Acumulação de matéria fresca e seca pela cultura da cebola. Sanzio M. Vidigal¹; Paulo R. G. Pereira²; Dilermando D. Pacheco³; Cláudio E. Facion³ ¹EPAMIG-DPPE, Av. José Cândido da Silveira, 1647, Cidade Nova, Belo Horizonte-MG, CEP: 31.170-000, ‘[email protected]’; ²UFV-DFT, Campus da UFV, Viçosa-MG, CEP: 36.571-000; ³EPAMIG-CTNM, C. Postal 12, 39.440-000, Nova Porteirinha-MG. RESUMO O estudo foi realizado com o objetivo de obter a curva de acumulação de matéria fresca e seca da cebola, em condições de campo. Amostras de plantas inteiras foram retiradas a cada 15 dias, a partir de 59 dias após a semeadura (DAS) até a colheita aos 130 DAS, totalizando 10 épocas de amostragem. As plantas foram separadas em folhas e bulbo + raízes grossas para determinação da matéria fresca e seca. A curva de acumulação de matéria fresca e de matéria seca apresentaram comportamento semelhante, com o acúmulo lento do início até a metade do ciclo, sendo intensificado a partir daí até o final do ciclo. Palavras-chave: Allium cepa; crescimento; desenvolvimento ABSTRACT Accumulation of fresh and dry matter for the onion. The study was carried out with the objective of obtaining the curve of accumulation of fresh and dry matter of the onion, in field conditions. Samples of whole plants were removed every 15 days, starting from 59 days after the sowing (DAS) until the crop to the 130 DAS, totaling 10 sampling times. The plants were separate in leaves and bulb + thick roots for determination of the fresh and dry matter. The curve of accumulation of fresh matter and of matter it dries presented similar behavior, with the slow accumulation of the beginning to the half of the cycle, being intensified since then until the end of the cycle. Keywords: Allium cepa; growth; development A cebola tem seu crescimento lento até próximo a metade do ciclo (Haag et al. 1970 e Wiedenfeld 1994), e a partir daí tem-se o inicio da bulbificação (Gamiely, et al. 1991), quando inicia-se a translocação de fotoassimilados e outros composto para a formação do bulbo, havendo um acúmulo rápido de matéria seca do bulbo (Brewster, 1994). O presente trabalho teve por objetivo obter a curva de acumulação de matéria fresca e seca da cebola em cultivo de primavera/verão por transplantio de mudas, em condições de campo. MATERIAL E MÉTÓDOS O experimento foi realizado em área de produtor de cebola, localizada dentro do Projeto Jaíba, região Norte de Minas Gerais, no período de dezembro de 2000 a maio de 2001, utilizando-se a cultivar Alfa Tropical. As mudas foram transplantadas, 45 dias após a semeadura (DAS), em canteiros com cinco fileiras simples de plantas espaçadas de 0,20 m e 0,07 m entre plantas. A cultura foi conduzida com irrigação por aspersão convencional, em solo classificado como franco arenoso. A adubação de plantio foi realizada com a aplicação de 1.000 kg ha -1 de superfosfato simples, 70 kg ha -1 de sulfato de magnésio, 20 kg ha -1 de ácido bórico e 20 kg ha -1 de sulfato de zinco. Em cobertura foram aplicados 400 kg.ha -1 de uréia + 100 kg.ha -1 de sulfato de amônio, além de 75 kg.ha -1 de cloreto de potássio. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com quatro repetições. Amostras de plantas inteiras (10 plantas por repetição) foram retiradas a cada 15 dias, a partir de 59 DAS até a colheita aos 130 DAS, totalizando 10 épocas de amostragem. As plantas foram separadas em folhas e bulbo + raízes grossas, pesadas e depois foram secadas em estufa de circulação forçada de ar até peso constante para determinação da matéria seca. