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Dr. Alexandre de Alcântara
Cirurgião-Dentista
Dezessete anos atendendo músicos sopro-instrumentistas
Diploma de Honra ao Mérito pela Ordem dos Músicos do Brasil, Conselho
de São Paulo
Autor do livro: O Cirurgião-Dentista frente a AIDS(Pancast,1996)
Responsável pela proposta que levou o Conselho Federal de Odontologia a
aprovar, por unanimidade, o parecer 717/2012; que reconheceu o músico
sopro-instrumentista como um paciente que requer tratamento especial,
pertencente a Especialidade da Odontologia para Pacientes Especiais
Colunista do Portal Educação
Autor de vários artigos para sites e revistas especializadas em Música
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Músico sopro-instrumentista e a odontologia para
pacientes especiais
Em julho de 2012, o Conselho Federal de Odontologia classificou
o músico sopro-instrumentista como um paciente que possui
necessidades especiais e que seu atendimento pertence a
Odontologia para pacientes especiais, através do parecer
717/2012, aprovado por unanimidade entre os conselheiros.
Neste ponto levantamos a pergunta: quais são as necessidades
especiais que estes profissionais precisam em comparação aos
outros tantos que atendemos diariamente em nossos
consultórios?
Primeiramente é preciso saber o que é um músico soproinstrumentista e qual instrumento ele toca, e qual a importância
do mesmo na sociedade.
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Um músico sopro-instrumentista é um músico que toca um
instrumento de sopro; entre eles estão o trompete, o saxofone, a
flauta, entre outros.
Atuam em quase todas as orquestras existentes e são
fundamentais para a música que ouvimos nas propagandas, nas
canções populares, na música erudita, nas apresentações
militares, entre outras.
Todos usam a cavidade bucal como auxiliar no apoio desses
instrumentos e como parte fundamental para um bom
desempenho profissional.
Para apoiar o instrumento, são utilizados dispositivos distintos
para cada instrumento, onde os mais comuns são a(s) palheta(s),
a boquilha e o bocal. E o apoio destes dispositivos sobre os lábios
e dentes é chamado de EMBOCADURA; e para nós, cirurgiõesdentistas, devemos defini-la como sendo a área bucal que fica
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atrás, por cima ou por baixo do bocal, boquilha ou palheta que
fazem com que o ar entre nestes instrumentos e emitam o som
desejado.
Este som é emitido através da vibração da coluna de ar
proveniente dos pulmões e que é impulsionada em direção ao
instrumento, com a ajuda da língua, dos lábios e dos dentes.
A variação das notas será dada pela perfeita harmonia entre
estas estruturas e pelo instrumento musical propriamente dito.
O clarinete é um exemplo muito bom para que os CirurgiõesDentistas entendam a importância das estruturas bucais para
esta classe profissional.
Nele e em outros instrumentos como o saxofone, os músicos
apoiam com os incisivos superiores a boquilha (parte de cima), e
com o lábio inferior(posicionado sobre a incisal dos incisivos
inferiores) eles fazem vibrar uma palheta de bambu, posicionada
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na parte debaixo da boquilha, conseguindo assim, vibrar a coluna
de ar, impulsionando para dentro do instrumento e
consequentemente tirando as notas necessárias.
Neste instrumento os incisivos superiores estão continuamente
exercendo pressão sobre uma superfície dura(a boquilha),
amenizada por uma fina camada de borracha que é colocada
sobre a mesma para dar mais conforto e menos impacto. Além
disso há o atrito constante da incisal dos incisivos inferiores sob
o lábio inferior.
Cada instrumento de sopro exige um modo de execução
diferente, e em todos exige uma diferente embocadura, e
podemos afirmar que ela será diferente também de indivíduo
para indivíduo.
E por ser diferente entre eles, este profissional passa a ter um
tratamento especial, onde o foco será maior nas necessidades
profissionais e pessoais do paciente; e não apenas no tratamento
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preventivo e/ou restaurador que estamos acostumados a fazer
diariamente em nossos consultórios.
Essas diferenças farão com que a escolha do tipo de prótese
(exemplo) seja avaliada em função da pressão que o bocal,
boquilha ou palheta exercerá sobre o remanescente, respeitando
obviamente aos critérios e protocolos estabelecidos para a
confecção de uma prótese estética e funcional.
Exemplo de Bocal
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Exemplo de Boquilha e Palheta
Dentro da minha experiência nesta área, posso afirmar com total
segurança, que muitos destes pacientes, evitam o tratamento
dentário, por medo deste afetar a sua embocadura e ele não
conseguir mais tocar o seu instrumento. Nesse sentido, quanto
mais Cirurgiões-Dentistas interessados nesse assunto, maior a
quantidade de pesquisas, e maior a possibilidade de
encontrarmos técnicas e protocolos que atendam este tipo de
paciente.
Na Odontologia Ocupacional, o foco é dado na relação
trabalhista e nas consequências odontológicas desta relação. Ao
observarmos o músico sopro-instrumentista, vemos que é
preciso analisa-lo em todas as disciplinas, como na clínica geral, e
em cada uma delas há espaço para a pesquisa e procedimentos
que se adequem a estas necessidades especiais.
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Imaginemos por um momento, se tivéssemos que trabalhar com
dois ou um dedo quebrado, com uma vista prejudicada e outra
normal, ou então com sensibilidade parcial nos movimentos das
nossas mãos.
Para este músico, um provisório mal adaptado, ou uma
restauração sem polimento e que gere atrito nos lábios, podem
ser motivo de ausência no trabalho, e em muitos casos, perda
financeira, já que muitos músicos não são registrados e
trabalham em eventos que não podem ser adiados, como
casamentos, shows, gravações, etc.
Com dezessete anos atuando com estes pacientes, deixo claro
que este estudo está ainda no começo e muito temos por
aprender. Os primeiros passos estão sendo dados, para num
futuro próximo obtermos a excelência no atendimento a estes
profissionais.
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