Absorção de micronutrientes pela cultura da cebola

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Absorção de micronutrientes pela cultura da cebola
Sanzio Mollica Vidigal¹; Paulo Roberto Gomes Pereira²; Dilermando Dourado
Pacheco³; Cláudio Egon Facion³
¹EPAMIG-DPPE, Av. José Cândido da Silveira, 1647, Cidade Nova, Belo Horizonte-MG, CEP: 31.170-000,
‘[email protected]’; ²UFV-DFT, Campus da UFV, Viçosa-MG, CEP: 36.571-000; ³EPAMIG-CTNM, C. Postal
12, 39.440-000, Nova Porteirinha-MG.
RESUMO
O estudo foi realizado com o objetivo de obter a curva de absorção de micronutrientes
pela cebola, em condições de campo. Amostras de plantas inteiras foram retiradas a cada
15 dias, a partir de 59 dias após a semeadura (DAS) até a colheita aos 130 DAS, totalizando
10 épocas de amostragem. As plantas foram separadas em folhas e bulbo + raízes grossas
para determinação da matéria seca e posterior determinação de micronutrientes. O Fe e o
Mn foram os micronutrientes mais absorvidos pela planta de cebola, seguido do Cu, Zn e B.
Ao final do ciclo , a cebola extraiu: 1354,66 g ha-1 de Fe; 808,07 g ha-1 de Mn; 376,06 g ha-1
de Zn; 330,74 g ha -1 de Cu e 289,45 g ha -1 de B.
Palavras-chave: Allium cepa; nutrição; absorção; extração
ABSTRACT
Absorption of micronutrients for the onion.
The study was carried out with the objective of obtaining the curve absorption of
micronutrients for the onion, in field conditions. Samples of whole plants were removed every
15 days, starting from 59 days after the sowing (DAS) until the crop to the 130 DAS, totaling
10 sampling times. The plants were separate in leaves and bulb + thick roots for
determination of the drought and subsequent determination of micronutrients. The Fe and Mn
were the most absorbed micronutrients for the onion plant, following by the Cu, Zn and B. At
the end of the cycle , the onion extracted: 1354.66 g ha -1 of Fe; 808.07 g ha-1 of Mn; 376.06 g
ha-1 of Zn; 330.74 g ha -1 of Cu and 289.45 g ha -1 of B.
Keywords: Allium cepa; growth; nutrition; absorption; extration
A exigência nutricional pode variar entre cultivares, e a extração de nutrientes pelas
culturas e seu crescimento podem ser diferentes em razão do tipo de solo, sistema de
cultivo, e ainda variar segundo a produtividade e o ciclo da cultura.
Desta forma, o presente trabalho teve por objetivo obter a curva de absorção de
micronutrientes pela cebola em cultivo por transplantio de mudas, em condições de campo.
MATERIAL E MÉTODOS
Num experimento realizado em área de produtor de cebola, no delineamento
experimental de blocos casualizados com quatro repetições, cada parcela constou de três
canteiros com 1,0 m de largura e 5,0 m de comprimento, com cinco fileiras com 72 plantas
cada, amostras de plantas inteiras (10 plantas por repetição) foram retiradas a cada 15 dias,
a partir de 59 DAS até a colheita aos 130 DAS, totalizando 10 épocas de amostragem. As
plantas foram separadas em parte aérea, bulbo e raízes grossas, secadas em estufa de
circulação forçada de ar até peso constante para determinação da matéria seca. Após a
pesagem, o material seco foi triturado em moinho tipo ‘Wiley” e amostras foram submetidas
à determinação de micronutrientes. A adubação de plantio foi realizada a lanço e
incorporada ao solo, em todo canteiro, dois dias antes do transplantio das mudas, com a
aplicação de 1.000 kg ha -1 de superfosfato simples, 70 kg ha -1 de sulfato de magnésio, 20 kg
ha-1 de ácido bórico e 20 kg ha -1 de sulfato de zinco. Em cobertura foram aplicados 400
kg.ha -1 de uréia + 100 kg.ha -1 de sulfato de amônio, além de 75 kg.ha -1 de cloreto de
potássio.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os teores foliares de Cu e Mn foram superiores aos teores na matéria seca do bulbo, o
oposto foi observado para os teores de Zn, que não variaram muito durante o ciclo, tanto na
matéria seca de folhas, quanto na matéria seca do bulbo (Tabela 1). Os maiores teores de
Cu na matéria seca de folhas e na matéria seca do bulbo foram observados aos 81 DAS. O
maior teor foliar de Zn foi observado aos 102 DAS e o teor foliar de Mn no final do ciclo.Os
maiores teores de Zn e de Mn na matéria seca do bulbo foram observados aos 116 DAS.
Os teores de Fe na matéria seca de folhas e do bulbo foram maiores no inicio do ciclo,
reduzindo-se até o final do ciclo. O B apresentou o maior teor foliar aos 81 DAS e na matéria
seca do bulbo aos 74 DAS (Tabela 1).
