As diferentes embocaduras do Sax

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SOBRE O SAXOFONE
As diferentes embocaduras do Sax
Olá leitor. Meu nome é Ivan Meyer, e a partir de hoje serei responsável por esta coluna de Sax
aqui no Cifra Club. Espero poder trazer muitas novidades e conhecimento, divulgar as técnicas
sobre este instrumento com toda segurança pra vocês!
Vamos falar nesta Dica Técnica de um dos assuntos mais polêmicos para os saxofonistas: a tal da
"embocadura certa". Cada músico possui boca, arcada dentária, cavidade bucal e lábios diferentes,
além da variedade de boquilhas e palhetas. Tudo isso influencia nas embocaduras. Tentamos
encaixar a boquilha em nossa boca e, dependendo de nossos lábios, arcada dentária e cavidade
bucal, vamos ter respostas diferentes, de acordo com a posição da boquilha na boca.
Há várias maneiras de se colocar a boquilha na boca. Essa maneira específica é por nós chamada
de embocadura. Existem vários tipos de embocaduras, como também há diferentes boquilhas e
palhetas. Temos que formar um conjunto equilibrado e único para nosso próprio uso. O mesmo
conjunto (embocadura, boquilha e palheta) não funciona bem com outro saxofonista e vice-versa,
justamente pela diversificação de lábios, arcadas dentárias e cavidade bucal.
A confusão sobre qual a melhor palheta, boquilha ou embocadura a ser usada pelo saxofonista é
também comum em outros instrumentos de sopro, como o clarinete, flauta transversal, trompete,
trombone, oboé, etc. Isso porque somos diferentes e temos respostas diferentes ao que somos
expostos.
Podemos classificar a embocadura do sax em dois grupos básicos: alguns saxofonistas adotam o
apoio dos dentes superiores na boquilha e outros não, sendo que cada um dos estilos tem suas
próprias variantes.
Não estou afirmando que devemos ter maneiras diferentes de fazer a embocadura, mas sim
falando que, em minha experiência como professor aqui e fora do Brasil, pude observar as diversas
embocaduras adotadas pelos saxofonistas, profissionais ou amadores, e cada tipo tem suas
qualidades.
A diferença básica entre os dois tipos de embocadura é: O apoio dos dentes superiores
na boquilha
Uma corrente de saxofonistas adota e usa o apoio dos dentes. Outros, em vez de usar o dente,
utilizam o lábio para dar firmeza à embocadura, o que não acontece, pois o lábio não tem a
consistência de um dente.
Você deve estar se perguntando: qual é a melhor embocadura? Se você tem essa dúvida, é porque
ainda está usando o lábio. Quem usa o apoio dos dentes não tem essa dúvida! Veja a figura
abaixo.
Como ajustar suas paletas
A principal tarefa da palheta é funcionar como uma válvula de ar que abre e fecha sobre a boquilha
em várias velocidades. A freqüência dessa operação controla o timbre do som, e é determinada
pelo tamanho e formato da coluna de ar resultante da vibração. Considerando-se a formidável
tarefa com que se confronta esse pequeno pedaço de bambu, não surpreende que tanto esforço
seja despendido na sua seleção e ajuste, uma vez que a palheta é a responsável pela geração de
som do saxofone.
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Arquivo extraído do Site da Escola de Música Harmonia
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Ajustamento da palheta
É inútil gastar tempo ajustando uma palheta se o bambu não tiver sido amadurecido
apropriadamente. O teste simples, demonstrado a seguir, pode poupar considerável esforço:
Pressione com a unha do polegar a parte superior do corpo da palheta. Se o material resistir, o
bambu é velho e superamadurecido. Se ele for macio e marcar facilmente, ainda está verde. Uma
leve marca que diminui com o fim da pressão indica uma palheta adequadamente envelhecida.
Um outro excelente teste envolve o reconhecimento do arco de maturidade.
Quando bem amadurecida, a palheta apresenta uma marca escura abaixo da superfície do corpo,
se sua base for mergulhada em cerca de 3 cm de água por alguns minutos. Essa marca deverá ser
de cor marrom alaranjada. Se apresentar uma cor amarelada, ou não aparecer marca alguma, a
palheta deve ser deixada maturando por um ano ou mais antes de ser testada novamente.
Se, após umedecer a parte posterior, como descrito acima, você soprar na borda mais grossa da
peça, pequenas bolhas aparecerão ao longo da lâmina da palheta. Essas bolhas não poderão ser
grandes ou em profusão, uma vez que isso indicaria que a palheta é porosa demais. Devemos
lembrar que palhetas grandes terão tubos maiores que as palheta pequenas. Escolha uma palheta
que resista à passagem do ar através de seus tubos, mas que não o impeça completamente.
Algumas tentativas para determinar a quantidade ideal de ar que deve passar serão úteis. Esses
testes funcionam somente com palhetas novas.
A lista mínima de ferramentas para o ajuste das palhetas inclui:
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





Um pedaço de vidro plano de cerca de 10x15 cm. Os cantos devem ser abaulados, a fim de
evitar ferimentos nas mãos.
