DIOVANA TAIS LINK ENGSTER TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA SANTA ROSA, DEZEMBRO, 2013 UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCACÃO CURSO DE PSICOLOGIA TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA DIOVANA TAIS LINK ENGSTER ORIENTADORA: SONIA APARECIDA DA COSTA FENGLER Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de formação de psicólogo. Santa Rosa, Dezembro, 2013 DIOVANA TAIS LINK ENGSTER TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA BANCA EXAMINADORA SONIA APARECIDA DA COSTA FENGLER Psicóloga; Mestre; Professora do Departamento de Humanidade e Educação LALA CATARINA LENZI NODARI Doutora em Educação; Mestre; Professora do Departamento de Humanidade e Educação Dedico este trabalho de pesquisa a meus pais Valdir Link e Noeli Dreger Link, e ao meu marido Douglas André Engster, por sempre me apoiarem em meu percurso acadêmico, incentivando-me a nunca desistir de meus objetivos, e não medindo esforços para me impulsionar a alcançalos. AGRADECIMENTOS Durante a realização deste trabalho, existiram pessoas que foram muito importantes para que eu não desistisse, e seguisse adiante até acaba-lo. Neste momento quero agradecê-los por todo apoio. Assim agradeço em primeiro lugar a Deus que me iluminou e me deu forças para seguir sempre em frente e não desistir nos espinhos que apareceram em meu caminho. A minha orientadora professora Sonia Aparecida da Costa Fengler pelas suas importantes contribuições, pela paciência e carinho o qual dispensou a mim durante todo este semestre, e por seu jeito bondoso ajudar-me a findar minha jornada. Pelas contribuições da professora Lala Catarina Lenzi Nodari no momento de minha apresentação. Ao meu irmão Giovan e minha cunhada Marla, que mesmo longe sempre me ajudaram de alguma forma, mesmo que fosse com palavras de motivação e apoio, por acreditarem em mim, pela minha sobrinha Mariana, que com sua alegria de viver e amor, sempre me motivava. A Danielle Tatiane Abran minha amiga, madrinha e irmã do coração, companheira de todas as horas fossem elas boas ou ruins, sempre ao meu lado me ajudando e motivando. As minhas colegas e amigas Tami e Leti pela amizade que vai ficar para sempre. Ao meu marido Douglas por ter me compreendido durante este semestre de trabalhos incessantes, aos meus amigos e compadres Adriano e Beatriz, Tiago e Aline, por sempre me fazerem acreditar que eu conseguiria, aos meus primos Daniel e Eliana, pelo apoio. E principalmente aos meus pais Valdir e Noeli que me deram a oportunidade de estudar e fazer a faculdade que sempre quis, por sempre estarem ao meu lado, e acreditarem e me fazer acreditar no meu potencial. TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA DIOVANA TAIS LINK ENGSTER SONIA APARECIDA DA COSTA FENGLER RESUMO: Na sociedade contemporânea em que estamos inseridos a ansiedade é um dos maiores males que acomete o indivíduo, pois são tantos os afazeres e responsabilidades que assumimos e, em meio a este contexto está a nossa estrutura subjetiva que em muitos momentos não está preparada para absorver toda essa carga de compromissos. Assim, esse trabalho de conclusão de curso aborda as patologias causadas pelo excesso de ansiedade. Parte então, de uma descrição sobre o que é ansiedade, e os males que o excesso de ansiedade pode causar. Apresenta as formas de reconhecer quando a ansiedade é considerada normal e a partir de que momento ela torna-se patológica. Aborda de forma sucinta os transtornos causados pela ansiedade “desenfreada”, e, em um segundo capítulo a pesquisa se ocupa de um estudo específico do transtorno de ansiedade generalizada. PALAVRAS-CHAVE: Indivíduo, ansiedade, sintoma, transtorno, tratamento. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 7 CAPÍTULO l - ANSIEDADE ................................................................................................................ 8 CAPÍTULO ll - TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA .......................................... 16 2.1 Sintomas ................................................................................................................................... 20 2.2 Tratamento................................................................................................................................ 23 2.2.1 Farmacoterapia ................................................................................................................. 23 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................. 28 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................................................................ 31 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objetivo descrever de modo amplo o que é ansiedade, e também abordar os sintomas que se apresentam no transtorno de ansiedade generalizada. Com o objetivo de esclarecer e de facilitar, o diagnóstico precoce deste transtorno, para que alguns dos sintomas mais graves sejam evitados, e que o prejuízo na vida do indivíduo portador deste transtorno seja o menor possível. Vale ressaltar, que todos os indivíduos em algum momento de suas vidas apresentarão alguma forma de ansiedade, em menor intensidade, sendo considerada uma situação normal. No primeiro capítulo procuro tratar a respeito das definições de ansiedade apresentadas pelos diferentes autores estudados. Para após trabalhar sobre os males que o excesso de ansiedade pode causar, e os transtornos decorrentes desse excesso. É feito um breve relato sobre o Transtorno do Pânico, o Transtorno de Estresses Pós-traumático, as Fobias e o Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Já no segundo capítulo, refletiremos a respeito do Transtorno de Ansiedade Generalizada. Para aprendermos a identificar quando a ansiedade torna-se patológica e quando é considerada normal. Procuro abordar também as fobias que costumam aparecer concomitantemente ao Transtorno de Ansiedade Generalizada. A escolha desse tema se deu devido a um percurso pessoal e conhecimentos que surgiram na vida acadêmica, além deste ser um contexto muito presente na sociedade atual, devido ao fato de geralmente as pessoas não disponibilizarem muito tempo para o lazer, sendo este um sintoma cada vez mais presente no cotidiano dos indivíduos. Então certamente como profissional no campo da psicologia, em algum momento de minha prática clínica irei me deparar com questões referentes a esse transtorno. CAPÍTULO l - ANSIEDADE Atualmente, falar de ansiedade é falar de um dos maiores males da sociedade em que vivemos, pois esta acomete grande parte dos indivíduos no contexto em que estão inseridos