SOBRE O SAXOFONE As diferentes embocaduras do Sax Olá leitor. Meu nome é Ivan Meyer, e a partir de hoje serei responsável por esta coluna de Sax aqui no Cifra Club. Espero poder trazer muitas novidades e conhecimento, divulgar as técnicas sobre este instrumento com toda segurança pra vocês! Vamos falar nesta Dica Técnica de um dos assuntos mais polêmicos para os saxofonistas: a tal da "embocadura certa". Cada músico possui boca, arcada dentária, cavidade bucal e lábios diferentes, além da variedade de boquilhas e palhetas. Tudo isso influencia nas embocaduras. Tentamos encaixar a boquilha em nossa boca e, dependendo de nossos lábios, arcada dentária e cavidade bucal, vamos ter respostas diferentes, de acordo com a posição da boquilha na boca. Há várias maneiras de se colocar a boquilha na boca. Essa maneira específica é por nós chamada de embocadura. Existem vários tipos de embocaduras, como também há diferentes boquilhas e palhetas. Temos que formar um conjunto equilibrado e único para nosso próprio uso. O mesmo conjunto (embocadura, boquilha e palheta) não funciona bem com outro saxofonista e vice-versa, justamente pela diversificação de lábios, arcadas dentárias e cavidade bucal. A confusão sobre qual a melhor palheta, boquilha ou embocadura a ser usada pelo saxofonista é também comum em outros instrumentos de sopro, como o clarinete, flauta transversal, trompete, trombone, oboé, etc. Isso porque somos diferentes e temos respostas diferentes ao que somos expostos. Podemos classificar a embocadura do sax em dois grupos básicos: alguns saxofonistas adotam o apoio dos dentes superiores na boquilha e outros não, sendo que cada um dos estilos tem suas próprias variantes. Não estou afirmando que devemos ter maneiras diferentes de fazer a embocadura, mas sim falando que, em minha experiência como professor aqui e fora do Brasil, pude observar as diversas embocaduras adotadas pelos saxofonistas, profissionais ou amadores, e cada tipo tem suas qualidades. A diferença básica entre os dois tipos de embocadura é: O apoio dos dentes superiores na boquilha Uma corrente de saxofonistas adota e usa o apoio dos dentes. Outros, em vez de usar o dente, utilizam o lábio para dar firmeza à embocadura, o que não acontece, pois o lábio não tem a consistência de um dente. Você deve estar se perguntando: qual é a melhor embocadura? Se você tem essa dúvida, é porque ainda está usando o lábio. Quem usa o apoio dos dentes não tem essa dúvida! Veja a figura abaixo. Como ajustar suas paletas A principal tarefa da palheta é funcionar como uma válvula de ar que abre e fecha sobre a boquilha em várias velocidades. A freqüência dessa operação controla o timbre do som, e é determinada pelo tamanho e formato da coluna de ar resultante da vibração. Considerando-se a formidável tarefa com que se confronta esse pequeno pedaço de bambu, não surpreende que tanto esforço seja despendido na sua seleção e ajuste, uma vez que a palheta é a responsável pela geração de som do saxofone. 1 Arquivo extraído do Site da Escola de Música Harmonia www.musicaharmonia.com.br Ajustamento da palheta É inútil gastar tempo ajustando uma palheta se o bambu não tiver sido amadurecido apropriadamente. O teste simples, demonstrado a seguir, pode poupar considerável esforço: Pressione com a unha do polegar a parte superior do corpo da palheta. Se o material resistir, o bambu é velho e superamadurecido. Se ele for macio e marcar facilmente, ainda está verde. Uma leve marca que diminui com o fim da pressão indica uma palheta adequadamente envelhecida. Um outro excelente teste envolve o reconhecimento do arco de maturidade. Quando bem amadurecida, a palheta apresenta uma marca escura abaixo da superfície do corpo, se sua base for mergulhada em cerca de 3 cm de água por alguns minutos. Essa marca deverá ser de cor marrom alaranjada. Se apresentar uma cor amarelada, ou não aparecer marca alguma, a palheta deve ser deixada maturando por um ano ou mais antes de ser testada novamente. Se, após umedecer a parte posterior, como descrito acima, você soprar na borda mais grossa da peça, pequenas bolhas aparecerão ao longo da lâmina da palheta. Essas bolhas não poderão ser grandes ou em profusão, uma vez que isso indicaria que a palheta é porosa demais. Devemos lembrar que palhetas grandes terão tubos maiores que as palheta pequenas. Escolha uma palheta que resista à passagem do ar através de seus tubos, mas que não o impeça completamente. Algumas tentativas para determinar a quantidade ideal de ar que deve passar serão úteis. Esses testes funcionam somente com palhetas novas. A lista mínima de ferramentas para o ajuste das palhetas inclui: Um pedaço de vidro plano de cerca de 10x15 cm. Os cantos devem ser abaulados, a fim de evitar ferimentos nas mãos. Um aparador de palhetas, escolhido com cuidado, pois o formato do corte deve adequar-se à ponta da boquilha. Leve algumas palhetas velhas e sua boquilha à loja para determinar o formato adequado de corte. Um pequeno formão de três faces. É uma barra de aço temperado de três faces lisas com