininas, mas esta prática não é recomendada
no Brasil. A vacinação de vacas no período de prenhez inicial com grandes doses (60
bilhões) de B19 produz uma alta probabilidade de infecção uterina. O risco é menor quando
a dose é reduzida (300 milhões).
A vacina elaborada com a cepa rugosa 45/20 de MacEwen não é mais empregada
em nosso meio, mas foi usada no Brasil e amplamente utilizada na Irlanda e outros países
europeus no controle da brucelose bovina, no passado. É uma vacina produzida com a
bactéria morta e com adjuvante oleoso.
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CONTROLE E PREVENÇÃO
As perdas econômicas advindas da brucelose, juntamente com o perigo de infecção
humana, impuseram o programa de controle e erradicação da doença. No Brasil, a perda
econômica com a brucelose bovina foi estimada, em 1971, como algo em torno de 32
milhões de dólares anuais (Poester et al., 2002). É muito provável que esses prejuízos
estejam subestimados e urge que façamos um levantamento da prevalência da brucelose em
todos os estados do Brasil. Assim poderíamos inferir nos prejuízos diretos e indiretos da
brucelose nos bovinos e em outros animais de produção.
Os princípios incorporados no PNCEBT foram dependentes das condições locais,
manejo e do número de animais envolvidos.
1) Animais infectados devem ser detectados, marcados e eliminados da propriedade.
A detecção é realizada pela sorologia ou ainda utilizando o Teste do Anel no Leite como
teste de triagem, seguido pelo teste de aglutinação de cada amostra animal com sacrifício
dos reagentes.
2) A vacinação obrigatória com B19 de terneiras (bezerras) entre 4-8 meses deve
aumentar a resistência dos animais. É importante esclarecer que no RS é aconselhado fazer
a vacinação de animais um pouco mais cedo, pois algumas raças européias ciclam com 5-6
meses de idade.
3) Princípios gerais de higiene são impostos na prevenção da infecção ou reintrodução da infecção. A doença desaparece dentro de 2 anos e, ao final de 5 anos, dos
animais com infecção crônica, se forem tomadas essas medidas,.
VACINA RB51
A amostra RB51 é uma amostra rugosa, estável e que não contém cadeia O no LPS
da parede celular e comporta-se bioquimicamente como a linhagem lisa 2308 em sua
utilização do eritritol, da qual foi originada. A RB51 induz a formação de anticorpos às
proteínas da membrana externa, mas não contra a cadeia O. Por esta razão pode ser
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aplicada em animais com qualquer idade, pois não interfere com os testes sorológicos. Ela
possui reduzida virulência para camundongos por ter um período curto de "clearence" no
baço, conferindo por isso imunidade ao camundongo imunizado e desafiado com B. abortus
2308. Esta vacina está sendo utilizada em vários países, inclusive no Brasil, pois não
interfere nos testes sorológicos tradicionais para detecção de anticorpos contra o LPS
(lipopolissacarídio) da cadeia O.
A vigilância de uma propriedade deve ser mantida por meio de testes sorológicos
periódicos; pelos testes nos animais comprados; pela ocorrência de sinais clínicos
compatíveis com a enfermidade e pelo exame sorológico de animais enviados ao
matadouro.
Quadro IV. Resultado dos testes, segundo a técnica AAT, 2ME de brucelose LABACVET-UFRGS, entre
2001 e 2010.
Ano
Amostras
AAT
2ME
% AAT
2001
1.745
222
148
12,7 66,6
8,4
2002
1.433
208
143
14,5
68,7
9,9
2003
535
126
70
23,5 55,5
13,0
2004
61
0
0
0
2005
212
27
2006
6
2
2007
86
16
2008
12
0
0
0
2009
65
14
21,5
21,5
2010
10
3
30
30
13
12,7
2ME
48,1
33,3
1
3
2011
Gênero Brucella spp
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18,6
6,25
% 2ME
6,1
?
1,1
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Quadro V. Amostras de soro trabalhadas no LABACVET-UFRGS entre 2001-2010
Ano
Bovino
Eqüino
Suíno
Caprino
Ovino
Canino
2001
1745
2002
1433
11
0
15
70
16
2003
535
2
0
31
120
25
2004
61
2
0
1
26
141
2005
259
5
1
63
220
79
2006
41
9
0
1
97
184
2007
88
50
0
56
53
424
2008
12
32
0
1
138
70
2009
65
25
0
49
141
31
2010
10
13
0
12
8
3
2011
2012
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Gênero Brucella spp
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Brucella ovis
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Brucelose Ovina
Epididimite Ovina
INTRODUÇÃO
A Brucella ovis causa uma enfermidade crônica nos ovinos e, caracterizada
principalmente por alterações testiculares com conseqüências sobre a fertilidade dos
carneiros, abortos ocasionais nas ovelhas e aumento da mortalidade de perinatal em
cordeiros.
HISTÓRICO
A B. ovis foi isolada, na Nova Zelândia, pela primeira vez, em 1952, por McFarlane
e colaboradores.
Na Austrália, Simmons e Hall, em 1953, isolaram e descreveram o organismo como
semelhante a “brucella like organism”.
Em 1953, Buddle e Boyes consideraram-na como uma mutante da Brucella
melitensis. Buddle propôs os nomes de Brucella ovis, tendo como base os antígenos de
superfície comuns entre a amostra e as amostras rugosas de B. abortus e B. melitensis.
Propôs também o nome da doença como “epididimite infecciosas dos carneiros”.
A homologia do DNA recentemente propôs a existência de uma única espécie, a B.
melitensis, no gênero Brucella e as demais espécies (de hoje) seriam biovares. Assim
teríamos B. melitensis biovar Ovis. Esta proposta, no entanto, não se concretizou na prática.
DISTRIBUIÇÃO
A infecção é cosmopolita, especialmente nos países onde há criação de ovinos. A
infecção é maior quando detectada pela primeira vez, podendo variar entre 20 a 60% dos
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carneiros e em 45 a 75% dos rebanhos testados. A prevalência é baixa, nos países onde há
programas de controle, entretanto a erradicação é difícil de ser alcançada.
A B. ovis produz doença clínica ou subclinica em ovinos que é caracterizada por
lesões genitais em carneiros e placentite nas ovelhas. A principal consequência da doença é
a redução na fertilidade dos machos, abortos esporádicos na fêmea e aumento da
mortalidade perinatal. A doença tem sido relatada na Argentina, Austrália, Brasil, Canadá
Chile, França, Alemanha, Hungria, México, Nova Zelândia, Peru, Romenia, Russia,
República Eslovaca, África do Sul, Espanha, Uruguai, EUA, mas provavelmente ela ocorra
na maioria dos paises produtores de ovinos.
IMPACTO ECONÔMICO
O impacto econômico é difícil de ser quantificado. No Brasil, sabemos que a
enfermidade causa prejuízo direto e indireto sobre a produtividade dos rebanhos infectados,
especialmente sobre a fertilidade de reprodutores ovinos (machos e fêmeas). Recentemente,
as autoridades governamentais brasileuras elaboraram um programa nacional de controle da
brucelose ovina para o Brasil, mas ainda não foi efetivamente implantado.
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS ECULTURAIS
A B. ovis é um cocobastonete ou bastonete Gram negativo; não encapsulado; não
forma esporos; possui tamanho de 0,5 a 0,7 de diâmetro e 0,7 a 1,2 μm de comprimento;
corados pela técnica de Stamp ou de Köster; cresce bem em meios básicos (Trypticase Soy
Agar, Blood Agar Base, Columbia Agar) enriquecidos com 5 a 10% de sangue ou soro ou
seletivamente isolada no meio de Thayer-Martin modificado. O crescimento necessita 10 a
20% de CO2 no cultivo primário, embora existam cepas CO2 independentes.
As colônias tornam-se visíveis após 3 a 5 dias de incubação a temperatura de 34–
37ºC. As amostras podem crescer a temperatura de 26ºC, mas as colônias aparecem em 610 dias. Colônias não são hemolíticas, são circulares, convexas, com bordos inteiros. São
positivas ao teste da acriflavina para colônias rugosas.
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CARACTERÍSTICAS BIOQUIMICAS
Perderam a atividade da urease e não reduzem nitrato a nitrito. São catalase
positivas e oxidases negativas. H2S negativas. Crescem nas concentrações de fucsina básica
e tionina. Oxidam: L-alanina, D-alanina, L-asparagina, D-asparagina, Ácido d-glutâmico,
DL-serina, e adonitol. Não oxidam: L-arabinose, D-galactose, D-glicose, D-ribose, mesoeritritol, D-xilose, L-arginina, DL-citrulina, DL-ornitina e L-lisina.
FAGOTIPAGEM
A B. ovis não é lisada pelos fagos: Tibilisi, Weybridge, M51-S708, Firenze, BK,
MC/75, D ou grupo R. No entanto é lisada pelo fago R/O, tanto na RTD (dose rotina de
teste) como 104 RTD. Não há biotipos reconhecidos.
TRANSMISSÃO
A principal forma de transmissão é por via venérea. A transmissão macho para
macho é possível em que machos infectados e animais susceptíveis compartilham o mesmo
espaço. Sodomia é outro meio de transmissão.
A maioria dos casos ocorre após a estação de monta ou acasalamento.
Indubitavelmente existem mecanismos complexos que não estão totalmente conhecidos,
mas a transmissão venérea passiva de macho infectado para macho suscetível via fêmea
infectada parece ser a mais importante forma de transmissão para manter e difundir a
doença. A probabilidade de infecção depende principalmente da via, da dose e das
características intrínsecas do animal, tais como idade e raça.