hoje, ou seja, nossa sociedade capitalista, onde os indivíduos acabam não tendo mais tempo para o lazer, e sim pensam apenas no trabalhar, e com isso acabam “ansiosas”. Mas, percebe-se que apesar da ansiedade ser um transtorno que gera sensações, sintomas desagradáveis, observa-se que geralmente os indivíduos ansiosos se encontram ativos preocupam-se, e possuem perspectivas futuras e, analisando por este âmbito são indivíduos que “fazem as coisas acontecerem”, é claro que se deve analisar o grau da ansiedade. “Dessa forma, o termo ansiedade provém do grego Anshein, que significa oprimir, sufocar. Ansiedade exprime a experiência subjetiva e esta sempre associada à manifestação de sintomas corporais. Ela constitui-se como resposta a uma possível ameaça desconhecida, vaga. Pode-se afirmar, que a impossibilidade do ser humano em dar sentido a determinadas situações é de longe o maior gerador de ansiedade possível de vivenciar.” (www.scielo.br, acesso dia 23 de setembro de 2013). Segundo Beck e Clarck “a ansiedade é um estado de sentimento desagradável evocado quando o medo é estimulado” (2012, pag.17), ou seja, o medo estimula a ansiedade, então isso significa que o medo é antecipatório a ansiedade. Todos em algum momento da vida iremos passar pela experiência de nos sentirmos ansiosos, seja a ansiedade causada pelo medo, ou por alguma outra situação que possa estimular a ansiedade em nosso corpo. Conforme Clark e Beck: “Ansiedade é um sistema de resposta cognitiva, afetiva fisiológica e comportamental complexo que é ativado quando eventos ou circunstâncias antecipadas são consideradas altamente aversivas porque são 9 Percebidas como eventos imprevisíveis que poderiam potencialmente ameaçar os interesses vitais de um indivíduo.” (2012, pag.17). Para Freud, o que gera a ansiedade são os conflitos psíquicos ligados à sexualidade. Já segundo Taylor a ansiedade faz parte de nossas vidas, e, assim a sua originalidade pode ocorrer a qualquer momento e pode ser de forma saudável, ou causando algum tipo de transtorno psicológico. Assim a ansiedade é um estado emocional de apreensão, uma expectativa de que algo ruim aconteça acompanhado por varias reações físicas e mentais desconfortáveis. Ou seja, a ansiedade poderá manifestar-se a qualquer momento em nossas vidas. Freud em seus escritos referia-se a ansiedade como angst, que no português seria angustia, porem foi um termo que complicou bastante as traduções de suas publicações, pois alguns tradutores acharam que ansiedade seria o termo mais correto para ser usado nas traduções, que se adequava mais com os sintomas apresentados pelo autor, devido a este fato posteriormente o próprio Freud concordou no uso de ansiedade no lugar de angustia. Neste contexto algo que acontece bastante é o fato de confundir-se o medo e a ansiedade. Porém estas são emoções diferentes. “A ansiedade é uma resposta a uma possível ameaça desconhecida, vaga, diferente do medo que é um estado emocional similar, só que, em resposta a uma ameaça conhecida e definida”. Pode-se dizer que o medo envolve a avaliação intelectual de um estimulo ameaçador e a ansiedade é a resposta emocional a essa avaliação.” (Gonçalves, Betsie, 2003). “Assim, o medo produz a ansiedade, que prepara o indivíduo a tomar as medidas necessárias, para evitar a ameaça ou, ao menos atenuar suas consequências.” (Gonçalves, Betsie, 2003)”. Segundo Beck e Clark: “O medo é um estado neurofisiológico automático primitivo de alarme envolvendo a avaliação cognitiva de ameaça ou perigo eminente à segurança e integridade de um indivíduo.” (2012, pag.17) Portanto, o medo sempre é destinado a algo conhecido, tem um destino, ou um objeto definido, enquanto que a ansiedade esta ligada ao fato de algo desconhecido, que causa insegurança. Quando sentimos medo, sentimos de alguma situação, ou, como por exemplo, de algum animal, e quando estamos ansiosos sentimos insegurança de que algo ruim possa nos acontecer, ou com alguém que 10 nos seja próximo. Porem, tanto o medo quando a ansiedade nos remete ao futuro de algum modo. Dessa maneira, a presença excessiva de ansiedade causa vários danos, tanto físico quanto psicológico ao seu portador, o excesso de ansiedade faz com que o indivíduo mantenha-se sempre em estado de vigília, com um sono geralmente perturbado, pode-se dizer que o indivíduo muito ansioso ao deitar-se para dormir “não desliga, permanece o tempo todo ligado”, mesmo com os olhos fechados seu cérebro continua funcionando, não descansa. Além de ter crises de choro involuntário, das quais não consegue ter controle. Ainda, a ansiedade também faz com que o indivíduo sinta receio de enfrentar algumas situações, e, consequentemente acontece o aparecimento do medo, que pode fazer com que o indivíduo sinta-se sempre ameaçado, causando uma dependência de sempre estar com alguém que lhe faça sentir seguro. Portanto, os sinais e sintomas somáticos observados em estados ansiosos incluem aumento do tônus autonômico e suas consequências, como midríase, alterações respiratórias, cardiovasculares, digestivas, contraturas musculares, cefaleias e outras dores tensionais, tremores, calafrios, cinestesias e parestesias, tontura e sensação de flutuação, entre outros. Os sinais psíquicos incluem insegurança, apreensão, nervosismo aflição, choro, sustos e reações de sobressalto, alterações cognitivas, fadiga, insônia inicial ou sono entrecortado, pesadelos, terror noturno, sensações de despersonalização ou desrealização. “Assim, alguns indivíduos queixam-se também, de opressão, vazio ou constrição na região precordial ou epigástrica, similar à dor e tristeza do que medo, de fundo emocional, que corresponde ao sintoma classicamente conhecido como “angústia”. Adolescentes tendem a expressar ansiedade como irritação. Em maior intensidade, o indivíduo ansioso pode sentir que vai desmaiar ou perder a consciência, o autocontrole, ou morrer, podendo entrar em pânico. Assim, o comportamento de um indivíduo em estado ansioso pode variar da inibição psicomotora à agitação e ao desespero.” (Hetem e Graeff, 2012, pag. 31). Nesse contexto, acha-se necessário descrever um pouco de cada transtorno que o excesso de ansiedade pode causar, a começar pelo transtorno do pânico. O transtorno do pânico tem como característica principal o medo, que quando se 11 manifesta de forma intensa causa ataques de pânico, segundo Barlow o pânico é a apresentação mais clara de medo. Freud inicialmente chamava o transtorno do pânico de neurose de angústia, ainda diz que é caracterizada pela ansiedade crônica, ou por ataques de ansiedade, porem, não considera sintomas distintos e