CONFECÇÃO DE PALHETAS PARA OBOÉ PRINCÍPIOS BÁSICOS Bojin Nedialkov Professor de Oboé da Universidade de Brasília Para confeccionar boas palhetas para oboé o aluno deve aprender como funcionam as partes diferentes das lâminas da palheta. 1. Partes da lâmina da palheta: (fig.2) - ponta: fig.2 A ponta da palheta americana é mais longa - entre 3 mm e 4 mm. Ela é mais grossa no centro - entre 0.12 mm e 0.15 mm e muito fina nos ângulos - entre 0.05 mm e 0.08 mm. A ponta da palheta européia é curta - entre 1.0 mm e 2.0 mm. Ela é mais grossa no centro entre 0.12 mm e 0.15 mm e mais fina nos ângulos - entre 0.08 mm e 0.11 mm. A ponta é o gerador das vibrações. Ela é responsável pelo início do som e deve responder com uma leveza no fluxo do ar que entra dentro da palheta. A ponta produz vibrações desejadas e não desejadas. Não desejadas são as vibrações responsáveis por um timbre muito brilhante (extridente). Cortando a ponta com faca inclinada (aprox. 45º) faz uma das lâminas mais curta1. Desta maneira a ponta responde mais fluente, evitando uma possível interferência destructiva2 entre as vibrações das duas partes vibratórias (as duas lâminas) da palheta. - filtro (quebra onda): fig.2 A quebra onda é o local que se encontra entre a ponta e o coração da palheta, possibilitando a transmissão da vibração da ponta para o coração, mas com uma função de filtrar (retirar) as vibrações não desejadas do som claro e brilhante3 que a ponta fina produz normalmente. A forma da quebra onda pode ser como degrau ou somente inclinada na direção da ponta. Dependendo da forma da quebra onda a palheta toca com maior ou menor resistência. Os oboístas profissionais preferem palhetas com maior resistência, pois elas produzem um som escuro e com boa projeção, que é compatível com as exigências acústicas de uma sala grande de concertos. - coração: fig.2 O coração da palheta é responsável pelo: timbre (cor do som), resistência, abertura da palheta. Um coração mais fino resulta em sonoridade mais brilhante, resistência mais fraca e durabilidade da palheta menor. - costas, janelas: fig.2 A parte de trás e as janelas4 são responsáveis pela ressonância e a profundidade do som. As janelas mais finas resultam em uma afinação mais baixa da palheta. Janelas finas demais geralmente implicam numa instabilidade no registro agudo, mas é possível causar problemas na afinação em todos os registros do oboé. 1 É recomendável para as palhetas com raspagem longa (estilo americano). Evita problemas (falhas) nos ataques. 3 Som extridente. 4 As janelas são prioridade da palheta americana, encontram se atrás do coração e são mais finas comparando com a espessura do coração. 2 - eixo central: fig.2 O eixo central é responsável pela curvatura interna5 das lâminas da palheta. Outra função é não permitir a mistura das vibrações da parte esquerda com a parte direita da lâmina. É recomendável um eixo central bem definido, especialmente para a palheta com raspagem longa (palheta americana). Deixar a coluna (eixo central) mais forte é uma das condições principais para criar um som escuro e com maior projeção. 2. Gráficos e imagens6 de palheta americana e palheta européia: Fig.1 - Imagem de palheta americana. 5 A curvatura interna é responsável pela abertura firme da palheta. Os gráficos e as imagens, feitos pelo Prof. Bojin Nedialkov são baseados em palhetas reais, confeccionadas e selecionadas por ele. 6 Fig.2 - Gráfico7 de palheta americana com medidas das espessuras. 7 As medidas são variáveis, conforme as características da cana. Se o material é mais duro as medidas mudam para mais finas. Fig.3 - Imagem de palheta européia (alemã). Fig.4 - Gráfico de palheta européia com medidas das espessuras. A arte de confeccionar palhetas de oboé é uma necessidade e no mesmo tempo faz parte do processo de crescimento do aluno em relação a técnica geral, controle da embocadura e a criação da sua própria sonoridade. Conforme as exigências do tempo atual é altamente recomendável para o aluno de oboé começar a confeccionar suas próprias palhetas mais cedo possível como um pré-requisito para seu desenvolvimento profissional na área da performance musical. Bibliografia: Baines, A. : 'James Talbot's Manuscript: I: Wind Instruments', GSJ, i (1948), 9-26 ________ .1952. : ‘Shawms of the Sandana Coblas’, GSJ, v (1952), 9–16 ________.1957. : Woodwind Instruments and their History (London, 1957) Dusté, Eleanor B. The American style oboe reed, Abstract of a lecture given at Graz, Austria, August, 1984 Haynes, B. : ‘The Speaking Oboe’: a History of the Hautboy, 1640 to 1760 (Oxford, 1999) Ledet, David. Oboe Reed Styles, Theory and Practice, Indiana University Press, 1981. 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