A infecção experimental no carneiro pode ser obtida de muitas formas: oral,
intravenosa, intratesticular, conjuntival, intraprepucial subcutânea, através de escarificações
da pele, intraretal, e intranasal. Embora não haja estudos comparativos, os melhores
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resultados foram obtidos, através da inoculação intraconjuntival, intraprepucial ou por
ambas simultaneamente. Doses de 5 X 108 – 1010 UFC de B. ovis são suficientes para obter
as taxas de infecção próximas a 100%. Se a idade afeta a susceptibilidade à infecção, isto é
alvo de controvérsia. A infecção tem sido demonstrada em carneiros com 4 meses de idade,
sugerindo que animais na puberdade ou logo após a ela são susceptíveis a B. ovis. Embora a
transmissão venérea pareça ser a principal forma de difusão, os animais adultos são mais
susceptíveis à infecção natural. Alem disso, a incidência de alterações testiculares e a
brucelose aumentam com a idade, estando relacionadas à experiência sexual dos animais.
Não há informações publicadas sobre o efeito da idade sobre a suscetibilidade à infecção
sobre condições experimentais.
SUSCEPTIBILIDADE AOS HOSPEDEIROS
As ovelhas, ao contrário dos carneiros, parecem ser resistentes à infecção. Poucas
fêmeas adquirem a infecção ativa com aborto e morte perinatal mesmo quando cobertas por
machos infectados. O mesmo acontece com a infecção experimental de fêmeas prenhes. A
infecção que ocorreu na primeira prenhez, dificilmente acompanha a seguinte. Cordeiros
nascidos de mães infectadas, dificilmente tornam-se infectados, mesmo ingerindo leite
infectado. Estas evidências demonstram que o papel das fêmeas na transmissão ativa da
infecção é menos importante.
Há muitas referências sugerindo que a susceptibilidade pode variar entre as raças de
carneiros. A raça Merina australiana parece ser menos infectada pela B. ovis do que as raças
britânicas no mesmo ambiente. A mesma observação tem sido feita, comparando raças
importadas com raças nativas. As raças nativas da Espanha e a raças derivadas da raça
Merina são mais resistentes à brucelose ovina do que as raças européias importadas.
Embora a resistência genética à doença possa ser importante, a suscetibilidade pode estar
relacionada à taxa de crescimento, precocidade e atividade sexual.
Infeção por outras espécies
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A B. ovis parece infectar exclusivamente ovinos, acomentendo essencialmente
carneiros. Não há relatos do isolamento da B. ovis no homem.
Há referências da infecção experimental de outras espécies animais. A inoculação
experimental da B. ovis no macho caprino leva à colonização genital e extragenital e
posteriormente ao desenvolvimento de lesões semelhantes àquelas observadas nos
carneiros. O manejo extensivo em que caprinos e ovinos coabitam pode facilitar a
transmissão de ovinos para caprinos e vice-versa. Entretanto, o isolamento de B. ovis de
casos naturais, em caprinos ainda não foi relatado. A infecção tem sido também
reproduzida nos cervos silvestres.
Animais de laboratório têm sido infectados por inúmeras vias com doses variando
entre 104 a 1011 UFC, mas com sucesso variável. Não há um modelo animal experimental
na pesquisa com B. ovis, embora coelhos, ratos, gerbil, hamster, camundongo e cobaias
tenham sido utilizados.
PATOGENIA
Há um longo período de latência antes de surgirem os sinais clínicos evidentes,
assim como a infecção causada por outras espécies de brucelas. Sob condições
experimentais, o agente permanece confinado aos linfonodos próximos ao local de entrada
por 2 a 3 semanas e então ocorre bacteremia.
Nos carneiros experimentalmente infectados, a bactéria tem sido isolada do fígado,
rins, baço, testículo, epidídimo, vesícula seminal, glândula bulbouretral, ampolas e
linfonodos ilíaco, pré-escapulares, pré-crural, submaxilar, parotídio e retrofaríngeo. Os
órgãos-alvo são epidídimo e glândulas sexuais acessórias com eliminação do agente,
através do sêmen, na maioria dos carneiros. Nos animais reagentes, geralmente o cultivo é
negativo, mas a bacteria pode estar localizada em outros órgãos. Essa hipótese é consistente
com o isolamento da B. ovis no baço e linfonodo ilíaco de animais experimentalmente
infectados e que não foram isoladas dos órgãos genitais e glândulas sexuais acessórias. A
localização no epidídimo é acompanhada por edema perivascular e infiltração dos
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linfócitos, monócitos e neutrófilos. Logo após a inflamação do epitélio tubular segue-se
uma hiperplasia papilar e degeneração hidrópica local com formação de cistos intraepiteliais. A destruição epitelial, tanto pela bactéria quanto pela reação inflamatória leva a
um extravasamento de espermatozóides. A resposta do hospedeiro aos espermatozóides
extravasados leva a formação de um granuloma espermárico que pode bloquear o
epidídimo com posterior degeneração e fibrose.
Na fêmea, a patogenia da B. ovis não é bem conhecida. Fêmeas ovinas
experimentalmente expostas a B. ovis tanto antes da monta quanto no final da gestação não
abortam. Somente femeas expostas no início ou na metade da prenhez desenvolvem
infecção, podendo eventualmente abortar. A bactéria localiza-se na placenta e alcança o
feto, através dos vasos do córion, com a progressão da infecção. Embora o aborto não seja
frequente, as fêmeas infectadas desenvolvem placentite, interferindo na nutrição fetal e
nascimento de cordeiros fracos. A reação inflamatória e imunológica da B. ovis ao feto é
similar àquelas observadas no feto bovino causado pela B. abortus.
Patologia no Macho
Carneiros infectados não desenvolvem epididimite palpável, mesmo quando a B.
ovis está associada à epididimite ovina, Em levantamento conduzido com 267 carneiros
soropositivos, somente 125 (46,8%) mostraram alterações testiculares palpáveis. Uma
proporção importante de carneiros infectados não evidencia lesões escrotais.
Na maioria dos casos, a localização testicular é unilateral e a cauda do epidídimo o
local mais comum. Alterações na cabeça e no corpo do epidídimo são frequentes. A atrofia
testicular e aumento da cauda do epidídimo são características da fase crônica da doença. A
aparência macroscópica dos testículos geralmente é normal, mas pode-se perceber
granulomas e calcificação. O epidídimo afetado parece firme, mostrando superfície
esbranquiçada ao corte em consequência da proliferação de tecido conectivo.
Frequentemente são encontrados no tecido conectivo, abscessos, contendo substância
cremosa ou caseosa. Hemorragia e inflamação exsudativa na túnica vaginal são achados
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frequentes como resultado da ruptura da lesão básica (espermatocele) do epidídimo. A
organização deste exsudato leva a formação de adesões entre estas duas camadas da tunica
vaginal. As vesículas seminais estão aumentadas com ductos dilatados com conteúdo fluido
ao corte. Nenhuma alteração macroscópica pode ser observada na glândula bulbo-uretral,
próstata e ampolas.
Lesãoes no Macho
O exame microscópico dos epidídimos infectados mostra edema intersticial, fibrose
e infiltrado perivascular de linfócitos e plasmócitos. Os ductos epididimários mostram
hiperplasia epitelial com cistos intraepiteliais, contendo neutrófilos e restos celulares.
Granuloma espermático circundado por linfócitos, células gigantes e epitelióides são
achados frequentes.
A atrofia testicular deriva do processo regressivo do epitélio testicular e suspenção
da espermatogênese. Pode também ocorrer proliferação do tecido conectivo intertubular,
granuloma espermático extratubular, necrose e calcificação dos ductos seminíferos.
As principais alterações das vesículas seminais incluem a infiltração de linfócitos e
plasmócitos; fibrose e hiperplasia epitelial difusa com cistos intraepiteliais, contendo
neutrófilos.
A inflamação das ampolas está associada com a epididimite. Áreas focais de
hiperplasia com cistos intraepiteliais vazios e acúmulo de neutrófilos no lúmen das
dilatações do epitélio são geralmente observadas. Alem disso, acúmulo de células redondas
e fibrose podem ser visualizados na lâmina própria.
O exame microscópico da próstata e da glândula bulbouretral revela uma discreta
infiltração de células redondas e hipertrofia glandular focal. Formações papiliformes e
concreções (corpora amilacea) são frequentes nessas duas glândulas acessórias.
Nas ovelhas infectadas observa-se um exsudato purulento, variando de uma pequena
quantidade sobre a superfície da membrana corioalantóide intacta até uma grande
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quantidade na área interplacentoma. O exsudato contém bactérias, macrófagos, neutrófilos
e células epiteliais de descamação. Fibrose, espessamento e edema da membrana
corioalantóide são observadas nos casos mais graves. Os cotilédones podem evidenciar
vários graus de necrose. Células do epitélio coriônico podem estar aumentadas e conter
bactérias. Necrose focal epitélio intercotiledonário e coriônico são frequentemente
observados. Lesões nas artérias são comuns com trombos fibrinosos no interior de vasos;
aumento de células endoteliais e proliferativas, na túnica intima. Não há lesões
patognomônicas na infecção brucélica.
Isolamento em amostras Clínicas
As amostras para o isolamento de B. ovis de animais vivos inclui: sêmen, suabe
vaginal e leite. O sêmen pode ser colhido facilmente em suábios tomados da cavidade
prepucial, apos a eletroejaculação. Se o eletroejaculador não é disponível, podemos coletar
da vagina de fêmeas livre da infecção, imediatamente após a monta natural. A melhor
técnica de diagnóstico direto é o isolamento bacteriano em meio de cultivo adequado.
Amostras de sêmen, suábio vaginal, ou leite, devem ser semeados diretamente em placas,
contendo meios adequados; incubadas a 37°C numa atmosfera de 5-10% de CO2. Os
tecidos devem ser macerados e triturados com pequena quantidade de salina estéril ou PBS
antes de serem semeado. A amostra de sêmen menos contaminada pode ser obtida pela
exposição e limpeza do pênis e o ejaculado colhido em frasco estéril.