sim duas variáveis de uma mesma síndrome. Portanto: “os sintomas definidores de pânico são, palpitações ou taquicardia, sudorese, tremores ou abalos, sensações de sufocação ou falta de ar, sensação de asfixia, aperto, dor ou desconforto torácico, desconforto abdominal ou náusea, tontura, vertigem, desmaio ou sensação de instabilidade, sentimentos de irrealidade (desrealização) ou de estar distanciados de si mesmo (despersonalização), sensações de entorpecimento ou formigamento, calafrios ou ondas de calor, medo de perder o controle ou enlouquecer, medo de morrer”. (Clark, e Beck, 2012, pag. 281) Sabe-se que Indivíduos portadores deste transtorno também relatam que algumas situações como ficar sozinho em casa, ir ao supermercado, lojas, andar de ônibus, caminhar na rua, dirigir, até mesmo sinais internos como pensamentos, sentimentos, imagens ou sensações corporais, entre outras situações podem causar ataques de pânico. Assim, o indivíduo passa a evitar este tipo de situações a fim de evitar sofrer algum ataque de pânico. Conforme o DSM (Diagnóstico de Transtornos Mentais), atualmente reconhece três tipos de pânico que são ataques de pânico espontâneos ou inesperados, quando o ataque acontece sem ser percebido antecipadamente o sujeito somente percebe o que esta tendo um ataque de pânico quando ele já esta acontecendo, enquanto que os ataques de pânico ligados a situações ocorrem no momento de exposição a algo que perturbe o indivíduo, e, o ataque de pânico predisposto pela situação que acontecem geralmente quando o indivíduo aparentemente está bem, sujeitando-se a passar por uma situação que lhe causa pânico e de repente acontece um ataque de pânico, como por exemplo, quando se esta esperando na fila de um banco. Por esta razão, faz se necessário conhecermos o conceito de fobia, que segundo Hetem e Graeff: 12 “O aspecto essencial das fobias é o medo persistente, exagerado e irracional, desencadeado pela presença ou pela antecipação de contato de situações ou objetivos específicos. Em razão dele, o indivíduo fóbico evita a todo custo à situação temida ou a enfrenta com extrema dificuldade. Ataques de pânico podem ocorrer se o indivíduo se vê obrigado a confrontar a situação ou o objeto fóbico.” (2012, pag. 118) Portanto, frequentemente o transtorno do pânico vem acompanhado de agorafobia, que é caracterizada pela ansiedade e preocupação de estar em um ambiente do qual não vai conseguir sair, ou que poderá vir a ter um ataque de pânico e não terá ninguém que lhe ajudará, a partir de então, o indivíduo passar a evitar estes ambientes ou somente os frequenta se estiver acompanhado. Conforme Beck e Clark: “O termo agorafobia tem origem na palavra grega ágora que significa lugar público de reunião. Trata-se de um medo irracional e persistente de ficar só em lugares públicos, nos lugares em que pode ser difícil sair ou obter ajuda no caso de uma incapacitação repentina. Entre situações que evocam esse medo intenso estão sair à rua, usar transporte público, ir a lugares muito frequentados.” (2012, pag. 127). Nota-se que a agorafobia caracteriza-se principalmente pelo medo de lugares públicos, porem inúmeros outros medos também podem se manifestar, e estas manifestações acabam causando ataques de pânico no indivíduo que na maioria das vezes o seu primeiro acontecimento é em público, o que faz com que o indivíduo passe a esquivar-se de lugares que possam o expor. Porem, a agorafobia é considerada o quadro fóbico mais limitante e comprometedor. Para tanto, o transtorno de fobia social é caracterizado pelo medo de qualquer tipo de exposição em público, pois para o indivíduo portador do transtorno, a possibilidade de ser avaliado por outros lhe causa medo, insegurança em errar gaguejar, ou mesmo não saber o que fazer perante o público. Porem, não se resume somente a este tipo de situações, o indivíduo também passa a privar-se de frequentar locais públicos pelo simples fato de sentir medo que alguém lhe aborde para conversar e o mesmo não saiba o que fazer. Segundo Hetem e Graeff: “O termo fobia social refere-se ao medo diante da perspectiva de ser observado, em especial quando o indivíduo precisa fazer certas atividades na presença de outros. Essas atividades incluem comer, beber, escrever, assinar, usar aparelhos 13 públicos, trabalhar ou viajar em transportes públicos, caminhar com outras pessoas, falar para outras pessoas ou simplesmente ser olhado. As principais preocupações incluem o medo de ser incapaz de se expressar, parecer estúpido, não saber o que dizer e ser ignorado, entre outros. Os indivíduos com fobia social avaliam as situações problemáticas como ameaçadoras e potencialmente catastróficas.” (2012, pag.123) Dessa forma, também são frequentes entre indivíduos portadores de fobia social os ataques de pânico, que acontecem quando o nível de ansiedade é muito elevado desencadeando assim um ataque de pânico. Então para o indivíduo portador de fobia social podemos constatar que toda e qualquer atividade que o faça ter contato com outras pessoas, o faz mal, lhe causa constrangimento, e o deixa com medo de não ter a reação adequada para a situação. Para tanto, o transtorno obsessivo compulsivo, também conhecido como TOC, é mais um dos transtornos de ansiedade e, Clark e Beck o definem como: “O TOC é um transtorno de ansiedade no qual os aspectos principais são a ocorrência de obsessões e ou compulsões de gravidade suficiente a ponto de consumir tempo e ou causar sofrimento acentuado ou prejuízo funcional”. (2012, pag.447). Portanto, o indivíduo portador de TOC pode apresentar tanto a obsessão como a compulsão, ou somente um dos sintomas, porem geralmente os dois se apresentam. Assim é importante sabermos diferenciar o que é obsessão e o que é compulsão. Portanto obsessão são pensamentos, imagens, impulsos repetitivos indesejados pelo indivíduo, muitas vezes o mesmo sabe que esta exagerando em seus pensamentos, porem não consegue controlar. Enquanto que a compulsão é uma resposta mental repetida, e geralmente envolve uma ação, às vezes involuntária, porem incontrolável, como verificar se a porta esta trancada várias vezes. Dessa forma, para que o indivíduo seja diagnosticado com TOC é importante que ele apresente compulsão ou obsessão, ou mesmo os dois, e que estas sejam excessivas ou irracionais, causando prejuízos na vida do indivíduo. Assim, faz-se necessário conceituar estresse que segundo dicionário é um “conjunto de perturbações, orgânicas, psíquicas, provocadas por vários agentes agressores, como o frio, uma doença infecciosa, uma emoção um choque cirúrgico, as condições de vida muito ativa e trepidante, etc.” (Dicionário Aurélio). 