A RELAÇÃO ENTRE AS MARCAS E OS CLIENTES NAS REDES SOCIAIS Ana Margarida da Silva Bebiano Barreto ___________________________________________________ Trabalho Final de Curso do Doutoramento em Ciências da Comunicação DEZEMBRO, 2010 ! ! Trabalho Final de Curso apresentado para cumprimento dos requisitos necessários à conclusão do Curso de Doutoramento em Comunicação Estratégica de acordo com o disposto no Regulamento do Ciclo de Estudos de Doutoramento da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa [DECLARAÇÕES] Declaro que este Trabalho Final de Curso é o resultado da minha investigação pessoal e independente. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia. O candidato, ____________________ Lisboa, .... de ............... de ............... A Relação entre as Marcas e os Clientes nas Redes Sociais Ana Margarida Barreto ! Índice Resumo ...................................................................................................................... 2 1. Formulação do problema da tese ...................................................................... 2 2. Contextualização e enquadramento do tema de investigação ...................... 4 2.1. Web 2.0 e as redes sociais ............................................................................... 4 2.2. Marketing relacional ......................................................................................... 7 2.3. “Passa palavra” electrónico ............................................................................ 13 3. Objectivos da investigação ................................................................................ 17 4. Metodologia(s) a utilizar .................................................................................... 18 4.1. Plano de Actividades ...................................................................................... 22 4.2. Cronograma ..................................................................................................... 23 5. Referências bibliográficas ................................................................................. 24 1! Resumo: A presente proposta de tese pretende responder à questão se a participação das marcas nas redes sociais online contribui para a manutenção dos seus actuais clientes e para a obtenção de novos. Esta análise será enquadrada no campo teórico e empírico do marketing relacional, da teoria comunicacional do “fluxo de comunicação a dois níveis” de Lazarsfeld e do fenómeno do “passa palavra”, num contexto digital. Na fase operacional do projecto serão testadas cinco hipóteses, através de métodos qualitativos (entrevistas, focus group e análise de conteúdo) e de métodos quantitativos (inquéritos e aplicação de modelos econométricos, como o modelo de contágio social “bass diffusion”, o modelo vector auto-regressivo (VAR), o teste de causalidade de Granger e o teste de raiz unitária). Conceitos-chave: comunicação many-to-many; marketing relacional; teoria do “fluxo de comunicação a dois níveis”; “passa palavra”; confiança, lealdade e satisfação. 1. Formulação do problema da tese: A emergência da Web 2.0 com as suas novas funcionalidades e características veio alterar o tradicional paradigma de comunicação e a detenção do poder comunicacional. Consequentemente, a relação entre as marcas e os consumidores foi afectada. De modo a sobreviver e a obter vantagens económicas, isto é, manter os actuais clientes e obter novos, as organizações, agora mais do que antes, devem adoptar estratégias de marketing relacional (ou de relacionamento) e prestar especial cuidado a determinados factores-chave, como a confiança, a lealdade e a satisfação dos seus clientes. Tais estratégias quando bem sucedidas levam ao envolvimento com a marca (brand engagement) e, acredita-se, ao “passa palavra” (word of mouth) positivo. Por outro lado, a Web 2.0 trouxe também consigo novas formas para as organizações informarem e relacionarem-se com os seus consumidores. As redes sociais online representam um exemplo claro de uma ferramenta de comunicação digital eficaz. Não só porque conquistaram a preferência dos cibernautas, a julgar pelo número de usuários que continua a prosperar nos dias de hoje, em várias partes do mundo1; mas !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 1 O Facebook, o Twitter e o Orkut são apenas alguns exemplos dessas plataformas sociais que têm alcançado um número cada vez mais crescente de usuários a nível mundial. 2! também porque permitem às empresas, instituições e personalidades públicas a criação de relações de proximidade com os restantes usuários através da interactividade que estas plataformas sociais digitais promovem. Além disso, nestes espaços online desenvolve-se o fenómeno de “passa palavra”, capaz de influenciar as decisões de compra dos participantes, numa amplitude populacional maior do que sucederia numa rede social offline. Razão já por si suficiente para atrair a atenção dos gestores de comunicação. No âmbito académico, o crescente interesse social e comercial por estas redes, combinado com o seu carácter contemporâneo, tem motivado nos últimos anos o estudo do seu impacto em várias áreas de investigação, como por exemplo na privacidade (Gross, Acquisti e Heinz, 2005), na identidade e na reputação (Boyd e Heer, 2006; Walther, Van Der Heide, Kim, Westerman e Tong, 2008), no papel que estes sites desempenham na manutenção de relações e na acumulação de recursos como o capital social (Choi, 2006; Ellison, Steinfeld e Lampe, 2007), etc. Porém, poucos são os estudos académicos que têm dado especial atenção e contributos sobre a sua influência na relação entre as marcas e os consumidores, de um modo geral, e no fenómeno “passa palavra” electrónico, de um modo particular. É nossa forte convicção de que a pertinência da existência de tais análises e fontes de informação justifica-se se tivermos em consideração que o uso das redes sociais da parte do consumidor é um fenómeno contemporâneo frequente, e por essa razão de grande impacto social e económico; que a presença das marcas nas redes sociais é hoje um facto consumado à escala mundial; e que estudar o impacto da Internet, nomeadamente das redes sociais digitais numa perspectiva comunicacional, é tão