PREFEITURA MUNICIAPAL DE PELOTAS

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O que é?
A brucelose, também conhecida como “febre ondulante”, “febre do Mediterrâneo”
ou “febre de Malta”, é uma zoonose causada por microrganismos do gênero Brucella
sendo que a infecção é quase sempre transmitida por contato direto ou indireto com
animais infectados ou seus produtos.
Sobre os agentes etiológicos

Brucella abortus: O gado bovino é o hospedeiro específico de B. abortus. No
Brasil, a grande preocupação, tanto de saúde animal quanto de conseqüente risco
para a saúde pública, é a brucelose bovina, causada pela espécie B. abortus, devido
ao tamanho e a distribuição do rebanho brasileiro, e pelas taxas de prevalência da
infecção. A maioria dos quadros de brucelose humana, no país está associada a B.
abortus.

Brucella melitensis: É o principal agente etiológico da brucelose em caprinos. A
sintomatologia é semelhante à observada em outras espécies de animais e o principal
sintoma é o aborto que ocorre mais frequentemente no terceiro ou quarto mês de
gestação. A B. melitensis é a mais patogênica para o homem.

Brucella suis: O principal reservatório da B. suis é o suíno. A infecção no
homem causada por esta espécie é geralmente ligada à atividade profissional. Porém,
podem ocorrer surtos epidêmicos originados a partir de leite de vacas infectadas por
B. suis.

Brucella ovis: Também conhecida como epididimite infecciosa dos ovinos, a
infecção dos ovinos produzida pela B. ovis adota, com preferência, evolução crônica e
é caracterizada por inflamações do epidídimo e testículo dos carneiros.