Um aparador de palhetas, escolhido com cuidado, pois o formato do corte deve adequar-se
à ponta da boquilha. Leve algumas palhetas velhas e sua boquilha à loja para determinar o
formato adequado de corte.
Um pequeno formão de três faces. É uma barra de aço temperado de três faces lisas com
três bordas afiadas, para raspar madeira.
Lixa de Junco. Para acabamento ou alterações mínimas. É barata e pode ser adquirida em
uma loja de instrumentos de sopro.
Folha de Lixa no. 600
Lâmina comum de barbear
Lixa de unhas
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O ajuste deverá ser adiado até que a palheta tenha passado por um período de testes. As palhetas
mudam suas características rapidamente quando usadas pela primeira vez, e um ajuste feito antes
de testá-las apropriadamente pode dificultar uma posterior correção. O procedimento sugerido é
usar a palheta por um curto período de tempo na primeira vez e então deixá-la de lado por um dia.
Tente tocar por mais tempo no segundo dia e nos dias sucessivos, até sentir que as características
da palheta se estabilizaram.
Normalmente, a palheta estará mais macia após ser utilizada umas poucas vezes, mas isso não é
sempre verdade - algumas vezes tornam-se mais rígidas!
Você pode testar o equilíbrio e a flexibilidade da palheta, pressionando sua ponta contra a unha do
polegar e deslizando-a contra a unha em toda sua extensão. Cheque o equilíbrio dos dois lados da
ponta da palheta, utilizando o indicador contra o polegar de ambas as mãos.
Palheta muito mole
Apare primeiro a ponta da palheta, tirando muito pouco por vez. Umedeça bem a palheta antes de
apará-la e assegure-se que ela esteja centrada apropriadamente. A pressa nesse procedimento
geralmente arruina a palheta; é fácil retirar um pouco mais da ponta da palheta, mas é impossível
acrescentar. Normalmente, 1, 5 mm é o limite no qual a palheta pode ser reduzida com sucesso.
Após a palheta ter sido aparada, os cantos devem ser arredondados e a curva ajustada à curvatura
da boquilha. Para isso, use a folha de lixa para madeira, esfregando muito levemente em direção à
parte central da palheta.
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Palheta muito dura
Uma palheta que parece dura demais pode ser mais dura de um lado do que do outro. Assim é
possível termos uma palheta com a resistência desejada apenas em um dos lados. Este tipo de
palheta será difícil de soprar e deve ser balanceada. Isso pode ser verificado colocando-se a
boquilha na embocadura de maneira que somente um lado da palheta vibre, alternando-se então
para o outro lado.
Quando ambos os lados são aproximadamente iguais e rígidos demais, um ajuste geral deverá ser
feito. Se um dos lados da palheta for mais duro para soprar, este deverá ser ajustado antes de
quaisquer outros ajustes. Observar a ponta da palheta em frente de uma luz forte indicará onde o
ajuste deve começar.
A lixa de junco é melhor para equilibrar a ponta e os lados da palheta. Antes de usá-la, mergulhe a
parte final da lixa de junco em água, até que ela se torne flexível. Segure então uma das pontas e
corte-a com uma lâmina de barbear. Use a ponta aparada da lixa de junco com o indicador,
assegurando-se que as fibras estejam em ângulo reto às da palheta, como na figura a seguir.
Sempre esfregue na direção da ponta,mas deixe para reduzir a espessura da ponta mais extrema
da palheta por último. No balanceamento, a parte da palheta a ser ajustada é de aproximadamente
1,5 cm a 0,3 cm da ponta.Proceda o ajuste a partir do centro para os lados,de maneira que o
coração da palheta não seja atingido.
O coração é o início da área de resistência e raramente deveria ser tocado.A palheta deveria
sempre ser balanceada corretamente antes dessa área ser considerada.
Se a palheta estiver ainda muito dura após o ajuste, raspe levemente com o formão de três faces
ao longo dos lados da lâmina da palheta.Se isso não atingir o propósito,remova um pouco de toda
a lâmina da palheta, mas raspe muito levemente a área do coração.
Deve ser raspado por igual do centro para os lados da lâmina em direção à ponta.Se uma marca
clara aparecer no coração da palheta, a melhor coisa a fazer é jogá-la fora - seu problema de
coração foi fatal.
Defeito
Área
Ferramenta
Observações
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Defeito
Área
Ferramenta
Observações
Muito mole
Ponta
Aparador
Corte bem pouco. Teste a cada corte.
Som grave e sem cor
Ponta
Aparador
Corte bem pouco. Teste a cada corte.
Falta de ressonância
1& 2
Lixa de Junco
Balancear
Som sem brilho quando
tocado suavemente.