Nos animais mortos, a colheita de amostras para isolamento da B. ovis inclui nos
machos, o epididimo, vesículas seminais, ampolas seminais, linfonodos inguinais e nas
fêmeas, o útero, linfonodos ilíacos e supramamário. Entretanto para obter melhores
resultados deveremos incluir outros órgãos e linfonodos como: baço, linfonodos cranial,
pré-escapular, prefemural e testiculares. Cordeiros mortos e placenta devem ser
examinados. As amostras preferenciais devem colhidas como o fluido do abomaso e
pulmão. As amostras para cultivo devem ser refrigeradas e transportadas para o laboratório
o mais rápido possível após a coleta. A bactéria permanece viável por até 72 horas a
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temperatura ambiente e a sobrevivência pode ser aumentada a 4ºC ou preferencialmente
pelo congelamento das amostras teciduais.
Esfregaços vaginais e de sêmen podem ser corados pela técnica de Stamp onde
cocobastonetes característicos podem ser evidenciados na maioria dos infectados. O exame
de amostras coradas pelo Stamp (trato genital do carneiro, linfonodo inguinal, placenta,
conteúdo do abomaso e pulmão de feto) pode permitir o diagnóstico presuntivo rápido.
Entretanto outras bactérias com morfologia similar ou características tintoriais semelhantes
(B. melitensis, Coxiella burnetii e Chlamydophila spp) podem estar presentes nas amostras,
tornando o diagnóstico difícil para profissionais menos experientes. A microscopia deve ser
confirmada pelo cultivo do agente.
Identificação do Agente
A existência de lesão macroscópica (epididimite uni ou bilateral) no carneiro pode
ser indicativa de infecção, mas exames laboratoriais são necessários para confirmar a
doença, através de métodos diretos e indiretos.
Esfregaços diretos podem ser examinados, através da coloração de Gram ou Stamp
e a presença de cocobastonetes demonstrada em muitos animais infectados. Entretanto,
outras
bactérias
com
características
morfotintoriais
semelhantes
(B.
melitensis,
Chlamydophila abortus) podem estar presentes.
Exame Direto
O diagnóstico direto é realizado, através do isolamento da B. ovis no sêmen, nos
tecidos do carneiro ou ainda nas secreções ou leite de fêmeas em meio de cultivo seletivo.
As técnicas de biologia molecular como PCR e eletroforese de campo pulsante têm sido
aplicadas, entretanto as técnicas indiretas baseadas nos testes sorológicos são as preferidas
no diagnóstico de rotina. O sêmen do carneiro pode ser obtido facilmente por meio do
eletroejaculador. O sêmen pode ser colhido para bacteriológico em sacos plásticos ou por
meio de suábio tomado da cavidade prepucial após a eletroejaculação.
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Cultivo
No isolamento da B. ovis, as amostras de sêmen são semeadas diretamente em
plascas de AS apropriadas (Thayer-Martin); incubadas a 10% de CO2.
A colheita e transporte de amostras é uma tarefa trabalhosa, pois alguns animais
infectados não excretam ou a eliminam intermitentemente e, por isso, o bacteriológico de
sêmen não é prático e nem útil no diagnóstico da infecção, especialmente em programas de
controle e erradicação de grande escala.
Isolamento e identificação
As colônias da B. ovis não são hemolíticas; são circulares, convexas; possuem
bordos inteiros; são do tipo rugoso quando examinadas pela luz oblíqua; positivas ao teste
de acriflavina. A B. ovis perdeu a atividade de urease; falha na redução de nitrato para
nitrito; catalase positiva; oxidade negativa; não produz H2S; não cresçe na presença de
violeta de metila, mas geralmente cresce na presença de concentrações de fucsina básica e
tionina.
A maioria dos laboratórios de diagnóstico veterinário não está equipada na
identificação completa da B. ovis, sendo necessária a adoção de um protocolo prático e
presuntivo na identificação. A maioria das B. ovis pode ser identicada, tendo como base as
caracteristicas de crescimento, observação direta, utilizando a luz refletida oblíqua,
coloração de Stamp, Gram, catalase, oxidase, urease e teste de acriflavina. Entretanto, a
identificação definitiva deve ser realizada no laboratório de referência com experiência na
identificação e tipificação de Brucella spp. Recentemente, um método de eletroforese de
campo pulsante foi desenvolvido para o gênero Brucella spp e com essa técnica é possível
diferenciar B. ovis das outras espécies.
Fagotipagem
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Os cultivos não são lisadas pelos bacteriófagos do grupo Tbilisi, Weybridge e Iz, no
teste de diluição rotineiro (RTD) ou 104 RTD, enquanto são lisados pelo bacteriófago R/C.
Diagnóstico sorológico
Teste de Imunodifusão em gelose de agar (IDGA), Teste de Fixação do
Complemento (FC) e, ensaio imunoenzimático (ELISA), utilizando antígenos de superfície
solúveis da B. ovis, podem ser utilizados. Alguns testes de ELISA, que utilizam proteínas
recombinantes e monoclonais, estão sendo testadas em pesquisas de campo. As
sensibilidades dos testes IDGA e ELISA são semelhantes e o teste de ELISA apresenta
maior sensibilidade do que o teste de FC. A combinação da IDGA e ELISA apresenta os
melhores resultados em termos de sensibilidade, embora o teste de IDGA seja mais prático
e barato. O teste recomendado para o comércio internacional permanece sendo o teste de
FC.
O LPS da parede celular é o principal antígeno de superfície na maioria das
bactérias Gram negativas, sendo verdade para as brucelas lisas. Entretanto a B. ovis é
rugosa e, portanto sua superficie celular difere das demais brucelas lisas. A principal
diferença na estrutura da parede celular entre as brucelas lisas e rugosas é a ausência de
cadeia O no LPS das amostras rugosas. O LPS da B. ovis assim como o LPS das mutantes
rugosas de B. abortus e B. melitensis podem ser extraídas com o uso de solventes
orgânicos.
A técnica de éter-de-petróleo-cloforfórmio-fenol (PCP), originalmente desenvolvida
para mutantes rugosas de enterobactérias é a técnica de escolha para obter LPS de B. ovis,
uma vez que ela produz antígeno essencialmente livre de proteínas e ácidos nucléicos.
Entretanto a grande hidrofobicidade do LPS purificado representa um problema para o seu
uso em muitos testes sorológicos. A estrutura do LPS da B. ovis não tem sido estudada e
conhecida. Embora ela contenha açúcar presente na estrutura núcleo-lipídio A do LPS de
outras brucelas, o LPS purificado da B. ovis revela somente uma reação de identidade
parcial com o LPS dos mutantes rugosos de B. abortus e B. melitensis ou com o LPS
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rugoso presente no antígeno extraído pelo calor da B. canis, sugerindo a presença de
determinantes antigênicos espécie-específicos no LPS da B. ovis.
Antígenos
O tratamento das brucelas rugosas pela técnica da salina aquecida (método da salina
quente) produz extratos antigênicos solúveis cujo componente principal precipita com o
soro das brucelas rugosas. Por essa razão, o antígeno termorresistente tem sido referido
como o antígeno rugoso específico ou quando obtido da B. ovis ele é chamado antígeno
específico da B. ovis. Entretanto, a caracterização química do antígeno termorresistente da
B. ovis mostrou que são enriquecidos com LPS rugoso, proteínas da membrana externa e
outros componentes externos da membrana. Assim, o antígeno termorresistentes contém
determinantes do LPS específicos para a B. ovis, mas outros componentes antigênicos
adicionais. O antígeno termorresistente, devido a sua solubilidade em água e alta
concentração em epítopos na superfície celular é o melhor antígeno para o diagnóstico e
têm sido amplamente utilizados para o diagnóstico sorológico da infecção causada pela B.
ovis.
A B. ovis cepa REO 198 é CO2 independente e por isso, recomendada como fonte
de antígeno termorresistente para os testes sorológicos. Esta cepa foi obtida no Institute
National de la Recherche Agronomique (INRA) Laboratoire de Pathologie Infectieuse et
Immunologie, Nouzilly, França. Meios sólidos são satisfatórios para o crescimento da B.
ovis REO 198. O ideal seria incluírem-se várias cepas ou linhagens na elaboração do
antígeno.
O antigeno deve ser preparado como segue:
1) Crescimento exponencial de uma cepa de preferência aeróbia (B. ovis REO 198)
em frascos de Tripticase soja em incubador orbital a 37° C e a 150 rpm; ou em garrafas
Roux de Tripticase Soja Agar ou outro meio adequado, com 5% de soro ou em fermentador
descrito para B. abortus, mas com a adição de 5% de soro ao meio.
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2) As células são lavadas 2 vezes e então suspensas em salina a 0,85% (12 g célulaspeso seco) ou (30 g de células em 150 ml).
3) A suspensão celular é autoclavada a 120° C por 15-30 minutos.
4) Após o resfriamento, a suspensão é centrifugada (15.000 X G; 4° C; 15 minutos)
e o sobrenadante é filtrado e dializado em água destilada (3 x 100 volumes) a 4° C por pelo
menos 2 dias.
5) O fluido dializado é ultracentrifugado (100.000 X G; 4°C; 6-8 hours).
6) O sedimento é ressuspenso em uma pequena quantidade de água destilada e
liofilizado.
7) O antigeno é reconstituído em água destilada (para uso em IDGA) ou em tampão
salina-veronal (para uso no teste de FC) ou em tampão carbonato-bicarbonado (para uso em
ELISA).
8) A titulação é feita contra os soros-controle positivos e negativos.
Ensaio imunoenzimático (ELISAi)
Há inúmeras variações do ensaio imunoenzimático. O teste descrito aqui é um teste
de ELISA indireto, utilizando o ABTS (2,2’-Azino-bis-[3-ethylbenzothiazoline-6-sulphonic
acid]) como cromógeno. Os testes são realizados em placas de ELISA com fundo chato
com 96 orificios. Os reagentes e as diluições são realizadas em PBS pH 7,2 com a adição
de 0,05% de Tween 20 (PBST). As diluições do antígeno são realizadas com tampão
carbonato-bicarbonato com pH 9,6.
