PROTOCOLO PACIENTE (adaptação do

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PROTOCOLO P.A.C.I.E.N.T.E (adaptação do Protocolo de Buckman de como anunciar uma má­notícia)
Ação
O que significa
P – Prepare­ se
Confirme a informação a ser revelada. Leia novamente o prontuário e tenha em mãos os resultados.
O ambiente deve ser adequado, garantindo privacidade e conforto. Desligue celulares, telefones, assegure­se de que não ocorram interrupções.
Uma das dificuldades encontradas nos dias de hoje, frente aos convênios médicos, é separar tempo suficiente para cada consulta, porém este é um procedimento médico importante, e que deve ser valorizado.
Não deve haver nenhuma barreira física entre o médico e o paciente, como por exemplo, uma mesa ou escrivaninha. Em ambiente hospitalar, pode­se sentar ao lado, de preferência na mesma altura dos olhos do enfermo.
O paciente tem direito de receber a informação e de decidir se a quer compartilhar com sua família. Portanto, deve­se perguntar a ele se gostaria que alguém mais estivesse presente no momento da consulta.
A cultura latina tem a característica de ser calorosa e protecionista. O toque físico pode estabelecer um vínculo de empatia e denotar apoio e compaixão.
Quando avaliamos o quanto de informação o paciente já possui, três situações podem ocorrer. A primeira em que o paciente já tem indícios da notícia, A – Avalie o quanto o paciente sabe e o quanto pois todo o processo investigativo foi compartilhado com ele. Existem ainda, aquelas situações onde os familiares crêem que o paciente não sabe sua real condição, porém considerando os tratamentos, as informações pela mídia, as conversas com outros pacientes, este já tem indícios suficientes para quer saber
saber, com certo grau de certeza, seu estado de saúde. Estas duas situações são mais fáceis de serem manejadas pois o paciente já teve tempo de se preparar para uma presumida notícia ruim. A terceira situação, mais difícil, é quando o paciente realmente não tem nenhuma informação, seja porque esta nunca foi compartilhada com ele, ou porque é um fato novo, pois pode causar maior impacto e requer maior cuidado e atenção. O profissional da saúde deve estar especialmente preparado para fazer esta avaliação e abordagem.
Por outro lado, assim como os pacientes têm o direito de serem informados quanto à própria saúde, eles também têm o direito de recusar receber a informação. Ele tem autonomia para dizer qual a pessoa que receberá a informação por ele. Este direito deve ser respeitado.
C – Convite à verdade
Avalie o quanto o paciente sabe e o quanto quer saber, como preâmbulo à informação. A partir deste ponto a maioria dos pacientes está preparada para receber uma informação desagradável.
Aguarde e deixe espaço para que o paciente convide o médico a compartilhar a informação e pergunte diretamente sobre o seu diagnóstico, prognóstico ou resultados de exames.
Em algumas situações o paciente pode se calar e não prosseguir para o “convite à verdade”. Esta pode ser uma indicação de que ele precisa de um pouco mais de tempo para entender o que já foi dito. O protocolo não precisa ser completado em uma única ocasião, uma única consulta. Os passos podem, e em muitas situações devem, ser retomados em consultas posteriores, em um momento em que o paciente se sinta preparado para prosseguir com a informação.
I – Informe
Compartilhe a informação em quantidade, velocidade e qualidade suficiente para que o paciente possa tomar uma decisão ou consentimento informado sobre seu tratamento e sua vida particular. Na quantidade em que o paciente deseja. Há aqueles que desejam informações com detalhes, nomes dos diagnósticos primários e secundários, prognóstico, tempo de vida, riscos de tratamentos e procedimentos, cópias de exames. Cuidado especial em relação aos pacientes portadores de doença que ameace a vida, como o câncer, no momento de discutir prognóstico. Evite informar com exatidão meses ou anos de vida, pois estudos indicam que os médicos tendem a superestimar expectativa de vida na maioria dos casos. Gráficos e tabelas sobre tempo médio estimado de vida sobre a doença em questão podem ser úteis nesta discussão e facilitar o entendimento do paciente.
Ofereça a informação de forma clara e honesta. O médico tem, por obrigação, manter a esperança do paciente. Em um estudo feito com pacientes oncológicos, as atitudes dos médicos consideradas mais positivas no momento da revelação da má notícia foram: ser realista sobre o futuro, oferecer alguma forma de tratamento para a doença de base, assegurar que no decorrer do processo de adoecer, o paciente não sentirá dor, ter segurança das informações oferecidas, dar espaço e tempo para perguntas, perguntar ao paciente se ele entendeu as informações oferecidas, não utilizar eufemismos (tumorzinho, probleminha), utilizar as palavras corretas como câncer e metástase e explicá­las. Entretanto, cuidado com termos técnicos; alguns pacientes podem entender que “ novos protocolos de tratamento” significam real possibilidade de cura, o que frequentemente é falso.
E – Emoções
Após a informação ser revelada, há necessidade de tempo para que o paciente compreenda e reaja às informações. Tenha lenços de papel à mão.
Cada pessoa tem uma forma de reagir à notícias ruins. Reações como medo, raiva, angústia, choro, desespero, agressividade, revolta e até profundo silêncio podem ocorrer. Deixe que o paciente se expresse. Ouça. Toque. Esclareça as dúvidas que surgirem. Faça com que o paciente se sinta abrigado, protegido.
N – Não abandone o paciente
Assegure que seu paciente receberá acompanhamento médico. Comprometa­se com ele.
Na realidade latino­americana não é incomum, após um diagnóstico de doença que ameaça a vida, sem possibilidade de cura que os pacientes ouçam de seus médicos que não há mais nada a ser feito por eles. Ou até que se ofereça um retorno ao paciente em um tempo maior que a expectativa de vida esperada para aquela doença. Pelo contrário, a partir do diagnóstico de doença que ameace a vida a responsabilidade do médico aumenta enormemente. Ele terá a responsabilidade de oferecer conforto, alívio da dor o dos sintomas, cuidados paliativos e humanidade.
T – Trace uma
E ­ Estratégia
Planeje com o paciente os próximos cuidados a serem oferecidos, opções de tratamento. Inclua no seu planejamento cuidados interdiscliplinares como fisioterapia, nutrição, acompanhamento psicológico, terapia sexual, terapia ocupacional, acompanhamento espiritual, outros médicos que poderiam auxiliar no melhor controle dos sintomas. Um dos pilares dos Cuidados Paliativos é a Intersdisciplinaridade, que é o trabalho em equipe para que a abordadem do paciente seja feita de uma forma mais completa, humana e efetiva.
Ofereça ao paciente uma forma de contato permanente: um telefone fixo, um celular, a referência de uma clínica ou hospital. Esta é uma estratégia de comunicação entre médicos e pacientes que facilita a informação de diagnóstico e prognóstico de uma forma sistemática, verdadeira, respeitando a autonomia, individualidade, cultura latino­americana e a manutenção da esperança. Ambos, profissionais da saúde e pacientes, se beneficiam de uma relação transparente em que a vontade do paciente é priorizada. Agindo desta forma, estamos respeitando o princípio básico de qualquer relacionamento humano: a verdade!
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