Brucella canis: É o agente causador de brucelose canina . A transmissão dá-se
por contato direto com o microorganismo que penetra pelas mucosas. As infecções
geralmente começam pela penetração das mucosas da boca e nariz, mucosas
conjuntivas ou mucosas genito-urinárias pelo agente.
Como é transmitida?
EM ANIMAIS
A Brucella spp é transmitida entre os animais por contato com placentas, fetos,
fluidos fetais e descargas vaginais de animais infectados. Animais podem transmitir a
bactéria seja através do aborto ou do parto a termo. Após o primeiro aborto, as fêmeas
são assintomáticas. Apesar disso, tornam-se portadoras crônicas e continuam a
eliminar Brucella spp no leite e descargas uterinas durante os partos subsequentes,
quando poderão abortar ou não. A partir da terceira gestação após a infecção, o
aborto já não ocorre, devido a uma resposta imune celular e também porque o número
de placentomas necrosados diminui consideravelmente, permitindo o nascimento a
termo.
A entrada da bactéria no organismo ocorre principalmente por ingestão, através
das mucosas ou da pele. A maioria das espécies de Brucella é encontrada no sêmen,
já que os machos podem eliminá-la por esta via por longos períodos.
A importância da transmissão venérea varia com a espécie. É a primeira via de
transmissão para B.ovis e B.suis e a B.canis é também disseminada por esta fonte
com alguma frequência.
Em condições de umidade alta ou baixas temperaturas, em ausência de raios
solares diretos, o organismo pode permanecer viável por vários meses na água, fetos
abortados, esterco, lã, feno, equipamentos e roupas. A bactéria pode resistir ao
dessecamento e a temperaturas de congelamento, particularmente se estiver
protegida por material orgânico. Equinos, que convivem com animais infectados,
podem adquirir brucelose e a manifestação clínica mais comum é a presença de
abscessos na região da cernelha, lesão conhecida como “mal da cernelha” ou “mal
das cruzes”.
EM HUMANOS
A transmissão ao homem se deve ao contato com animais doentes podendo
haver transmissão através da pele, ao levar as mãos aos olhos, pela ingestão de leite
e queijo contaminados que não sofreram pasteurização, pela manipulação dos
produtos animais resultantes de aborto. A medula óssea e vísceras mal cozidas
podem ser importantes fontes de infecção humana.
Nos laboratórios e abatedouros, a bactéria é geralmente transmitida sob a
forma de aerossóis (ar). Dessa forma, o contato com culturas de laboratório, com
amostras de tecidos contaminados e a injeção acidental de vacinas vivas são
importantes fontes de infecção para humanos. A transmissão de brucelose entre
humanos é rara, mas já foi descrita a via sexual, por transfusão de sangue e por
transplante de órgãos. A doença não é transmitida do homem para o rebanho animal.
Os alimentos de origem animal e os produtos e subprodutos de matadouro
também têm um significado transcendental se forem processados incorretamente.
A suscetibilidade à brucelose em humanos depende de vários fatores, incluindo
o estado imunológico, as vias de infecção, a quantidade de inócuo e, em certa medida,
as espécies de Brucella.
Impacto na saúde pública
Doença transmitida por alimentos (DTA)
A brucelose está incluída no contexto das doenças transmitidas por alimentos,
uma vez que o leite e seus derivados, não pasteurizados, constituem a via de
transmissão primordial do agente etiológico para o homem.
Turistas ou viajantes de negócios para áreas endêmicas podem adquirir
brucelose, geralmente pelo consumo de leite não pasteurizado ou de outros produtos
lácteos. O consumo de produtos contaminados adquiridos por importação, sem
fiscalização, também é um meio de infecção.
Doença ocupacional
Em saúde ocupacional, a brucelose tem lugar de destaque por afetar grupos
profissionais da área de pecuária, que lidam com animais, principalmente os de
produção leiteira. Pode acometer, ainda, os funcionários que participam diretamente
do abate de animais e que estão expostos ao sangue, carcaças e vísceras. Enfrentam
o mesmo risco os médicos veterinários, quando do exercício das atividades de
assistência às criações ou da inspeção sanitária de produtos de origem animal nos
abatedouro.
Sinais Clínicos
A infecção humana por brucelose é considerada frequentemente subdiagnosticada porque os sinais clínicos podem ser confundidos e os procedimentos de
isolamento laboratorial não são rotineiramente aplicados. A doença geralmente é
confundida com gripe recorrente, sendo observadas fadiga, dores de cabeça, dores
musculares e sudorese.
Algumas das complicações mais frequentes são tromboflebite, espondilite e
artrite periférica. O quadro agudo pode evoluir para toxemia, trombocitopenia,
endocardite e outras complicações, podendo levar à morte.
A infecção pelo organismo do gênero Brucella pode acometer quase todos os
órgãos ou sistemas, e apresenta consequências mais ou menos graves como, por
exemplo, a incapacidade temporária para o trabalho por períodos relativamente longos
(15 a 90 dias), a imposição de tratamentos médicos prolongados e onerosos e
recuperação lenta.
Nos humanos, toda sintomatologia febril deve ser pesquisada para descartar a
brucelose, principalmente se o paciente for proveniente de área rural ou tiver contato
frequente com animais.
Prevenção e controle
A eliminação da doença no homem depende fundamentalmente da eliminação
da enfermidade nos animais. A fonte mais importante de contaminação para humanos
é o contato com animais infectados ou os seus produtos.
Logo, a prevenção deve ser baseada na eliminação destas fontes. Torna-se,
portanto, fundamental a adoção de medidas que reduzam o risco de infecção como
medidas de proteção nas diferentes atividades profissionais (proteção individual ao
manipular fetos ou produtos de abortos) associadas à higiene alimentar (pausterização
de produtos lácteos).
A inexistência de vacinas faz com que as medidas profiláticas sejam pouco
importantes na prevenção da brucelose humana. Nos bovinos, isto pode ser obtido
pela vacinação dos animais de reprodução, visando aumentar a imunidade dos
rebanhos e diminuir os riscos de abortos, seguido da eliminação de animais mediante
segregação e sacrifício dos infectados.
A brucelose é usualmente introduzida num rebanho por meio de animais
infectados. Portanto, animais só devem ser adquiridos de outros rebanhos ou áreas
livres. Animais de outras fontes devem ser isolados e testados antes de serem
adicionados ao plantel. De acordo com o PNCEBT, instituído para bovinos e
bubalinos, a vacina oficial e obrigatória no Brasil é a vacina B19, aplicada somente nas
fêmeas entre 3 e 8 meses de idade.
Numa exploração animal, as pessoas devem utilizar equipamentos de proteção
individual - EPIs (luvas, óculos, máscaras e botas), fazer a eliminação (abate sanitário)
dos animais excretores (doentes), assim como dos produtos excretados de animais
doentes (sangue, vísceras, abortos, carcaças), além de cuidados no momento da
imunização dos animais. Nos laboratórios deve-se atentar para o atendimento aos
quesitos de biossegurança e boas práticas laboratoriais.
Ações e medidas de vigilância sanitária para reprimir a atividade clandestina de
abate de animais para consumo humano devem ser postas em execução, como
objetivo de prevenir o risco potencial de infecção brucélica zoonótica.
A população deve ser orientada para apenas consumir leite ou derivados
lácteos pasteurizados ou fervidos. Com relação ao turismo, embora muitos dos
viajantes estejam dispostos a experimentar novas preparações e comidas exóticas,
eles precisam ser claramente informados sobre os modos de transmissão da doença,
para que possam ter cuidado ao se alimentarem, principalmente com relação a
alimentos de vendedores ambulantes, em países endêmicos para a doença, para não
se exporem às infecções por Brucella spp.
Bibliografia Recomendada
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Departamento de Defesa Animal.
Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT) - Brasília:
Departamento de Defesa Animal, 2006. 132p. (Manual Técnico)
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 104 de 25 de janeiro de 2011. Define as terminologias
adotadas em legislação nacional, conforme o disposto no Regulamento Sanitário Internacional 2005
(RSI 2005), a relação de doenças, agravos e eventos em saúde pública de notificação compulsória
em todo o território nacional e estabelece fluxo, critérios, responsabilidades e atribuições aos
profissionais e serviços de saúde. Brasília, 2011b.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1339, de 18 de novembro de 1999. Instituir a Lista de
Doenças relacionadas ao Trabalho. Brasília, 1999.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância
Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. 8. ed. rev. Brasília: Ministério da
Saúde, 2010b. 448p.
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