ALIMENTOS IRRADIADOS

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GRUPO TCHÊ QUÍMICA
ALIMENTOS IRRADIADOS
Porto Alegre, RS
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O interesse dos pesquisadores em saúde pública pela irradiação dos alimentos
existe há pelo menos 100 anos. Nos Estados Unidos, Institutos de Tecnologia vêm
realizando pesquisas nessa área desde 1899 e na Europa, cientistas alemães e franceses
mostravam interesse pelo assunto a partir de 1914. Entretanto, os resultados dessas
pesquisas não foram os mais animadores, porque o processo de irradiação provocava
alterações que comprometiam a aceitação do produto pelos consumidores. Mas as pesquisas
não pararam por aí. A partir de 1950, novos estudos começavam a revelar benefícios
trazidos pela irradiação dos alimentos. Além do potencial de diminuir a incidência de
intoxicações alimentares, a irradiação inibe o brotamento de raízes e tubérculos, desinfeta
frutos, vegetais e grãos, atrasa a decomposição, elimina organismos patogênicos e aumenta
o tempo de prateleira de carnes, frutos do mar, frutas, sucos de frutas que podem ser
conservados durante muito tempo (anos) sem refrigeração.
A irradiação é, portanto, o processo de expor os alimentos a doses elevadas de
raios gama, feixes de elétrons ou raios-X. Este procedimento torna inativos os
microrganismos nocivos, matando-os ou esterilizando-os, sem tornar os alimentos
radioativos. As formas de radiação utilizadas no processo de irradiação do alimento
provocam ionização, ou seja, criam cargas positivas ou negativas; a formação dessas cargas
resulta em efeitos químicos e biológicos que impedem a divisão celular em bactérias pela
ruptura de sua estrutura molecular. Os níveis de energia utilizados para se conseguir esse
efeito não são suficientes para induzir radioatividade nos alimentos. O alimento, em
hipótese alguma, entra em contato com a fonte de radiação.
Na irradiação de alimentos, os raios gama são produzidos por isótopos
radioativos, mais freqüentemente o Cobalto 60 ou o Césio 137. Depois que o Cobalto 60 é
produzido, ele é duplamente encapsulado em tubos de aço inoxidável, o que impede
qualquer vazamento de radiação. A meia-vida desse elemento é de 5,3 anos. Os produtos a
serem irradiados, embalados ou a granel, passam pela câmara de irradiação através de um
sistema transportador composto por esteiras, onde são submetidos a um campo de
irradiação num ritmo controlado preciso, de forma a receber a quantidade exata de energia
para o tratamento. Os níveis de energia são baixos e os produtos irradiados não se tornam
radioativos.
A irradiação pode induzir a formação de algumas substâncias, chamadas de
produtos radiolíticos, na constituição dos alimentos. Estas substâncias não são radioativas e
não são exclusivas dos alimentos irradiados. Muitas delas são substâncias encontradas
naturalmente nos alimentos ou produzidas durante o processo de aquecimento (glicose,
ácido fórmico, dióxido de carbono, etc.). Pesquisas sobre essas substâncias não
encontraram associação entre a sua presença e efeitos nocivos aos seres humanos. Em
relação aos nutrientes, a irradiação promove poucas mudanças. Outros processos de
conservação, como o aquecimento, podem causar reduções muito maiores dos nutrientes.
As vitaminas, por exemplo, são muito sensíveis a qualquer tipo de processamento, no caso
da irradiação, sabe-se que a vitamina B1 (tiamina) é das mais sensíveis, mas mesmo assim
as perdas são mínimas. A vitamina C (ácido ascórbico), sob efeito da irradiação, é
convertida em ácido dehidroascórbico, que é outra forma ativa da vitamina C.
