Procedimento Operacional Padrão POP/UNIDADE DE REABILITAÇÃO/027/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 1.0 UNIDADE DE REABILITAÇÃO Procedimento Operacional Padrão POP/UNIDADE DE REABILITAÇÃO/027/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 1.0 ® 2015, Ebserh. Todos os direitos reservados Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – Ebserh www.Ebserh.gov.br Material produzido pela Unidade de Reabilitação do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro / Ebserh Permitida a reprodução parcial ou total, desde que indicada a fonte e sem fins comerciais. Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – Ministério da Educação POP: Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria –Unidade de Reabilitação do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro – Uberaba: EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, 2015. 17p. Palavras-chaves: 1 – POP; 2 – TCE; 3 – Fisioterapia HOSPITAL DE CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO ADMINISTRADO PELA EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES (EBSERH) Avenida Getúlio Guaritá, nº 130 Bairro Abadia | CEP: 38025-440 | Uberaba-MG Telefone: (034) 3318-5200 | Sítio: www.uftm.edu.br ALOIZIO MERCADANTE OLIVA Ministro de Estado da Educação NEWTON LIMA NETO Presidente da Ebserh LUIZ ANTÔNIO PERTILI RODRIGUES DE RESENDE Superintendente do HC-UFTM AUGUSTO CÉSAR HOYLER Gerente Administrativo do HC-UFTM DALMO CORREIA FILHO Gerente de Ensino e Pesquisa do HC-UFTM MURILO ANTÔNIO ROCHA Gerente de Atenção à Saúde do HC-UFTM/ JUVERSON ALVES TERRA JUNIOR Chefe do Setor de Apoio Terapêutico do HC-UFTM RENATA DE MELO BATISTA Chefe da Unidade de Reabilitação do HC-UFTM EXPEDIENTE Unidade de Reabilitação do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro Produção HISTÓRICO DE REVISÕES Data 03/12/2015 Versão Descrição Gestor do POP Autor/responsável por alterações 1.0 Trata da padronização da assistência do paciente neonatal e pediátrico com diagnóstico de traumatismo crânioencefálico (TCE) Renata de Melo Batista Alessandra Aparecida da Cunha Freitas SUMÁRIO OBJETIVO ............................................................................................................................................ 6 GLOSSÁRIO ......................................................................................................................................... 6 APLICAÇÃO ......................................................................................................................................... 7 I. INFORMAÇÕES GERAIS ................................................................................................................ 7 Introdução........................................................................................................................................... 7 Fisiopatologia: .................................................................................................................................... 7 Sinais e sintomas: ............................................................................................................................... 9 II. TRATAMENTO ............................................................................................................................. 11 Medidas gerais: ................................................................................................................................ 11 Medidas específicas para o tratamento da HIC ................................................................................ 12 III. TRATAMENTO FISIOTERÁPICO ............................................................................................. 13 Fisioterapia respiratória .................................................................................................................... 13 Fisioterapia motora:.......................................................................................................................... 