14 Nesse contexto, entramos no transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), este transtorno se manifesta após o indivíduo passar por uma situação de trauma específico, que podem ser os mais variados, como algum tipo de acidente, algum crime, ser diagnosticado com alguma doença grave, ou algum evento traumático. Assim, o indivíduo com TEPT apresenta sintomas de revivência, onde o evento traumático é revivido, seja por pensamentos, imagens, ou pequenos filmes que passam em sua cabeça relembrando o evento, esta revivência lhe causa um grande sofrimento, e pode causar uma descarga de ansiedade, que fará com que o indivíduo sinta como se estivesse acontecendo tudo novamente. Dessa maneira, o indivíduo passa também a evitação, onde evita alguns contatos e situações na tentativa de não sofrer mais nenhuma revivência que lhe traga sofrimento. Ocorre também do indivíduo perder a capacidade de sair sozinho de casa, pelo fato de temer que algo lhe aconteça. O indivíduo passa ainda a ter dificuldades de expressar seus sentimentos por pessoas próximas, de emocionar-se, em alguns casos amnésia de fatos traumáticos, e por fim, são indivíduos permanentemente alertas, como se fossem ser atacados ou sofrer algo a qualquer momento, e não estivessem seguros em lugar algum. Dessa maneira, o transtorno de estresse agudo (TEA), assim como o transtorno de estresse pós-traumático o TEA caracteriza-se como uma resposta a algum acontecimento traumático, porem com três diferenças fundamentais, a primeira e mais importante que é temporal, é imediato se apresenta em no máximo dois dias, e se permanecerem os sintomas, o diagnóstico passa a ser de TEPT. Ainda, a segunda diferença esta na obrigatoriedade de o indivíduo apresentar pelo menos três sintomas dos seguintes sintomas, amnésia dissociativa, sentimento de distanciamento, despersonalização, ausência de resposta emocional, desrealização, redução da consciência das coisas que o rodeiam. E a terceira diferença é apresentar sintomas de evitação, intrusão e hipervigilância, sendo que se apresentar somente um destes sintomas pode-se fazer o diagnóstico de TEA enquanto que no caso de TEPT, são necessários três ou mais sintomas. 15 Assim, segundo Clark e Beck: “o transtorno de estresse aguda (TEA) é um estado de ansiedade imediato em resposta a um evento traumático no qual sintomas dissociativos agudos predominam juntamente com alguma revivência da experiência relacionada ao trauma, esquiva, e sintomas de excitabilidade aumentada que juntos causam significativo sofrimento ou prejuízo funcional. A maioria dos indivíduos com TEA eventualmente satisfará os critérios para TEPT.” (2012, pag. 495). Dessa forma, surge um segundo momento da pesquisa em que passo a escrever especificamente do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), que é mais um dos transtornos causados pelo excesso de ansiedade. CAPÍTULO ll - TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA “Atualmente, o transtorno de ansiedade generalizada é a principal categoria diagnóstica para a ansiedade proeminente e crônica na ausência de transtorno de pânico.” (Hollander e Simeon, 2004, pag. 45). “O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é um estado persistente de ansiedade generalizada envolvendo preocupação crônica, excessiva e invasiva que é acompanhada por sintomas físicos ou mentais de ansiedade que causa sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento diário.” (Clark e Beck, 2012, pag. 391). Portanto, este transtorno é caracterizado principalmente, pela ansiedade excessiva, e descabida, em grande parte das vezes. A ansiedade manifesta, esta relacionada a fatos cotidianos do dia a dia do indivíduo com transtorno de ansiedade generalizada, fatos que antes do TAG manifestar-se, eram vistos como normais pelo indivíduo, as atividades eram realizadas sem dificuldades e sem nenhum problema, após o TAG manifestar-se, até mesmo a atividade mais simples antes desenvolvida pelo indivíduo pode tornar-se um grande problema. “TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada) é um transtorno da aflição com uma estrutura diagnóstica e de sintoma semelhante, e ao mesmo tempo distinta, de depressão maior. A avaliação clínica e o tratamento de TAG deve incluir a alta probabilidade de distúrbio afetivo na forma de um transtorno ou sintoma depressivo concomitante”. (Clark e Beck, 2012, pag. 393). Dessa forma, os sintomas apresentados pelo indivíduo com transtorno de ansiedade generalizada se assemelham a vários sintomas de outros transtornos ligados a ansiedade, por isso pode-se dizer que existem sintomas que irão aparecer no TAG que também aparecem em outros casos, como no caso do transtorno de pânico e depressão maior, por isso a importância de saber diferenciar os sintomas, e assim consequentemente diagnosticar o TAG com precisão. Neste contexto, “segundo alguns índices de qualidade de vida, os indivíduos com TAG sem co-morbidade realmente se sentem pior do que aqueles com depressão maior não associada à outra condição mórbida.” (Hollander e Simeon, 2004, pag. 22) Portanto, sabemos que este diagnóstico não é uma tarefa fácil, justamente porque os mesmos sintomas se apresentam em vários outros transtornos, Por isso, para facilitar o diagnóstico é preciso constatar que a ansiedade realmente seja excessiva e crônica, e que esta preocupação excessiva esta causando prejuízos significativos na vida do indivíduo que esta apresentando tais sintomas. Assim, em contraste com o transtorno de pânico, nenhum evento isolado faz com que o indivíduo com transtorno de ansiedade generalizada (TAG) busque ajuda. Somente com o passar do tempo esses indivíduos parecem desenvolver o reconhecimento de que a sua experiência de tensão crônica, hiperatividade, preocupação e ansiedade é excessiva. Por esta razão: “frequentemente, declaram que nunca houve um momento de suas vidas, pelo que eles podem se lembrar, em que não se sentissem ansiosos. O TAG parece ser uma condição mais crônica do que o transtorno do pânico, com menos períodos de remissão espontânea. Os indivíduos com TAG cujos sintomas de ansiedade iniciam mais precocemente, nas duas primeiras décadas de vida, parecem ficar em geral mais comprometidos, sofrer de ansiedade mais grave que não é precipitada por eventos estressantes específicos e ter história de mais medo na infância, ambientes familiares perturbados e maior desajuste social.” (Hollander e Simeon, 2004, pag. 84; 85). Portanto, devemos levar em consideração no momento do diagnóstico, que não necessariamente somente os indivíduos que tinham maior nível de medo na infância ou ambientes familiares conturbados podem desenvolver este tipo de transtornos, e sim que todos, de uma forma ou de outra estamos propensos a desenvolver não só este, mas qualquer tipo de transtorno emocional. Devemos lembrar que não são somente estes acontecimentos que colaboram no desenvolvimento destas perturbações, e sim, que devemos considerar que hoje vivemos em um mundo de muitas cobranças, o qual nos oferece poucas horas de lazer, pouco tempo para descansar, isso e muitos outros acontecimentos cotidianos devem também ser levados em consideração no momento do diagnóstico. 