importante como foi outrora analisar o efeito da rádio e da televisão. No seguimento da percepção dessa necessidade propõe-se com a presente tese estudar o modo como se desenvolve a relação entre as marcas, de produtos ou de serviços, e os seus clientes nas redes sociais online, isto é, avaliar a eficácia dessa participação na manutenção dos actuais clientes e na obtenção de novos (problema da tese). Para além disso, é igualmente nosso objectivo estudar a relação entre os sentimentos (confiança, lealdade e satisfação) do consumidor por uma marca e o seu comportamento ou envolvimento para com ela na sociedade digital, designadamente nas redes sociais online. Como objectivo secundário, mas não menos relevante por isso, ainda numa perspectiva comunicacional, espera-se que os resultados obtidos possam contribuir para a 3! melhor compreensão teórica, com base nos dados empíricos, do fenómeno “passa palavra”2 e da teoria “do fluxo de comunicação a dois níveis (teoria two step flow) de Lazarsfeld3, ambos num contexto digital. Por fim, procura-se também com este projecto servir de apoio na definição de estratégias comunicacionais, isto é, de linhas orientadoras de boas práticas nas redes sociais online e participar na elaboração de conhecimento teórico e empírico de um dos meios de comunicação mais promissores dos nossos tempos, Para isso serão testadas cinco hipóteses, através de métodos qualitativos (entrevistas, focus group e análise de conteúdo) e de métodos quantitativos (inquéritos e aplicação de modelos econométricos, como o modelo de contágio social “bass diffusion”, o modelo vector auto-regressivo (VAR), o teste de causalidade de Granger e o teste de raiz unitária) e da análise de dados primários e secundários. Por outras palavras, parte-se de um estudo teórico, depois entra-se numa análise experimental e termina-se com a definição de uma base teórica que confirma, reescreve ou complementa a base inicial. Deste modo, conclui-se que o valor académico do projecto assenta não só nas conclusões esperadas, mas de igual modo no uso combinado de metodologias variadas escolhidas especificamente para cada objectivo. 2. Contextualização e enquadramento do tema de investigação 2.1. Web 2.0 e as redes sociais A Internet alterou a forma como os consumidores e as marcas se relacionam, mas foi sobretudo com o desenvolvimento da Web e concludentemente com o advento da Web 2.0 que tal relação teve que ser repensada e refeita. O conceito Web 2.0 surgiu primeiramente em 2004, pelas mãos de Dale Dougherty para designar a segunda geração de comunidades e serviços baseados numa plataforma web ou rede social. Novas e variadas aplicações surgiram sobre essa designação, nomeadamente, !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 2 No capítulo 2.3. é possível consultar mais informações sobre este fenómeno. Teoria proposta em 1944 por Paul Lazarsfeld, Bernard Berelson e Hazel Gaudet com o objectivo de substituir a teoria hipodérmica. Segundo esta teoria, traduzida para português como teoria do “fluxo de comunicação a dois níveis”, o fluxo da comunicação é determinado pela mediação que os líderes exercem entre os meios de comunicação e os outros indivíduos do grupo (Wolf, 1999).! 3 4! os blogs, podcasting, wikis e as redes sociais online. Consequentemente, e sensivelmente no mesmo período, surge o conceito de Web 1.0, referindo-se à geração anterior. A Web 2.0 representa portanto uma transformação tecnológica, um novo aspecto qualitativo da Internet. O que a distingue da anterior Web consiste no comportamento do usuário que passa de actor passivo para activo; na transição da era de produção para a era de colaboração. Para Meadows-Klue (2008, p. 247) “dentro do ADN da Web 2.0 encontra-se a criação de plataformas que ligam as pessoas entre si (redes sociais), a capacidade de produzir e compartilhar conteúdo com os outros (social media), o sucesso na elaboração de quadros de trabalho para participação (em vez de produzir todos os conteúdos) e a extracção e o processamento de alguns dos conhecimentos de uma comunidade e, em seguida, ser compartilhado de volta (inteligência colectiva)." As características da Web 2.0 fazem dela um importante meio comercial e comunicacional bastante diferente dos canais tradicionais. Em primeiro lugar, porque permite uma forma única de interactividade entre pessoas e computadores, pessoas e pessoas, num ambiente de comunicação “many-to-many” (“vários para vários”) (Hoffman et al., 1995). Em segundo lugar, os consumidores experimentam um estado de "fluxo" (flow), ou seja, uma experiência óptima, "um estado de concentração tão focado que equivale a uma absorção absoluta numa actividade" (Csikszentmihalyi, 1990, p.1). "O fluxo é um construtivo central quando se considera a navegação dos consumidores nos sites comerciais (Hoffman e Novak, 1997, p.44). Por último, os consumidores têm comportamentos experienciais (por exemplo, o “netsurfing”) e dirigidos a objectivos no processo de navegação na rede (como é o caso das compras online) que disputam a atenção dos consumidores. Nos últimos anos, os sites de redes sociais, como o Facebook, MySpace, LinkedIn4, têm-se revelado uma forma de comunicação popular na Web 2.0, atraindo milhões de usuários numa escala mundial (Boyd e Ellison, 2007; Lenhart e Madden 2007). Segundo a definição de Boyd e de Ellison (2007), estes sites consistem em serviços baseados na Web que permitem aos indivíduos construir um perfil público e articular uma lista de contactos com os quais compartem uma rede social. Para Lenhart e Madden (2007) as redes sociais online são canais efectivos e poderosos que permitem aos consumidores !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! " !Algumas das redes sociais online com mais utilizadores e por essa razão mais populares.! 