14 REFERENCIAIS TEÓRICOS ............................................................................................................. 16 POP/Unidade de Reabilitação/027/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 1.0 Página 5 de 16 OBJETIVO Padronizar entre a equipe de fisioterapia a assistência ao paciente neonatal e pediátrico com diagnóstico de Traumatismo Craniencefálico (TCE). GLOSSÁRIO BIPAP – Bilevel Positive Pressure Airway ou pressão positiva em vias aéreas a dois níveis BNM – Bloqueio Neuro-muscular CPAP – Contiunous Positive Airway Pressure ou pressão positiva contínua na via aérea DF – Distrito Federal Ebserh – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares Ed. - Edifício ECG – Escala de coma de Glasgow DVE – Derivação ventricular externa FR – frequência respiratória FSC – Fluxo sanguíneo cerebral HIC – Hipertensão intracraniana H2O – água IOT – Intubação orotraqueal LAD – Lesão axonal difusa p. – Página PAM – pressão arterial média PaO2- Pressão de oxigênio arterial PCO2 – Pressão parcial de gás carbônico Peep – Pressão positiva no final da expiração PIC – Pressão intracraniana POP – Protocolo Operacional Padrão SatO2 – Saturação de oxigênio TCC – Tomografia computadorizada de crânio TCE – Traumatismo craniencefálico UTI – Unidade de Terapia Intensiva POP/Unidade de Reabilitação/027/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 1.0 Página 6 de 16 APLICAÇÃO UTI Neonatal e Pediátrica Enfermaria de Pediatria Berçário Pronto-socorro Infantil I. INFORMAÇÕES GERAIS Introdução O Traumatismo crânioencefálico (TCE) consiste em qualquer agressão de ordem traumática que acarrete lesão anatômica ou comprometimento funcional do couro cabeludo, crânio, meninges, encéfalo ou de seus vasos. Constitui causa frequente de morbidade e mortalidade da população pediátrica, sendo sua incidência duas vezes maior em meninos do que meninas. Cerca de 75% de todas as hospitalizações por traumatismo em crianças se devem ao TCE e 70% das mortes ocorrem nas primeiras 48 horas após o trauma. Dentre as causas de trauma estão: quedas, acidentes automobilísticos, ferimentos por armas de fogo, abuso/agressão, atividades recreacionais/esportes, etc. Fisiopatologia: Uma definição simples de trauma craniano refere-se ao impacto de uma força aplicada diretamente ao crânio, podendo lesar estruturas intra e extracranianas. O entendimento da fisiologia básica da caixa craniana é fundamental para o manuseio do paciente vítima de TCE. Devem-se evitar medidas terapêuticas demasiadamente rígidas, que não levem em conta que as variáveis hemometabólicas cerebrais se alteram com a evolução do quadro. O objetivo é a adequada oferta de oxigênio e glicose ao tecido cerebral, para manutenção de atividade elétrica e metabolismo basal. Quando esta se torna insuficiente, mesmo que por poucos minutos, as POP/Unidade de Reabilitação/027/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 1.0 Página 7 de 16 células morrem ou ficam permanentemente lesadas. A hipoxemia, mesmo que leve, deve ser corrigida, assim como a anemia grave. A lesão encefálica definitiva que se estabelece após o TCE é o resultado de mecanismos fisiopatológicos que se iniciam com o evento e se estendem por dias a semanas. Dessa forma, de maneira didática, as lesões cerebrais são classificadas como primárias e secundárias. As lesões primárias são aquelas consequentes diretas do processo do trauma. Exemplos de lesões primárias são: fraturas cranianas, rupturas de meninges, sangramentos meníngeos (subdural e extradural) e intraparenquimatoso, hematomas intra e extraparenquimatosos. As lesões secundárias são as possíveis complicações que podem se desenvolver como resultado de processos cerebrais ou extracerebrais, como, por exemplo, a hipóxia tecidual e a hipotensão sistêmica. Os eventos produzidos durante as lesões secundárias podem ser monitorados e, na grande maioria das vezes, tratados. Os TCEs podem diferenciar-se