três bordas afiadas, para raspar madeira. Lixa de Junco. Para acabamento ou alterações mínimas. É barata e pode ser adquirida em uma loja de instrumentos de sopro. Folha de Lixa no. 600 Lâmina comum de barbear Lixa de unhas 2 Arquivo extraído do Site da Escola de Música Harmonia www.musicaharmonia.com.br O ajuste deverá ser adiado até que a palheta tenha passado por um período de testes. As palhetas mudam suas características rapidamente quando usadas pela primeira vez, e um ajuste feito antes de testá-las apropriadamente pode dificultar uma posterior correção. O procedimento sugerido é usar a palheta por um curto período de tempo na primeira vez e então deixá-la de lado por um dia. Tente tocar por mais tempo no segundo dia e nos dias sucessivos, até sentir que as características da palheta se estabilizaram. Normalmente, a palheta estará mais macia após ser utilizada umas poucas vezes, mas isso não é sempre verdade - algumas vezes tornam-se mais rígidas! Você pode testar o equilíbrio e a flexibilidade da palheta, pressionando sua ponta contra a unha do polegar e deslizando-a contra a unha em toda sua extensão. Cheque o equilíbrio dos dois lados da ponta da palheta, utilizando o indicador contra o polegar de ambas as mãos. Palheta muito mole Apare primeiro a ponta da palheta, tirando muito pouco por vez. Umedeça bem a palheta antes de apará-la e assegure-se que ela esteja centrada apropriadamente. A pressa nesse procedimento geralmente arruina a palheta; é fácil retirar um pouco mais da ponta da palheta, mas é impossível acrescentar. Normalmente, 1, 5 mm é o limite no qual a palheta pode ser reduzida com sucesso. Após a palheta ter sido aparada, os cantos devem ser arredondados e a curva ajustada à curvatura da boquilha. Para isso, use a folha de lixa para madeira, esfregando muito levemente em direção à parte central da palheta. 3 Arquivo extraído do Site da Escola de Música Harmonia www.musicaharmonia.com.br Palheta muito dura Uma palheta que parece dura demais pode ser mais dura de um lado do que do outro. Assim é possível termos uma palheta com a resistência desejada apenas em um dos lados. Este tipo de palheta será difícil de soprar e deve ser balanceada. Isso pode ser verificado colocando-se a boquilha na embocadura de maneira que somente um lado da palheta vibre, alternando-se então para o outro lado. Quando ambos os lados são aproximadamente iguais e rígidos demais, um ajuste geral deverá ser feito. Se um dos lados da palheta for mais duro para soprar, este deverá ser ajustado antes de quaisquer outros ajustes. Observar a ponta da palheta em frente de uma luz forte indicará onde o ajuste deve começar. A lixa de junco é melhor para equilibrar a ponta e os lados da palheta. Antes de usá-la, mergulhe a parte final da lixa de junco em água, até que ela se torne flexível. Segure então uma das pontas e corte-a com uma lâmina de barbear. Use a ponta aparada da lixa de junco com o indicador, assegurando-se que as fibras estejam em ângulo reto às da palheta, como na figura a seguir. Sempre esfregue na direção da ponta,mas deixe para reduzir a espessura da ponta mais extrema da palheta por último. No balanceamento, a parte da palheta a ser ajustada é de aproximadamente 1,5 cm a 0,3 cm da ponta.Proceda o ajuste a partir do centro para os lados,de maneira que o coração da palheta não seja atingido. O coração é o início da área de resistência e raramente deveria ser tocado.A palheta deveria sempre ser balanceada corretamente antes dessa área ser considerada. Se a palheta estiver ainda muito dura após o ajuste, raspe levemente com o formão de três faces ao longo dos lados da lâmina da palheta.Se isso não atingir o propósito,remova um pouco de toda a lâmina da palheta, mas raspe muito levemente a área do coração. Deve ser raspado por igual do centro para os lados da lâmina em direção à ponta.Se uma marca clara aparecer no coração da palheta, a melhor coisa a fazer é jogá-la fora - seu problema de coração foi fatal. Defeito Área Ferramenta Observações 4 Arquivo extraído do Site da Escola de Música Harmonia www.musicaharmonia.com.br Defeito Área Ferramenta Observações Muito mole Ponta Aparador Corte bem pouco. Teste a cada corte. Som grave e sem cor Ponta Aparador Corte bem pouco. Teste a cada corte. Falta de ressonância 1& 2 Lixa de Junco Balancear Som sem brilho quando tocado suavemente. 