1& 2
Lixa de Junco
Balancear. Tirar de ambos os lados se ainda muito dura
Duro de soprar
2
Lixa de Junco
Afinar ambos os lados e balancear
Falta ressonância no registro
baixo
2
Lixa de Junco
Balancear e afinar se necessário
Ponta grossa após aparar
Lado inferior
da ponta
Lixa para madeira
Colocar a lixa sobre o vidro e esfregar levemente a face
inferior da palheta até cerca de 1 cm da ponta
Palheta apita
2
Lixa de Junco
Balancear
Notas altas difíceis de atacar
suavemente
2& 1
Lixa de Junco
Afinar gradualmente com leves esfregada
Registro alto sem brilho
3
Lixa de Junco
Teste após algumas poucas esfregadas
Falta projeção no registro
superior
3
Lixa de Junco
Mova 3 para trás a partir da ponta. (Isto pode reduzir tempo de
vida da palheta)
Falta ressonância no registro
médio
4
Lixa de Junco
Levemente em 3 também
Registro baixo muito denso
6
Formão de três faces
Termine com Lixa de Junco
Falta generalizada de
ressonância
7&8
Lixa para madeira
sobre o vidro
Lixe as bordas laterais da palheta se esta for larga para a
boquilha
Após ajuste, toca bem mas é
duro soprar
6-5-4-3
Formão de três faces
Afine igualmente as áreas indicadas
Face inferior da palheta não
plana
Face inferior
Lâmina de barbear
Esfregar suavemente em direção à ponta
Face inferior não lisa
Face inferior
Lixa para madeira
sobre o vidro
Esfregar levemente para trás e para frente sempre na direção
dos grãos
Os super agudos do Sax
Para se tocar no registro dos superagudos, é preciso conhecer e dominar as embocaduras do
saxofone. Estas podem ser comparadas à de um trompete, que, na mesma posição de dedilhado,
fazem várias notas com mudanças na embocadura.
Esse mecanismo é desconhecido pela maioria dos saxofonistas que tentam em vão tocar os
superagudos lançando mão somente das posições, criando uma concepção errada de que,
apertando ao máximo o lábio, conseguiremos atingir os agudos. Dessa forma, o que resulta são os
apitos.
As posições dos agudos são pouco divulgadas e ajudam a frustrar o estudante, que então começa a
atribuir a culpa por não dominar os superagudos às posições, à boquilha, à palheta, ao
instrumento, namorada, cachorro, síndico, etc. Então ele espera que, com os anos de estudo, sua
embocadura fique mais fiel. Mas os anos passam, o saxofone passa de pai para filho e nada de sair
os superagudos.
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De vez em quando sai um agudo, mas ele sempre falha na hora que se precisa dele. Então,
começa a achar que os superagudos é dom de alguns.
Os saxofonistas têm que conhecer e dominar as suas várias embocaduras que se diferenciam por :




Pressão dos lábios sob a palheta
Velocidade do ar
Espaço interno da boca
Posição da língua, que, dependendo do lugar onde se posicionar (mais para cima ou para
baixo), mudará a emissão do harmônico e, conseqüentemente, a nota emitida.
Com a mesma posição de agudo, podemos fazer 4 ou 5 notas diferentes.
Antes de começar com os exercícios para dominar os agudos, é preciso ter consciência de alguns
fatos :

o motor do saxofone é a boquilha, a estabilidade é a palheta e a aerodinâmica é o
instrumento. Nós somos o condutor.
1ª parte - Boquilhas
A primeira coisa que um saxofonista fala a outro é: que boquilha você usa? Essa tal boquilha já é
uma lenda. O que sabemos é que a mesma boquilha tem som diferente (timbre), dependendo de
quem a toca.
Existem boquilhas que têm o som mais brilhante e outras com o som mais fosco (aveludado). Há
boquilhas de metal ,massa, fechada, com a câmara aberta ou fechada, coloridas, enfim, uma
variedade que nos deixa confusos. Estão inclusive inventando boquilhas com acessórios, é uma
confusão só!
Agora, certeza mesmo é que cada pessoa tem uma arcada dentária e uma boca diferente, fazendo
com que a mesma boquilha seja ótima para uns e ruim para outros.
Algumas boquilhas foram inventadas com o intuito de facilitar a emissão de agudos (harmônicos) e
outras são mais apropriadas para os graves. O que você precisa, juntamente com seu professor, é
encontrar uma boquilha bem equilibrada para o seu tipo de embocadura.
Em São Paulo, muitos conheceram o mestre Bove, que consertou por décadas os saxofones de
diversos músicos. Uma das coisas interessantes que ele fazia era mexer nas boquilhas, colocando
Durepox dentro para alterar a câmara interna. Conseguia assim mudar as características de som
da boquilha (de grave/aveludado para um som mais brilhante), facilitando a emissão dos agudos e
liberando o músico da mudança de boquilha. Atualmente, Aldo Bove Filho continua executando esta
arte.
A boquilha é uma das peças mais importantes para a emissão dos agudos. Seus preços são muito
variados.
Há boquilhas desenvolvidas para projetar harmônicos que, com certeza, são mais fáceis para a
execução dos agudos. Isso não quer dizer que boquilhas que têm som mais aveludado ou grave
não toquem nos agudos. Elas tocam, mas com o som mais apagado, sem brilho. Tem-se a
impressão de soar menos nos agudos.
Procure uma boquilha que seja mais brilhante. Seu professor deverá conhecer várias com essas
características.
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2ª Parte - Palhetas
Palhetas. Gosto de todas, desde que possa prepará-las a meu gosto! (consulte a matéria técnica do
Informativo Weril nº 120 - Regulagem De Palhetas).