não só com relação ao local da lesão, mas também com relação ao seu mecanismo de lesão. O conhecimento dos diferentes mecanismos de TCE e da área de lesão auxilia o fisioterapeuta a entender as possíveis sequelas e alterações funcionais que o paciente possa desenvolver. Os TCEs podem envolver traumas abertos ou fechados. Os traumas abertos são aqueles que envolvem fratura craniana em descontinuidade, com ou sem exposição de estruturas encefálicas. Os traumas fechados são aqueles que não envolvem fraturas ou somente fraturas lineares. Uma outra classificação das lesões cerebrais as distingue em dois grupos, de acordo com seu mecanismo de lesão: lesões focais e difusas. As lesões difusas são aquelas que acometem diferentes regiões encefálicas, geralmente pela dissipação de energia cinética dentro da calota craniana. Dentre as lesões difusas, o termo ‘concussão cerebral’ é utilizado atualmente para se referir à perda temporária da consciência associada ao TCE. A concussão pode ser classificada em leve, moderada e grave de acordo com o tempo de duração dos sintomas, sendo a perda de memória o mais importante. Outro exemplo de lesão difusa é a lesão axonal difusa (LAD). Ela é associada à perda de memória por mais de 6 horas, sem lesão metabólica ou distúrbio expansivo, visível na tomografia computadorizada de crânio (TCC), que justifique a sintomatologia. A TCC pode estar normal ou POP/Unidade de Reabilitação/027/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 1.0 Página 8 de 16 apresentar pequenos pontos hemorrágicos difusos. Ainda dentre as lesões difusas, encontra-se a tumefação cerebral, que pode ser definida, de forma didática, como ‘inchaço cerebral’. É consequência de uma combinação de edema celular e vasogênico, frutos de um distúrbio na permeabilidade da membrana celular. Nos casos mais graves pode haver aumento da pressão intracraniana (PIC) e herniação cerebral, com desvio da linha média cerebral e redução do tamanho dos ventrículos laterais. As lesões focais são aquelas compostas por hematomas ou áreas isquêmicas delimitadas apenas em uma região encefálica. Dentre as lesões focais, estão as fraturas (lineares ou com afundamento). Em alguns tipos de fratura, pode haver ruptura da dura-máter e de vasos subjacentes com formação de hematoma subdural. O hematoma extradural ocorre quando há ruptura dos vasos localizados no espaço epidural. Esse tipo de hematoma está bastante associado às fraturas da calota craniana e, por esse motivo, é bastante frequente na população pediátrica. A contusão cerebral é composta de áreas hemorrágicas ao redor de pequenos vasos sanguíneos e tecido cerebral necrótico. Normalmente a hemorragia inicia-se na superfície cortical (onde há maior atrito do cérebro com as estruturas ósseas) e pode ser consequente a fraturas com afundamento das estruturas ósseas. Quando ocorre a ruptura da pia-máter, a contusão passa a ser chamada de laceração, sendo frequente no lobo frontal, temporal e região ao longo da foice. Sinais e sintomas: Além de buscar o entendimento adequado dos principais mecanismos de lesão no TCE, o fisioterapeuta deve estar atento aos sinais clínicos que as crianças com esse quadro clínico podem apresentar. Dentre os sinais mais importantes está o rebaixamento do nível de consciência. Usualmente, a escala de coma de Glasgow (ECG, quadro 1) é uma das avaliações mais utilizadas nas crianças com TCE. POP/Unidade de Reabilitação/027/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 1.0 Página 9 de 16 Quadro 1: Escala de coma de Glasgow FONTE: http://www.ee.usp.br/REEUSP/upload/html/417/img/02a3.gif A ECG não só avalia o nível de consciência da criança, como também auxilia na classificação do tipo de trauma (leve, moderado e grave) antes mesmo da realização da TCC. O fisioterapeuta deve estar atento não só às alterações do nível de consciência da criança com TCE, mas também a outros sinais de gravidade da lesão, como: crises convulsivas; irritabilidade