5! criar perfis pessoais públicos, construir uma rede social pessoal e exibir publicamente comentários interpessoais. Tal como indica a própria designação, o objectivo destas plataformas digitais reside em transpor o fenómeno de rede social, isto é, o conjunto de laços relacionais entre um determinado grupo de actores, para o mundo virtual. Inicialmente as comunidades online reuniam-se em torno de fóruns de discussões, com funcionalidades limitadas, como as teleconferências e o correio electrónico (Rheingold, 1996). Presentemente, estas redes são espaços de auto-expressão que permitem aos usuários produzir, publicar e partilhar conteúdos, onde o privado torna-se público. Algumas das razões por detrás do sucesso das redes sociais residem no facto de responderem a necessidades humanas informativas e de pertença a um grupo, isto é, de permitirem o estabelecimento de interacções sociais. Outro motivo relaciona-se com o principio de homofilia, segundo o qual gostamos de conviver com pessoas como nós, com as quais nos identificamos. Adicionalmente, é sabido que os membros de um grupo tendem a adoptar as normas e atitudes do grupo (Friedkin, 1988) ou são influenciados pelos “lideres de opinião” do grupo (Urberg et al, 2003). Danah Boyd (2008) numa das suas pesquisas perguntou a alguns adolescentes a razão de se terem juntado ao site MySpace, ao que lhe responderam “Porque é onde estão os meus amigos”. Por sua vez, quando indagados sobre o que faziam nesse site responderam: “não sei... apenas ando por lá.” O que torna as redes sociais únicas não é o facto de permitirem aos usuários contactar com estranhos5, mas sim o facto de, como foi já aqui referido, articularem e tornarem visíveis as redes sociais. Para além disso, de uma forma simples e eficaz, elas permitem a unificação de diferentes grupos sociais num só grupo. Os sites de redes sociais não só melhoram a experiência online dos consumidores, como têm potencialmente contribuído para a mudança das suas expectativas online no que toca a resultados sociais e informativos. Tal deve-se ao facto de que as actividades que ocorrem nesses sites vão desde a socialização com actuais ou novos amigos, à troca de informações e experiências sobre produtos ou serviços com uma audiência global que partilha interesses comuns (Graham e Havlena, 2007). As redes sociais online mudaram !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Muito embora se considere que segundo investigações realizadas, e salvo casos excepcionais, a maioria das redes sociais digitais suportam relações sociais pré-existentes, pessoas que já faziam parte da rede social (Boyd e Ellison, 2008). 5 ! 6! profundamente o modo como as informações são transmitidas e transcenderam as limitações tradicionais do “passa palavra” (Laroche et al. 2005). Do ponto de vista organizacional, como locais online de forte concentração populacional, estes sites tornaram-se num meio apetecível para estabelecer um relacionamento de longo prazo com os seus potenciais consumidores, ganhar vantagens competitivas, aumentar a sua notoriedade e ainda criar fidelidade à marca (Chu, 2009). Outro dos benefícios que lhes proporciona potencialmente consiste no facto de o usuário encontrar-se no centro das discussões e ser divulgador voluntário dos seus próprios hábitos de consumo, contando com um elevado nível de credibilidade entre os membros da sua rede pessoal. Este último facto tem despertado especial interesse dos gestores de comunicação que procuram no marketing “passa palavra” (marketing word of mouth) e no marketing de murmúrio (buzz marketing) soluções na difusão das suas mensagens de forma estratégica e eficaz. Conhecendo o potencial publicitário em mãos, os gestores das redes sociais digitais têm apostado no desenvolvimento de vários formatos publicitários nos seus espaços digitais, facilitando o papel dos marketers no alcançar dos seus públicos objectivos de forma mais eficaz e na implementação das suas campanhas publicitárias. Uma medida que tem contado com uma previsível reacção positiva da parte dos profissionais de comunicação, se tivermos em conta a tendência da deslocação dos orçamentos publicitários para estes meios. 2.2. Marketing relacional Quando foi feita a passagem da Web 1.0 para a 2.0 as companhias que já usavam a Internet para comunicar com os seus públicos objectivos ou começavam a usar aperceberam-se de que o modelo de comunicação não era mais o mesmo que conheciam e que consequentemente os papéis de cada actor tinham sido alterados, devido essencialmente ao carácter interactivo da Web 2.0. Inicialmente, o modelo tradicional de comunicação de marketing consistia num processo “one-to-many”, onde a empresa transmitia a sua mensagem através de um meio para um vasto grupo de consumidores. Aqui o meio é importante como veículo de transmissão de informação e o consumidor é considerado como homogéneo, sem ou com pouca relação ou contacto com a empresa. O actual modelo de comunicação usado na Internet baseia-se num processo “many-to-many”, no qual as empresas podem enviar mensagens pelo 7! meio, interagir entre elas e com os consumidores. Por sua vez, estes últimos podem relacionar-se com o meio e entre si, influenciando a decisão de compra (Hoffman e Novak, 1996). Esta alteração do paradigma comunicacional contribuiu para a perda do controlo por parte das empresas sobre a informação difundida sobre as suas marcas e sobre elas. Por outro lado, as empresas encontraram neste meio uma ferramenta que lhes permite estabelecer uma comunicação “one to one”, directa, com os seus públicos objectivos e conhecer melhor as suas necessidades. Como resultado as organizações deixaram de estar na posição (ou não deveriam estar) de agir sem ter em consideração as opiniões, crenças e sentimentos dos consumidores, reforçando-se assim a indispensabilidade de aplicação de uma estratégia relacional entre elas e os seus clientes. Há que ter em consideração que esta necessidade de passagem do marketing transaccional (onde o objectivo reside no aumento da quota de mercado) para o marketing relacional (onde a finalidade está na melhoria da retenção do consumidor) não é uma ideia nova, visto que foi prevista há mais de uma década (consultar a titulo de exemplo Gronroos, 1996). Também Gummesson (1999) antecipou esta transição e a valorização das relações no marketing quando referiu que o marketing transaccional precisava de ser substituído ou complementado por um novo conceito que focasse no valor das relações e interacções. Acrescenta-se ainda que a expressão marketing relacional foi introduzida pela primeira vez em 1983 por Leonard Berry, com o seu livro Relationship Marketing, para explicar