ANAIS DO VIII CONGRESSO DA SBPH CARDIOLOGIA – MESA REDONDA CIRURGIA CARDÍACA X TRATAMENTO CLÍNICO X ANGIOPLASTIA: A ESCOLHA DA TÉCNICA INTERFERE NOS BENEFÍCIOS EMOCIONAIS? ANGIOPLASTIA Psicóloga Ana Cláudia Merchan Giaxa Prosdocimo. Curitiba, Paraná. Hospital Cardiológico Costantini. O diagnóstico, tratamento e prevenção primária e secundária da doença arterial coronariana continuam sendo um desafio em epidemiologia e saúde pública para a Cardiologia. Doença de alto grau de mortalidade e co-morbidade, enquadrada no rol de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como doença cardiovascular ocupa o ranking de mortalidade pelo menos nos últimos 40 anos no Brasil (Lessa, 2004). Diante da tentativa de avaliação das propostas de tratamento disponíveis para a DAC, em 1986 o Projeto MASS (Medicine, Angioplasty and Surgery Study), - Estudo Multiprofissional da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Hueb, 2008) procurou avaliar de forma randomizada qual a melhor opção terapêutica para a DAC em pacientes que rejeitaram a cirurgia cardíaca, tinham doença grave, angina estável e função ventricular preservada. Considerando outros desdobramentos deste projeto inicial, o estudo MASS II, incluiu a verificação da qualidade de vida nos três grupos de pacientes pesquisados: os cirúrgicos, os clínicos e os que foram submetidos à revascularização percutânea (angioplastia). Houve percepção de melhor qualidade de vida nos pacientes cirúrgicos, comparativamente aos de angioplastia e clínicos em quatro anos de follow-up. (Takiuti, 2007). Diante da crescente tecnologia e da busca de procedimentos minimamente invasivos, o desafio da prática da psicologia hospitalar é identificar o entendimento que os pacientes fazem do diagnóstico e opções terapêuticas disponíveis pela medicina e recomendada no momento da identificação e evolução da sua DAC. O psicólogo hospitalar trabalhando em equipes multiprofissionais e interdisciplinares com acesso aos pacientes identificados pela medicina na forma aguda da doença, mas principalmente no caráter preventivo, pode trazer dados sobre as expectativas geradas por uma tecnologia minimamente invasiva, com menores custos inicias comparativamente a cirurgia cardíaca de revascularização, numa época em que a técnica de angioplastia era uma dilatação de artéria com aumento de fluxo sanguíneo. Porém vieram as próteses: stents, depois os stents farmacológicos e seus subtipos. O paciente é mergulhado num cenário da indústria farmacêutica, das pesquisas, dos resultados imediatos, do menor tempo de hospitalização, e da própria relação médico-paciente, onde a avaliação após 20 anos do MASS (Hueb, 2008) levantou hipóteses sobre a importância da decisão do médico sobre a indicação terapêutica com seu paciente. Campo fértil para a psicologia hospitalar, a relação médico-paciente volta neste cenário da alta tecnologia. É necessário levar em conta em que este método de tratamento pode vir a potencializar expectativas poucos factíveis numa doença onde os fatores de risco comportamentais têm grande representatividade. A intervenção é hospitalar, mas o tratamento e prevenção estão no cotidiano do paciente. É nesta interface que uma rotina de abordagem, principalmente a pacientes cirúrgicos e de tratamento percutâneo, pode contribuir num processo tanto de promoção como prevenção da saúde cardiovascular, convidando o paciente a contribuir com os frutos de uma intervenção, quer seja clínica, cirúrgica ou percutânea (angioplastia) na modificação do seu estilo de vida.