excessiva ou sonolência; vômitos; alterações do diâmetro das pupilas; movimentos anormais como padrões de decorticação (flexão anormal dos membros superiores) e descerebração (extensão anormal dos membros inferiores); sinais de hipertensão intracraniana. A resposta de Cushing, caracterizada por um aumento reflexo da pressão arterial, bradicardia e alterações do ritmo respiratório na vigência de HIC, é fenômeno inconstante que parece estar relacionado com a gravidade da hipertensão, ou seja, aparece em fases avançadas da descompensação da hipertensão e constitui uma situação muito grave, com evolução para a morte, a não ser que a PIC seja rapidamente reduzida com medidas terapêuticas apropriadas. POP/Unidade de Reabilitação/027/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 1.0 Página 10 de 16 II. TRATAMENTO O atendimento inicial ao politraumatizado busca basicamente os seguintes aspectos: 1. Proteção e manutenção das vias aéreas: é de fundamental importância e deve ser feita através de manobras de desobstrução, ou intubação oro/nasotraqueal ou cricotireoidotomia; 2. Prevenção e correção da hipóxia, através da ventilação adequada. A hipóxia encontra-se relacionada com o aumento de isquemia cerebral, PIC e edema cerebral, daí a importância em evitá-la; 3. Prevenção e correção da hipotensão (geralmente causada por perda volumétrica), pois a hipotensão pode levar à má perfusão cerebral. Como se sabe, a entrega de oxigênio depende da ventilação adequada, da função cardíaca e da perfusão sistêmica, portanto, hipoxemia e hipotensão devem ser imediatamente corrigidas; 4. Imobilização da coluna vertebral: aproximadamente 5 a 10% dos pacientes com TCE apresentam lesões associadas a coluna vertebral. Portanto, o atendimento inicial ao politraumatizado inclui os cuidados para evitar uma provável lesão medular; 5. Identificação e estabilização de lesões associadas, como lesões torácicas, abdominais e ortopédicas. Medidas gerais: • Cabeceira a 30º: esta inclinação em geral fornece a melhor relação entre PAM (pressão arterial média) e retorno venoso passivo. Alguns autores demonstraram que o valor ideal de inclinação pode variar de indivíduo para indivíduo, recomendando iniciar a 30º e observar sua repercussão na PIC. Durante episódios de hipotensão a cabeceira deve ficar a 0 grau. • Cabeça na linha média: a lateralização da cabeça, além de colocar em risco a integridade da coluna cervical, pode comprimir as jugulares, prejudicando o retorno venoso. Mudanças de decúbito: são realizadas na ausência de HIC (hipertensão intracraniana) e sempre em bloco. • Controle de temperatura: estudos experimentais demonstram que a hipertermia, mesmo leve, exacerba o dano cerebral após trauma ou eventos isquêmicos. • Analgesia, sedação e bloqueio neuromuscular (BNM): dor, agitação, hipertonia e assincronia com o ventilador, são experiências desagradáveis com repercussões fisiológicas negativas e POP/Unidade de Reabilitação/027/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 1.0 Página 11 de 16 várias complicações. Uma delas, o aumento da PIC. No entanto, a sedação excessiva pode aumentar a incidência de atelectasias, pneumonias e úlceras de decúbito. Recomenda-se avaliação frequente do nível de sedação e limitar o uso de BNM, sempre que possível, aos episódios de HIC e transporte. Seu uso profilático e indiscriminado no TCE aumenta a incidência de sepse e internações prolongadas. • Ventilação mecânica: deve-se evitar trabalhar com elevada pressão média de vias aéreas, pois dificulta o retorno venoso jugular. • Hidratação venosa: o objetivo é a manutenção de paciente normovolêmico. A restrição hídrica utilizada até há alguns anos atrás não mostrou qualquer benefício na prevenção ou tratamento do edema cerebral. Apesar disto, recomenda-se evitar sobrecarga de volume. • Controle glicêmico: a monitorização seriada da glicemia é imprescindível. Em geral, os pacientes apresentam resposta neuro-endócrina-metabólica, o