uma nova forma de ''atrair, manter e - nas organizações de multi-serviços – reforçar as relações com o cliente'' (p. 25). Desde então, o conceito tem sido citado e modificado por vários autores e originado um outro: o marketing de relacionamento com os clientes (também conhecido por customer relationship marketing - CRM). A expressão marketing relacional é usada neste trabalho para definir um tipo de marketing que visa a criação e manutenção de relações estreitas e colaborativas. Usando as palavras de Berry (2002, p. 73), ''uma filosofia, não apenas uma estratégia, uma maneira de pensar sobre os clientes, marketing e criação de valor, não apenas um conjunto de técnicas, ferramentas e tácticas''. Com o surgimento da Internet, e especialmente da Web 2.0, o que aconteceu foi que se tornou vital para a sobrevivência das organizações estabelecer uma relação estreita e de longo prazo entre as suas marcas e os consumidores. Ao fazer isto os marketeers 8! conseguirão vantagens económicas (Reichheld, 1996; Blackston, 2000; Winer, 2001; Dowling, 2002), manterão os seus clientes e convertê-los-ão em embaixadores da marca, apoiando na obtenção de novos clientes. Deste modo, as marcas não são mais consideradas propriedades unicamente das companhias, mas também dos consumidores (Pino, 2007a) e estratégias que podem necessariamente não gerar mais vendas, mas que poderão causar uma atitude de aproximação entre o público e as marcas tornam-se necessárias (Pino, 2007b). Importa ainda referir que a Web 2.0 e a consequente alteração dos tradicionais papeis de emissor e de receptor tornaram obsoletas as práticas de marketing de relacionamento de outrora, não devendo ser por isso replicadas nos nossos dias. O tom usado para falar com os clientes, por exemplo, deve ser diferente. Usando as palavras de Meadows-Klue (2008), “o marketing relacional para a geração Facebook exige pensar e actuar de forma diferente” (pg.245). McWilliam (2000) acrescenta que os gestores de comunicação precisam de compreender as bases do diálogo que poderá levar a uma relação forte e redefinir as suas próprias mensagens num contexto online. A comunicação não deve mais vir de cima, mas do mesmo nível. Por outras palavras, as empresas devem conversar com seus consumidores tal como os amigos fazem. "Quando as marcas falam sobre relacionamentos em marketing, e procuram o "amor" que querem que os clientes partilhem, a maioria age através da lente de uma relação parental/filial. Porém, o nosso infante cresceu" (Meadows-Klue, 2008, pg. 250). São as empresas que se devem adaptar aos clientes e não o inverso (Wind e Mahajan, 2001). Para que seja desenvolvida uma relação entre ambas as partes há que ter em consideração as razões que levam os públicos objectivos a participarem nesse diálogo emocional, isto é, os factores que contribuem para o envolvimento com a marca. Para tal é importante considerar três factores-chave: confiança, lealdade e satisfação. Duma perspectiva marketeniana, a confiança é um factor chave no estabelecimento de uma relação de longa duração bem sucedida (Dwyer et al, 1987; Anderson e Narus, 1990), tendo um papel significativo nas actividades do consumidor uma vez que afecta a manutenção da quota de mercado, a elasticidade ao preço e, usualmente, contribui para a redução de incertezas (Gommans et al, 2001). A confiança possui também uma ligação na construção e manutenção da lealdade à marca (Cowles, 1997; Doney e Cannon, 1997; Chaudhuri e Holbrook 2001). 9! Para Jap e Weitz (1995) a confiança consiste na ‘‘capacidade de prever com fiabilidade as acções da outra parte na relação e na crença de que o outro parceiro não vai agir de forma oportunista, ainda que tenha oportunidade de o fazer’’ (p. 2). Morgan e Hunt (1994) conceptualizam a confiança como “existente quando uma parte tem confiança na confiabilidade e integridade de um parceiro de troca” (p. 23). Por sua vez, Moorman, Deshpande e Zaltman (1993) definem-na como “vontade de confiar num parceiro de troca em quem sentem confiança” (p. 315). Doney e Cannon (1997) descrevem o objecto de cognição como “a credibilidade e benevolência percebidas de um público objectivo de confiança” (p. 36). Por outras palavras, a confiança tem sido analisada desde duas perspectivas. De um ponto de vista comportamental ela é considerada como a vontade de confiar ou contar com o outro (Kumar et al., 1995; Geyskens et al., 1996; Siguaw et al., 1998). De um ângulo cognitivo a confiança é associada a um conjunto de crenças (Anderson e Narus, 1990; Doney e Cannon, 1997). Considerando a confiança como uma componente cognitiva, a literatura sugere que o termo seja definido segundo três tipos de crenças (consultar, por exemplo, Mayer et al., 1995; Ridings et al., 2002): competência (a percepção do consumidor de que a outra parte possui os conhecimentos e as competências para actuar na relação e satisfazer as suas necessidades) (Coulter e Coulter, 2002); honestidade (a crença de que a segunda parte manterá a sua palavra, cumprirá as suas promessas e será sincero) (Gundlach e Murphy, 1993; Doney e Cannon, 1997); benevolência (reflecte a crença de que uma das partes está interessada no bem estar da outra; a vontade da outra parte em fazer um esforço para alcançar objectivos comuns) (Ganesan, 1994). Para Morgan e Hunt (1994), a componente comportamental advém da componente cognitiva, como tal deverá ser percebida como um indicador de confiança. Isto é, a vontade ou capacidade de confiar na outra parte advém do facto de existirem previamente razões cognitivas (crenças) que justifiquem esse comportamento. A lealdade/fidelidade é outro conceito bastante discutido na investigação em marketing tendo recebido várias definições ao longo dos tempos. Engel, Kollat e Blackwell (1982) definiram-na como “a resposta preferencial, atitudinal e comportamental em relação a uma ou mais marcas de uma categoria de produto, expressa ao longo de um período de tempo por um consumidor” (in Anderson e Srinivasan, 2003, pg.125). Outros investigadores definiram lealdade como “uma atitude favorável em relação a uma marca, resultando na aquisição consistente da marca ao longo do tempo” (in Anderson e Srinivasan, 2003, pg.125) (Assael, 1992; Keller, 1993). Segundo estas