As placas são lavadas com PBST, após a fixação do antígeno. O antígeno
termorresistente e o conjugado são titulados e as diluições são selecionadas para dar a
melhor relação entre o soro padrão positivo e negativo. Secundariamente os anticorpos
(anti-ovino IgG [H+L cadeias]) são geralmente conjugadas à peroxidase, embora outras
enzimas possam ser utilizadas. Se o conjugado com peroxidase é utilizado, o cromógeno
(ABTS) é diluído em tampão substrato pH 4 (composto de ácido cítrico trisódico e ácido
cítrico). A isso é adicionada água oxigenada (H2O2), e as placas incubadas por 15Gênero Brucella spp
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60 minutos a temperatura ambiente. A reação é bloqueada com 1 mM de azida sódica e a
mudança de cor é lida em espectrofotômetro com filtro de 405-414 nm.
O antígeno utilizado no ELISA é o termorresistente estoque (1 mg/ml em tampão de
sensibilização) titulado com diferentes diluições do antígeno, de conjugado e de substrato,
contra um soro padrão ou contra diluições seriais de um painel de soros que são positivos e
negativos para B. ovis, visando a determinação da diluição mais adequada (geralmente 510 µg/ml). As placas de ELISA são sensibilizadas com 100 µl de uma predeterminada
diluição de antígeno em tampão carbonato, pH 9,6 para cada poço. As placas são incubadas
por 2 horas a 37°C ou “overnigh” a 4° C. Posteriormente, elas são lavadas 4 vezes para
remover o antígeno não ligado e, em seguida, são secas com batidinhas firmes com elas
viradas para baixo sobre toalhas absorventes. As placas sensibilizadas podem ser utilizadas
imediatamente ou estocadas a 4°C (a estabilidade nessas condições é adequada por pelo
menos 1 mes).
Diluir os soros controles positivos e negativos a 1/200 pela adição de 10 µl do soro a
2 ml PBST. Adicionar um volume de 100 µl da amostra em duplicata na microplaca. As
placas são cobertas, incubadas a 37° C por 1 hora; lavadas 3 vezes com tampão de lavagem.
O conjugado titulado e diluído em PBST é adicionado (100 µl) a cada poço e as
placas cobertas e incubadas por 1 hora a 37° C. Após a incubação, as placas são lavadas
novamente 3 vezes com PBST.
Solução de ABTS no tampão é adicionada (100 µl/orifício); as placas são incubadas
por 15-60 minutos a temperatura ambiente com agitação continua.
A absorvância é lida automaticamente no espectrofotômetro com o comprimento de
onda entre 405 a 414 nm. Os valores de absorvância podem ser expressos em percentagens
de absorvância média dos controles positivos. Os valores de absorvância podem ser
expressos como percentuais de absorvância médios do controle positivo transformados em
unidades ELISA calculados, tanto manualmente quanto pelo programa de computador que
calcula a curva de uma curva-padrão construída com uma série de resultados de diluições
do controle positivo. O limiar deve ser calculado, testando uma quantidade grande da
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população ovina livre da infecção e a sensibilidade do teste sendo controlados na população
de animais infectados pela B. ovis.
Estudos comparativos evidenciaram que o teste de ELISA possui melhor
sensibilidade que a IDGA ou a FC. A existência de alguns soros ELISA-negativos e IDGA
positivos faz com que a combinação de IDGA com ELISA melhore a especificidade.
Entretanto a combinação do teste de FC e ELISA ou CF e IDGA não melhoram a
sensibilidade do teste de ELISA sozinho. O teste de FC possui outras desvantagens, tais
como:
a) Complexidade, b) Obrigatoriedade de inativação das amostras de soros; c)
Atividade anticomplementária de alguns soros; d) Dificuldade de realização com soros
hemolisados e e) Fenômeno de pró-zona.
A IDGA é o teste mais prático no diagnóstico de rotina em laboratórios menos
especializados por sua sensibilidade, simplicidade e fácil interpretação.
Brucella canis
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Brucelose Canina
INTRODUÇÃO
A brucelose canina era uma enfermidade associada à B. abortus, B. suis e a B.
melitensis, antes do isolamento da B. canis, em 1966. A fonte de infecção em quase todos
os casos era o consumo de animais domésticos infectados ou pelo contato de cães com
derivados destes. Em contraste à forma esporádica da brucelose canina, há outra,
extremamente infecciosa para os cães, causada por uma nova espécie de Brucella.
Em 1966, Carmichael, nos Estados Unidos, durante uma investigação sobre a causa
de abortos em cães da raça Beagle, isolou um cocobastonete Gram negativo de vários fetos
abortados. Mais tarde, várias outras observações deram suporte à inclusão deste organismo
no gênero Brucella, sendo denominada B. canis.
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AGENTE-INFECÇÃO
A B. canis é o agente etiológico da brucelose canina; enfermidade caracterizada por
manifestações clínicas variadas. A maioria dos cães infectados não apresenta sinais clínicos
perceptíveis, mostrando-se clinicamente normais.
As manifestações clínicas indicativas da enfermidade não são exuberantes, mas
associadas com o trato reprodutor.
O sinal clínico primário na fêmea infectada é o aborto, podendo ser acompanhado
ou não de mortes embrionárias ou natimortos.
Nos machos, os sinais clínicos mais comuns são: epididimite, orquite e/ou atrofia
testicular e dermatite de escroto. Outras manifestações podem incluir: linfadenites e
esplenites, lesões oculares, discoespondilites e osteomielites.
A contaminação ocorre, através das mucosas (oral, vaginal ou ocular). A bactéria é
fagocitada e será transportada por macrófagos e granulócitos para os linfonodos regionais e
sistema circulatório.
Bacteremia aparece entre 1 a 4 semanas, após a infecção, podendo durar seis meses
e, algumas vezes, podendo persistir por 60 meses. A fase de bacteremia é acompanhada de
sinais clínicos como febre discreta, linfadenopatia discreta e astenia de inconstante a
moderada. A fase de bacteremia pode levar lesões inflamatórias nos discos intervertebrais
(discoespondilite), no globo ocular (uveíte) e nos rins (glomerulonefrite), mas o mais
importante, é que o agente atinge o trato reprodutos de machos e fêmeas prenhas.
Nos machos, causa espermatozóides anormais, levando à esterilidade, após cinco
semanas pós-infecção. Outros sinais como orquite, epididimite, hipertrofia prostática,
edema do escroto podem ser detectados. Nas formas crônicas, há atrofia de um ou ambos os
testículos.
Na fêmea prenha, a infecção geralmente leva a morte embrionária entre os dias 10 e
20 após a concepção ou ao abortamento entre 45 e 59 dias de gestação. O aborto é seguido
de secreção vaginal que pode persistir de 1 a 6 semanas. Geralmente a cadela pare filhotes
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mortos ou filhotes que sobrevivem apenas algumas horas ou dias. Raramente, a prenhez
chega a termo.
As fontes de infecção são representadas por sêmen, urina, fetos abortados ou
secreção vaginal. Os animais são infectados por via venérea ou pela ingestão de material
infectado. Infecção iatrogênica (transfusão de sangue, uso de material de injecção
contaminado) é possível.
ZOONOSE
Os técnicos (laboratório, os proprietários de animais, veterinários) podem ser
infectados, apesar de o homem ser relativamente resistente a B. canis. Os sinais clínicos
(febre, calafrios, fadiga, perda de peso, linfadenopatia) são mais moderados do que aqueles
observados em outras espécies e, em muitos casos, são completamente assintomáticos. As
complicações são raras (artrite, meningite, endocardite), mas foram descritas.
A presença da brucelose canina nos centros urbanos brasileiros é preocupante, pois
representa risco à saúde pública, pelo estreito convívio ou contato com os seus “familiares”,
tanto pela população de cães infectados e não domiciliados quanto por aqueles cães
infectados dentro de criatórios. Estudos epidemiológicos dirigidos à brucelose canina nestes
centros urbanos forneceram dados importantes quanto a sua apresentação, distribuição,
comportamento da enfermidade venérea para os caninos, mas também como uma zoonose,
especialmente para criadores, proprietários, tratadores e clínicos veterinários.
IMPACTO ECONÔMICO
O impacto econômico decorrente da infecção pela B. canis nos criatórios é
complexo e difícil de estimar, pois as perdas incluem principalmente a queda brusca no
número de filhotes, eliminação de reprodutores infectados (machos e fêmeas) da
reprodução; perda de material genético superior; gastos com a reposição de animais
hígidos; os gastos com diagnóstico, tratamento, desinfecção e prevenção da infecção;
gastos com monitoramento do criatório e a perda de confiança entre quem os criam e quem
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os compram. Talvez essas dificuldades sejam, em parte, razão para que nenhuma medida
seja tomada por parte da sociedade interessada somente no comercio de animais a despeito
do bem estar animal. É hora de estimar os prejuízos causados com a brucelose canina em
criatórios, pois a infecção causada pela B. canis acomete um grande número de animais
(canis), onde ela ocorre sob a forma silenciosa ou sob a forma de pequenos surtos,
envolvendo animais com alto valor zootécnico.
EPIDEMIOLOGIA
A enfermidade foi registrada nos Estados Unidos; em países da Europa; no Japão,
Madagascar e México. Na América do Sul, especialmente no Peru, Argentina e Brasil.
Estudos epidemiológicos mostraram que a prevalência da infecção causada pela B. canis é
variável, dependendo da área geográfica e do tipo de teste aplicado. Estudos sorológicos
obtidos têm permitido valiosa informação sobre a enfermidade na população canina bem
como na população humana, representando, deste modo, mais um risco à saúde pública.
BRUCELOSE CANINA NO BRASIL
No Brasil, os primeiros relatos ocorreram simultaneamente em São Paulo e no Rio
Grande do Sul, em 1976.
