A CRIANÇA NA PUBLICIDADE E SUA INFLUÊNCIA NO CONSUMO Joseana Genuino Dourado1 Janaina Cavalcante de Melo2 Maria Zênia Tavares da Silva3 RESUMO Apesar das novas tecnologias de comunicação, como a internet, a televisão ainda se destaca e alcança quase a totalidade dos domicílios brasileiros. É utilizada pelos veículos de comunicação para divulgar idéias, vender produtos e conquistar consumidores. O público infantil foi percebido pelos publicitários como bastante promissor, pois as crianças geralmente conseguem influenciar as decisões de compra dos adultos. Nessa perspectiva, este trabalho objetivou investigar a figura da criança representada nos anúncios publicitários veiculados na televisão. Realizou-se a observação, seleção e análise de anúncios publicitários com presença de crianças veiculados em duas emissoras de televisão. Buscou-se identificar o papel das crianças nestes anúncios, o público-alvo e os bens de consumo promovidos. Observou-se que os anúncios analisados tiveram alguns pontos em comum, como a aparência das crianças (brancas, alegres, bonitas e saudáveis), figuradas tanto como objeto como sujeito. Elementos infantilizados eram utilizados para motivar e sensibilizar os adultos, como também para despertar a atenção de crianças. Nesse sentido, telespectadores de várias faixas etárias estão expostos aos mesmos estímulos, no entanto, as crianças ainda não têm discernimento suficiente para fazer uma leitura crítica do que está sendo veiculado. PALAVRAS-CHAVE: Criança. Publicidade. Anúncios 1 INTRODUÇÃO A despeito das novas tecnologias de comunicação, como a internet, a televisão ainda se destaca, pois alcança quase a totalidade dos domicílios brasileiros. É quase que impossível encontrar alguma residência ou instituição que não tenha a TV divertindo e informando as pessoas. Diante disso, a publicidade se vale deste veiculo de comunicação para divulgar idéias e produtos a fim de vender e conquistar consumidores (VENETO, 2008). Segundo Charaudeau (1996), a comunicação publicitária não tem autoridade para ordenar ao consumidor que compre determinado produto, no entanto, tem a função de informar sobre um determinado bem de consumo persuadindo, seduzindo e incentivando os consumidores de várias idades a adquirir o que foi anunciado. 1 Graduanda do Curso de Graduação em Economia Doméstica do Departamento de Ciências Domésticas da Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE. [email protected] 2 Graduanda do Curso de Graduação Economia Doméstica do Departamento de Ciências Domésticas da Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE. [email protected] 1 Destacando o público infantil, os publicitários perceberam que este é bastante promissor, e que as crianças geralmente conseguem influenciar as decisões de compra dos adultos, sendo consideradas eficientes promotoras de vendas de produtos direcionados aos adultos como a outras crianças. Nessa perspectiva, o trabalho tem como objetivo investigar a figura da criança representada nos anúncios publicitários veiculados na televisão. 2 METODOLOGIA A metodologia constou de observação, seleção e análises, durante dois meses, de anúncios publicitários com presença de crianças veiculados em dias e horários aleatórios em canal aberto de duas emissoras de televisão. Buscou-se na observação identificar o papel das crianças nas propagandas, com vistas a determinar se as mesmas podem ser consideradas como sujeito ou objeto da peça publicitária. Além disso, direcionamos nosso olhar para inferir o público-alvo dos anúncios analisados e os bens de consumo promovidos. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram analisados anúncios de fraldas descartáveis, pomada, automóvel, lã de aço e lanchonete, onde a imagem de criança se fazia presente. Os resultados serão apresentados a seguir: - Fraldas Pom Pom, Sapeca e Turma da Mônica, todas com presença de crianças felizes e saudáveis, e a emoção dada a esses anúncios é o ponto fraco para os/as consumidores/as. Quando se assiste a uma propaganda de fraldas, onde os bebês apresentam o produto, a emoção é usada para motivar os telespectadores, assim como os comerciais dos produtos mencionados acima. Nessa perspectiva se faz necessário analisar o uso de elementos infantis como animações, desenhos, personagens e crianças protagonizando ou como coadjuvantes endossando e/ou atraindo o olhar de um público que não seria o alvo, mesmo porque não tem autonomia para a compra, no entanto, esses meninos e meninas são usados para sensibilizar os pais através da emoção (RODRIGUES, 2006). 