Em uma caixa com 10 palhetas, é muito difícil encontrar duas iguais. Cada uma tem sua
personalidade. Umas são boas para graves, outras para agudos, outras um horror.
O melhor é saber preparar suas palhetas para o seu jeito de tocar e não ter que se adaptar a cada
palheta. Isso atrapalha, pois seu som não cria uma personalidade. Numa determinada semana está
metálico, noutra dá apitos ou não tem som nos graves. Assim não dá pé!
Temos várias marcas, todas muito boas para serem reguladas como você gosta. Algumas palhetas
se parecem com bambu, mas são de fibra. Seu som assemelha-se às de bambu. O interessante é
que esta palheta dura até seis meses ou mais, mantendo-se estável sem envergar ou perder suas
características sonoras. Você não perde tempo regulando palhetas e estuda mais, conhecendo
melhor o seu som (elas também são bem diferentes entre si e podem ser reguladas. Utilize uma
lixa d'água bem fina e umedecida para fazer os ajustes).
Saiba que as palhetas são de lua e também mudam com as marés. Existem palhetas que liberam
mais harmonia que as outras. Com o tempo, ao emitir uma única nota rapidamente, você notará se
ela é boa para agudos, graves ou bem equilibrada.
3ª Parte - Embocadura
Aqui mora o perigo. A embocadura é tudo no agudo. Comparo-a à construção de um prédio:
quanto mais alto ele for, mais profunda deve ser sua base.
A embocadura para se tocar em 2 oitavas utilizada pela maioria dos saxofonistas não é a mesma
para se tocar em 4 oitavas. Aquela que você usa para tocar com sucesso até hoje deve estar
funcionado bem entre o Ré da primeira oitava e o Ré da terceira oitava. Agora, se você tem
problemas fora desta região, significa que a sua embocadura está fora de lugar. Não diria errada,
pois a embocadura que uso para tocar nos agudíssimos é a que você está usando, enquanto adoto
uma outra para tocar nessa região mais grave.
Aí está o segredo! Para tocar nos superagudos, começo pelos graves. Quanto mais relaxados os
graves, mais campo para os agudos, ou seja, quanto mais aberto o ângulo entre boquilha e palheta
na região grave, maior será minha margem de extensão, pois, à medida que subo para os agudos
o ângulo da boquilha se fecha. Se você começar com ela fechada, ao chegar nos agudos terá tal
esmagamento da palheta com a boquilha que nenhum ar passará. O segredo é começar os graves
o mais relaxado possível, quer dizer, com o ângulo entre a palheta e a boquilha o mais aberto
possível. Você terá que descobrir que pode tocar a nota do meio tom abaixo soando um Si sem
mexer na boquilha, somente relaxando o lábio inferior em relação à palheta, como se fosse uma
batata quente na boca. Toque a nota Ré mantendo a relação de um tom entre o Dó, mas não
esqueça que este Dó está com a afinação meio tom abaixo do normal. Isso foi feito com o
relaxamento do lábio inferior. Se você tocar o Mi, ele também terá que manter a afinação relativa
ao Dó, que, por sua vez, continua baixo.
Ao completar uma oitava fazendo a relação acima, e mantendo a afinação das notas entre elas, o
Dó oitavado acima estará mais relaxado, com mais volume e brilho.
Em relação à boquilha e à palheta, o ângulo agora é maior. Então, você terá mais ângulo de
boquilha para os agudíssimos. Da outra forma, você não teria mais ângulo entre palheta e
boquilha.
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4ª Parte - Afinação
Como resolver a afinação do sax em relação ao diapasão?
Após abaixar a afinação da posição de Dó no saxofone, fazendo soar um Si, você agora afina pela
boquilha, abrindo ou fechando. É importante não mexer a boca. Com isso, você conseguirá tocar os
graves com mais facilidade, pois sua boquilha está aberta na boca.
Antes você estava com a afinação do Dó alta em relação à afinação real do saxofone. Em vez de
abaixar a afinação do sax com o relaxamento da embocadura, você afinava seu instrumento pelo
todel, mas agora aprendeu que se pode afinar pela boca. Isto é, conseguindo o ângulo mais aberto
da embocadura, você estará na posição correta para ir até os agudos, fechando relativamente sem
o perigo de, ao chegar na região superaguda, não existir mais ângulo.
Só irá tocar os agudos quem conseguir tocar os supergraves, pois eles são a base para se alcançar
o alto.
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A grande confusão
A confusão começou há muito tempo, quando o Brasil era escasso em métodos e bons professores.
Havia (e existe até hoje) um método importado que eu não vou citar, é claro , um dos mais
conhecido para saxofone, adotado pelas escolas , conservatórios e igrejas evangélicas. Sua
explicação de como se fazer a embocadura é um absurdo, uma aberração musical, embora tenha
exercícios escritos que são gostosos de executar.
Quantos músicos tiveram arruinada a sua carreira pelo uso deste "método" de se fazer a
embocadura sem o uso dos dentes superiores no apoio da boquilha? Ele indica somente o apoio
dos lábios superiores e inferiores voltados para dentro, seguido de um golpe seco com a língua
para fazer vibrar a palheta e produzir o som com a sílaba "tu". Que falta de informação! Veja a
Figura 2.