1& 2 Lixa de Junco Balancear. Tirar de ambos os lados se ainda muito dura Duro de soprar 2 Lixa de Junco Afinar ambos os lados e balancear Falta ressonância no registro baixo 2 Lixa de Junco Balancear e afinar se necessário Ponta grossa após aparar Lado inferior da ponta Lixa para madeira Colocar a lixa sobre o vidro e esfregar levemente a face inferior da palheta até cerca de 1 cm da ponta Palheta apita 2 Lixa de Junco Balancear Notas altas difíceis de atacar suavemente 2& 1 Lixa de Junco Afinar gradualmente com leves esfregada Registro alto sem brilho 3 Lixa de Junco Teste após algumas poucas esfregadas Falta projeção no registro superior 3 Lixa de Junco Mova 3 para trás a partir da ponta. (Isto pode reduzir tempo de vida da palheta) Falta ressonância no registro médio 4 Lixa de Junco Levemente em 3 também Registro baixo muito denso 6 Formão de três faces Termine com Lixa de Junco Falta generalizada de ressonância 7&8 Lixa para madeira sobre o vidro Lixe as bordas laterais da palheta se esta for larga para a boquilha Após ajuste, toca bem mas é duro soprar 6-5-4-3 Formão de três faces Afine igualmente as áreas indicadas Face inferior da palheta não plana Face inferior Lâmina de barbear Esfregar suavemente em direção à ponta Face inferior não lisa Face inferior Lixa para madeira sobre o vidro Esfregar levemente para trás e para frente sempre na direção dos grãos Os super agudos do Sax Para se tocar no registro dos superagudos, é preciso conhecer e dominar as embocaduras do saxofone. Estas podem ser comparadas à de um trompete, que, na mesma posição de dedilhado, fazem várias notas com mudanças na embocadura. Esse mecanismo é desconhecido pela maioria dos saxofonistas que tentam em vão tocar os superagudos lançando mão somente das posições, criando uma concepção errada de que, apertando ao máximo o lábio, conseguiremos atingir os agudos. Dessa forma, o que resulta são os apitos. As posições dos agudos são pouco divulgadas e ajudam a frustrar o estudante, que então começa a atribuir a culpa por não dominar os superagudos às posições, à boquilha, à palheta, ao instrumento, namorada, cachorro, síndico, etc. Então ele espera que, com os anos de estudo, sua embocadura fique mais fiel. Mas os anos passam, o saxofone passa de pai para filho e nada de sair os superagudos. 5 Arquivo extraído do Site da Escola de Música Harmonia www.musicaharmonia.com.br De vez em quando sai um agudo, mas ele sempre falha na hora que se precisa dele. Então, começa a achar que os superagudos é dom de alguns. Os saxofonistas têm que conhecer e dominar as suas várias embocaduras que se diferenciam por : Pressão dos lábios sob a palheta Velocidade do ar Espaço interno da boca Posição da língua, que, dependendo do lugar onde se posicionar (mais para cima ou para baixo), mudará a emissão do harmônico e, conseqüentemente, a nota emitida. Com a mesma posição de agudo, podemos fazer 4 ou 5 notas diferentes. Antes de começar com os exercícios para dominar os agudos, é preciso ter consciência de alguns fatos : o motor do saxofone é a boquilha, a estabilidade é a palheta e a aerodinâmica é o instrumento. Nós somos o condutor. 1ª parte - Boquilhas A primeira coisa que um saxofonista fala a outro é: que boquilha você usa? Essa tal boquilha já é uma lenda. O que sabemos é que a mesma boquilha tem som diferente (timbre), dependendo de quem a toca. Existem boquilhas que têm o som mais brilhante e outras com o som mais fosco (aveludado). Há boquilhas de metal ,massa, fechada, com a câmara aberta ou fechada, coloridas, enfim, uma variedade que nos deixa confusos. Estão inclusive inventando boquilhas com acessórios, é uma confusão só! Agora, certeza mesmo é que cada pessoa tem uma arcada dentária e uma boca diferente, fazendo com que a mesma boquilha seja ótima para uns e ruim para outros. Algumas boquilhas foram inventadas com o intuito de facilitar a emissão de agudos (harmônicos) e outras são mais apropriadas para os graves. O que você precisa, juntamente com seu professor, é encontrar uma boquilha bem equilibrada para o seu tipo de embocadura. Em São Paulo, muitos conheceram o mestre Bove, que consertou por décadas os saxofones de diversos músicos. Uma das coisas interessantes que ele fazia era mexer nas boquilhas, colocando Durepox dentro para alterar a câmara interna. Conseguia assim mudar as características de som da boquilha (de grave/aveludado para um som mais brilhante), facilitando a emissão dos agudos e liberando o músico da mudança de boquilha. Atualmente, Aldo Bove Filho continua executando esta arte. A boquilha é uma das peças mais importantes para a emissão dos agudos. Seus preços são muito variados. Há boquilhas desenvolvidas para projetar harmônicos que, com certeza, são mais fáceis para a execução dos agudos. Isso não quer dizer que boquilhas que têm som mais aveludado ou grave não toquem nos agudos. Elas tocam, mas com o som mais apagado, sem brilho. Tem-se a impressão de soar menos nos agudos. Procure uma boquilha que seja mais brilhante. Seu professor deverá conhecer várias com essas características. 