atuação do psicólogo junto ao paciente com insuficiência renal

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ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO JUNTO AO PACIENTE COM INSUFICIÊNCIA
RENAL CRÔNICA
Amanda Magalhães¹; Greice Cristina Scatambulo¹; Karla Funk Szinvelski¹;
Leila Maria Romão¹; Maria Goreti Manchini da Costa¹; Maria Neuza
Zambonato Parente¹ Poliana Belz de Souza¹; Sandra Alves de Oliveira
Herek¹, Aline Mazambani².
RESUMO: Correlacionando o embasamento teórico com a prática da
Psicologia Hospitalar, o estágio no Instituto do Rim de Maringá, objetivou
oportunizar a experiência profissional, utilizando os conhecimentos teóricos
adquiridos e da capacidade de manejo dos recursos técnicos da Psicoterapia
Breve. No lugar de reagir passivamente a eventos negativos, os pacientes
podem se comportar de modos que aumentem seu bem-estar e sua qualidade
de vida, diante de uma doença crônica, como a insuficiência renal. Foram
atendidos 32 pacientes, no período de março a outubro de 2008, utilizando-se
de triagens, avaliações psicológicas, acompanhamento e atendimento
psicológico ao paciente e seus familiares. As intervenções propostas
possibilitaram o desenvolvimento de recursos de enfrentamento e ajustamento,
bem como, crescimento pessoal frente ao processo de adoecimento e
tratamento que acometem os pacientes com insuficiência renal crônica. Foi
possível avaliar os recursos saudáveis e as potencialidades de cada um
possibilitando reconhecer os recursos preservados. Dessa forma,
consideramos imprescindível que as instituições de saúde possuam um serviço
de Psicologia, para amparar a equipe, o paciente e seus familiares.
PALAVRAS CHAVE: Acompanhamento psicológico; Hemodiálise; Insuficiência
Renal.
INTRODUÇÃO
De acordo com Camon (2002), a insuficiência renal crônica é uma
doença definida como a perda definitiva das funções renais, devendo o
paciente seguir rigoroso tratamento cons tituído por dieta específica, constante
controle médico, e em geral tratamento dialítico.
O tratamento impõe ao paciente, intensas restrições evidenciando, em
conseqüência, várias manifestações psíquicas e comportamentais, a maioria
de caráter negativo, vinculadas à máquina de hemodiálise, que de forma
ambígua aponta possibilidade da manutenção da vida associada a restrições,
dependência, frustrações temores difusos, incluindo o temor da morte, gerando
estados estressantes tanto em nível físico como psíquico.
Acadêmicas do curso de Psicologia – CESUMAR, Maringá-PR; [email protected]¹
[email protected];1 [email protected]¹; [email protected]¹;
[email protected]¹; [email protected]¹; [email protected]¹;
[email protected]; Docente do curso de Psicologia CESUMAR, Maringá-PR:
[email protected]²
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No processo de hemodiálise é utilizado um conjunto de tubos finos
chamados de filtros capilares, por onde o sangue é filtrado. O paciente é
submetido a um processo denominado fístula arteriovenosa, realizado por um
cirurgião vascular, onde une-se uma veia e uma artéria superficial do braço
permitindo o fluxo de sangue com a finalidade de que o paciente tenha um
ponto acessível que permita ser puncionado. O tratamento ocorre em sessões
de quatro horas, três vezes por semana, visando eliminar as toxinas do
organismo do paciente.
A insuficiência renal crônica é o resultado final do comprometimento da
função renal por diversas doenças que acometem os rins, de maneira rápida ou
lenta e progressiva, que tornam o rim incapaz de realizar as suas funções. O
ritmo de tal progressão depende da doença original e de causas agravantes,
como hipertensão, infecção urinária, nefrite, cálculos renais, gota e diabetes.
Geralmente, quando surge uma doença renal, ela ocorre nos dois rins,
raramente atingindo um só. Quando o rim adoece por uma causa crônica e
progressiva, a perda da função renal pode ser lenta e prolongada
Podem ser observados em pacientes em um programa de hemodiálise
sintomas clínicos como: mal-estar, vômitos, tonturas, câimbras, cefaléia, fadiga,
insônia, perda de peso, má nutrição, problemas psicológicos, hipotensão,
hipertensão, convulsões, anemia, hepatite.