Professores que confiaram nesse método não tiveram e nunca teriam a intenção de ensinar errado.
Simplesmente, eles não conhecem outra maneira de fazer embocadura, e isso é muito triste.
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Que fique claro que minha intenção é ajudar a mudar esse quadro em nosso país. Para isso,
precisamos se conscientizar do problema e, principalmente, como tratá-lo. Posso afirmar, porém,
que é crescente o número de saxofonistas que adotam e mudam sua embocadura para o apoio dos
dentes. Prova disso são os novos saxofonistas evangélicos, com destaque em bandas gospel, todos
eles donos de uma ótima técnica e sonoridade.
Como deve ser a embocadura?
O uso dos lábios é aconselhável somente para quem não tem os dentes superiores ou possui algum
tipo de ponte móvel ou algum outro problema com a raiz do dente. Consulte um dentista e mostre
o seu problema em relação à boquilha. Se necessário, peça ao seu professor para conversar com o
dentista para expor como é feito esse apoio dos dentes na boquilha ou mostre esta matéria com os
desenhos das embocaduras, pois isto pode ajudá-lo a encontrar uma solução para seu problema.
Não é necessário morder a boquilha e, mesmo que você use uma dentadura, ponte móvel ou dente
postiço, isso não é impedimento para o uso da embocadura de apoio com os dentes. Esse apoio só
deverá ser evitado caso venha trazer algum dano à sua saúde. Sem esses sintomas, você deve
usar o apoio dos dentes superiores na boquilha.
Caso venha sentir algum tipo de dor, consulte seu dentista pois isso não é normal, e você pode
estar com algum problema.
Posição da boquilha na boca
Repare que vários saxofonistas conhecidos têm a boquilha mais para a esquerda ou direita e não
necessariamente no centro, onde sentem mais firmeza no apoio dos dentes. Muitas vezes, essa
sensação é ocasionada pela diferença de altura entre os dentes frontais superiores.
Uma seção de limagem no dentista, para tirar a diferença de altura, pode ser a solução para apoiar
a boquilha em ambos. Contudo, é sabido que usá-la mais para um lado ou para o outro não traz
conseqüências para o saxofonista. O que não pode acontecer é o saxofonista ficar trocando de lado
a toda hora. Devemos encontrar o melhor apoio, aquele com o qual você se sinta confortável.
Assim, seu organismo cuidará de desenvolver os músculos mais usados na embocadura, como
mostra a Figura 3.
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Apoiando os dentes superiores na boquilha
Quando somente usamos os lábios para segurar a boquilha em nossa boca, sem o uso dos dentes
superiores, a afinação fica seriamente comprometida em passagens rápidas ou de intervalos
distantes, e o músico não tem domínio dos graves e tampouco dos agudos, pois não trabalha os
harmônicos, que necessitam da precisão de abertura feita com o apoio dos dentes (tanto para os
graves como para os agudos). Desse modo, a sonoridade é pequena e a resistência superbaixa. Se,
ainda assim, o músico tira um som bonito, não se engane! O efeito dura pouco, pois o lábio não
tem resistência para manter o som ou segurar a afinação.
O atrito com os dentes
Repare naquelas boquilhas de massa ou metal em que, no lugar de contato da boquilha com o
dente, existe outro material (geralmente uma resina protética). Isso evita que o atrito do dente
com a boquilha origine um furo no local de apoio. As boquilhas de massa que seguem essa
corrente de embocadura têm uma resina diferente, de vez em quando com cor diferente também,
que garante a vida útil do acessório. O processo é o mesmo para as boquilhas de metal, caso
contrário o atrito entre o metal e o dente destruiria o dente. Nesse caso, é melhor substituir a
resina da boquilha do que perder o dente; o desgaste do dente em contato com o metal pode
chegar até a raiz e danificá-lo.
Não tenha medo de mudar ou experimentar. Você só vai crescer se tentar novos caminhos. Sei
que, no começo, saxofonistas que usam somente o lábio têm receio de colocar os dentes
superiores na boquilha. Geralmente, sentem cócegas ou arrepios. Pode-se colocar um pedaço de
papel contact ou couro colado sobre a parte de apoio dos dentes, ou comprar em casas
especializadas adesivos para este fim.
Assim, criamos um tipo de amortecedor da vibração da boquilha. Depois, com o tempo, você se
acostuma e poderá até tirá-lo.
Sinto que ao colocar um contact ou couro na boquilha, alteramos o som dela para "mais
aveludado". Outra dica interessante é colocar um pedacinho de pelica nos dentes inferiores, caso
seus dentes sejam do tipo serrilha. Sem o atrito do lábio inferior com os dentes inferiores, você vai
tocar por várias horas. Isso é comum entre os saxofonistas mais experientes que no carnaval
trabalham durante vários dias e horas e em condições que os obrigam a tocar muito forte. Quem já
fez carnaval sabe do que estou falando....
Mantendo o apoio dos dentes
Devido ao fato de o contato do dente não estar sendo total, é preciso apoiá-lo com uma pequena
pressão para baixo. Neste caso, a altura da correia é fundamental. Se ela estiver alta, forçará o
contato da boquilha com o dente, tirando todo o peso do sax sob o maxilar inferior e deixando-o
livre para ter a precisão no controle de vibratos, harmônicos e todos os matizes do som.