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados desse estudo demonstraram que o acúmulo de matéria fresca, no crescimento da planta, foi lento no início do ciclo. Observou-se que até os 74 dias após a semeadura (DAS), as plantas não alcançaram 10% do peso total final de matéria fresca. Após este período o acúmulo é intensificado até o final do ciclo (Figura 1), como observado por Haag et al. (1970) e Wiedenfeld (1994). A matéria fresca de folhas, também, teve seu acúmulo lento até os 74 DAS, a seguir o ganho de peso é intensificado atingindo o máximo aos 107 DAS, após este período ocorreu uma redução até o final do ciclo, certamente, em função da bulbificação e maturação dos bulbos. Os bulbos, por sua vez, tiveram o acúmulo lento de matéria fresca até 88 DAS, provavelmente seja o período do início da bulbificação, pois a partir deste o acúmulo foi intensificado até o final do ciclo. Nos últimos 30 dias de ciclo, a matéria fresca do bulbo aumentou cerca de 3,8 vezes, ou seja um ganho aproximado de 40 gramas (Tabela 1). MATÉRIA FRESCA 100 90 Planta Matéria fresca (g/planta) 80 70 60 50 Bulbo 40 30 20 Folhas 10 0 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 Dias após a semeadura Figura 1. Acúmulo de matéria fresca por plantas de cebola em função da idade. Jaíba, EPAMIG, Jaíba-MG (2001) Tabela 1. Peso da matéria fresca e da matéria seca de plantas de cebola em função da idade. EPAMIG Jaíba-MG (2001) DAS 59 66 74 81 88 94 102 107 116 130 FOLHAS BULBO PLANTA Matéria fresca (g/planta) 1,61 0,54 2,15 2,93 0,90 3,83 7,37 0,97 8,34 18,78 2,28 21,06 26,01 4,01 30,02 37,25 7,30 44,54 51,16 14,68 65,84 55,61 20,88 76,50 53,07 38,76 91,83 33,24 52,55 85,79 FOLHAS BULBO PLANTA Matéria seca (g/planta) 0,16 0,06 0,21 0,24 0,07 0,31 0,72 0,10 0,82 1,60 0,22 1,83 2,30 0,42 2,72 3,27 0,80 4,07 4,45 1,60 6,05 4,52 1,99 6,50 4,30 3,89 8,19 3,01 5,26 8,27 De maneira semelhante, o acúmulo de matéria seca das plantas de cebola foi lento até os 74 DAS, também, não alcançando 10% do peso total final de matéria seca da planta (Figura 2), do mesmo modo que o observado por Haag et al. (1970) e Wiedenfeld (1994). O crescimento da planta foi intensificado a partir daí até o final do ciclo. A matéria seca das folhas aumentou lentamente até os 74 DAS, atingindo o máximo aos 107 DAS e reduzindo até o final do ciclo, como observado para a matéria fresca. A redução foi de cerca de 25%, e pode ser atribuída à translocação de fotoassimilados e outros composto para o bulbo, no período de maturação do bulbo (Brewster, 1994), quando nas plantas de cebola, ocorre o murchamento e secamento das folhas. Uma vez que se inicia o processo de bulbificação, há um acúmulo rápido de matéria seca, o que pode ser observado a partir dos 88 DAS(Figura 2). Deste período em diante, o acúmulo de matéria seca do bulbo é de cerca de 93% do peso de matéria seca final do bulbo. MATÉRIA SECA 9 Planta 8 Matéria seca (g/planta) 7 6 5 Bulbo 4 3 2 1 0 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 Dias após a semeadura Figura 2. Acúmulo de matéria seca por plantas de cebola em função da idade. Jaíba, EPAMIG, Jaíba-MG (2001) A curva de acumulação de matéria fresca e de matéria seca apresentaram comportamento semelhante, com o acúmulo lento do início até a metade do ciclo, sendo intensificado a partir daí até o final do ciclo. LITERATURA CITADA BREWSTER, J.L. Onions and other vegetable Allium s. Wallingford: UK.CAB International, 1994. 236p. GAMIELY, S.,RANDLE, W.M., MILLS, H.A., SMITTLE, D.A. Onion plant growth, bulb quality, and water uptake following ammonium and nitrate nutrition. HortScience, v.26, n.8, p.10611063, 1991. HAAG, H.P.; HOMA, P.; KIMOTO, T. Nutrição mineral de hortaliças. VIII. Absorção de nutrientes pela cultura da cebola. Anais da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, v.27, p.143-153, 1970. WIEDENFELD, R. Nitrogen rate and timming effects on onion growth and nutrient uptake in a subtropical climate. Subtropical Plant Science, v.46, p.32-37, 1994.