Camon (2003), refere que os pacientes em hemodiálise devem ingerir
uma dieta rica em calorias, para que o procedimento atinja seu objetivo. A
ingestão de líquido é geralmente limitada, para permitir um ganho de peso de
não mais que 0,5 Kg por dia. A hipertensão deve ser tratada pela restrição de
água e sal. Geralmente são prescritos suplementos vitamínicos.
O tratamento hemodialítico provoca uma sucessão de situações para o
paciente renal crônico, que compromete além do aspecto físico, psicológico,
com repercussões pessoais, familiares e sociais. Camon (2003) afirma que os
pacientes perdem suas atividades escolares, domésticas ou profissionais.
Outros se afastam de empregos, passando a depender dos benefícios da
Previdência Social, fato que os leva à perda da segurança financeira. Perdem
as funções físicas, como o vigor e a resistência ao lazer, incluindo as atividades
sexuais. Têm perda da independência e liberdade em função do tratamento e
das intercorrências que muitas vezes os confinam em casa ou no hospital,
acamados.
Na hemodiálise a morte e o temor a ela também estão presentes
gerando no paciente um quadro de ansiedade, insegurança e certo desapego a
vida, ou melhor, medo de lutar pela vida e ser traído pela morte. Vai ocorrendo
um decréscimo da qualidade da mesma, como uma dependência real e total da
máquina com alterações no estado de saúde, distúrbios somáticos, doenças
secundárias e restrições mais variadas, a partir de Camon (2002).
A psicoterapia breve é sempre apresentada ao paciente como uma
aventura protagonizada por ele e pelo terapeuta na qual o paciente deve
aprender técnicas de resolução de problemas. A ênfase se dá na
aprendizagem, na auto conceito e no auto conhecimento. Ao ponto de fazer
com que o paciente adote defesas menos regredidas.Tem como objetivo
promover o alívio dos sintomas e ansiedades, sendo essa capaz de alterações
de padrões mal- adaptativos de comportamento e de relações interpessoais.
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Santos e Sebastiani (1996) ressaltam que nas enfermidades que não
têm perspectiva de recuperação, cabe à pessoa compreender a enfermidade e
se esforçar para adaptar-se à vida com a doença.
A atuação do psicólogo em clínicas de hemodiálise tem o objetivo de
proporcionar uma melhor adaptação do paciente ao tratamento, promovendo a
reabilitação social desse indivíduo, preparando este e seus familiares para o
processo de hospitalização, as cirurgias e a convivência com a cronicidade da
doença visando à atenuação de problemas psíquicos advindos desse
processo. Busca também favorecer ao paciente a aquisição de uma nova
percepção da sua realidade podendo até mesmo transformá-la, sem perder, no
entanto, os parâmetros de suas limitações.
Portanto, na impossibilidade de restituir a qualidade de vida anterior à
doença, busca-se alcançar e melhorar a qualidade de vida atual, minimizando o
sofrimento psíquico e o impacto da doença na estruturação pessoal e sóciofamiliar. O trabalho do Psicólogo na hemodiálise deve acontecer tanto na
reestruturação psíquica do paciente, como também na manutenção do
tratamento. A assistência psicológica junto aos pacientes renais crônicos
poderá auxiliá-los a encarar sua condição numa outra perspectiva, ativando
estratégias de enfrentamento que resgatem o bem-estar e promovam melhor
qualidade de vida, descobrindo possibilidades na adversidade.
O estágio realizado no Instituto do Rim de Maringá teve como objetivo
minimizar o impacto ocasionado pelo diagnóstico e tratamento; facilitar a
adesão ao tratamento; promover melhor entendimento e compreensão dos
fatores inerentes ao processo de tratamento; desenvolver recursos de
enfrentamento; criar ambiente favorável para expressar as emoções; identificar
os fatores que dificultam os processos de tratamento com o paciente de
insuficiência renal crônica.