Mas, se apoiar o dente na boquilha e manter a correia baixa, com o tempo ou durante uma
execução, você poderá transferir por descuido o peso do sax para o maxilar inferior, ficando
impedido de executar múltiplas funções. Isso é fatal. De nada adianta apoiar corretamente os
dentes e usar a correia baixa, pois assim você perderá o apoio dos dentes superiores na boquilha,
além de estrangular toda a passagem de ar e diminuir o espaço entre a boquilha e a palheta,
devido ao próprio peso do sax, que tem seu apoio mais no lábio inferior do que nos dentes
superiores.
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Encontrando a altura certa da correia
Coloque-se em pé com a coluna ereta. É preciso fazer com que o sax - preso na correia e na
posição de tocar - venha em direção aos dentes superiores e não à altura do queixo. Caso isso
aconteça, não abaixe a cabeça para fazer a embocadura, nem projete a coluna para frente a fim de
alcançar a boquilha. Lembre-se de levantar a correia, fazendo com que a boquilha encaixe embaixo
dos dentes superiores, mantendo uma pequena pressão. Você terá sua garganta livre e aberta para
a passagem do ar, e estará evitando o peso do sax sobre o maxilar inferior, o que tira seus
movimentos e controle. O maxilar inferior é uma das peças mais importantes desse conjunto. Ele é
responsável pelas impostações dos graves e projeções dos agudos, vibrato e inflexões tonais.
Teste do tudel
Embora simples, este teste é muito eficaz para saber se estamos com o apoio correto dos dentes.
Para isso, basta pedir que alguém balance o tudel enquanto você toca: se sua cabeça acompanhar
o movimento do tudel como se fosse uma única peça, você estará com a embocadura certa.
Porém, se balançarem o tudel ao tocar, a boquilha deslizar pelos seus dentes, desafinar ou perder
o som, é sinal de que está faltando o apoio dos dentes. Quem deve estar fazendo o papel de
fixação é o lábio - e o lábio é mole, não fixa nada. Isso deve estar acontecendo por causa da
correia baixa. Levante-a e ganhe firmeza no seu som.
Como saber se sua embocadura está firme
Toque uma música, escala cromática e uma nota longa. Enquanto isso, faça um grande círculo com
o sax. A cabeça deve acompanhar o movimento junto com o tronco. Com o corpo e a cabeça se
movendo de um lado para o outro, se você não perder a sonoridade nem tiver alte-rações no som,
então podemos dizer que você está com a embocadura usada pelos grandes saxofonista. É lógico
que ela dá trabalho para ser entendida, mas a diferença está justamente aí! É que ela dá "muito
trabalho" para quem a usa, principalmente trabalho em shows, trabalho em orquestras de bailes,
trabalho em gravações, em acompanhamento de artistas, em escolas...
Captou a mensagem? Dá um trabalho...
Como saber se estamos tocando com a embocadura relaxada
É muito fácil: basta tocar a nota DO sem a chave de agudos ou registro (aquela que usa somente a
mão esquerda). Quando ela estiver soando, você então aperta o maxilar contra a palheta e a sua
nota DO vai virar um DO #. Caso isso não ocorra, é porque você está com a embocadura tensa
(veja a Figura 4). Para corrigi-la, faça então o contrário.
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Toque a nota relaxando o maxilar, para fazer com que ela desça meio tom. Esta deverá ser a sua
posição de embocadura. Você deve afinar as outras notas da escala em relação a esta nota
relaxada, mantendo a afinação entre elas sem tensionar o maxilar. Desse modo, terá muito mais
campo dinâmico e de inflexões tonais. Não se esqueça de nunca "bater'' a língua para começar o
som no sax. Você deve colocar o ar em movimento espiral por dentro do saxofone emitindo a
sílaba HOO (assim batizada pelo mestre Demétrio Lima, que é expert no assunto), utilizando
somente o diafragma que colocara em movimento o ar parado, criando uma correnteza que
projetará o seu som e na qual poderá articulá-lo à vontade, sem o perigo de engarrafá-lo dentro do
sax. Caso não conheça esse processo, fique tranqüilo, pois este será nosso próximo assunto.
Agora, mãos à obra. Regule e acerte sua embocadura. Não custa nada tentar; se você não tentar,
não irá conhecer suas possibilidades sonoras.
Por que estudamos com metrônomo?
Utilizamos o metrônomo porque não somos perfeitos e, freqüentemente, atrasamos ou adiantamos
o andamento de uma música ou um trecho musical. Estude todos os arpejos e as escalas com
articulações e ritmos diferentes, mas use o metrônomo para manter a pulsação. A utilização de
uma bateria eletrônica durante os estudos é ainda mais aconselhável, pois você poderá programar
o ritmo (patern) que você quiser: Funk, Bossa Nova, Swing, Bolero, Salsa, Reggae etc. Você
poderá praticar os arpejos encaixando as notas na "levada da bateria" e, caso você não disponha
de uma bateria eletrônica, poderá pedir para um amigo que possua um teclado com o recurso de
ritmo eletrônico para que grave os ritmos em uma fita cassete.