Em 1976, Sandoval e colaboradores na cidade de São Paulo, estimaram a infecção
em 3,61%, dentre as 221 amostras de soro de cães apreendidos pelo centro de zoonoses da
prefeitura municipal de São Paulo.
Em 1976-7, Wald e Fernandes, em Porto Alegre, estimaram a prevalência da
brucelose canina em 12% dentre as 192 amostras de soro aleatoriamente colhidas de cães
atendidos pelo ambulatório do Hospital de Clínicas Veterinárias (HCV).
Em 1978, Pereira Filho e colaboradores, em Salvador, quantificaram a enfermidade
em 1,43%, das 1.393 amostras de soro canino testadas.
Larsson, em 1979, obteve um percentual de 7,0% num levantamento realizado na
população canina da cidade de São Paulo.
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Em 1987, em Campinas, Germano e colaboradores obtiveram um percentual de
5,4% de reagentes.
Em 1990, Schlemper e Vaz, em Santa Catarina, estimaram em 6,0% entre as 334
amostras de soro examinadas de cães na região do Planalto Catarinense.
Em 1992, Magalhães Neto e colaboradores, em Pelotas, obtiveram uma prevalência
de 22,7% entre 304 amostras de soro canino.
Em 1994, Poester e colaboradores, em Uruguaiana, obtiveram um percentual de
infecção na ordem de 7,4 % dentre as 95 amostras da zona urbana.
O isolamento da B. canis é considerado como o "padrão-ouro" no diagnóstico da
brucelose canina. Ela é chave importante para a aplicação de medidas no diagnóstico,
controle e prevenção da infecção/doença.
ISOLAMENTO NO MUNDO E BRASIL
O isolamento da B. canis pode ser obtido do sangue periférico de animais com
títulos altos de anticorpos (Moore e Kakuk, 1969).
Serikawa et al., (1978) isolaram B. canis da urina e da próstata de cães infectados.
Ueda et al., (1974) isolaram B. canis do baço, epidídimo, próstata e linfonodos
poplíteos e ilíacos.
Harris et al., (1974) isolaram B. canis do sangue, fluido cerebrospinal e de vários
órgãos de fêmeas com sinais neurológicos.
Henderson et al., (1974), nos Estados Unidos, isolaram a B. canis de 3 cães com
lesões de osteomielite vertebral na região tóraco-lombar (discoespondilites).
Riecke e Rhoades (1974) e Seagusa et al., (1977) isolaram B.canis de lesões
oculares.
Schoeb e Morton (1978) isolaram o agente da brucelose canina de úlcera exsudativa
escrotal.
No Brasil, Fernandes e Wald em (1976-7) isolaram, pela primeira vez, no Brasil a
B. canis do humor aquoso de cão da raça Boxer, com lesões oculares.
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Em 1977, em Minas Gerais, Godoy e colaboradores isolaram a B. canis em
hemocultura de uma fêmea que havia abortado recentemente.
Larsson e Costa (1980), em São Paulo, isolaram três amostras de B. canis, sendo 1
amostra de fêmea com histórico de infertilidade, e as outras duas de uma fêmea e de um
macho sem sinais clínicos.
Vargas et al., (1996), em Santa Maria, isolaram B. canis da placenta, de fetos
abortados e neonatos de um canil com reprodutores caninos de várias origens.
Gomes et al., (1999), em Porto Alegre, isolaram B. canis do epidídimo e testículo de
um cão com epididimite e orquite clínica.
No Rio de Janeiro, Ferreira e colaboradores (2003) isolaram e identificaram B. canis
de dois cães com sinais clínicos de brucelose canina de um canil comercial.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
O diagnóstico laboratorial da brucelose canina é uma tarefa difícil e complexa,
incluindo as técnicas de isolamento, segundo evidencia a Tabela 1.
O diagnóstico sorológico é uma probabilidade diagnóstica, pois dependem da
relação agente-hospediero e o tempo de infecção. Eles incluem o teste de fixação do
complemento (FC), soroaglutinação lenta (SAL), soroaglutinação rápida (SAR),
imunofluorescência (IF), o teste de ELISA e imunodifusão (IDGA). A imunodifusão em
gelose de agar (IDGA) é a técnica mais utilizada no diagnóstico laboratorial da infecção por
ser de fácil realização, rápida e barata. Além disso, esta técnica possibilita utilizar, tanto o
antígeno superficial rugoso da B. ovis quanto da B. canis e da RB51.
HEMOCULTIVO
O hemocultivo da B. canis pode ser obtid através da seguinte técnica:
1- Um volume de 100µL (0,1 mL) de sangue, colhido com heparina ou citrato de sódio é
semeado em placas de agar sangue (Brucella agar, Triptose agar); incubadas a temperatura
de 37°C em atmosfera normal.
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2- Um volume de 5 mL de sangue é semeado em 10 mL de caldo. O caldo inoculado deve
ser congelado de 12 a 24 h a -20°C. Posteriormente, a amostra congelada deve ser
descongelada e incubada por 6 dias a 37°C. Após esse tempo, a amostra é repicada em 2
meios em paralelo (seletivos e não seletivo).
Os meios de Caldo Brucella soro; Triptose soro; Kuzdas e Morse tornam-se seletivo
pela adição de cicloheximida (100 mg/L), bacitracina (25 000 U/L) e polimixina B (6 000
U/L), dão bons resultados.
SÊMEN e URINA
Sêmen e urina devem ser cultivados por 4-7 dias em caldo seletivo e posteriormente
em gelose. Outras amostras clínicas eventualmente são trituradas em stomacher; inoculadas
em paralelo em meios seletivos e não seletivos.
As placas devem ser conservadas por 30 dias; examinada periodicamente em
estereoscópio com luz obliqua. As colônias suspeitas devem ser submetidas ao exame
bacterioscópico, teste de oxidase e tipo respiratório. A identificação precisa da espécie está
reservada aos laboratórios especializados que pode pesquisar a aglutinação com antissoro
preparado com uma cepa de Brucella em fase R (geralmente uma cepa de Brucella ovis)
posteriormente se estudará as características bioquímicas; lisotipia e oxidação de açúcares e
aminoácidos.
Tabela 1 Resultados Esperados no isolamento da B. canis em amostras clinicas
Amostra(s)
Isolamento Pós-Infecção (PI)
Fluidos (vaginal
placenta, aborto)
Positivo
Sêmen
Positivo entre 1- 4 meses PI
Positivo ou negativo em 3 a 15 meses PI
Negativo para além de 15 meses PI
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Sangue
Positivo entre 1,5 - 7,5 meses PI
80% positivo em 6 a 12 meses PI
50 – 80% positivo em 2 - 4 anos PI
25 – 50% positivo em 4 - 5 anos PI
0 – 25% positivo para além 5 anos PI
Urina
Geralmente positivo (geralmente ♂) entre 2 – 7 meses PI
Epidídimo
50 – 100% positivo entre 9 – 15 meses PI
Negativo além de 2 anos PI
Próstata
Geralmente positivo até 16 meses PI
Linfonodo, baço,
medula óssea
Geralmente positivo quando o animal está na fase de bacteremia
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CONTROLE E PREVENÇÃO
O controle torna-se um dilema, quando a brucelose foi diagnosticada num criatório,
A eliminação da infecção demanda tempo e custos, mas a doença pode apresentar uma crise
emocional ou quando cães de valor genético são acometidos.
A prevenção é particularmente importante nos canis. Ao contrário da brucelose nos
outros animais domésticos, a brucelose canina não é uma doença de notificação obrigatória
e sua prevalência está baseada em limitados estudos sorológicos. A incidência da
enfermidade nos cães é pouco diferente de quando ela foi reconhecida nos anos sessenta;
com exceção de alguns criatórios comerciais e organizações de criadores de cães ou clubes
de caça que instituíram medidas preventivas de maneira privada.
A prevenção da reprodução em canis/criatórios deverá incluir um plano de
monitoramento alem de cuidados sanitários e de higiene.
Os testes sorológicos incluem vantagens e desvantagens que devem ser conhecidas
pelos clínicos veterinários conforme tabela 2.
1-Os testes sorológicos devem ser realizados duas vezes com intervalos de um mês
em todos os cães introduzidos em um canil de reprodução.
2-As cadelas de um criatório/canil devem ser testadas várias semanas antes do cio
esperado. Se outros testes alem do SAT-2ME são necessários para certificação de livres de
brucelose, haveria tempo para aplicar aqueles procedimentos antes do período do cio.
3-Nenhum animal novo deve ser introduzido na reprodução até que tenham sido
considerados negativos a dois testes com um mês de intervalo.
4-Testes anuais deverão ser aplicados em todos os animais ou quando houver
alterações reprodutivas ou abortos.
5-Há fortes suspeitas de brucelose canina nos casos de aborto até que seja provado o
contrário.
6-Cães com testes de triagem positivos ou inconclusivos devem ser isolados e
avaliados por hemocultura e sorologia, utilizando testes mais específicos como AGID,
utilizando antígeno de proteínas citoplasmáticas.
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7-Todo cão infectado deve ser removido do canil e eliminado. Em alguns casos, há
recusa por parte dos proprietários e, nesses casos, há indicação da castração
concomitantemente à terapia com antimicrobianos e acompanhamento do caso, em pelo
menos, três meses.
Tabela. 2 Comportamento dos testes aplicados à Brucelose canina pela B. canis
Teste
Aglutinação
rápida em lâmina
(antígeno corado
com Rosa
Bengala), após
tratamento do soro
com 2-ME
Positivar
Resultados
Persistência
Positividade
Simples, rápido, sensível, poucos falsos
negativos.
3 a 4 semanas PI
Aglutinação lenta
em tubos
Até 3 meses pós
bacteremia
Muitos falsos positivos (teste com
resultados positivos devem ser confirmados
por outra técnica).