18 Conforme Hollander e Simeon: “Parece haver um componente genético no TAG, embora relativamente modesto. Foi encontrado um risco de morbidade de 19,5% para o TAG entre familiares de indivíduos com o transtorno, comparando com 3,5% em familiares de controle psicológica e medicamente saudáveis.” (2004, pag. 107). Outro fator importante, que não devemos esquecer, é que o atraso na busca por ajuda e, também no diagnóstico correto, pode fazer com que o indivíduo com tal transtorno tome algumas atitudes, as quais atentem a própria vida, pois fazem com que o sujeito perca o controle da situação, e, em alguns casos de tão transtornado que se encontra não percebe que determinadas atitudes podem lhe custar à vida. Dessa forma, o indivíduo com TAG tende a se isolar, não sentindo mais necessidade de comunicar-se, este pode até sentar-se em uma roda de pessoas, porem, não participa de nenhum tipo de assunto, nem mesmo dos assuntos dos quais eram de seu interesse anterior. Portanto, existem algumas alternativas de tratamento que auxiliam na recuperação de autocontrole e melhora a estrutura psicológica do indivíduo. Os sintomas são simples e fáceis de identificar, desde que se tenha um pequeno conhecimento sobre este transtorno. Porem, “o transtorno de ansiedade generalizada é o terceiro transtorno mais comum com uma prevalência ao longo da vida de 5,7%, é duas vezes mais comum em mulheres e pode ser um pouco mais prevalente em brancos”. (Clark e Beck; 2012, pag.398). Entre pacientes portadores de TAG e portadores de fobia social, os com TAG tem maior probabilidade de buscar ajuda. Nesse contexto: “O TAG esta associado a prejuízos significativos no funcionamento social e ocupacional, bem como na qualidade de vida. Vários estudos revelam que os indivíduos com TAG experimentam diminuições significativas nos relacionamentos profissionais e sociais, bem como na qualidade de vida.” (Clark, e Beck; 2012, pag. 398). Dessa forma, em alguns casos de transtorno de ansiedade generalizada, é comum que o indivíduo também desenvolva fobia social, entre outros transtornos que podem se apresentar concomitantemente. Isso na maioria dos casos se deve ao fato da demora em buscar ajuda. Quando isto acontece, os prejuízos causados na 19 vida do indivíduo são ainda maiores, pois a fobia social faz com que o mesmo se esquive de contato com outras pessoas, e consequentemente, o indivíduo aos poucos vai se afastando de seus colegas de trabalho, até isolar-se, e perder totalmente o contato com o mundo que o rodeia. Logo esta falta de contato com outras pessoas acaba por causar prejuízos ainda maiores para o indivíduo de tal transtorno. É importante ressaltar que, o transtorno de ansiedade generalizada, geralmente vem acompanhado de outros transtornos desta natureza, como transtorno do pânico, depressão ou mesmo abuso de substâncias como álcool ou drogas. Portanto, para os indivíduos com TAG é complicado dizer a partir de quando que os sintomas começaram a aparecer, sendo que alguns dos sintomas começam muito precocemente, e estudos mostram que geralmente a manifestação do TAG acontece na entrada da fase adulta, supõe-se que pode ser em consequência de ser a fase na vida em que se começa a assumir responsabilidades, não só empregatícias, mas também na própria vida pessoal. Por esta razão, para que haja o diagnóstico diferencial é necessário certificarse de que os sintomas corporais os quais o indivíduo esta apresentando queixa, sejam provenientes do Transtorno, e não de qualquer outro tipo de atividade que o indivíduo possa ter desenvolvido. Além de que a ansiedade tem que ser persistente e intensa, ao ponto de causar prejuízos para a vida do indivíduo com transtorno. Diferentemente das pessoas depressivas, os indivíduos com TAG não deixam de aproveitar os bons momentos dos quais tem a oportunidade de desfrutar. Assim, outro ponto importante é que na grande maioria das vezes o transtorno de ansiedade generalizada, aparece acompanhado de outros transtornos. Como no caso do transtorno de humor, que é caracterizado pela depressão, e variabilidades constantes de humor. O transtorno do sono queixa esta que 70% dos indivíduos com TAG apresentam que é a redução do tempo de sono e, o mesmo não tem mais o efeito reparador que tinha antes, o indivíduo acorda sempre cansado. 20 Dessa forma, outro fator é o abuso de álcool que é frequentemente presente nesse caso de transtorno, porém o indivíduo geralmente apresenta os sintomas de TAG antes de começar a abusar da substância. Além de outros transtornos de ansiedade, como transtorno do pânico, transtorno de ansiedade social e fobia simples. Assim, sabemos que além dos sintomas característicos do transtorno de ansiedade generalizada o indivíduo poderá também apresentar sintomas dos outros transtornos acima citados, por esta razão, como foi mencionado anteriormente, é fundamental o diagnóstico correto, para tratar o real transtorno que acomete o indivíduo. 2.1 Sintomas Critérios diagnósticos do DSM-IV-TR para transtorno de ansiedade generalizada: A - “Ansiedade e preocupação excessiva (expectativa apreensiva, ocorrendo na maioria dos dias pelo período mínimo de seis meses, com diversos eventos ou atividades, tais como desempenho escolar ou profissional)”. (Clark e Beck; 2012, pag. 391). Portanto, é a presença de ansiedade generalizada e persistente, que pode estar ligada a eventos cotidianos, sem necessariamente ser alguma situação determinada, pode acorrer com qualquer tipo de situação, e, pode vir acompanhada de uma grande carga de irritabilidade. B - “O indivíduo considera difícil controlar a preocupação”. (Clark e Beck; 2012, pag. 391). Assim, a preocupação torna-se algo presente na vida do indivíduo com transtorno de ansiedade generalizada, porem chega o momento em que foge de seu 21 controle, e o mesmo não tem mais condições de dominar sua preocupação, perdendo assim o autocontrole de qualquer situação. C - “A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais) dos seguintes seis sintomas (com pelo menos algum deles presente na maioria dos dias nos últimos seis meses):” 1. Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele 2. Fatigabilidade 3. Dificuldade de se concentrar ou sensação de branco na mente 4. Irritabilidade 5. Tensão muscular 6. Perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono ou sono insatisfatório e inquieto). (Clark e Beck; 2012, pag. 391). Dessa forma, alguns sintomas apresentam-se como os protagonistas do desencadeamento da ansiedade, como a facilidade de fatigar-se, sempre está cansado, não tem disposição para realização de trabalhos de qualquer natureza. É como se a inquietação e falta de paciência do indivíduo o cansasse de forma exagerada. Esta inquietação também tem por consequência a dificuldade de concentração, ou lapsos de memória causando esquecimento de acontecimentos simples, os quais dificilmente seriam perdidos se o indivíduo não fosse portador deste transtorno. Ainda, o indivíduo com transtorno de ansiedade tem uma grande facilidade de irritarem-se, com acontecimentos simples, cotidianos, os quais antes passavam despercebidos, agora lhe causam grande irritabilidade. Esta irritabilidade se torna algo habitual, passa a fazer parte do dia a dia do mesmo, e ele nem percebe mais o que esta acontecendo, e cabe aos que o rodeiam o auxiliar orientando que esta irritabilidade esta fora dos padrões normais. Assim, a ansiedade excessiva faz com o indivíduo com transtorno acabe por não conseguir dormir, a pessoa deita na cama até dorme porem seu cérebro não “desliga”, fica o tempo todo ligado, o que faz com que acorde mais cansado do que no momento em que foi dormir. E, além de apresentar tensão muscular, apresentará dificuldade de concentração, ou mesmo esquecimento de acontecimentos recentes, fato que não acontecia anteriormente ao aparecimento dos sintomas do transtorno. 22 D – “O foco da ansiedade ou preocupação não esta confinado a aspectos do Eixo I; por exemplo, a ansiedade ou a preocupação não se refere a ter um ataque de pânico (como no Transtorno de Pânico), ser envergonhado em público (como na Fobia Social), ser contaminado (como no Transtorno Obsessivo-Compulsivo), etc, e a ansiedade ou preocupação não ocorre exclusivamente durante Transtorno de Estresse Pós-Traumático.” (Clark e Beck; 2012, pag. 391). Por esta razão, geralmente o fato da ansiedade dos indivíduos com transtorno de ansiedade generalizada, esta ligado a fatores que podem vir a acontecer, como algum acidente envolvendo alguém da família, ou mesmo que alguém possa fazer mal para ele próprio. Na maioria dos casos está ligado a fatos que podem vir a acontecer, porem que tem uma possibilidade maior de não acontecer. E - “A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.” (Clark e Beck; 2012, pag. 391). Portanto, o indivíduo com TAG acaba, devido ao seu comportamento, se retraindo de contato com o público, pois este convívio para ele se torna algo difícil e que lhe causa sofrimento. E com isso acaba por ter prejuízos até mesmo no campo de trabalho, pois se torna disperso e desatento. F – “A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (droga, medicamento) ou de uma condição médica geral (ex. hipertireoidismo) nem ocorre exclusivamente durante um transtorno de humor, transtorno psicótico ou transtorno global do desenvolvimento.” (Clark e Beck; 2012, pag. 391). Assim, a perturbação do indivíduo com transtorno de ansiedade generalizada, se deve ao alto nível de ansiedade que se apresenta, isto faz com que o mesmo tome algumas atitudes que não são consideradas normais para o mesmo, causando assim um grau de estranhamento entre as pessoas com as quais convive. “Os indivíduos com TAG são cronicamente preocupadas, inibidas, meticulosas e emocionalmente sensíveis. A característica essencial do TAG é ansiedade e preocupação excessivas e desnecessárias acerca de diversos eventos ou atividades. Em geral, o paciente relata preocupações ou “pressentimentos ruins” relacionados a questões de sua vida rotineira. É comum o relato de medo. E durante o curso do transtorno é comum à preocupação deslocar-se de um foco para outro.” (Hetem e Graeff, 2012, pag. 179). Nesse contexto, a preocupação que se manifesta de forma intensa, acaba por tornar a vida social do indivíduo com este transtorno para com a sociedade um tanto 23 incomoda, pois apresenta dificuldades de relacionamento devido aos sintomas que apresenta. “É uma preocupação exagerada que pode abranger diversos eventos ou atividades da vida da pessoa. Costuma causar um comprometimento significativo no funcionamento social ou ocupacional da pessoa, podendo gerar um acentuado sofrimento.” (www.abcdasaude.com.br, acesso em 14 de julho de 2011). 2.2 Tratamento 2.2.1 Farmacoterapia Neste contexto, antigamente usavam-se os benzodiazepínicos para o controle da ansiedade, porem com o passar dos anos, estudos foram sendo realizados e constatou-se a eficácia de outros medicamentos. Atualmente dispomos de quatro classes de medicamentos para o tratamento do TAG, que são os seguintes: Antidepressivos: os mais utilizados no TAG são os inibidores de serotonina, como, citalopram, escitalopram, fluoxetina, paroxetina e sertralina, e também os que são denominados duais como duloxetina e venlafaxina. Alguns casos de medicamentos não são indicados devido ao fato de seus efeitos colaterais serem incômodos. Depois de acertada a dosagem o indivíduo passa a apresentar resultados a partir de quatro a oito semanas. Benzodiazepínicos: eficaz no controle da ansiedade, porem de resultado imediato, o que faz com que o paciente tenha que fazer uso contínuo do medicamento. Buspirona: Tem basicamente o mesmo efeito do benzodiazepínico no controle da ansiedade, porem tem como vantagem a ausência de abstinência no momento da retirada da medicação. O que o torna incomodo são os efeitos colaterais, as dores de cabeça e a irritabilidade. 