últimas definições a lealdade é expressa por uma 10! intenção em manter uma relação no futuro traduzindo-se na continuação da compra. Contudo, esta medida de lealdade tem sido criticada, visto que os consumidores com fraca ligação e pouca lealdade poderão reportar altas expectativas de continuidade devido à percepção de grandes custos na mudança ou devido à falta de tempo para avaliar outras alternativas (Oliver, 1999). O mesmo autor propôs uma definição de lealdade como sendo “um profundo compromisso em recomprar frequentemente um produto/serviço consistentemente no futuro, causando repetição de compra da mesma marca ou do mesmo conjunto de marcas, apesar das influências situacionais e dos esforços de marketing com potencial para provocar mudança de comportamento”. Assim sendo, a lealdade implica uma preferência por uma marca ou companhia em particular, embora haja outras alternativas satisfatórias. Para além disso, “para que um consumidor se torne leal e se mantenha como tal, ele ou ela deve acreditar que os produtos da empresa continuam a oferecer a melhor opção” (idem, p. 35). Comummente a lealdade tem sido analisada segundo dois pontos de vista: lealdade na atitude e no comportamento (Gremler, 1995; Hallowell, 1996; Auh et al., 2007). A formação de uma atitude precede a intenção comportamental e o comportamento actual e é definida pelos sentimentos que levam ao apego geral às pessoas, aos produtos ou aos serviços de uma organização. Baldinger e Rubinson (1996) concluíram que compradores altamente leais tendem a manter-se leais se a sua atitude perante a marca é positiva. Para além disso, a habilidade em converter um comprador infiel (“switching buyer”) num comprador leal é maior se o comprador possui uma atitude favorável perante a marca. Por outro lado, a lealdade no comportamento tem sido definida em termos de repetição do comportamento de compra, frequência de visitas a uma loja ou percentagem de gastos (Nilsson e Olsen, 1995). Entre as duas dimensões Mittal e Kamakura (2001) sugerem outra que representa a intenção em agir no processo de decisão de compra, uma predisposição em comprar uma marca pela primeira vez ou o compromisso de repetição da compra da actual marca: intenção comportamental. Obter a lealdade do consumidor tem sido considerado um aspecto crucial de modo a obter sucesso e sustentabilidade no tempo (Keating et al, 2003), uma vez que não só contribuirá para futuras intenções de compra, mas também favorecerá altos níveis de “passa palavra” positivo (Hallowell, 1996), baixará a sensibilidade ao preço (Lynch e Ariely, 2000), contribuirá para obter receitas mais estáveis e maiores (Knox e Denison, 2000), baixará a passagem para os concorrentes (Yi e La, 2004), permitirá a manutenção de preços premium, dará maior poder de negociação com os canais de distribuição, reduzirá os custos 11! de venda e trará vantagens sinérgicas de extensões de marca de produto/categorias de serviço relacionado (Reichfeld, 1996). Para alguns investigadores, a ligação entre a satisfação e a lealdade parece quase intuitiva e vários tentaram confirmá-la (Newman e Werbel, 1973; Woodside et al., 1989; Cronin e Taylor, 1992). Os resultados encontrados sugerem que a força da relação entre a satisfação e a lealdade varia significativamente consoante diferentes condições. Por exemplo, Jones e Sasser (1995) descobriram que a força mencionada depende da estrutura competitiva da indústria. Oliver (1999) descobriu que a satisfação conduz à lealdade, mas a verdadeira lealdade só pode ser alcançada quando outros factores estão presentes. Além disso, a lealdade implica a satisfação, mas a satisfação não leva necessariamente à lealdade (Waddell, 1995; Oliver, 1999). Obtemos satisfação quando percebemos que as nossas expectativas quanto à performance da outra parte foram cumpridas ou excedidas. Insatisfação ocorre quando tais expectativas não são alcançadas. Para Gruen (1995) o objecto definido consiste "na medida em que os benefícios efectivamente recebidos atendem ou excedem o nível de percepção equitativo dos benefícios" (p. 457). Alguns autores acreditam que o simples cumprimento dos desempenhos esperados pode não conduzir necessariamente à satisfação, mas a um sentimento neutral de indiferença. Como consequência, a satisfação resulta quando há um desempenho excedido (Bauer et al, 2002). Resumindo, se um cliente está satisfeito com uma marca, confia nela e lhe é leal, então a companhia logrou em alcançar envolvimento com a marca e em obter outro factor importante: tornar os seus clientes em embaixadores da marca. Conhecemos as razões que levam as empresas a procurar estabelecer relações com os seus públicos objectivos, conhecemos igualmente alguns indicadores da força dessa relação (o grau de confiança, lealdade e satisfação), mas será que conhecemos as razões que levam o consumidor a querer construir e manter uma relação com a marca? É sabido que existem consumidores que estabelecem relações com as marcas da mesma forma que estabelecem com outros indivíduos, podendo a natureza dessa relação variar de individuo para individuo (Fournier, 1998; Muniz e O’Guinn, 2001). Segundo Ashworth et al. (2009) existem seis funções na relação entre consumidores/marcas, do ponto de vista dos primeiros. São elas: 1) Conhecimento: uma 12! relação que existe devido ao entendimento inerente que fornece ao consumidor sobre a sua situação; 2) Utilitária: uma relação baseada na habilidade da marca em contribuir continuamente e com segurança no alcançar de outros objectivos; 3) Hedónica: uma relação baseada na habilidade da marca para inspirar directamente uma variedade de respostas afectivas positivas; 4) Valor-expressivo (ajuste de identidade): isto é, há uma identificação, uma relação positiva entre os valores individuais com os da marca; 5) “Socialadjustive” (gestão de impressão): uma relação que existe pois a associação do consumidor com a marca cria uma impressão desejada. Trata-se de uma fonte de auto-estima. 6) Afiliação: uma relação que procura satisfazer necessidades básicas de amizade e pertença. Alguns autores sugerem que alguns consumidores poderão procurar nas marcas formas de preencher importantes necessidades de afiliação (Thomson, 2006) e que a influência da identificação grupal opera também nas preferências das marcas (Stadfford, 1966). 