6 Arquivo extraído do Site da Escola de Música Harmonia www.musicaharmonia.com.br 2ª Parte - Palhetas Palhetas. Gosto de todas, desde que possa prepará-las a meu gosto! (consulte a matéria técnica do Informativo Weril nº 120 - Regulagem De Palhetas). Em uma caixa com 10 palhetas, é muito difícil encontrar duas iguais. Cada uma tem sua personalidade. Umas são boas para graves, outras para agudos, outras um horror. O melhor é saber preparar suas palhetas para o seu jeito de tocar e não ter que se adaptar a cada palheta. Isso atrapalha, pois seu som não cria uma personalidade. Numa determinada semana está metálico, noutra dá apitos ou não tem som nos graves. Assim não dá pé! Temos várias marcas, todas muito boas para serem reguladas como você gosta. Algumas palhetas se parecem com bambu, mas são de fibra. Seu som assemelha-se às de bambu. O interessante é que esta palheta dura até seis meses ou mais, mantendo-se estável sem envergar ou perder suas características sonoras. Você não perde tempo regulando palhetas e estuda mais, conhecendo melhor o seu som (elas também são bem diferentes entre si e podem ser reguladas. Utilize uma lixa d'água bem fina e umedecida para fazer os ajustes). Saiba que as palhetas são de lua e também mudam com as marés. Existem palhetas que liberam mais harmonia que as outras. Com o tempo, ao emitir uma única nota rapidamente, você notará se ela é boa para agudos, graves ou bem equilibrada. 3ª Parte - Embocadura Aqui mora o perigo. A embocadura é tudo no agudo. Comparo-a à construção de um prédio: quanto mais alto ele for, mais profunda deve ser sua base. A embocadura para se tocar em 2 oitavas utilizada pela maioria dos saxofonistas não é a mesma para se tocar em 4 oitavas. Aquela que você usa para tocar com sucesso até hoje deve estar funcionado bem entre o Ré da primeira oitava e o Ré da terceira oitava. Agora, se você tem problemas fora desta região, significa que a sua embocadura está fora de lugar. Não diria errada, pois a embocadura que uso para tocar nos agudíssimos é a que você está usando, enquanto adoto uma outra para tocar nessa região mais grave. Aí está o segredo! Para tocar nos superagudos, começo pelos graves. Quanto mais relaxados os graves, mais campo para os agudos, ou seja, quanto mais aberto o ângulo entre boquilha e palheta na região grave, maior será minha margem de extensão, pois, à medida que subo para os agudos o ângulo da boquilha se fecha. Se você começar com ela fechada, ao chegar nos agudos terá tal esmagamento da palheta com a boquilha que nenhum ar passará. O segredo é começar os graves o mais relaxado possível, quer dizer, com o ângulo entre a palheta e a boquilha o mais aberto possível. Você terá que descobrir que pode tocar a nota do meio tom abaixo soando um Si sem mexer na boquilha, somente relaxando o lábio inferior em relação à palheta, como se fosse uma batata quente na boca. Toque a nota Ré mantendo a relação de um tom entre o Dó, mas não esqueça que este Dó está com a afinação meio tom abaixo do normal. Isso foi feito com o relaxamento do lábio inferior. Se você tocar o Mi, ele também terá que manter a afinação relativa ao Dó, que, por sua vez, continua baixo. Ao completar uma oitava fazendo a relação acima, e mantendo a afinação das notas entre elas, o Dó oitavado acima estará mais relaxado, com mais volume e brilho. Em relação à boquilha e à palheta, o ângulo agora é maior. Então, você terá mais ângulo de boquilha para os agudíssimos. Da outra forma, você não teria mais ângulo entre palheta e boquilha. 7 Arquivo extraído do Site da Escola de Música Harmonia www.musicaharmonia.com.br 4ª Parte - Afinação Como resolver a afinação do sax em relação ao diapasão? Após abaixar a afinação da posição de Dó no saxofone, fazendo soar um Si, você agora afina pela boquilha, abrindo ou fechando. É importante não mexer a boca. Com isso, você conseguirá tocar os graves com mais facilidade, pois sua boquilha está aberta na boca. Antes você estava com a afinação do Dó alta em relação à afinação real do saxofone. Em vez de abaixar a afinação do sax com o relaxamento da embocadura, você afinava seu instrumento pelo todel, mas agora aprendeu que se pode afinar pela boca. Isto é, conseguindo o ângulo mais aberto da embocadura, você estará na posição correta para ir até os agudos, fechando relativamente sem o perigo de, ao chegar na região superaguda, não existir mais ângulo. Só irá tocar os agudos quem conseguir tocar os supergraves, pois eles são a base para se alcançar o alto. 8 Arquivo extraído do Site da Escola de Música Harmonia www.musicaharmonia.com.br A grande confusão A confusão começou há muito tempo, quando o Brasil era escasso em métodos e bons professores. Havia (e existe até hoje) um método importado que eu não vou citar, é claro , um dos mais conhecido para saxofone, adotado pelas escolas , conservatórios e igrejas evangélicas. Sua explicação de como se fazer a embocadura é um absurdo, uma aberração musical, embora tenha exercícios escritos que são gostosos de executar. Quantos músicos tiveram arruinada a sua carreira pelo uso deste "método" de se fazer a embocadura sem o uso dos dentes superiores no apoio da boquilha? Ele indica somente o apoio dos lábios superiores e inferiores voltados para dentro, seguido de um golpe seco com a língua para fazer vibrar a palheta e produzir o som com a sílaba "tu". Que falta de informação! Veja a Figura 2. Professores que confiaram nesse método não tiveram e nunca teriam a intenção de ensinar errado. Simplesmente, eles não conhecem outra maneira de fazer embocadura, e isso é muito triste. 