24 Ainda, existem duas maneiras básicas de tratamento nestes casos. A monoterapia, que é o tratamento com o uso de somente uma medicação, porem nem sempre é indicado pelo fato de não se conseguir controlar todos os sintomas com somente uma medicação. E a associação que é caracterizada pelo uso de dois ou mais medicamentos, para o controle de todos os sintomas apresentados pelo indivíduo, às vezes isso se faz necessário. E é claro a psicoterapia em uma abordagem cognitivo-comportamental, que hoje é comprovadamente a mais eficaz nos casos de transtornos ligados a ansiedade. Assim, algumas das principais técnicas empregadas são: - Auto monitoramento, onde o indivíduo faz um registro dos acontecimentos que lhe deixam ansioso, assim como qual foi à atitude tomada para controlar a ansiedade. - Psicoeducação, é esclarecer para o indivíduo e seus familiares o tratamento e o transtorno, de forma simples para que possam entender. - Reestruturação cognitiva, nada mais é do que identificar quais os pensamentos prejudiciais ao indivíduo e tentar afasta-los da mente do mesmo. - Treinos de relaxamento, ensinar técnica de relaxamento que auxiliem o indivíduo a manter-se calmo. - Exposição, fazer com que o indivíduo tente enfrentar seus temores, para assim ver que não existe o que temer, embora esta seja uma técnica pouco utilizada no tratamento do TAG. - Prevenção de recaídas, preparação do psicológico do indivíduo para confrontar-se com situações de dificuldades. - Treinamento de algumas habilidades, orientações relativas a tempo, aprender a dizer não, aprender a delegar atividades, não querer fazer tudo sozinho, aceitar auxílio. “A meta central da terapia cognitiva para TAG é a redução da frequência, intensidade e duração de episódios de preocupação que levariam a uma diminuição associada nos pensamentos intrusivos ansiosos automáticos e na ansiedade generalizada.” (Clark e Beck; 2012, pag. 425). Dessa forma, esta meta central será alcançada através de um trabalho de modificações nos critérios de avaliação das crenças responsáveis por causar um nível muito elevado de preocupação. 25 “Uma tentativa bem sucedida de terapia cognitiva transformaria a preocupação de uma estratégia de enfretamento de esquiva patológica em um processo construtivo orientado ao problema, mais controlado no qual o indivíduo ansioso tolera e aceita mais risco e incerteza.” (Clark e Beck; 2012, pag.425). Portanto, de acordo com Beck e Clark, a terapia cognitiva é expressa por uma série de metas específicas para o tratamento de transtorno de ansiedade generalizada. Estas metas são as seguintes: - Normalizar a preocupação - Corrigir crenças e interpretações de ameaças tendenciosas de questões preocupantes - Modificar crenças metacognitivas positivas e negativas sobre preocupação - Eliminar metapreocupação - Reduzir à confiança em estratégias de controle da preocupação disfuncional e promover respostas de controle adaptativas a preocupação - Melhorar a confiança na capacidade de solucionar problemas - Aumentar o controle percebido sobre a preocupação - Intensificar o senso de segurança e autoconfiança para lidar com desafios futuros - Aceitar risco e tolerar resultado incerto de situações e eventos futuros - Aumentar a tolerância à emoção negativa. (2012, pag. 425). Dessa forma, ainda segundo Beck e Clark, para que haja êxito do tratamento do TAG, e para que as metas acima sejam alcançadas serão aplicadas estratégias de intervenção que serão empregadas de acordo com o caso de cada indivíduo. - Educar sobre a perspectiva cognitiva da preocupação - Diferenciar entre preocupação produtiva e improdutiva - Reestruturação cognitiva e teste empírico da hipótese de avaliações e crenças de ameaças tendenciosas sobre preocupação - Indução de descatastrofização da preocupação - Expressão da preocupação repetida com prevenção de respostas de estratégias ineficazes de controle da preocupação 26 - Processamento forçado autodirigido de sinais de segurança - Reestruturação cognitiva de crenças metacognitivas negativas sobre preocupação - Inoculação de risco e incerteza - Treinamento de solução de problemas construtiva - Processamento elaborativo do presente - Treinamento do relaxamento. (2012, pag. 425). Para tanto, em uma primeira sessão faz-se necessário que o terapeuta apresente para o indivíduo o que é transtorno de ansiedade generalizada e o modelo de tratamento, então o terapeuta deve questionar o mesmo, com relação aos seus excessos de preocupações, se os níveis de preocupação mudam com o passar dos anos, para assim poder avaliar a receptividade do indivíduo ao tratamento. Assim, dentro das primeiras sessões faz-se o trabalho de ensinar o indivíduo com TAG a diferenciar as suas preocupações, ou seja, ensina-se a identificar o que são preocupações consideradas normais e quais são consideradas excessivas ou patológicas. Portanto, a terapia cognitiva também vai mostrar para o indivíduo com TAG, como direcionar seus sentidos com relação aos pensamentos negativos, ou ameaçadores, ensinando a controlar seus pensamentos, não os remetendo sempre para algo ruim que possa vir a acontecer. Em alguns casos o encorajando e enfrentar as situações que lhe causam medo, pois a partir do momento em que este ato se torna menos doloroso ao indivíduo com TAG, isso fará com que o mesmo diminua sua tendência a pensamentos catastróficos. Também, no decorrer da terapia o indivíduo com TAG passará a apresentar resultado com relação à tolerância a incertezas, ou seja, o que antes lhe causava ataques de ansiedade e pânico passará a ser visto de forma mais amena, como algo que não vai causar nenhum mal nem a ele mesmo e nem aos seus próximos. O mesmo torna-se capaz de solucionar problemas, que durante o ápice de seu transtorno era tarefa quase que impossível para ele. Dessa forma, à durabilidade do tratamento do TAG, aconselha-se o uso medicamentoso por pelo menos um ano, e posterior retirada gradativa e lenta, para observar possíveis sintomas de recaída. São observados mais facilidade de recaída 27 em casos que não tem acompanhamento psicoterápico, e que tem menor tempo de tratamento. Por isso aconselha-se que se faça uso dos medicamentos por um período mínimo de um ano, podendo este período ser maior de acordo com o comportamento do indivíduo e avaliação médica e terapêutica. Nos casos onde esta combinação foi seguida por mais tempo, os índices de recaída são significativamente menores, e nos outros casos as recaídas tornara-se recorrentes. Assim, segundo Clark e Beck: “Terapia cognitiva e terapia cognitiva comportamental são tratamentos efetivos para o TAG que alcançam uma taxa de recuperação após o tratamento de 50 a 60%. Os tratamentos são altamente efetivos para reduzir a preocupação patológica que caracteriza o TAG. Há evidências de manutenção de longo prazo dos efeitos do tratamento, embora a maioria dos indivíduos continue a experimentar alguns sintomas e mesmo a satisfazer os critérios diagnósticos. Indivíduos mais velhos com TAG podem não responder tão bem à terapia cognitiva ou a terapia cognitiva comportamental e os tratamentos são pelo menos tão efetivos quanto Farmacoterapia ou treinamento do relaxamento aplicado. De modo geral a efetividade da terapia cognitiva para o TAG pode ser mais variável e limitada do que a terapia cognitiva para outros transtornos de ansiedade.” (2012, pag. 440). Portanto, como foi