Organize seus estudos! Grave os ritmos de um determinado estilo, por exemplo: Funk, em uma
mesma fita, mas faça-o com andamentos e estilos de Funk variados (lentos, moderados e rápidos)
e com variações rítmicas. Geralmente todo teclado ou bateria eletrônica tem no seu banco de
ritmos e variações do mesmo. Exemplo: Funk 1, Funk 2, Funk Paraguaio etc.
Considero muito mais proveitoso e agradável estudar com uma bateria eletrônica do que com um
metrônomo tipo tique-taque, pois o som do saxofone, por possuir muito volume, geralmente
encobre o som dos metrônomos convencionais, fazendo com que o praticante não o escute e acabe
"cruzando" o andamento, levando-o a eliminar o metrônomo de seus estudos. O metrônomo tem a
função básica de manter a pulsação da música e ajuda o músico a ficar dentro do andamento, não
correndo onde sinta facilidade na execução, nem atrasando onde tenha dificuldade. Pessoalmente
nunca gostei de estudar com metrônomo, ao contrário do violoncelo, flauta doce ou oboé, pois
neste caso, o repertório para esses instrumentos, por mim estudado, não se casam ritmicamente
com uma levada na bateria e, neste caso, o metrônomo desempenha perfeitamente bem o seu
papel.
Por outro lado, o estudo com o saxofone é diferente, pois o que toco está sempre ligado a um
ritmo mais marcado e, portanto, à bateria. Com ela, além de ter mais apoio, posso experimentar
as idéias rítmicas em cima da levada da bateria e sentir o somatório do ritmo executado por mim
mais a batida programada na bateria, tal qual numa apresentação ao vivo. Ademais, todas as
vezes que toco com uma banda, as minha idéias rítmicas são sempre apoiadas na bateria, sentindo
o seu patern e não no tique-taque de um metrônomo. Entretanto, não imagine que o metrônomo
seja o vilão da história. Apenas com a pulsação do metrônomo você não saberá, no início, as
divisões típicas de estilos musicais como: samba, swing etc. Tocando com a bateria você vai,
forçosamente, encaixando-se nas levadas e tomando consciência de suas divisões e subdivisões.
Os bateristas, por sua vez, adotam mais o metrônomo para estudar pois, tendo a pulsação do
metrônomo como referência, podem desenvolver mais facilmente os seus paterns sem o risco de
adiantar ou atrasar o andamento. Em meio a grande variedade de ritmos, a atenção dos bateristas
concentra-se na pulsação do metrônomo. Isso depende da necessidade e preferência de cada um.
Para quem estuda saxofone voltado mais para a área de Rock, Pop ou Jazz, é mais interessante a
utilização de uma bateria eletrônica, uma vez que os saxofonistas "clássicos", por causa do
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repertório, preferem o metrônomo. Imagine-se estudando uma peça clássica. A lógica recomenda o
uso do metrônomo, pois sua sonata ou peça de concerto exigira acentuações e ritmos bem
diferentes de uma levada na bateria, por exemplo, de Bossa Nova. Neste caso, o metrônomo
desempenhará melhor o papel. Por ser neutro, ele adequar-se-á a todos os estilos. Por sua vez, a
bateria com um ritmo programado (levada) é indicada quando você estuda um tema de Funk,
Samba, Choro, improvisação obedecendo cifras etc, porque o aproxima mais de uma situação real.
Tocando e estudando com a bateria eletrônica você aprenderá a sentir a pulsação das levadas.
Sem perceber, você começará a fazer variações rítmicas em cima da pulsação da música, sem
perder o "time" ou o "beat". É muito importante que você comece a estudar sempre dentro de um
ritmo. Além de ser mais "emocionante", é como se voltássemos ao tempo de nossos ancestrais, os
quais dançavam a noite toda num envolvente ritmo tribal.
Às vezes sinto que quando estudo com um metrônomo ou bateria não consigo parar; parece que
entro num transe, como se estivesse num tipo de meditação; com os olhos fechados, sinto um
grande prazer em escutar meu ritmo e meu som como parte de um todo. Muitos músicos
aproveitam, de fato, esses momentos para meditar, pois a mente fica completamente livre de
pensamentos do cotidiano; esses momentos transformam-se em lapsos de tempo durante os quais
somos capazes de encontrar equilíbrio e paz. Outras pessoas conseguem encontrar-se consigo
mesmas enquanto nadam, andam de bicicleta, correm, jogam futebol, pescam etc. Faça do seu
estudo um momento de prazer, o momento de encontrar-se consigo mesmo e sinta o seu
verdadeiro ritmo.
Por que estudamos escalas e arpejos?
Todo bom saxofonista conhece bem as escalas, pois elas são o único meio que temos para nos
comunicar dentro da linguagem musical, além do ritmo é claro. A combinação desses dois recursos
faz surgirem músicas, músicos e estilos musicais variados. Você os usa para criar e comunicar-se
dentro do vasto campo da música. Não importa se você está tocando com uma banda, com um
pianista, com um guitarrista ou acompanha a execução de um CD, nem se você ligou o rádio e
começou a acompanhar a primeira música que tocou. Você só vai ter êxito se conhecer todas as
escalas musicais. Como escalas ainda não fazem parte do seu dia a dia, vou compará-las com algo
mais corriqueiro para que você possa entender a importância das escalas para nós músicos.