2.3. “Passa palavra” electrónico Nos últimos anos a Internet tornou-se num importante meio de comunicação para a ocorrência do “passa palavra” digital, positivo ou negativo6. Tal facto sucede porque, por um lado o número de cibernautas está a crescer diariamente7, e, por outro, com a emergência da Web 2.0, surgiram diferentes tipos de sites de redes sociais que, como foi já referido, têm obtido uma aceitação e penetração favoráveis. Estes sites propiciam a troca de experiências e informações através do “passa palavra”. Para Arndt (1967, p.3) o “passa palavra” ocorre quando há “uma comunicação oral, de pessoa para pessoa entre um receptor e um comunicador, que é percebido pelo receptor como sendo não-comercial em relação a uma marca, produto ou serviço”. Segundo Westbrook (1987, p. 261) o “passa palavra” refere-se a “todas as comunicações informais dirigidas a outros consumidores sobre a propriedade, uso ou características de determinados bens e serviços ou sobre os seus vendedores”. Outras definições mais contemporâneas descrevem-na como “comunicação interpessoal em que nenhum dos participantes é fonte de informação organizacional” e como sendo “o acto de contar, pelo !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Sabe-se que o “passa palavra” negativo tende a ser de natureza emocional, estando associado à insatisfação e é duas vezes mais persuasivo na influência da opinião do receptor. Por sua vez, o “passa palavra” positivo é de natureza cognitiva, muitas vezes associado com a qualidade do serviço (Sweeney et al. 2005). 6 De acordo com os últimos dados (2010-06-30) da InternetWorldStats.com, de 2000 para 2010, houve um crescimento de usuários de Internet de 444,8%. 7 13! menos, a um amigo, conhecido ou familiar sobre uma experiência satisfatória ou insatisfatória com um produto” (Halstead, 2002, 1-12) O fenómeno “passa palavra” em muito recorda a teoria do “fluxo de comunicação a dois níveis”, segundo o qual a influência dos meios de comunicação nem sempre é directa e os líderes de opinião (receptores da mensagem vinda dos meios de comunicação) influenciam segundo a interpretação que fazem da mensagem a sua rede social. Gladwell (2000) descreve estes líderes de opinião como “peritos” (“mavens”), isto é, "especialistas de informação", “pessoas nas quais confiamos para que nos dêem novas informações” (p.19). Na opinião de Gladwell, os “mavens” produzem uma “epidemia de “passa palavra” ” com base nos seus conhecimentos, competências sociais e habilidade para comunicar - "os peritos são realmente os corretores de informação, partilhando e trocando o que sabem” (idem). Várias são as razões da origem e da popularidade do “passa palavra”. Importa destacar algumas: Uma das causas relaciona-se com o facto de vivermos numa era em que o acesso à informação é fácil e rápido, em que somos inundados com grandes quantidades de informação sem termos tempo de investigar e de deliberar sobre todos os dados obtidos, e em que ainda somos sujeitos a milhares de anúncios publicitários por dia. O “passa palavra” surge como um meio necessário para poupar tempo (um “time saver”) e que ajuda a lidar com o excesso de informação, ao permitir que outras pessoas, após recolherem, analisarem a informação e experienciarem o produto ou serviço, partilhem as suas experiências e conhecimentos (Silverman, 2001). “À medida que os mercados se tornaram saturados de informações e produtos, é cada vez mais difícil para os consumidores conhecerem e processarem todas as alternativas (...) em tais circunstâncias, assessores competentes (...) podem ajudar os consumidores a ficarem informados sem se envolverem em actividades de pesquisa cognitivamente exigentes e demoradas” (Wiedmann, Walsh e Mitchell, 2001, p. 196). Outro possível motivo da procura do “passa palavra” está associado com a teoria da dissonância cognitiva8. Depois de os consumidores se decidirem por uma marca, por !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! A expressão dissonância cognitiva tem origem na psicologia social e descreve uma tensão psíquica que provoca uma sensação de desconforto. Trata-se da percepção de uma incompatibilidade entre duas cognições diferentes, onde "cognição" é definida como qualquer elemento do conhecimento, incluindo as atitudes, emoções, crenças ou comportamentos. Este efeito foi descrito pela primeira vez numa experiência realizada nos EUA por Festinger e Carlsmith, em 1959 (Festinger e Carlsmith, 1959). 8 14! vezes surge o sentimento de incongruência cognitiva resultante da informação obtida em relação às marcas rejeitadas ou pelo conflito entre as mensagens de outras fontes (por exemplo, as recomendações dos amigos versus a publicidade). Tal incongruência poderá ser reduzida através do recurso de fontes informativas imparciais (como é o caso das plataformas virtuais de opinião) que confirmam a avaliação do consumidor de uma situação de consumo ou a solidez da escolha (Sweeney, Hausknecht e Soutar, 2000). Segundo Schiffman e Kanuk (1987), o “passa palavra” também serve para aprender como um produto deve ser consumido e que novos produtos existem no mercado. Outra interpretação do mesmo autor seria que os consumidores procuram informação relacionada com o produto nos sites de opinião de modo a poder avaliá-lo e determinar o seu prestígio social associado. O “passa palavra” pode ainda ter origem na vontade humana de partilhar informações sobre interesses comuns: “os consumidores poderão estar a voltar-se para a Internet para interagir com outras pessoas que partilham das mesma "paixões de consumo” (Granitz e Ward, 1996, p. 161,). Por último, a procura de informação através do “passa palavra” pode estar ainda associada à percepção de risco envolvendo a compra de um determinado produto ou serviço (Arndt, 1967; Cunningham,1967). O fenómeno do “passa palavra” pode ser interpretado de acordo com a “Lei dos Poucos” (“The Law of the Few”) apresentada por Gladwell (2000) que considera que as "ideias, produtos, mensagens e comportamentos espalham-se como virus" (p. 7) e “o sucesso de qualquer tipo de epidemia social está fortemente dependente da participação das pessoas com um