mencionado acima, esta comprovado pela literatura apresentada acima que a terapia cognitiva comportamental é a mais indicada e mais eficaz para o tratamento dos transtornos de ansiedade, mas, a terapia psicanalítica, também tem demonstrado bons resultados na melhora do tratamento do transtorno de ansiedade generalizada. CONSIDERACÕES FINAIS Durante o trabalho de conclusão de curso realizado sobre o transtorno de ansiedade generalizada, pode-se perceber que a ansiedade é caracterizada pelo indivíduo pelo sentimento de “sufocamento, opressão no peito”. O indivíduo descreve essas sensações, além de também ter manifestações corporais como contratura muscular, entre outros sintomas que podem se manifestar. Diante desse contexto, observou-se que os sintomas comportamentais geralmente são de irritabilidade e inquietação. O indivíduo aparenta hiperatividade, perturbações do sono (dorme, porém não descansa), sente-se sempre cansado (como se tivesse realizado muitas atividades), perde a concentração, tem a sensação de que às vezes sua mente apaga, Em alguns estudos realizados, a estatística apresenta que o transtorno de ansiedade generalizada acomete mais mulheres, estes estudos mostram que todos têm uma probabilidade de desenvolver qualquer transtorno ligado a ansiedade, porem é duas vezes mais comum que uma mulher desenvolva do um homem. Dessa forma, assim como os transtornos de ansiedade são mais comuns em mulheres, estudos também comprovam que existe um percentual significativamente maior de casos em pessoas brancas do que em negros, ou seja, os transtornos de ansiedade são mais comuns de se manifestarem em pessoas de pele brancas do que em negros. Geralmente não somente o transtorno de ansiedade generalizada, mas todos os transtornos ligados à ansiedade se apresentam nas duas primeiras décadas de vida dos indivíduos. Acredita-se, entre outros fatores, que pode acontecer devido ao fato do período da adolescência e também por estar entrando na fase adulta na qual terão que assumir responsabilidades. Pode se apresentar na velhice, nesta fase, muitas vezes isso ocorre devido a vida agitada anterior e o dar-se conta do envelhecer e a diminuição de suas possibilidades. 29 É importante relatar que os transtornos de ansiedade geralmente vêm acompanhados de outros problemas psicológicos, são raros os casos em que o indivíduo apresenta somente sintomas de um transtorno. No decorrer do tratamento constata-se que o indivíduo apresenta outras perturbações psicológicas, é comum em basicamente todos os transtornos ligados à ansiedade, o surgimento de agorafobia. Porem também se encontram casos em que concomitantemente se manifestam depressão, pânico, fobia social. E estes episódios nos quais se manifesta a concomitância de transtornos é importante à precisão no diagnóstico. Observou-se no decorrer do desenvolvimento do trabalho que existem dois tipos de tratamento farmacológico, a monoterapia que é o uso de somente um medicamento, e a associação que é o uso de dois ou mais medicamentos, que é quando se usa basicamente um medicamento específico para o controle de cada sintoma apresentado pelo indivíduo. Conclui-se ainda que, para que o indivíduo seja diagnosticado com transtorno de ansiedade generalizada, o mesmo deve apresentar um ou mais dos sintomas citados no decorrer desta pesquisa bibliográfica, pelo tempo mínimo de seis meses, e sua carga de ansiedade deve ser expressivamente elevada, e preocupante. Observou-se nos estudos realizados, que os indivíduos com transtorno de pânico apresentam menos resistência ao tratamento, do que os indivíduos diagnosticados com transtorno de ansiedade generalizada. Estes geralmente no momento em que buscam por ajuda já se encontram com um nível elevado de comprometimentos devido à demora em procurar tratamento. Recentemente verificou-se que transtorno de ansiedade generalizada hoje é considerado o que mais causa prejuízos tanto em esfera social como pessoal para o indivíduo que desenvolve o referido transtorno. Percebeu-se também no decorrer do desenvolvimento deste trabalho, uma grande dificuldade em encontrar bibliografias sobre o assunto, pois são poucos os autores que abordam o tema central deste trabalho que é o transtorno de ansiedade generalizada. 30 A partir pesquisa bibliográfica realizada é possível constatar que sintomas de ansiedade em menor grau podem ser encontrados em todos os indivíduos, sendo considerado algo normal. Porem quando esta se torna excessiva é considerada patológica e caracteriza-se por um transtorno de ansiedade, podendo este ser acompanhado por vários outros transtornos e fobias concomitantemente. É de fundamental importância saber observar precocemente os sintomas para realizar o diagnóstico correto, com a maior brevidade possível, para que o tratamento tenha uma maior eficácia. Pois quanto mais cedo o transtorno é descoberto, menores serão os prejuízos para o indivíduo. Dessa maneira, é importante ressalta que se deve seguir de forma correta o tratamento farmacológico receitado pelo profissional de psiquiatria, pois esta medicação dará inicio ao processo de amenização dos sintomas, fazendo assim com que o indivíduo comece a apresentar resultados. Também, não se pode esquecer a importância da associação dos medicamentos com a psicoterapia, pois em alguns dos casos a psicoterapia assume um papel tão importante quanto o tratamento farmacológico. Vale ressaltar que a psicoterapia cognitiva e cognitiva comportamental costuma apresentar melhores resultados, porem isso não significa que um acompanhamento psicanalítico também não apresente resultados tão significativos quanto os referidos acima. Deve-se lembrar de que a problemática encontrada esta longe de ser completamente abordada, sendo este trabalho apenas um ponto de partida para discussões futuras a respeito do tema aqui abordado. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS TRANSTORNO de ansiedade generalizada – Disponível em <http://www.abcdasaude.com.br> Acesso em 14 de junho de 2011 DICIONÁRIO, Aurélio on-line www.diocionariodoaurelio.com; Acesso dia 21 de novembro de 2013 SITUAÇÕES Geradoras de Ansiedade e Estratégias Para Seu Controle Entre Enfermeiras - Disponível em <www.scielo.br> Acesso em 23 de setembro de 2013. Gonçalves, Betsie - Transtorno do pânico e algumas possibilidades de libertação, 2003 Hetem, Luiz Alberto B.; Graeff, Frederico Guilherme – Transtornos de Ansiedade, 2ª edição; 2012; editora Atheneu Clark, David A.; Beck Aaron T.; Terapia Cognitiva para os Transtornos de Ansiedade; 2012; editora Artmed Hollander, Eric; Simeon, Daphne; Transtornos de ansiedade; 2004; editora Artmed