As escalas são como os idiomas. O músico que estuda seriamente, seja ele profissional ou amador,
precisa ser um poliglota; falar e entender as várias línguas que por nós são chamadas de
tonalidades. É normal um músico perguntar ao outro em que tonalidade irão tocar uma
determinada música. Essa pergunta é feita justamente para que não comecem a tocar a mesma
música em tonalidades diferentes. Vamos dar um exemplo: imagine que dois governadores irão em
rede de televisão para todo o Brasil, sendo que um discursará em alemão e o outro em japonês. Os
dois dizem ao mesmo tempo: "De agora em diante, quem não estudar as escalas musicais será
considerado um analfabeto musical". É lógico que o público não entenderá nada. Se quiserem ser
entendidos por todos eles devem falar em português, que é o nosso "tom", ou não transmitirão
nada. Na música é a mesma coisa: a música é a forma de transmissão, a fala; as escalas musicais
são o idioma. Para cada tom temos uma escala correspondente.
Como todo o país tem seus Estados, com costumes e sotaques diferentes, podemos relacioná-los
da seguinte maneira: o tom é o idioma; os acordes são os sotaques observados em cada Estado.
Como toda língua é falada de maneira diferente de um Estado para outro, temos acordes diferentes
para usar no decorrer de cada música. A utilização de diferentes acordes dentro de um mesmo tom
na composição de uma música constitui o objeto do nosso estudo: como falar em cada acorde
dentro de um mesmo tom. O mais importante é desenvolver a habilidade de comunicar com todos
os acordes dentro de cada tom. Só após dominar essa linguagem é que você poderá comunicar-se
com cada Estado, lançando mão dos seus sotaques e palavras típicas. Isso cria uma enorme
diferença entre os músicos que improvisam e é justamente nesse domínio da linguagem.
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É por isso que o músico precisa dominar primeiro o idioma clássico da cada país (o tom) para que
possa se comunicar e ser entendido por todos. Quando um cantor está cantando, ele está dentro
de um determinado tom. Se quiser tocar junto com ele, você deverá obrigatoriamente de tocar no
mesmo tom, caso contrário vai atrapalhá-lo, emitindo notas fora do tom, o que poderá fazer o
cantor "perder o tom". Existem 12 tons MAIORES e 12 tons MENORES.
Para que você comece a entender melhor essa história de tom, admita que o cantor esteja
cantando em fá maior. Você terá também de tocar no mesmo tom, ou seja, só poderá usar notas
de escala de fá maior. Desse modo você estará "dentro do tom"; é como se estivesse falando para
todos os Estados usando o idioma que todos entendem. O que o músico mais experiente e treinado
faz é usar outras escalas, de acordo com o acorde que estiver soando naquele momento dentro da
música, enriquecendo ainda mais seu material e ampliando seu campo de criação e expressão seria
então como o uso dos sotaques, palavras e expressões de cada estado (acorde) durante seu
discurso.
O que são Tons Maiores e Tons Menores?
Basicamente, a diferença auditiva é: os tons maiores são mais alegres e os tons menores são mais
tristes. Eles podem ser maiores ou menores; a diferença técnica entre os maiores e os menores
reside em uma única nota: a alteração da terça na escala, como mostraremos mais a frente.
Porém, o mais importante agora é conhecer as tonalidades maiores, pois elas constituem a matriz;
delas originam-se todas as outras escalas (alterações) e o modo menor (tom menor). Enquanto
você não dominar muito bem as escalas maiores, não adianta estudar outras escalas, pois você só
irá criar confusão. Após dominar as escalas maiores, você conseguirá entender esse universo
sonoro e seus mistérios. Não perca tempo estudando os sotaques, se voce não consegue ainda
comunicar-se no idioma básico! Para ajudá-lo a dominar as tonalidades, preparei no Método de
Estudos para Improvisação uma série de exercícios de escalas e arpejos que simultaneamente
servirá para incutir em voce o sotaque da improvisação. A base da técnica de qualquer música o
que queira obter êxito com sua música sempre foi, e continuarão sendo, as escalas e os arpejos.
Não importa o estilo musical, seja Rock, Blues, Clássico, Barroco, Sertanejo, Jazz etc, lá estarão as
escalas e arpejos. Por isso, os professores de instrumento insistem tanto com seus alunos para que
conheçam escalar e arpejos, pois o domínio dessas ferramentas é condição para que você
comunique-se bem DENTRO DO IDIOMA MUSICAL. Portanto, não perca tempo, pois à medida que
você for estudando, começará a entender e aprenderá a amar as escalas e os arpejos, eles serão
seu elo de ligação com o mundo musical. Você aprenderá a escutar o tom e a identificá-lo, pois
seus ouvidos estarão treinados e você adquirirá uma maior consciência musical. Ainda que agora
tocas as escalas s os arpejos não lhe diga nada, tenha paciência e acredite no seu professor, pois
ele próprio é testemunho da importância das escalas e os arpejos na formação musical de todo
bom músico.
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