Considerando-se que, no diagnóstico do estado nutricional da cebola, a amostragem
de plantas deve ser feita entre 70 e 100 dias após a semeadura (Reuter & Robinson, 1988;
Jones Junior et al., 1991; Caldwell et al., 1994), neste período, os teores foliares das plantas
estavam dentro da faixa considerada adequada para a cebola, de acordo com esses
autores, exceto o Cu, cujos teores estavam acima, possivelmente, devido a aplicação de
fungicidas cúpricos nestas épocas de amostragem (Tabela 1).
A quantificação da distribuição dos nutrientes nas diferentes partes da planta é
importante para estimar a exportação e a reciclagem dos mesmos, dependendo das partes
da planta que são retiradas da área de cultivo. Assim, do total de micronutrientes absorvidos
pela cebola na colheita, o Zn foi o que mais se acumulou no bulbo, seguido pelo Fe, B, Mn e
Cu, essa acumulação foi de 70,7%, 55,3%, 51,9%, 34,7% e 9,1% do total extraído pela
planta na colheita, respectivamente. Assim, a maior parte do Mn e Cu acumula-se na parte
aérea da cebola, e no bulbo tem-se a maior parte do Zn, Fe e B (Tabela 2).
Destaca-se a absorção de Fe e Mn, mais intensa que a dos demais Cu, Zn e B, sendo
que, a máxima absorção dos micronutrientes ocorreu aos 116 DAS e a redução na absorção
de Fe e Mn foi maior que a dos demais micronutrientes (Figura 1).
Tabela 1. Teores de micronutrientes na matéria seca de folhas e bulbos de cebola em
função da idade
B
DAS
59
66
74
81
88
94
102
107
116
130
Cu
Fe
Zn
mg kg-1
Folha Bulbo Folha Bulbo Folha Bulbo Folha Bulbo
110,6 90,3
8,5
603,7
36,2
88,1
63,7
7,7
5,5
379,5 276,7 29,0
37,4
57,8 263,1
9,6
8,2
337,7 693,2 34,9
74,6
128,4 85,1 304,1 14,3 395,0 687,5 32,4
71,4
43,6
79,5
96,1
13,6 249,6 360,1 42,0
75,7
52,0
65,5
49,1
10,8 218,0 346,4 42,3
72,8
62,2
49,1 103,8 11,7 204,8 496,5 44,9
66,7
45,5
40,2
82,4
12,3 226,8 305,9 35,1
79,4
45,9
58,9
99,7
13,2 204,4 283,3 37,2
92,7
57,4
34,2 150,9
8,4
151,2 161,1 34,9
54,4
Mn
Folha Bulbo
50,4
77,3
24,6
86,9
24,1
74,9
25,9
150,9 38,1
110,7 30,1
176,4 46,5
149,7 70,5
175,0 101,6
201,9 53,4
Tabela 2. Quantidades máximas de micronutrientes absorvidas e extraídas pela planta
inteira, parte aérea e bulbo de cebola, cv. Alfa Tropical
Quantidade máxima absorvida (µg planta-1)
planta inteira1
parte aérea1
bulbo1
B
414
273
215
Cu
499
475
48
Fe
1935
1033
1070
Zn
537
202
380
Mn
1154
797
400
Quantidade extraída (g ha-1)¹
B
289,45
139,18
150,26
Cu
330,74
300,57
30,18
Fe
1354,66
605,42
749,23
Zn
376,06
110,30
265,76
Mn
808,07
527,99
280,08
¹ admitindo-se população de 700.000 plantas ha -1.
Nutriente
Micronutrientes
2500
Absorção (micrograma/planta)
2000
1500
Fe
1000
Mn
Cu
Zn
B
500
0
50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
Dias após a semeadura
Figura 1. Absorção de micronutrientes pela cebola Alfa tropical em função da idade.
O Fe e o Mn foram os micronutrientes mais absorvidos pela planta de cebola, seguido
do Cu, Zn e B. Ao final do ciclo , a cebola extraiu: 1354,66 g ha-1 de Fe; 808,07 g ha-1 de Mn;
376,06 g ha-1 de Zn; 330,74 g ha-1 de Cu e 289,45 g ha-1 de B.
LITERATURA CITADA
CALDWELL, J.O’N.; SUMNER, M.E.; VAVRINA, C.S. Development and testing of preliminary
foliar DRIS norms for onions. HortScience, v.29, n.12, p.1501-1504 ,1994.
JONES JUNIOR, J.B.; WOLF, B.; MILLS, H.A. Plant analysis handbook: a practical sampling,
preparation, analysis and interpretation guide. Athens, Micro-Macro Publishing Inc. 1991.
213p.
REUTER, D.J.; ROBINSON, J.B. Plant Analysis: an interpretation manual. Melbourne, Inkata
Press, 1988. 218p.
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