Até 3 meses pós
bacteremia
3-6 semanas PI
Aglutinação lenta
em tubos na
presença de 2-ME
Vantagens e Desvantagens
Técnica semi-quantitativa.
Numerosos falsos +, inutilisável com soros
hemolisados, fenômeno de zona possível.
Até 3 meses pós
bacteremia
Técnica semi-quantitativa, + especifica que
aglutinação lenta em tubos.
1,2-2 meses PI
Inutilisável com soros hemolisados,
fenômeno de zona ensibil, necessita 48 h
de incubação
IDGA (antígeno
LPS)
Até 4 meses pós
bacteremia
Sensível, + específico que os testes
anteriores.
1,5-2,5 meses PI
Técnica complexa, interpretação delicada
IDGA (antígenos
citoplasmáticos,
de natureza
ensibil)
Até 3 anos pós
bacteremia
2-3 meses PI
O teste mais específico (detectar animais
infectados por outras espécies do gênero
Brucella, mas não apresenta reação cruzada
com outros gêneros bacterianos), detecta
infectado cronicamente.
Teste complexo, ensibilidade menor que
o anterior
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VACINAÇÃO
Não existe vacina e a profilaxia baseia-se sobre as medidas de ordem sanitárias tais
como isolamento do agente; eutanásia dos infectados; desinfecção dos locais; quarentena e
vigilância serológica antes da introdução em uma criação.
O tratamento com antimicrobiano não é 100% eficaz. Ele geralmente está associado
ao uso de tetraciclinas a aminosídio durante um mês.
SENSIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS
A B. canis “in vitro” é sensível às tetraciclinas; ao cloranfenicol; aos aminosídios; à
rifampicina, às fluoroquinolonas e às sulfamidas. Muitas linhagens apresentam resistência
cruzadas aos macrolídeos.
Quadro I. Percentual de reagentes contra a B. canis, na IDGA, (antígeno LPS) no LABACVET-UFRGS
Ano
Nº Amostras
Reagentes
%
1994
47
5
10,63
1995
29
2
6,89
1996
130
7
5,38
1997
72
4
5,55
1998
108
15
13,88
1999
34
8
23,52
2000
?
?
?
2001
76
02
2,63
2002
35
0
00
2003
27
5
19,23
2004
145
29
20,00
2005
79
12
15,10
2006
184
23
12,50
2007
424
93
22,00
2008
70
4
5,70
2009
31
1
3,2
2010
3
1
33,3
2011
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PERSPECTIVAS
A preocupação em conhecer dados sobre brucelose canina nas diferentes faculdades
de veterinária do país tem como objetivos: 1) Obter dados quanto à prevalência de
brucelose canina em cães atendidos pelo serviço de atendimento policlínico nas instituições
de ensino superior, especialmente por não haver muitos registros. 2) Isolar a B. canis em
amostras clínicas bem como aplicar testes sorológicos no monitoramento e controle da
infecção. 3) Prestação de serviço especializado à comunidade acadêmica pelo treinamento
de técnicos, estudantes e outros profissionais 4)Garantir segurança dos acadêmicos e
professores quando do manuseio desses animais em aulas práticas de clinica médica e
cirurgia.
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Brucelose nos Mamíferos Marinhos
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SINONÍMIA: Brucella ceti : "Brucella cetaceae".
Brucella pinnipedialis: "Brucella pinnipediae".
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Os estudos de hibridização do ADN-ADN têm mostrado que o gênero Brucella
constitui uma única espécie genômica. Segundo as regras de prioridade, Verger e
colaboradores propuseram que o nome de B. melitensis, B. abortus, B. canis, B. neotomae,
B. ovis e B. suis deveriam ser considerados como simples biovares da Brucella melitensis.
Esta proposição respeitou (e respeita hoje) os critérios utilizados para a definição de uma
espécie bacteriana apesar de que em 1988, o subcomitê de taxonomia de o gênero Brucella
ter considerado a existência de uma única espécie no gênero Brucella, este mesmo comitê
admite o uso da nomenclatura anterior bem como o uso corrente em trabalhos baseados na
taxonomia.
A redução do gênero Brucella a uma única espécie não é adotada por parte da
grande maioria dos bacteriologistas e compreende parte dos especialistas do gênero
Brucella. Depois da reunião de 11 septembro de 2003, o subcomitê de taxonomia de
Brucella decidiu por unanimidade rever a situação anterior e de reconhecimento à
existência de novas espécies dentro do gênero Brucella.
O reconhecimento dessas espécies é justificado por estudos fenotípicos, pela
epidemiologia, pela importância dessas bactérias dentro da Saúde Animal e Humana e pela
utilização potencial delas em guerra bacteriológica.
Classicamente, as espécies do gênero Brucella foram isoladas de mamíferos
terrestres. Mais tarde, a partir de 1994, amostras do gênero Brucella spp foram isoladas de
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mamíferos marinhos. As características fenotípicas, os estudos de hibridização,
sequenciamento do ARNr 16S e o sequenciamento do gene recA mostraram que essas
cepas ou linhagens pertenciam ao gênero Brucella.
O estudo do metabolismo oxidativo permitiu individualizar as amostras isoladas de
mamíferos marinhos, permitindo que Jahans e colaboradores propusessem a espécie
"Brucella maris". Posteriormente, a ribotipagem (estudo dos fragmentos de restrição dos
genes codantes para o ARNr obtido pela enzima HindIII), a presença do segmento de
inserção IS711 em aval do gene bp26 e a presença de “motifs” específicos dentro da
sequência dos genes omp2 confirmaram que as cepas isoladas de mamíferos marinhos eram
distintas daquelas isoladas de mamíferos terrestres.
As linhagens isoladas de mamíferos marinhos podem ser diferenciadas em 2 grupos.
As cepas isoladas principalmente de penípedes possuem uma cópia dos genes omp2a e
omp2b enquanto que as cepas isoladas principalmente de cetáceos possuem 2 cópias do
gene omp2b. Assim, em 2001, Cloeckaert e colaboradores propuseram a nomenclatura de
"Brucella pinnipediae" para as cepas principalmente isoladas de penípedes e a
nomenclatura de "Brucella cetaceae" para as linhagens isoladas principalmente de
cetáceos. A técnica de IRS-PCR (Interspersed Repetitive Sequence-PCR) permitiu
igualmente reconhecer a existencia de 2 grupos de cepas. A nomenclatura de "Brucella
cetaceae" e da "Brucella pinnipediae" não é correta. Em 2007, Foster e colaboradores
propuseram a nomenclatura de B. ceti (para as cepas isoladas de cetáceos) e de B.
pinnipedialis (para cepas isoladas de penípedes). Essa nomenclatura foi validada e
publicada em 08 novembro de 2007.
A Brucella foi cultivada ou detectada com técnicas de DNA em pinípedes e muitas
espécies de cetáceos, incluindo focas comuns foca do porto (Phoca vitulina), foca anelada
(Phoca hispida), focas harpa (Phoca groenlandica), foca de capuz (Cystophora cristata),
foca cinzenta (Halichoerus grypus), boto (Phocoena phocoena), curto-bico golfinhos
comuns (Delphinus delphis), golfinhos listrados (Stenella coeruleoalba), golfinhos-roaz
(Tursiops truncatus), os golfinhos de lado branco do Atlântico (Lagenorhynchus acutus),
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golfinho de bico branco (Lagenorhynchus albirostris), os golfinhos de Maui
(Cephalorhynchus hectori Maui), golfinhos-cabeça-branca ou golfinho de Hector
(Cephalorhynchus hectori), a baleia minke (Balaenoptera acutorostrata) e uma lontra
europeia (Lutra lutra).
CARACTERÍSTICAS GERAIS
As novas espécies B. ceti e B. pinnipedialis são constituidas de cocos,
cocobastonetes e/ou de bacilos curtos; Gram negativos; com 0,5 a 0,7µm de diâmetro e de
0,6 a 1,5µm de comprimento; se apresentam de maneira isolada ou agrupada em curtas
cadeias ou em pequenos filamentos; possuem os antígenos do gênero Brucella; são imóveis
e desprovidas de flagelos, aeróbias; catalase, oxidase nitrato redutase e urease positivos;
indol negativas; H2S negativas; incapazes de liquefazer a gelatina e não acidificam os
açúcares contidos em meios convencionais.
Crescimento é obtido em temperatura compreendida entre 20 e 40° C (temperatura
ótima 37 °C) e pH ótimo compreendido entre 6,6 e 7,4.
No AS com sangue ovino, as colônias são visíveis após 3 a 4 dias de incubação a
37°C. Elas são convexas, circulares, de contorno regular, não hemolítica e com 0,5 a 1,0
mm de tamanho. O crescimento é estimulado pela adição de soro ou sangue. No meio de
gelose glicose-soro, as colônias são transparentes, convexas, lisas, brilhantes, de contornos
regulares e apresentam uma coloração mel pálida quando examinadas sob iluminação
oblíqua.
B. ceti é capaz de crescer em 3 a 4 dias em meio Farrell enquanto que o crescimento
da B. pinnipedialis é retardado (7 a 10 dias) ou não observado. A grande parte das cepas da
B. ceti é cultivada na ausência de CO2 enquanto que o CO2 é necessário para a grande
maioria das amostras da B. pinnipedialis.
As características que permitem diferenciar a B. ceti e B. pinnipedialis das outras
espécies estão contidas no Quadro 1.