3 Economista Doméstica, Mestra em Nutrição, Profa do DCD/UFRPE. [email protected] 2 - Pomada Hipoglós de amêndoas, apresenta um cenário de faz de contas, cheio de flores onde os bebês brincam ao ar livre, demonstrando nenhum incomodo com assaduras. Cunha (s/d), afirma que a publicidade exerce grande fascínio por tudo o que mostra nos anúncios, onde os produtos são sentimentos, o cotidiano se mostra em pequenos quadros de felicidade e tudo é magia. - Automóveis Chevrolet, a música (“Vem, eu conto os dias, contas as horas pra te vê, eu não consigo te esquecer”) e a imagem das crianças, atuando nesse caso como “sujeitos”, são os meios utilizados para atrair o/a consumidor/a. De acordo com Rodrigues (2006), vários são os elementos que compõem um comercial de TV, dentre estes a narrativa sonora, o que facilita a assimilação do produto. - Lã de aço Assolam, quem apresenta é uma garota de aproximadamente cinco anos. Ela conversa com a embalagem da lã de aço, falando “sabe que adoro quando a louça, as panelas e os pratos estão bem limpinhos e você também é super fofinho. Ainda bem que você nunca falta aqui em casa”. A mãe ressalta “que não estraga as unhas”. Consoante Rodrigues (2006), os segmentos produtos de limpeza obedecem a leis que bloqueiam o uso de comunicação voltada para crianças com o uso de signos infantis. Sendo assim, os comerciais de TV estão construindo um caminho e chegando indiretamente às crianças, nesse anúncio, por exemplo, a embalagem do produto a qual a garota conversa é em formato de animação, o que de certo modo, chama a atenção de crianças, mesmo que o anúncio seja voltado para adultos. Rodrigues destaca ainda que vários estudos já comprovaram o apelo às crianças em comerciais dos mais variados produtos como bebidas, automóveis, medicamentos, bancos e cigarros. - Mc Lanche Feliz, - Mc Lanche Feliz, destinado às crianças tendo um brinquedo como brinde. O personagem protagonista é um palhaço, que apresenta o produto e várias crianças aparecem como figurantes. Nesse caso, observa-se que o brinquedo é usado como atrativo para motivar as crianças a consumirem o “lanche”. Conforme o Código de Defesa do Consumidor, essa prática é considerada abusiva. Diante disso, o Ministério Público Federal em São Paulo entrou com uma ação civil pública para que as redes de lanchonetes fast food suspendam as promoções de lanches que trazem brinquedos de brindes. Na ação, argumentase que a compra é influenciada não propriamente pelas qualidades do produto, mas pela criação abusiva de associações emocionais estranhas ao processo alimentar. A preocupação 3 não é apenas quanto à venda casada, mas sim quanto aos efeitos sobre a infância e a saúde pública do marketing infantil das redes de fast food. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO). 4 CONCLUSÕES Os anúncios publicitários mencionados acima tiveram alguns pontos em comum, como crianças, em sua maioria branca, alegres, bonitas e saudáveis, figuradas tanto como objeto como sujeito nestes anúncios e elementos infantilizados, utilizados para motivar e sensibilizar os adultos, principal público alvo, mas despertando também a atenção de crianças. Nesse sentido, telespectadores de várias faixas etárias estão expostos aos mesmos estímulos, no entanto, as crianças ainda não têm discernimento suficiente para fazer uma leitura critica de como esta sendo e do que está sendo anunciado. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA CHAUDEAU, Patrick. Para uma nova analise do discurso. In: CARNEIRO, Agostinho Dias (org). O discurso da Mídia. Rio de Janeiro: Oficina do Autor, 1996. Acesso em 23 ag.2008. CUNHA, Gisele Lazarino. Mídia brasileira criança e adolescente. Disponível em: www.geocities.com/Baja/Dunes/7005/. Acesso em 23 ag. 2008. DIÁRIO DE PERNAMBUCO. Ministério Público pede na Justiça proibição de brindes em lanchonetes. Disponível em: www.diariodepernambuco.com.br/ Acesso em: 19 jun.2009. RODRIGUES, Carla Daniela Rabelo. Perto do alcance das crianças. Disponível em: www.intercom.org.br/ papers/nacionais/2006/.../R1274-1.pdf Acesso em 23 ag.2008. VENETO, Leandro. O merchandising nos programas infantis da TV brasileira. Disponível em: www.artigocientifico.com.br/uploads/artc_116604353_84.doc. Acesso em: 15 ab.2009. 4