A principal causa de vários países estarem utilizando alimentos irradiados é a
questão econômica. Segundo organizações internacionais ligadas ao controle de alimentos,
cerca de 25% de toda produção mundial de alimentos se perde pela ação de
microorganismos, insetos e roedores. A germinação prematura de raízes e tubérculos
condena à lata de lixo toneladas desses produtos e é um fenômeno mais intenso nos países
de clima quente, como o Brasil. A irradiação ajuda a reduzir essas perdas e também reduz a
dependência de pesticidas químicos, alguns deles extremamente nocivos para o meio
ambiente. Entre os alimentos submetidos a esse processo estão as frutas, vegetais, temperos,
grãos, frutos do mar, carne e aves. Mais de 1,5 toneladas de alimentos é irradiada no mundo
a cada ano, segundo a Fundação para Educação em Alimentos Irradiados (entidade norteamericana). Embora essa quantidade represente apenas uma pequena fração do que é
consumido no mundo todo, a tendência é crescer.
Entretanto, existe uma preocupação, não só por parte das autoridades, mas
principalmente por parte da população no que se refere à dose segura para irradiar
alimentos. O debate continua aceso quanto à segurança da irradiação alimentar. No entanto,
mais de 30 anos de estudos ainda não conseguiram encontrar qualquer risco diretamente
associado à ingestão de alimentos irradiados. A dose de radiação é medida em Grays (G) ou
quilograys (kGy), onde 1 Gray = 0,001 kGy = 1 Joule de energia absorvida por quilograma
de alimento irradiado. Um comitê de investigação da Organização Mundial de Saúde
confirmou a "não-toxicidade" da irradiação para qualquer tipo de alimento, desde que não
se ultrapasse uma determinada dose (até 10kGy). Para 95% dos alimentos a tratar, a
quantidade de irradiação necessária não se aproxima desse limite. De acordo com a OMS
(Organização Mundial da Saúde), alimentos irradiados com doses de até 10kGy não
necessitam de avaliação toxicológica ou nutricional. Os alimentos irradiados consumidos
no mundo não recebem mais do que essa dosagem. Para retardar o amadurecimento de
frutas, por exemplo, não é necessário mais do que 1 kGy. Para inibir o brotamento de raízes
e tubérculos (batata, cebola, alho, etc.) a dose necessária varia de 0,05 a 0,15 kGy. Para
prevenir que os grãos sejam infestados por insetos, 0,1 a 2kGy são suficientes.
Outra preocupação da população está na indagação no que se refere às possíveis
alterações que a irradiação pode causar nos alimentos como, por exemplo, cor, textura,
sabor, etc. Nem todos os alimentos podem ser irradiados. Um exemplo é o leite, que
adquire um sabor impalatável. Para se adotar a irradiação como um processo de
conservação do alimento, é preciso que se realize um estudo das suas características
organolépticas pós-tratamento. Na maioria dos alimentos, entretanto, essas alterações são
mínimas ou simplesmente inexistem.
No Brasil, a legislação sobre irradiação de alimentos existe desde 1985 (Portaria
DINAL nº 09 do Ministério da Saúde, 08/03/1985). Apenas uma empresa realiza esse
serviço e está localizada em São Paulo. O Instituto de Pesquisas Nucleares, situado na USP
(Universidade de São Paulo), além de realizar pesquisas na área, realiza um trabalho junto
aos produtores, mostrando os benefícios e vantagens da irradiação de alimentos.
A experiência mostra que os consumidores, quando devidamente informados,
reagem positivamente à oferta de alimentos irradiados. Um estudo realizado na Alemanha
revelou que os consumidores se preocupam com o processamento dos alimentos que
consomem, no entanto essa preocupação foi maior no caso dos pesticidas (55%) e
conservantes (43%) do que da irradiação (38%) e embora uma parcela dos consumidores
seja extremamente contrária à irradiação dos alimentos, a maioria muda de opinião após
serem expostos a campanhas educativas. Na Argentina, uma campanha de esclarecimento
aumentou muito a aceitabilidade das cebolas irradiadas. Na França aconteceu o mesmo
depois que uma rede de supermercados colocou à venda morangos irradiados. Após o
esclarecimento da população, os consumidores passaram a preferir os produtos irradiados
devido a sua melhor qualidade. De fato, isso mostra que, quando bem esclarecidos, os
consumidores dão a devida importância à segurança e à qualidade dos produtos que
consomem.
Referências Bibliográficas
Serviço de Extensão Cooperativa e Estação Experimental de Agricultura da
Universidade do Estado do Kansas, USA – Departamento de Ciências Animal e Indústria.
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