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Quadro 1. Diferenciação entre espécies do gênero Brucella spp
1) B. abortus ; 2) B. canis ; 3) B. ceti ; 4) B. melitensis ; 5) B. microti* ; 6) B. neotomae ; 7) B. ovis ; 8) B.
pinnipedialis ; 9) B. suis biovar 1 ; 10) B. suis biovar 2 ; 11) B. suis biovar 3 ; 12) B. suis biovar 4 ; 13) B. suis
biovar 5
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
+****
+
+
+
+
+
-
+
+
+
+
+
+
VP
-
-
-
-
+
-
-
-
-
-
-
-
-
Fago Tb**
(Tbilisi)
+
-
-
-
-
d
-
-*****
-
-
-
-
-
Fago Wb**
(Weybridge)
+
-
+
-
+
+
-
+
+
+
+
+
+
Fago Iz**
(Izatnagar)
+
-
+
+
+
-
+
+
+
+
+
+
Fago** R/C
-
+
-
-
-
+
-
-
-
-
-
-
L-Alanina***
+
-
-
+
-
d
-
d
-
d
-
-
L-Arabinose***
+
-
+
-
+
-
-
+
+
-
-
-
L-Arginina***
-
+
-
-
-
-
-
+
+
+
+
+
L-Asparagina***
+
-
-
+
+
+
-
-
d
-
-
d
meso-Eritritol***
+
d
d
+
+
-
+
+
+
+
+
+
D-Galactose***
+
-
+
-
+
-
-
+
+
-
-
-
L-Ácido
glutâmico***
+
+
+
+
+
+
+
d
+
+
+
+
L-Lisina***
-
d
-
-
-
-
-
+
d
d
d
d
DL-Ornitina***
-
+
-
-
-
-
-
+
+
+
+
+
D-Ribose***
+
+
+
-
d
-
+
+
+
+
+
+
D-Xilose***
-
-
+
-
-
-
-
+
d
d
d
d
Hospedeiros
preferenciais
Bov
Can
Cet
Pr
Cd
Neo
Ov
Penip
Sui
Sui,
Leb
Sui
Re
Sui
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Urease
1) B. abortus ; 2) B. canis ; 3) B. ceti ; 4) B. melitensis ; 5) B. microti* ; 6) B. neotomae ; 7) B. ovis ; 8) B.
pinnipedialis ; 9) B. suis biovar 1 ; 10) B. suis biovar 2 ; 11) B. suis biovar 3 ; 12) B. suis biovar 4 ; 13) B. suis
biovar 5
* : Outras caract. permitem diferenciar a B. microti das outras espécies do gênero Brucella estão contidas na tabela II
** : Líticos na diluição corrente. *** : Oxidação **** : A cepa de referencia 544 assim como qualquer outra dá resultado
negativo. ***** : Todas as amostras da Brucella pinnipedialis são lisadas pelo fago Tb.
B: Bovinos; Ca: Cd dos campos (Microtus arvalis); Can: Caninos; Ce: Cetáceos; Pr: Pequenos Ruminantes; Ov: Ovinos
Ne: Neotomos; Sui: Suinos; Leb: Lebres; Re: Renas.
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SINAIS CLÍNICOS
As alterações reprodutivas como aborto, em fêmeas; orquite/epididimite, lesões
granulares, em machos, são sinais primários da brucelose nos animais terrestres.
A avaliação da fertilidade em animais marinhos de vida livre é difícil, entretanto nos
Estados Unidos, em 1999, Miller e colaboradores relataram casos de aborto em dois
golfinhos (Tursiops truncatus) capturados.
O DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Em golfinhos com meningite, o diagnóstico diferencial inclui parasitismo
(Nasitrema spp), infecção estafilocócica, herpes e infecções por Morbillivirus. Outras
doenças que causam aborto, orquite, epididimite, abscessos e doenças sistêmicas devem ser
considerados e evidência de infecção por Brucella.
ESTUDOS MOLECULARES
Os estudos moleculares evidenciaram que as cepas dos mamíferos marinhos diferem
das dos mamíferos terrestres e mesmo entre as linhagens que acometem os cetáceos e os
pinípedes. Algum tempo atrás, pesquisadores sugeriram a criação de uma nova espécie
denominada B. maris, entretanto ela não foi aceita. Mais recentemente, duas novas espécies
foram sugeridas; a B. cetaceae e a B pinnipediae, as quais ainda não foram oficialmente
aceitas nem rejeitadas.
Em 2007, Foster e colaboradores sugeriram os nomes de B. ceti e B. pennipedialis
para as brucelas de cetáceos e de focas, respectivamente (Foster et al 2007).
ZOONOSE
A brucelose é uma importante zoonose para o homem causando a grande variedade
de sinais e sintomas clínicos, incluindo febre ondulante, fadiga, prostração, dor articular,
mialgia, depressão e anorexia. Frequentemente ocorrem sequelas e períodos de
recrudescência, após o episódio inicial de infecção. A brucela pode ser transmitida de
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animais para o homem pelo contato direto com animais infectados; pela ingestão de
produtos infectados e pela inalação de aerossóis.
Quatro espécies do gênero Brucella (classif. atual) são causas primárias de infecção
no homem. A B. melitensis é bastante infecciosa, sendo transmitida por caprinos e ovinos.
A B. abortus é transmitida por bovinos. A B. suis transmitida por suínos e a B. canis
transmitida por cães. As outras espécies de Brucella infectam raramente ou não infectam o
homem.
Há alguns poucos relatos na literatura relativos à infecção humana causada por
linhagens de Brucella de mamíferos marinhos.
Brew et al. 1999 registraram o caso ocorrido em um laboratorista que adquiriu os
sinais clínicos compatíveis com brucelose. A infecção foi confirmada pelo isolamento,
testes diagnósticos sorológicos, PCR, RFLP de Brucella de origem marinha ().
Sohn et al. (2003) relataram em dois pacientes peruanos, os quais foram
diagnosticados como portadores de neurobrucelose. O quadro clínico foi confirmado pelos
testes diagnósticos (isolamento, PCR, sequenciamento de DNA) como infectados
naturalmente por linhagens de Brucella de mamíferos marinhos.
Na Nova Zelândia, McDonald e colaboradores, em 2006, relataram um caso em um
homem de 43 anos, morando em Auckland - Nova Zelandia, o qual apresentou sinais de
osteomielite espinal por 2 semanas com sinais de febre, rigor e fraqueza lombar. Os testes
aplicados reagiram tanto para a B. suis quanto B. melitensis. As amostras foram então
enviadas ao laboratório de Referência internacional que o identificou como relacionado a
Brucella originária dos Estados Unidos de golfinhos (Tursiops truncatus) e da foca comum
(Phoca vitulina).
EPIDEMIOLOGIA – PREVALÊNCIAS
Há na literatura relatos em muitos lugares e em diversas ocasiões de isolamento de
Brucella e comprovação sorológica em muitos mamíferos marinhos, especialmente no
Hemisfério Norte.
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A prevalência de anticorpos contra Brucella nos animais marinhos variou, segundo
diversos autores entre 0 a 38% dos cetáceos, dos penípedes e mustelídeos (Jepson et al.
1997; Tryland et al. 1999; Calle at al. 2002; Hanni et al. 2003; Maratea et al. 2003; Ohishi
et al 2003; Nielsen et al 2005).
Um grande estudo, envolvendo 1.855 penípedes dos EUA e 1.386 penípedes e
cetáceos do Atlântico Norte revelaram que 3,1 e 8,2% tinham sorologia positiva para
brucelas marinhas, respectivamente (Tryland et al 1999; Nielsen et al 2001).
Amostras de Brucella foram isoladas em 31% (54/175) dos mamíferos marinhos
provindos de diferentes origens (Forbes et al 1993; Ewalt et al 1994; Ross et al 1994;
Foster et al 1996; Clavareau et al 1998; Miller et al 1999; Tryland et al 1999; Gonzalez et al
2002; Maratea et al 2003; Tryland et al 2005).
Há poucos relatos de sorologia positiva em penípedes e cetáceos no Hemisfério Sul.
Retamal e colaboradores, na Antártica, em 2000, estimaram em 3,5% (6/17) das amostras
de penípedes positivas para brucelose. Van Bressem e colaboradores, em 2001
quantificaram em 55, 2% (32/58) das amostras reagentes à prova de brucelose nos cetáceos
examinados, nas costas peruanas do Pacífico Sul. Na Austrália, Dawson (2005) detectou
reações sorológicas positivas em 3 espécies incluindo 75% (9/12) dos leões marinhos
(Neophoca cinerea). Na Nova Zelândia, Mackereth e colaboradores, em 2005 não
detectaram reagentes positivos em 1001 leões marinhos da Nova Zelândia (Arctocephalus
hookeri).
LESÕES
Pequenas alterações patológicas têm sido relatadas nos primeiros estudos nos
animais marinhos encalhados no leste do Atlântico Norte apesar do sucesso no isolamento
de agentes cepas pertencentes ao gênero Brucella. Contrariamente com as lesões
granulomatosas e caseosas observadas e relatadas nas gônadas da baleia minque (B.
acutorostrata) no Oeste do Pacífico. Lesões granulomatosas caseosas testiculares foram
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constatadas em 31% (11/35) e 38% (35/93) em machos da baleia minque do Pacífico Norte
capturados em 2000 e 2001 respectivamente.
COLETA DE AMOSTRAS
As amostras são isoladas de pulmões, do baço, do fígado, do líquido peritoneal, do
coração, dos rins, do epidídimo, dos ovários, do leite, de abscesso, dos linfonodos e do
sangue. Em alguns animais, nenhuma patologia pode ser associada à presença do agente,
enquanto em outros animais pode-se notar epididimite discoespondilite, meningite, lesões
purulentas, necrose hepática, necrose esplênica, necrose dos linfonodos, peritonite, mamite
e endometrite. O diagnóstico presuntivo da infecção pode ser evidenciado através da
presença de anticorpos anti-Brucella em outras espécies: golfinho sombra (Lagenorhynchus
obscurus), marsopa espinosa (Phocoena spinipinnis), baleia piloto (Globicephala melas),
baleia comum (Balaenoptera physalus), baleia boreal (Balaenoptera borealis), foca de
Weddell (Leptonychotes weddellii), morça do Atlantico (Odobenus rosmarus rosmarus),
foca de Kerguelen (Arctocephalus gazella) .