9 Arquivo extraído do Site da Escola de Música Harmonia www.musicaharmonia.com.br Que fique claro que minha intenção é ajudar a mudar esse quadro em nosso país. Para isso, precisamos se conscientizar do problema e, principalmente, como tratá-lo. Posso afirmar, porém, que é crescente o número de saxofonistas que adotam e mudam sua embocadura para o apoio dos dentes. Prova disso são os novos saxofonistas evangélicos, com destaque em bandas gospel, todos eles donos de uma ótima técnica e sonoridade. Como deve ser a embocadura? O uso dos lábios é aconselhável somente para quem não tem os dentes superiores ou possui algum tipo de ponte móvel ou algum outro problema com a raiz do dente. Consulte um dentista e mostre o seu problema em relação à boquilha. Se necessário, peça ao seu professor para conversar com o dentista para expor como é feito esse apoio dos dentes na boquilha ou mostre esta matéria com os desenhos das embocaduras, pois isto pode ajudá-lo a encontrar uma solução para seu problema. Não é necessário morder a boquilha e, mesmo que você use uma dentadura, ponte móvel ou dente postiço, isso não é impedimento para o uso da embocadura de apoio com os dentes. Esse apoio só deverá ser evitado caso venha trazer algum dano à sua saúde. Sem esses sintomas, você deve usar o apoio dos dentes superiores na boquilha. Caso venha sentir algum tipo de dor, consulte seu dentista pois isso não é normal, e você pode estar com algum problema. Posição da boquilha na boca Repare que vários saxofonistas conhecidos têm a boquilha mais para a esquerda ou direita e não necessariamente no centro, onde sentem mais firmeza no apoio dos dentes. Muitas vezes, essa sensação é ocasionada pela diferença de altura entre os dentes frontais superiores. Uma seção de limagem no dentista, para tirar a diferença de altura, pode ser a solução para apoiar a boquilha em ambos. Contudo, é sabido que usá-la mais para um lado ou para o outro não traz conseqüências para o saxofonista. O que não pode acontecer é o saxofonista ficar trocando de lado a toda hora. Devemos encontrar o melhor apoio, aquele com o qual você se sinta confortável. Assim, seu organismo cuidará de desenvolver os músculos mais usados na embocadura, como mostra a Figura 3. 10 Arquivo extraído do Site da Escola de Música Harmonia www.musicaharmonia.com.br Apoiando os dentes superiores na boquilha Quando somente usamos os lábios para segurar a boquilha em nossa boca, sem o uso dos dentes superiores, a afinação fica seriamente comprometida em passagens rápidas ou de intervalos distantes, e o músico não tem domínio dos graves e tampouco dos agudos, pois não trabalha os harmônicos, que necessitam da precisão de abertura feita com o apoio dos dentes (tanto para os graves como para os agudos). Desse modo, a sonoridade é pequena e a resistência superbaixa. Se, ainda assim, o músico tira um som bonito, não se engane! O efeito dura pouco, pois o lábio não tem resistência para manter o som ou segurar a afinação. O atrito com os dentes Repare naquelas boquilhas de massa ou metal em que, no lugar de contato da boquilha com o dente, existe outro material (geralmente uma resina protética). Isso evita que o atrito do dente com a boquilha origine um furo no local de apoio. As boquilhas de massa que seguem essa corrente de embocadura têm uma resina diferente, de vez em quando com cor diferente também, que garante a vida útil do acessório. O processo é o mesmo para as boquilhas de metal, caso contrário o atrito entre o metal e o dente destruiria o dente. Nesse caso, é melhor substituir a resina da boquilha do que perder o dente; o desgaste do dente em contato com o metal pode chegar até a raiz e danificá-lo. Não tenha medo de mudar ou experimentar. Você só vai crescer se tentar novos caminhos. Sei que, no começo, saxofonistas que usam somente o lábio têm receio de colocar os dentes superiores na boquilha. Geralmente, sentem cócegas ou arrepios. Pode-se colocar um pedaço de papel contact ou couro colado sobre a parte de apoio dos dentes, ou comprar em casas especializadas adesivos para este fim. Assim, criamos um tipo de amortecedor da vibração da boquilha. Depois, com o tempo, você se acostuma e poderá até tirá-lo. Sinto que ao colocar um contact ou couro na boquilha, alteramos o som dela para "mais aveludado". Outra dica interessante é colocar um pedacinho de pelica nos dentes inferiores, caso seus dentes sejam do tipo serrilha. Sem o atrito do lábio inferior com os dentes inferiores, você vai tocar por várias horas. Isso é comum entre os saxofonistas mais experientes que no carnaval trabalham durante vários dias e horas e em condições que os obrigam a tocar muito forte. Quem já fez carnaval sabe do que estou falando.... Mantendo o apoio dos dentes Devido ao fato de o contato do dente não estar sendo total, é preciso apoiá-lo com uma pequena pressão para baixo. Neste caso, a altura da correia é fundamental. Se ela estiver alta, forçará o contato da boquilha com o dente, tirando todo o peso do sax sob o maxilar inferior e deixando-o livre para ter a precisão no controle de vibratos, harmônicos e todos os matizes do som. Mas, se apoiar o dente na boquilha e manter a correia baixa, com o tempo ou durante uma execução, você poderá transferir por descuido o peso do sax para o maxilar inferior, ficando impedido de executar múltiplas funções. Isso é fatal. De nada adianta apoiar corretamente os dentes e usar a correia baixa, pois assim você perderá o apoio dos dentes superiores na boquilha, além de estrangular toda a passagem de ar e diminuir o espaço entre a boquilha e a palheta, devido ao próprio peso do sax, que tem seu apoio mais no lábio inferior do que nos dentes superiores. 