1 Fundamentos de Macroeconomia As ideias de Keynes John Maynard Keynes, alto funcionário do governo inglês e também professor, administrador de faculdade, homem de negócios, patrono das artes e principal economista de sua época, viveu entre 1883 e 1946. Acompanhou com grande interesse o fenômeno econômico conhecido como Grande Depressão, ocorrido nos Estados Unidos: em 1933, o pior ano, 12 a 14 milhões de americanos estavam desempregados; 25% ou mais da força de trabalho da nação não encontravam ocupação, qualquer que fosse a profissão ou classe de renda. Da observação dos fatos surge a teoria. E a teoria keynesiana apresenta, entre outros, cinco aspectos que a tornam sumamente original, oportuna e revolucionária. Em primeiro lugar, Keynes evidencia alguns aspectos decisivos para a formulação de um raciocínio lógico sobre a economia como um todo: suas análises abordavam o nível geral de emprego, o nível de preços, o Produto Nacional Bruto, a liquidez da moeda e outros aspectos. Sua obra constitui, pois, um marco dentro da análise macroeconômica, significando uma guinada de 180 graus na Teoria Econômica que insistia, até então, na abordagem microscópica. Em segundo lugar, a análise keynesiana ressaltou a importância da procura e da oferta agregada na Economia. Mais uma vez, um problema agregativo, relevante na determinação do nível da Renda Nacional e do emprego em geral. Para Keynes, a oferta global poderia exceder a procura agregada ou ficar muito aquém da mesma. Isso contrariava frontalmente a lei de Say, do economista francês Jean Baptiste Say (1786 – 1832) da escola clássica. A lei de Say preconizava que “a oferta cria sua própria procura”, ou seja, o aumento da produção transformar-se-ia em renda dos trabalhadores e empresários, que seria gasta na compra de outras mercadorias e serviços. A lei de Say é um dos pilares da macroeconomia clássica. Uma terceira característica da obra de Keynes consiste na sua tese de equilíbrio de desemprego, isto é, um processo de tentativa de ajustamento entre a oferta agregada e a procura agregada – via diminuição da produção e do emprego – até um reequilíbrio. Reequilíbrio que fatalmente iria acarretar grande massa de desemprego no conjunto da economia, o que explicaria a Grande Depressão. O quarto aspecto da teoria keynesiana, diz respeito à liquidez da moeda, isto é, à sua condição de ativo por excelência, capaz de manter naturalmente a capacidade de compra a qualquer momento. Para ele, a moeda significava, portanto, algo mais que um simples elemento de troca, revestido de especial importância no funcionamento da economia. Competindo com outros ativos reais – ativos não financeiros – a moeda seria alvo de demanda e oferta, influenciando a procura e a oferta agregadas da Economia e, assim, o próprio nível de emprego. O quinto ponto chama a atenção para a eventual necessidade de intervenção do governo de forma indireta – incentivando o consumo via diminuição dos impostos, no caso de insuficiência da demanda, ou aumentando os impostos se se tratasse de excesso de demanda – ou de forma direta – aumentando o consumo próprio de bens e serviços. E mesmo alterando a oferta de moeda na Economia, uma forma ainda mais indireta de intervenção. É inegável a contribuição de Keynes para o estudo da Macroeconomia. Muitos governos, notadamente nas economias mistas do Ocidente, adotaram e vêm seguindo os conceitos da “nova Economia”, da qual Keynes foi um dos mais autênticos 2 representantes. Não se pode negar, sobretudo, que tais conceitos em muito colaboraram para evitar a repetição de fenômenos como a Grande Depressão dos anos 30. Fonte: Economia: notas introdutórias – José Octávio de Campos Moreira; Fauzi Timaço Jorge – 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. Fundamentos de Economia – Marco Antonio Sandoval Vasconcellos; Manuel E. Garcia – 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2008