que leva à hiperglicemia nas horas que se seguem ao trauma. Esta leva à glicólise anaeróbica, com consequente acidose lática e agravamento do dano cerebral. • Distúrbios do sódio: são muito comuns no paciente com TCE. 95% dos indivíduos que perdem a consciência têm algum grau de Diabetes Insipido. • Trato gastrintestinal /Nutrição: crianças traumatizadas têm risco aumentado de lesão aguda de mucosa gastroduodenal. Uma das medidas preventivas é a realimentação gástrica precoce que reduz a acidez e acelera a renovação da mucosa caso alguma pequena lesão já tenha se instalado. Até que haja regularidade na tolerância à dieta, associa-se a medicação Ranitidina como medida de proteção. • Coagulação: o TCE pode levar a graves distúrbios de coagulação que, se não detectados e corrigidos, podem ser catastróficos. • Anticonvulsivantes: alguns trabalhos demonstraram benefício com o uso de anticonvulsionantes profiláticos até o sétimo dia pós-trauma. Medidas específicas para o tratamento da HIC Uma vez observadas as medidas gerais e garantida adequada sedação, analgesia e BNM, sem controle da HIC, estão indicadas medidas específicas. POP/Unidade de Reabilitação/027/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 1.0 Página 12 de 16 • Drenagem de LCR (liquido céfalo-raquidiano): quando disponível, a drenagem de poucos ml por DVE (derivação ventricular externa) pode controlar a HIC, sem maiores efeitos adversos. • Terapêutica hiperosmolar: o Manitol é o mais usado: Inicialmente, causa expansão plasmática, reduzindo o hematócrito e a viscosidade sanguínea, e o aumento do fluxo sanguíneo e do aporte de oxigênio ao cérebro, reduzindo a PIC em poucos minutos. • Barbitúricos: diminuem a PIC por diminuição do metabolismo cerebral e, consequentemente, do FSC (fluxo sanguíneo cerebral). O fator limitante do seu uso está na diminuição do tônus simpático que causa vasodilatação periférica. • Craniectomia descompressiva: consiste de retirada de parte de osso craniano, uni ou bilateralmente, podendo ser acompanhada de abertura e alargamento da dura mater. O objetivo é o alívio de pressão do compartimento. III. TRATAMENTO FISIOTERÁPICO Independente do tipo de TCE e de sua gravidade é fundamental ao fisioterapeuta saber avaliar os sinais e sintomas típicos desse tipo de lesão, assim como traçar os objetivos principais do tratamento fisioterapêutico em cada uma de suas fases. Fisioterapia respiratória Tem como principais objetivos: • manter vias aéreas pérvias (isolar risco de fratura de face, neste caso, não realizar aspiração nasotraqueal). • manter oxigenação adequada com cateter, nebulização ou máscara de Venturi, para manter saturação do oxigênio(SatO2) ≥ 95% e Pressão de Oxigênio arterial (PaO2) entre 80- 120mmHg. • Avaliar pneumopatias prévias. • Avaliar sinais de desconforto respiratório, hiperventilação, ritmo irregular ou padrões respiratórios anormais. • Avaliar necessidade de ventilação não-invasiva em casos de desconforto respiratório: CPAP (Continous Positive Airway Pressure, ou seja, pressão positiva contínua na via aérea), BIPAP POP/Unidade de Reabilitação/027/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 1.0 Página 13 de 16 (Bilevel Positive Pressure Airway ou pressão positiva em vias aéreas a dois níveis), etc. Nestes casos, atentar às contraindicações, relativas ou absolutas e instituir suporte ventilatório somente após liberação médica. São contraindicações: presença de traumas orofaciais; enterorragias; sangramentos no conduto auditivo (que pode estar relacionado à fratura de articulação têmporo-mandibular); rebaixamento do nível de consciência; alteração na deglutição e/ou dificuldade de manipular secreções; deterioração respiratória; agitação ou não adaptação a ventilação não invasiva; incapacidade de manter a permeabilidade das vias aéreas ou obstrução mecânica das vias aéreas superiores; pneumoencefalo ou fístulas liquóricas. • Em casos de sinais de falência respiratória