11 Arquivo extraído do Site da Escola de Música Harmonia www.musicaharmonia.com.br Encontrando a altura certa da correia Coloque-se em pé com a coluna ereta. É preciso fazer com que o sax - preso na correia e na posição de tocar - venha em direção aos dentes superiores e não à altura do queixo. Caso isso aconteça, não abaixe a cabeça para fazer a embocadura, nem projete a coluna para frente a fim de alcançar a boquilha. Lembre-se de levantar a correia, fazendo com que a boquilha encaixe embaixo dos dentes superiores, mantendo uma pequena pressão. Você terá sua garganta livre e aberta para a passagem do ar, e estará evitando o peso do sax sobre o maxilar inferior, o que tira seus movimentos e controle. O maxilar inferior é uma das peças mais importantes desse conjunto. Ele é responsável pelas impostações dos graves e projeções dos agudos, vibrato e inflexões tonais. Teste do tudel Embora simples, este teste é muito eficaz para saber se estamos com o apoio correto dos dentes. Para isso, basta pedir que alguém balance o tudel enquanto você toca: se sua cabeça acompanhar o movimento do tudel como se fosse uma única peça, você estará com a embocadura certa. Porém, se balançarem o tudel ao tocar, a boquilha deslizar pelos seus dentes, desafinar ou perder o som, é sinal de que está faltando o apoio dos dentes. Quem deve estar fazendo o papel de fixação é o lábio - e o lábio é mole, não fixa nada. Isso deve estar acontecendo por causa da correia baixa. Levante-a e ganhe firmeza no seu som. Como saber se sua embocadura está firme Toque uma música, escala cromática e uma nota longa. Enquanto isso, faça um grande círculo com o sax. A cabeça deve acompanhar o movimento junto com o tronco. Com o corpo e a cabeça se movendo de um lado para o outro, se você não perder a sonoridade nem tiver alte-rações no som, então podemos dizer que você está com a embocadura usada pelos grandes saxofonista. É lógico que ela dá trabalho para ser entendida, mas a diferença está justamente aí! É que ela dá "muito trabalho" para quem a usa, principalmente trabalho em shows, trabalho em orquestras de bailes, trabalho em gravações, em acompanhamento de artistas, em escolas... Captou a mensagem? Dá um trabalho... Como saber se estamos tocando com a embocadura relaxada É muito fácil: basta tocar a nota DO sem a chave de agudos ou registro (aquela que usa somente a mão esquerda). Quando ela estiver soando, você então aperta o maxilar contra a palheta e a sua nota DO vai virar um DO #. Caso isso não ocorra, é porque você está com a embocadura tensa (veja a Figura 4). Para corrigi-la, faça então o contrário. 12 Arquivo extraído do Site da Escola de Música Harmonia www.musicaharmonia.com.br Toque a nota relaxando o maxilar, para fazer com que ela desça meio tom. Esta deverá ser a sua posição de embocadura. Você deve afinar as outras notas da escala em relação a esta nota relaxada, mantendo a afinação entre elas sem tensionar o maxilar. Desse modo, terá muito mais campo dinâmico e de inflexões tonais. Não se esqueça de nunca "bater'' a língua para começar o som no sax. Você deve colocar o ar em movimento espiral por dentro do saxofone emitindo a sílaba HOO (assim batizada pelo mestre Demétrio Lima, que é expert no assunto), utilizando somente o diafragma que colocara em movimento o ar parado, criando uma correnteza que projetará o seu som e na qual poderá articulá-lo à vontade, sem o perigo de engarrafá-lo dentro do sax. Caso não conheça esse processo, fique tranqüilo, pois este será nosso próximo assunto. Agora, mãos à obra. Regule e acerte sua embocadura. Não custa nada tentar; se você não tentar, não irá conhecer suas possibilidades sonoras. Por que estudamos com metrônomo? Utilizamos o metrônomo porque não somos perfeitos e, freqüentemente, atrasamos ou adiantamos o andamento de uma música ou um trecho musical. Estude todos os arpejos e as escalas com articulações e ritmos diferentes, mas use o metrônomo para manter a pulsação. A utilização de uma bateria eletrônica durante os estudos é ainda mais aconselhável, pois você poderá programar o ritmo (patern) que você quiser: Funk, Bossa Nova, Swing, Bolero, Salsa, Reggae etc. Você poderá praticar os arpejos encaixando as notas na "levada da bateria" e, caso você não disponha de uma bateria eletrônica, poderá pedir para um amigo que possua um teclado com o recurso de ritmo eletrônico para que grave os ritmos em uma fita cassete. Organize seus estudos! Grave os ritmos de um determinado estilo, por exemplo: Funk, em uma mesma fita, mas faça-o com andamentos e estilos de Funk variados (lentos, moderados e rápidos) e com variações rítmicas. Geralmente todo teclado ou bateria eletrônica tem no seu banco de ritmos e variações do mesmo. Exemplo: Funk 1, Funk 2, Funk Paraguaio etc. Considero muito mais proveitoso e agradável estudar com uma bateria eletrônica do que com um metrônomo tipo tique-taque, pois o som do saxofone, por possuir muito volume, geralmente encobre o som dos metrônomos convencionais, fazendo com que o praticante não o escute e acabe "cruzando" o andamento, levando-o a eliminar o metrônomo de seus estudos. O metrônomo tem a função básica de manter a pulsação da música e ajuda o músico a ficar dentro do andamento, não correndo onde sinta facilidade na execução, nem atrasando onde tenha dificuldade. Pessoalmente nunca gostei de estudar com metrônomo, ao contrário do violoncelo, flauta doce ou oboé, pois neste caso, o repertório para esses instrumentos, por mim estudado, não se casam ritmicamente com uma levada na bateria e, neste caso, o metrônomo desempenha perfeitamente bem o seu papel. Por outro lado, o estudo com o saxofone é diferente, pois o que toco está sempre ligado a um ritmo mais marcado e, portanto, à bateria. Com ela, além de ter mais apoio, posso experimentar as idéias rítmicas em cima da levada da bateria e sentir o somatório do ritmo executado por mim mais a batida programada na bateria, tal qual numa apresentação ao vivo. Ademais, todas as vezes que toco com uma banda, as minha idéias rítmicas são sempre apoiadas na bateria, sentindo o seu patern e não no tique-taque de um metrônomo. Entretanto, não imagine que o metrônomo seja o vilão da história. Apenas com a pulsação do metrônomo você não saberá, no início, as divisões típicas de estilos musicais como: samba, swing etc. Tocando com a bateria você vai, forçosamente, encaixando-se nas levadas e tomando consciência de suas divisões e subdivisões. Os bateristas, por sua vez, adotam mais o metrônomo para estudar pois, tendo a pulsação do metrônomo como referência, podem desenvolver mais facilmente os seus paterns sem o risco de adiantar ou atrasar o andamento. Em meio a grande variedade de ritmos, a atenção dos bateristas concentra-se na pulsação do metrônomo. Isso depende da necessidade e preferência de cada um. Para quem estuda saxofone voltado mais para a área de Rock, Pop ou Jazz, é mais interessante a utilização de uma bateria eletrônica, uma vez que os saxofonistas "clássicos", por causa do 13 Arquivo extraído do Site da Escola de Música Harmonia www.musicaharmonia.com.br repertório, preferem o metrônomo. Imagine-se estudando uma peça clássica. A lógica recomenda o uso do metrônomo, pois sua sonata ou peça de concerto exigira acentuações e ritmos bem diferentes de uma levada na bateria, por exemplo, de Bossa Nova. Neste caso, o metrônomo desempenhará melhor o papel. Por ser neutro, ele adequar-se-á a todos os estilos. Por sua vez, a bateria com um ritmo programado (levada) é indicada quando você estuda um tema de Funk, Samba, Choro, improvisação obedecendo cifras etc, porque o aproxima mais de uma situação real. Tocando e estudando com a bateria eletrônica você aprenderá a sentir a pulsação das levadas. Sem perceber, você começará a fazer variações rítmicas em cima da pulsação da música, sem perder o "time" ou o "beat". É muito importante que você comece a estudar sempre dentro de um ritmo. Além de ser mais "emocionante", é como se voltássemos ao tempo de nossos ancestrais, os quais dançavam a noite toda num envolvente ritmo tribal. Às vezes sinto que quando estudo com um metrônomo ou bateria não consigo parar; parece que entro num transe, como se estivesse num tipo de meditação; com os olhos fechados, sinto um grande prazer em escutar meu ritmo e meu som como parte de um todo. Muitos músicos aproveitam, de fato, esses momentos para meditar, pois a mente fica completamente livre de pensamentos do cotidiano; esses momentos transformam-se em lapsos de tempo durante os quais somos capazes de encontrar equilíbrio e paz. Outras pessoas conseguem encontrar-se consigo mesmas enquanto nadam, andam de bicicleta, correm, jogam futebol, pescam etc. Faça do seu estudo um momento de prazer, o momento de encontrar-se consigo mesmo e sinta o seu verdadeiro ritmo. Por que estudamos escalas e arpejos? Todo bom saxofonista conhece bem as escalas, pois elas são o único meio que temos para nos comunicar dentro da linguagem musical, além do ritmo é claro. A combinação desses dois recursos faz surgirem músicas, músicos e estilos musicais variados. Você os usa para criar e comunicar-se dentro do vasto campo da música. Não importa se você está tocando com uma banda, com um pianista, com um guitarrista ou acompanha a execução de um CD, nem se você ligou o rádio e começou a acompanhar a primeira música que tocou. Você só vai ter êxito se conhecer todas as escalas musicais. Como escalas ainda não fazem parte do seu dia a dia, vou compará-las com algo mais corriqueiro para que você possa entender a importância das escalas para nós músicos. As escalas são como os idiomas. O músico que estuda