Estudo realizado em animais vivos nas costas da Escócia mostrou que
aproximadamente 49% das focas comuns e 33% dos botos eram soropositivos.
A ingestão de mamíferos marinhos ou alimentos contaminados por esses animais
podem representar perigo para os animais silvestres e domésticos.
Os ursos polares consomem grandes quantidades de focas e um estudo mostrou que
5,4% dos ursos polares apresentarm anticorpos anti-Brucella.
As carcaças dos mamíferos marinhos encontrados nas praias podem representar um
risco para os animais que crculam naquele ambiente. A inoculação experimental por via
intravenosa de cepas de Brucella isoladas de mamíferos marinhos em bovinos provocou
abortos e a mesma amostra pode ser reisolada do feto. Por sua vez, a inoculação por via
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intraconjuntival não provoca soroconversão. Em cabras prenhes, a inoculação por via
conjuntival provocou uma soroconversão transitória.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
O isolamento é realizado em paralelo em meio de Farrell (incubado pelo menos por
14 dias após a conclusão do cultivo) e em AS incubado a 37 °C em atmosfera enriquecida
com 10% de CO2. O meio de Farrell deve conter concentrações menores de bacitracina e/ou
de ácido nalidíxico, pois favorecem o cultivo da Brucella pinnipedialis.
O aspecto da colônia; o exame microscópico após a coloração de Gram e a pesquisa
de anticorpos aglutinantes em lâmina com soro anti-Brucella abortus permitem orientação
do diagnóstico. O diagnóstico da espécie é mais complexo, devendo ser confiado a
laboratórios especializados.
O diagnóstico sorológico emprega os testes clássicos utilizados para o diagnóstico
de brucelose dos mamíferos terrestres (AAT, FC, ELISA, etc.). Embora esses testes ainda
não estejam validados.
CONTROLE
Métodos específicos de controle não foram estabelecidos para a brucelose em
mamíferos marinhos. Princípios gerais de controle de infecção, incluindo o isolamento,
desinfecção e higiene devem ser utilizadas com os animais infectados em instalações
marítimas de mamíferos. Alguns autores sugerem que os centros envolvidos na reabilitação
de mamíferos marinhos devem rotineiramente selecionar animais para Brucella spp.
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Brucella microti
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INTRODUÇÃO
Atualmente, além das oito espécies descritas, há mais outra espécie que foi
adicionada às isoladas. A nova espécie chama-se B. microti, espécie isolada do
camundongo do campo (Microtus arvalis). Este roedor do campo provoca grandes
prejuízos às colheitas de cereais na Europa e reservatório para outros agentes como
Leptospira interrogans, Francisella tularensis e Babesia microti.
Em 1996, a população de camundongos do sul da Morávia (República Tcheca) foi
objeto de um levantamento para melhor conhecer a dinâmica das populações. Entre 19992003, os pequenos roedores foram vítimas de uma epidemia com grande mortalidade. As
observações microscópicas das lesões permitiram demonstrar cocobastonetes Gram
negativos.
O exame bacteriológico efetuado em quatro animais capturados, em setembro de
2000, permitiu isolar em cultivo puro, oito amostras nas quais cinco pareciam assemelharse com amostras do gênero Ochrobactrum spp. Duas dessas amostras, as amostras CCM
4915 e CCM 4916, foram de fato submetidas a um estudo bacteriológico mais completo,
sendo identificadas como cepas de Ochrobactrum intermedium. O O. intermedium é um
germe do solo, raramente responsável por infecção em vertebrados, sendo pouco provável
que o O. intermedium fosse a origem das epidemias observadas nos camundongos. As
amostras CCM 4915 e CCM 4916 foram submetidas a um estudo taxonômico.
O sequenciamento dos genes rrs, recA, omp2a e omp2b, assim como a hibridização
ADN-ADN permitiu colocar as duas cepas dentro do gênero Brucella. A sequência dos
genes rrs (1422 pb) e recA (897 pb) apresentaram 100% de semelhança com as seqüências
das Brucella spp. As sequências dos genes omp2a (1104 pb) apresentaram 100 % de
semelhança com a sequência da cepa 6516/98 da B. pinnipedialis, enquanto que a
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sequencia dos genes omp2b apresentou 99% de semelhança com a cepa B3196 da B.
abortus e 99 % de similitude com a linhagem B. suis 1330.
A técnica de AMOS (AMOS para AbortusMelitensisOvisSuis) permite detectar e
diferenciar B. abortus, B. melitensis, B. ovis e B. suis, permitiu obter um fragmento de
2.000 pb ausente nas outras Brucella spp. A amplificação da região situada em direção ao
gene bp26 conduz a obtenção de um amplicon de 1029 pb, característico das Brucella spp
isoladas de mamíferos terrestres. A técnica de MLVA [multilocus VNTR (variablenumber-tandem-repeats) analysis] efetuadas nas amostras CCM 4915 e CCM 4916 e em
424 amostras de Brucella spp revelaram que as cepas isoladas de roedores formavam um
grupo distinto das outras espécies do gênero Brucella.
As características fenotípicas permitem diferenciar as cepas CCM 4915 e CCM
4916 das outras espécies do gênero Brucella. Assim, em fevereiro de 2008, Scholz e
colaboradores sugeriram o nome de B. microti para esta bactéria.
CARACTERÍSTICAS GERAIS
As cepas de B. microti são cocobastonetes ou de bastonetes curtos, Gram negativos,
com 0,5 a 0,8 µm de diametro por 0,6 a 1,4 µm de comprimento, e apresentam-se isoladas
ou agrupadas em filamentos irregulares, aeróbias, imóveis, não esporuladas, oxidase
positiva, catalase positiva, metabolismo oxidativo e aglutinação pelo soro anti-M diluído a
1/80.
CARACTERÍSTICAS BIOQUÍMICAS
Apresentam resposta positiva aos testes de:
Redução dos nitratos (com formação de gas), Redução dos nitritos, Urease, VP,
Fenilalanine desaminase, assimilação (galeria API 20 NE) de Adipato, L-arabinose, Nacetil-glucosamina, D-glicose, Maltose e D-manose, Oxidação (utilização do meio OF,
Difco), Frutose, Glucose, Maltose e Xilose.
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Apresentam resposta negativa aos testes de:
ADH, LDC, ODC, Produção de H2S, Citrato de Simmons, ONPG, hidrólise do
ADN, do amido, da caseina, da esculina, da gelatina, da lecitina, da tirosina, Assimilação
(galeries API 20 NE) do caprato, do citrato, do gluconato, do malato, do D-manitol e do
fenil-acetato.
Apresentam resposta positiva no API ZYM
Fosfatase ácida, fosfatase alcalina, leucina arilamidase, valina arilamidase, cistina
arilamidase, alpha-glicosidase e esterase lipase.
Apresentam resposta negativa no API ZYM
Esterase, lipase, alpha-galactosidase, beta-galactosidase, beta-glucuronidase, betaglucosidase, alfa-manosidase, alfa-fucosidase, N-acetil-beta-glucosaminidase.
Outras características fenotípicas podem ser estudadas utilizando um sistema
miniaturizado, denominado Micronaut (Merlin microbiological diagnostics company)
o kit de identificação utilizado por Scholz e colaboradores não é relatado no catálogo da
(Merlin microbiological diagnostics company). Os autores não deram nenhum detalhe
sobre este kit, citando apenas uma publicação de Neubauer et al. 2000.
A B. microti é cultivada na presença de tionina (diluida 1/25.000) e na presença de
fucsina básica (diluida 1/50.000). Nenhum crescimento é evidenciado em caldo contendo
6,5% de NaCl.
Os cultivos são lisados pelos fagos Tbilisi, F1 e F25 a 10.000 RTD (Routine Test
Dilution, Dilution) e pelo fago Weybridge na diluição de rotina.
O cultivo é facilmente obtido no agar nutritivo incubado na temperatura entre 25 e
42°C, em atmosfera aeróbia não enriquecida em CO2. Após 24 a 48 horas de incubação a
28-37°C, as colônias são lisas, transparentes, beges, ligeiramente côncavas de bordos
regulares e com diâmetro de 1 a 2 mm. No AS, as colônias não são hemolíticas. Após 72h
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de incubação a 37°C, as colônias possuem um tamanho compreendido entre 6 e 9 mm e de
coloração amarronzada.
A B. microti é sensível a gentamicina, tobramicina, ofloxacina e a associação de
trimetoprima-sulfametoxazol. Resistência é observada para a colistina, piperacilina, da
ceftazidima e tazobactam.
PATOGENICIDADE
A infecção dos camundongos provoca caquexia, edema de extremidades dos
membros, artrites, orquites e adenites. Esses abscessos são, algumas vezes, sobre os
membros e sua ruptura causa perfurações na pele. Na necropsia, há presença de abscessos
peritoniais, esplenomegalia, hepatomegalia pouco pronunciada e hemorragias intestinais
moderadas.
A inoculação por via subcutânea de 2,5 x 107 microrganismos em camundongos de
laboratório (Cd SPF da linhagem ICR) provoca, em 4 a 69 dias, morte de 50 % dos
animais. Os camundongos mortos apresentam abscesso, uma ligeira esplenomegalia, um
exsudato peritonial contendo bactérias Gram negativas observadas nas lesões.
Patogenicidade para o homem ou para outras espécies animais não foi ainda
documentada.
DIAGNÓSTICO
B. microti é facilmente isolada das lesões em agar nutritivo e no TSA. A
identificação é delicada, pois a B. microti pode ser confundida com uma espécie do gênero
Ochrobactrum, especialmente quando se utiliza a galeria API 20 NE conduzindo a uma
identificação errônea de Ochrobactrum anthropi. De qualquer forma a ausência de
motilidade permite distinguir facilmente B. microti de Ochrobactrum spp.
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Referencias Bibliográficas recomendadas para o Gênero Brucella spp
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