MATERIAL E MÉTODOS
O estágio foi realizado com oito estagiárias que freqüentavam a
instituição uma vez por semana cada, no período de março a outubro de 2008.
Cada estagiária acompanhou uma média de quatro pacientes. Os pacientes
selecionados para acompanhamento psicológico foram distribuídos de acordo
com a demanda e o horário dos turnos em que os pacientes realizavam o
tratamento, o qual consistia no primeiro e segundo turno, referentes ao período
da manhã e tarde, onde havia uma dupla de estagiários por turno. O tempo de
atendimento para cada paciente era de 30 a 50 minutos por paciente, sendo
que os estagiários permaneciam de 3 a 4 horas na instituição. Foram
acompanhados 32 pacientes e ocasionalmente eram atendidos outros que
apresentassem demanda no dia, bem como os familiares destes.
Para início das atividades no Instituto do Rim de Maringá foi realizada
uma triagem, onde foram verificados quais pacientes seriam atendidos; em um
segundo momento foram realizadas as avaliações individuais dos pacientes; no
processo de avaliação foi utilizado o roteiro de avaliação psicológica no hospital
geral adaptado para realidade institucional em questão, (Camon, 2003),
seguido pelo acompanhamento diário dos pacientes, onde eram feitas as
evoluções em prontuários com alterações do quadro clínico do paciente. As
intervenções foram embasadas no método da Psicoterapia Breve, visando
facilitar o processo de enfrentamento frente ao tratamento e ao adoecimento.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os dados observados e os objetivos desse trabalho, foi
percebido que os pacientes acompanhados no período de março a outubro de
2008, apresentaram uma melhora nos aspectos referentes ao conhecimento e
entendimento do diagnóstico e tratamento , e melhora na adesão ao tratamento
(alimentação, informações e desmistificações). Através das intervenções dos
estagiários foi possível desmistificar as fantasias apresentadas pelos pacientes
buscando minimizar seus medos, angústias e ansiedades, proporcionar
oportunidades para que desenvolvessem recursos de enfretamentos,
autonomia, auto -estima e auto-conceito e atenuação do uso exacerbado dos
mecanismos de defesas.
Foi observada uma melhora nas manifestações psíquicas e
comportamentais, bem como a aceitação do esquema corporal modificado pela
Insuficiência Renal Crônica e constatamos atenuação no que se refere à
angústia de morte muito presente no contexto de hemodiálise, sendo
proporcionada a eles através das intervenções possibilitando a ressignificação
do seu novo estilo de vida.
CONCLUSÃO
O trabalho prático realizado, permitiu perceber que o trabalho
psicológico com pacientes renal crônico se difere e até se acentua em virtude
da cronicidade e da evolução do quadro. O psicólogo não atua apenas na
reestruturação psíquica do pacientes mas também visa à manutenção do
tratamento, incluindo a dieta, relação equipe de saúde-paciente; controle
médico-medicamentoso bem como a adesão ao tratamento dialítico. A ênfase
maior foi dada na facilitação dos pacientes na identificação dos fatores que
dificultam os processos de tratamento bem como a busca de recursos positivos
de enfrentamento, resultando o resgate do sentido humano de cada um,
dando-se mais valor a parte saudável e as potencialidades de cada paciente.
Contudo, destacamos que é imprescindível a atuação do psicólogo no contexto
de hemodiálise, pois contribui de forma significativa para promoção de uma
melhor qualidade de vida dos pacientes renais crônicos.
REFERÊNCIAS
CAMON, Valdemar Augusto Angerami (org); CHIATTONE, Heloise Benevides
de Carvalho; MELETI, Marli Rosani. A psicologia no hospital. 2 ed. São Paulo:
THOMSON, 2003.
CAMOM, Valdemar Augusto Angerami (org). e cols. Novos rumos na psicologia
da saúde. São Paulo: THOMSON, 2002.
SANTOS, C.T., & SEBASTIANI, R.W. Acompanhamento psicológico à pessoa
portadora de doença crônica. São Paulo: Pioneira,1996.
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