seriamente, seja ele profissional ou amador, precisa ser um poliglota; falar e entender as várias línguas que por nós são chamadas de tonalidades. É normal um músico perguntar ao outro em que tonalidade irão tocar uma determinada música. Essa pergunta é feita justamente para que não comecem a tocar a mesma música em tonalidades diferentes. Vamos dar um exemplo: imagine que dois governadores irão em rede de televisão para todo o Brasil, sendo que um discursará em alemão e o outro em japonês. Os dois dizem ao mesmo tempo: "De agora em diante, quem não estudar as escalas musicais será considerado um analfabeto musical". É lógico que o público não entenderá nada. Se quiserem ser entendidos por todos eles devem falar em português, que é o nosso "tom", ou não transmitirão nada. Na música é a mesma coisa: a música é a forma de transmissão, a fala; as escalas musicais são o idioma. Para cada tom temos uma escala correspondente. Como todo o país tem seus Estados, com costumes e sotaques diferentes, podemos relacioná-los da seguinte maneira: o tom é o idioma; os acordes são os sotaques observados em cada Estado. Como toda língua é falada de maneira diferente de um Estado para outro, temos acordes diferentes para usar no decorrer de cada música. A utilização de diferentes acordes dentro de um mesmo tom na composição de uma música constitui o objeto do nosso estudo: como falar em cada acorde dentro de um mesmo tom. O mais importante é desenvolver a habilidade de comunicar com todos os acordes dentro de cada tom. Só após dominar essa linguagem é que você poderá comunicar-se com cada Estado, lançando mão dos seus sotaques e palavras típicas. Isso cria uma enorme diferença entre os músicos que improvisam e é justamente nesse domínio da linguagem. 14 Arquivo extraído do Site da Escola de Música Harmonia www.musicaharmonia.com.br É por isso que o músico precisa dominar primeiro o idioma clássico da cada país (o tom) para que possa se comunicar e ser entendido por todos. Quando um cantor está cantando, ele está dentro de um determinado tom. Se quiser tocar junto com ele, você deverá obrigatoriamente de tocar no mesmo tom, caso contrário vai atrapalhá-lo, emitindo notas fora do tom, o que poderá fazer o cantor "perder o tom". Existem 12 tons MAIORES e 12 tons MENORES. Para que você comece a entender melhor essa história de tom, admita que o cantor esteja cantando em fá maior. Você terá também de tocar no mesmo tom, ou seja, só poderá usar notas de escala de fá maior. Desse modo você estará "dentro do tom"; é como se estivesse falando para todos os Estados usando o idioma que todos entendem. O que o músico mais experiente e treinado faz é usar outras escalas, de acordo com o acorde que estiver soando naquele momento dentro da música, enriquecendo ainda mais seu material e ampliando seu campo de criação e expressão seria então como o uso dos sotaques, palavras e expressões de cada estado (acorde) durante seu discurso. O que são Tons Maiores e Tons Menores? Basicamente, a diferença auditiva é: os tons maiores são mais alegres e os tons menores são mais tristes. Eles podem ser maiores ou menores; a diferença técnica entre os maiores e os menores reside em uma única nota: a alteração da terça na escala, como mostraremos mais a frente. Porém, o mais importante agora é conhecer as tonalidades maiores, pois elas constituem a matriz; delas originam-se todas as outras escalas (alterações) e o modo menor (tom menor). Enquanto você não dominar muito bem as escalas maiores, não adianta estudar outras escalas, pois você só irá criar confusão. Após dominar as escalas maiores, você conseguirá entender esse universo sonoro e seus mistérios. Não perca tempo estudando os sotaques, se voce não consegue ainda comunicar-se no idioma básico! Para ajudá-lo a dominar as tonalidades, preparei no Método de Estudos para Improvisação uma série de exercícios de escalas e arpejos que simultaneamente servirá para incutir em voce o sotaque da improvisação. A base da técnica de qualquer música o que queira obter êxito com sua música sempre foi, e continuarão sendo, as escalas e os arpejos. Não importa o estilo musical, seja Rock, Blues, Clássico, Barroco, Sertanejo, Jazz etc, lá estarão as escalas e arpejos. Por isso, os professores de instrumento insistem tanto com seus alunos para que conheçam escalar e arpejos, pois o domínio dessas ferramentas é condição para que você comunique-se bem DENTRO DO IDIOMA MUSICAL. Portanto, não perca tempo, pois à medida que você for estudando, começará a entender e aprenderá a amar as escalas e os arpejos, eles serão seu elo de ligação com o mundo musical. Você aprenderá a escutar o tom e a identificá-lo, pois seus ouvidos estarão treinados e você adquirirá uma maior consciência musical. Ainda que agora tocas as escalas s os arpejos não lhe diga nada, tenha paciência e acredite no seu professor, pois ele próprio é testemunho da importância das escalas e os arpejos na formação musical de todo bom músico. 15 Arquivo extraído do Site da Escola de Música Harmonia www.musicaharmonia.com.br