ou Glasgow < 9: sugerir intubação orotraqueal (IOT), mantendo pressão de cuff entre 20 e 25 cmH2O. • Auxiliar na IOT e adequar os parâmetros ventilatórios e capnógrafo. Em pacientes com risco de HIC (hipertensão intracraniana) e monitorização da PIC: • Cabeceira centralizada e elevada a 30º; • Monitorização por capnografia contínua; • Manter normoventilação / leve hiperventilação: PaCO2 (pressão arterial de gás carbônico) entre 30-35mmHg; • Evitar qualquer assincronia entre ventilador mecânico e paciente. Se necessário, sugerir aumento da sedação; • Evitar manobras que aumentem a pressão intratorácica; • Manter pressão média menor possível para prevenir lesões pulmonares induzidas pela ventilação mecânica e diminuir repercussões da pressão intratorácica sobre a hemodinâmica e a resistência ventilatória da paciente. Fisioterapia motora: Algumas crianças não apresentam sequelas muscoesqueléticas por lesão em estruturas motoras superiores; entretanto, a imobilidade no leito, o uso de sedativos, corticóides e até bloqueadores neuromusculares podem promover fraqueza muscular. Esse perfil de paciente se beneficiará bastante da mobilização precoce e, normalmente, apresenta um melhor prognóstico POP/Unidade de Reabilitação/027/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 1.0 Página 14 de 16 cinético funcional em comparação com aqueles com lesão em áreas motoras. Dentre os objetivos na fisioterapia motora estão: • Minimizar as mobilizações e manobras fisioterapêuticas nos pacientes com HIC até término da fase aguda; • Nos casos de trauma raquimedular associado: mobilizar em bloco, mantendo colar cervical e tração; • Observar a presença de assimetrias, deformidades, encurtamentos, déficits e posturas de decorticação ou decerebração; • Realizar mobilização passiva e exercícios metabólicos: a cinesioterapia não é contraindicada nessa fase, apenas devemos estar atentos aos sinais de instabilidade hemodinâmica, febre ou aumento da PIC. Com a mobilização e exercícios metabólicos pode-se ativar a circulação sanguínea e prevenir a trombose venosa profunda; • Posicionamento adequado: A monitorização da PIC de forma invasiva requer redobrada atenção ao posicionamento do paciente no leito. Este deve manter a cabeça na linha média, em posição neutra, com a cabeceira a 30 graus. O fisioterapeuta deve estar atento ao posicionamento adequado do paciente, pois, como o decúbito dorsal será mantido na maior parte do tempo, posturas viciosas e que comprometam futuramente a função do paciente devem ser evitadas; • Avaliar necessidade de protetor de pé equino. Em casos de padrões neurológicos já instalados: órteses. • Para as crianças que não se encontram na fase aguda, os objetivos do fisioterapeuta são mais voltados para a recuperação funcional do paciente. Dessa forma, um trabalho de fortalecimento muscular, controle de tronco e cabeça pode ser estabelecido naquelas crianças que evoluíram com sequelas mais graves. A adaptação de órteses e treino de marcha também serão importantes. POP/Unidade de Reabilitação/027/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 1.0 Página 15 de 16 REFERENCIAIS TEÓRICOS PROFISIO Programa de Atualização em Fisioterapia Pediátrica e Neonatal : ciclo 3; v.1 [organizadoras] Carla Marques Nicolau, Lívia Barbosa de Andrade. – Porto Alegre : Artmed/Panamericana, 2014. Guerra SD, Jannuzzi MA, Moura AD. Traumatismo cranioencefálico em pediatria. Jornal de Pediatria/Rio de Janeiro, 1999. CG Carlotti Jr, BO Colli, LAA Dias. Hipertensão intracraniana. Medicina, Ribeirão Preto, Simpósio: MEDICINA INTENSIVA: II : 552-562, out./dez. 1998. POP/Unidade de Reabilitação/027/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 1.0 Página 16 de 16 EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH HOSPITAL DE CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO Avenida Getúlio Guaritá, 130 Bairro Abadia | CEP: 38025-440 | Uberaba-MG | Telefone: (34) 3318-5200 | Sítio: www.uftm.edu.br