conjunto particular e raro de dons sociais” (p. 33). Ou ainda segundo outra teoria partilhada pelos economistas denominada de “Principio de Pareto” ou o “Principio 80/20”, que assenta na crença de que 80% do “trabalho” é feito por 20% da população (idem). O marketing “passa palavra” explora ainda a “experiência do mundo pequeno” (“Small World Experiment”) composta por várias experiências desenvolvidas por Stanley Milgram e outros investigadores com o intuito de examinar a distância média das redes sociais norte-americanas (Michell, 2007). Os resultados sugerem que a sociedade humana consiste num pequeno mundo caracterizado por distâncias curtas. Uma visão em consonância com a teoria dos seis graus de separação (ou “human Web”), da autoria de 15! Frigyes Karinthy, segundo a qual toda a gente está, em média, cerca de seis passos de distância de qualquer outra pessoa na Terra (Barabási, 2003). Se tivermos em consideração que a Web é uma ferramenta idónea para a ligação dos usuários a uma escala imensurável, que de acordo com as últimas teorias apresentadas estamos todos interligados e que a informação transmitida por uma companhia ou por um amigo tem diferente grau de percepção de credibilidade e consequentemente de impacto (visto que confiamos mais nos nossos familiares e/ou amigos do que na publicidade), tal significa que tais interacções (ou “passa palavra”) podem efectivamente influenciar a escolha das marcas e impactar na lealdade à marca (Mathwick, 2006; Claricini e Scarpi, 2007; citado por Sicilia e Palazón, 2008). Segundo o estudo efectuado por “Anderson Analytics” relativamente às actividades nos sites de redes sociais nos Estados Unidos, em Maio de 2009, 46% dos participantes referiram ter falado positivamente sobre uma marca ou companhia, enquanto que 23% já disseram algo negativo. Estes números poderão ser explicados de acordo com as teorias de comunicação e comportamento do consumidor que sugerem que quando os consumidores têm uma preferência por uma marca têm maior tendência em receber e procurar informação sobre ela (Simmons, 2007, p. 549). Como resultado, “a forma mais poderosa de vender produtos ou ideias não sucede entre marketer e consumidor, mas de consumidor para consumidor” (Gladwell, 2002). Deste modo, parece claro que “só ganhando a confiança dos amigos é que as marcas serão recomendadas pelos amigos, e só investindo tempo e energia na escuta e na construção desse relacionamento haverá um relacionamento amoroso para desfrutar” (Meadows-Klue, 2008, pg. 248). Tal situação poderá ser alcançada por meio do marketing relacional. Mas para que um cliente fale positivamente sobre uma marca, isto é, se comporte como embaixador da marca, é necessário que esteja satisfeito, confie nela e lhe seja leal. Por outras palavras, que haja envolvimento com a marca. Tendo como objectivo beneficiar dos efeitos do “passa palavra”, as agências e os departamentos de comunicação tem criado técnicas de marketing variadas, com ténues fronteiras cujos significadas e respectivas funcionalidades são muitas vezes confundidos. É o caso do marketing “passa palavra”, do marketing de murmúrio e do marketing viral. O marketing “passa palavra” refere-se às práticas de marketing cujo objectivo é fazer com que o consumidor fale sobre a marca. Dentro do marketing “passa palavra” encontramos o marketing de murmúrio e o marketing viral. 16! O marketing de murmúrio consiste numa “técnica do marketing que faz uso de um acontecimento actual para criar um eco9” (Foxton, 2006, p.26). Isto é, a finalidade é produzir conteúdo (evento ou história) suficientemente atractivo ou interessante sobre uma companhia, produto ou serviço para ser passado de pessoa para pessoa e pelos media de forma positiva. Existem dois tipos de marketing de murmúrio: marketing peer-to-peer, quando o “passa palavra” sobre uma marca, produto ou serviço é originado pelos cidadãos comuns, sem interesse comercial; marketing performer-to-peer, quando pessoas qualificadas e treinadas actuam como embaixadores da marca em diferentes contextos onde se encontra o público objectivo, de uma forma controlada, regulada e mensurável. (idem). Em contrapartida, o marketing viral refere-se ao próprio acto de passar a mensagem. Isto é, a promoção de uma companhia ou produtos e serviços através da concepção de material criado especificamente para ser partilhado, normalmente online, de pessoa para pessoa. Por outras palavras, o marketing de murmúrio consiste na produção de um evento ou actividade que gera publicidade, emoção e informação para o consumidor. Se o “murmúrio” é feito correctamente, será falado. O marketing viral é sobre criar uma experiência de usuário que melhora quando os usuários trazem amigos, isto é, o marketing viral explora as redes sociais existentes, incentivando os clientes a compartilhar informações de forma rápida e exponencialmente sobre um produto com os seus amigos. 3. Objectivos da investigação Em poucas palavras, o principal objectivo do projecto de investigação que se propõe é contribuir para a obtenção de uma resposta à seguinte questão: qual o efeito da participação das marcas nas redes sociais online na manutenção dos seus actuais clientes e na obtenção de novos? Com o intuito de dar resposta à mencionada questão de pesquisa (research question), o estudo irá também procurar fornecer os elementos necessários para avaliar uma série de hipóteses (problemas) listadas abaixo: (H1) A participação das marcas nas redes sociais com os seus actuais clientes produz efeitos de consolidação da relação e não de construção. Isto é, a interacção online !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Segundo o autor o termo “echo” implica algo mais complexo e explicativo do que a expressão “passa palavra”, sendo criados por profissionais. 9 17! entre marcas e clientes não surte alterações benéficas ou nefastas na relação entre ambos, pois esta mantém-se inalterável; (H2) Os usuários que interagem com a marca nas redes sociais online demonstram maiores conhecimentos sobre a marca, bem como maiores níveis de confiança, lealdade e satisfação do que os usuários das redes que não se relacionam online com a marca; (H3) A participação das marcas nas redes sociais contribui para a obtenção de “passa palavra” electrónico positivo por parte dos actuais clientes da marca que interagem com ela nas redes sociais; (H4) O “passa palavra” positivo contribui para a obtenção de novos usuários que irão interagir com a marca na rede social; (H5) Usuários das redes sociais que se relacionam com a marca revelam maior probabilidade de serem seus clientes. 