A Inflação na História da Economia do Brasil

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RESENHA Nº 002 – 2016-03-11
Tema: Histórico da inflação no Brasil
A Inflação na História da Economia do Brasil
Todos temos a impressão de que o dinheiro perde valor com o tempo. De onde esse
sentimento vem? Pode-se dizer que isso é um traço cultural do país que foi formado
com a longa convivência com a inflação. Certo é que, durante o período de
hiperinflação que o Brasil viveu nas décadas de 70 a 90, aprofundaram essa
característica dos hábitos das pessoas.
Mas o que poucos sabem é que a convivência do brasileiro com a inflação é bem
mais longa e muito anterior aos anos 70. Durante mais de 60 anos, o Brasil teve
inflação a níveis considerados altos em termos internacionais, podendo-se voltar
aos anos 30.
A Grande Depressão, como ficou conhecida a crise mundial de 1929, marcou a
economia durante toda década de 30. Preços de produtos e serviços, deprimidos
nos primeiros anos pela recessão global, recuperaram terreno fechando a década
em forte alta, apesar da deflação dos primeiros anos. Um ciclo econômicoinflacionário se inicia problemas externos de âmbito mundial.
A década seguinte pode ser dividida em duas partes. A primeira com o
acontecimento da Segunda Guerra Mundial até 1945, onde um aumento
generalizado de preços aconteceu devido às restrições de importação de produtos,
uma vez que toda a indústria estava voltada ao esforço de guerra. A segunda
metade da década de 40, o governo brasileiro fez um e grande controle sobre o
câmbio com o intuito de controlar o custo das importações e controlar os preços.
Apesar disso a inflação passa dos dois dígitos em média nessa década.
O início dos anos 50 ainda tem um influência significativa da alta dos preços dos
produtos importados do pós guerra. Depois, em 1956 inicia-se o governo de
Juscelino Kubitschek, que institucionalizou uma política de industrialização no país.
Esta atuação desenvolvimentista teve o efeito multiplicador dos índices
inflacionários fazendo que em 1959 a inflação chegasse a 40% em um ano.
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A década de 60, iniciou-se com um grande descontrole dos preços, uma economia
paralisada e uma crise política sem precedentes. Os governos militares, que se
instalaram no início da década, instituíram políticas de controle de inflação contidas
no Plano de Ação Econômica do Governo, que permitiu a diminuição da inflação de
92% ao ano em 1964, para 22% ao ano em 1968.
Esse controle parcial foi um dos fatores que permitiu um período de grande
desenvolvimento no final dos anos 60 e início dos anos 70, (e 1968 a 1973)
conhecido como o Milagre Econômico Brasileiro. Esse período foi caracterizado por
ter altas taxas de crescimento, inflação controlada e abundância de recursos no
mercado financeiro internacional. Esse grande desenvolvimento tem seu preço
cobrado depois da primeira crise do petróleo em 1979. A crise mundial deflagrada
com o aumento dos preços do barril do petróleo teve consequências enormes nas
economias do terceiro mundo. No Brasil, a repercussão nos índices da inflação foi
assustadora, chegando novamente próximo dos 100% ao ano, em 1979.
A redemocratização do Brasil trouxe esperanças de mudanças nas taxas
inflacionárias, mas não foi o que aconteceu. Governos civis iniciaram a fase dos
planos econômicos de controle de inflação. O primeiro deles foi o Plano Cruzado
que lançou mão do congelamento de preços como base do programa. Os efeitos
foram momentâneos e a inflação voltou rapidamente a patamares maiores que os
anteriores. Ainda na década de 80 outros dois planos foram implementados com o
mesmo resultado. A inflação passou de 100% em 1982, para 200% ao ano entre
1983 e 1985 e após três planos econômicos frustrantes, o índice anual passou para
mais dos 4 dígitos em um ano, chegando a 1800% em 1989.
Somente na década de 90 o governo conseguiu criar estabilidade econômica e um
plano econômico que controlou a inflação de maneira efetiva e duradoura. O plano
Real baseou-se em duas fases. A primeira ligando os preços dos produtos e
serviços a uma unidade monetária chamada URV (Unidade de Real de Valor)
desindexando a economia das referências monetárias utilizadas para reajustar os
preços. A segunda fase desse programa de estabilização foi a criação da moeda
Real que passou a ser uma referência forte e estável para os preços. A “educação”
da população com a URV foi transferida para a nova moeda, a sétima criada desde
1946.
O objetivo alcançado é observado até hoje, com a inflação controlada em níveis
aceitáveis. O grande avanço nesse sentido é que a população que tem na sua
vivência a experiência inflacionária, não aceita mais essa condição, exigindo dos
governantes controle da inflação como premissa básica de governabilidade.
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