Efeito da viscossuplementação foi tema de debate em Bruxelas O grupo de Osteoartrite da Sociedade Francesa de Reumatologia avaliou o efeito da viscossuplementação com hylan GF-20 (3 injeções com intervalo de 1 semana) nos níveis de biomarcadores séricos e urinários em 45 pacientes com artrose unilateral sintomática de joelho. Além de parâmetros clínicos eram obtidas amostras de soro e urina, duas semanas antes da injeção (D15), no dia da primeira injeção (D1), e depois no D30 e D90 para dosagem dos biomarcadores (S-C2C, S-COMP, S-HA, epítope S-CS846, S-PIICP e U-CTX II / creatinina). Não foram observadas variações para qualquer biomarcador S. Estes resultados sugerem que as injeções de hylan podem ter efeito modificador do metabolismo articular, particularmente naqueles com altos níveis de CTX II. Outro trabalho sobre o mesmo tema avaliou o efeito da viscossuplementação com hylan GF-20 na preservação da cartilagem articular em pacientes com osteoartrite de joelhos sintomática, em um estudo de dois anos, comparado com grupo controle, realizado por pesquisadores australianos. A integridade da cartilagem articular e lesões da medula óssea foram avaliadas através de ressonância magnética no início do estudo e com 6, 12 e 24 meses. A análise demonstrou uma taxa anual significativamente reduzida de perda e defeitos da cartilagem tibial no grupo de intervenção, em comparação com o grupo controle, independente da sintomatologia apresentada pelo paciente. Além de estudar o efeito modificador, outros trabalhos tiveram como objetivo avaliar a eficácia e a segurança do uso da viscossuplementação. Um grupo italiano realizou um estudo prospectivo, de maio de 2005 a setembro de 2009, onde 207 pacientes com osteoartrite de quadril receberam uma infiltração de ácido hialurônico. Após um ano do tratamento, os autores perceberam melhora com relação à dor que afetava o sono, o humor e maior sensação de alegria. Estes resultados demonstram que é possível retardar a indicação de artroplastia para pacientes com osteoartrite de quadril com o uso da viscossuplementação, uma vez que a dor pode ser eliminada em pacientes no limite da indicação para tratamento cirúrgico. Uma novidade neste campo foi a apresentação do estudo coordenado pelo Prof. Karel Pavelka, da República Tcheca, realizado com uma nova formulação do hialuronato: o HYADD4-G. Trata-se de um novo hidrogel obtido através de ácido hialurônico de origem bacteriana, que demonstrou propriedades viscoelásticas mais elevadas do que o ácido hialurônico nativo, com preservação da biocompatibilidade. O estudo comparou a eficácia e a tolerabilidade de dois diferentes esquemas de tratamento, em 6 meses. Foram acompanhados 439 pacientes, randomizados para 2 ou 3 injeções ou para placebo. Houve uma diminuição significante em todos os parâmetros avaliados de duas injeções, quando comparados com o placebo. “Analisando-se todos os resultados sob a ótica da medicina baseada em evidências, é possível verificar um efeito modificador estrutural da viscossuplementação com ácido hialurônico, além da eficácia no controle da dor e na melhora da função física dos pacientes que sofrem com osteoartrite”, afirma o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti. A viscossuplementação é uma modalidade terapêutica intra-articular utilizada no tratamento da osteoartrite de joelhos, com base na importância fisiológica do ácido hialurônico nas articulações sinoviais. “Suas principais metas terapêuticas são restabelecer a viscoelasticidade, diminuir a dor, melhorar a mobilidade articular e restabelecer as funções protetoras naturais do hialuronato na articulação”, explica o diretor do Iredo. A osteoartrite, ou artrose, como é conhecida no Brasil, a doença é a enfermidade músculo-esquelética mais comum nos indivíduos com mais de 65 anos. Estudos nos Estados Unidos apontam que mais de 50 milhões de pessoas apresentam, hoje, esta enfermidade. No Brasil, não existem dados desta prevalência. Com os avanços recentes nos conhecimentos advindos das modernas técnicas de estudos moleculares, houve uma alteração no conceito desta doença. “Antes, acreditávamos que a osteartrite era uma doença progressiva, de evolução arrastada, sem perspectivas de tratamento. Hoje, a atrose é vista como uma doença cujo o curso evolutivo pode ser modificado, tanto em relação ao tratamento imediato, quanto ao seu prognóstico”, diz o médico. http://www.iredo.com.br / [email protected]