4. Metodologia(s) a utilizar Serão objecto de estudo neste projecto os conceitos referentes à transição do modelo de comunicação one-to-many para many-to-many; o marketing relacional; os sentimentos de confiança, lealdade e satisfação; e o fenómeno “passa palavra”. O método a utilizar será, em termos gerais, uma versão adaptada do método hipotético-dedutivo que engloba as seguintes etapas: colocação do problema, construção do modelo teórico; dedução das consequências; testar das hipóteses, eventual reformulação do modelo teórico em função dos resultados dos testes. A adaptação que se fará deste método para o caso que nos interessa prende-se com as metodologias específicas que serão usadas, as quais são sucintamente descritas. Propõe-se testar a validade destas hipóteses através da combinação de várias técnicas de investigação e de metodologias qualitativas e quantitativas. Isto é, por meio da análise crítica da mais importante literatura científica recente sobre o tema, análise de conteúdo e de discurso, aplicação de entrevistas, questionários, focus group, aplicação de modelos econométricos (modelo de contágio social “bass diffusion”, modelo vector autoregressivo (VAR), teste de causalidade de Granger, teste de raiz unitária). Tal combinação de métodos visam a recolha de dados secundários, de tipologia externa (como por 18! exemplo, informação estatística já concebida e publicada, bem como resultados divulgados oriundos de outras investigações académicas) e primários (adquiridos durante a fase empírica). Para a parte teórica deste trabalho, e a título apenas de exemplo, consideram-se os seguintes estudos e reflexões sobre: - o processo de transição do modelo de comunicação one-to-many para many-to-many (Hoffman e Novak, 1996) onde se mostra a importância que o cliente adquire no processo comunicacional e se debate a sua participação activa na divulgação das mensagens corporativas, transformando os processos de produção, difusão, recepção e de intercâmbio em algo plenamente interactivo (Baraybar, 2007; Cebrián, 2008); - a necessidade de adaptação das empresas às novas realidades sociais e a integração do marketing relacional nas suas estratégias (Berry, 1983 e 2002; Gronroos, 1996; Gummesson, 1999; Pino, 2006 e 2007), com o intuito de alcançar uma comunicação mais eficaz (Wind e Mahajan, 2001; Baraybar, 2007; Pino, 2007; Pino, 2008); - as razões que levam os usuários a relacionarem-se com as marcas (Ashworth et al., 2009); - a confiança (Dwyer et al, 1987; Anderson e Narus, 1990; Moorman, Deshpande e Zaltman, 1993; Gundlach e Murphy, 1993; Ganesan, 1994; Morgan e Hunt, 1994; Mayer e Shoorman, 1995; Jap e Weitz, 1995; Kumar et al., 1995; Geyskens et al., 1996; Doney e Cannon, 1997; Cowles, 1997; Siguaw e Baker, 1998; Chaudhuri e Holbrook, 2001; Gommans et al, 2001; Coulter e Coulter, 2002; Ridings e Arinze., 2002); - a lealdade (Engel, Kollat, e Blackwell, 1982; Assael, 1992; Keller, 1993; Gremler, 1995; Nilsson e Olsen, 1995; Baldinger e Rubinson, 1996; Hallowell, 1996; Reichfeld, 1996; Oliver, 1999; Lynch e Ariely, 2000; Knox and Denison, 2000; Mittal e Kamakura, 2001; Keating et al, 2003; Yi e La, 2004; Auh et al., 2007); - a satisfação (Newman e Werbel, 1973; Woodside et al., 1989; Cronin e Taylor, 1992; Jones e Sasser, 1995; Waddell, 1995; Oliver, 1999; Bauer et al, 2002); - o fenómeno do “passa palavra”, sua definição, actuais métricas e motivações latentes (Arndt, 1967; Westbrook; 1987). 19! Para a parte experimental, foi desenhado um plano metodológico de recolha e de tratamento da informação específico para cada hipótese formulada. Assim, propõe-se testar a H1 através da execução de um focus group ou de entrevistas individuais, seguidas da sua transcrição e respectiva análise do conteúdo das respostas. O focus group consiste numa técnica utilizada na pesquisa de mercado qualitativa, na qual se emprega a discussão moderada entre oito a doze participantes. Estas discussões de grupo duram sensivelmente entre uma hora e meia e duas horas e são coordenadas por um moderador. Este último é também o facilitador da sessão, pois para além de regular o encontro dentro dos seus moldes, também ajuda o grupo a interagir. Ao passo que as entrevistas (ainda por definir se serão dirigidas ou não dirigidas), permitem a obtenção de informação em profundidade num contacto directo entre o investigador e os seus interlocutores (grupo representativo da população em estudo), facilitando a expressão de ideias por parte do entrevistado. A H2, H3, H4 e H5 serão avaliadas através de um inquérito online (composto essencialmente por questões fechadas e semi-abertas) dirigido aos usuários da rede Facebook, cujo tratamento quantitativo será feito com o auxilio do programa informático SPSS, sendo os resultados apresentados graficamente. Ainda no que se refere à H3, para determinar e comparar a quantidade de comunicação “passa palavra” positiva e negativa será feita uma análise de conteúdos dos comentários online feitos pelos usuários de e numa rede social (Facebook) em relação a uma marca (por definir), num período de tempo limitado. A última hipótese (H4) será complementada com a aplicação do teste de causalidade de Granger, que permite determinar a existência de uma relação endógena entre as variáveis referências “passa palavra” e inscrições na página da marca na rede social (signups)10. Para avaliar o tipo de relação entre as referidas variáveis sugere-se ainda utilizar o modelo VAR, sendo para isso necessário confirmar previamente se as variáveis são estacionárias ou evolutivas numa série temporal por meio de testes de raiz unitária. Caso o resultado seja de natureza estacionária (e confirmada ainda a relação entre as variáveis) será possível aplicar o modelo VAR que irá medir a interacção dinâmica entre ambas variáveis. Para comprovar a fiabilidade dos dados e do modelo poderia ser feito um teste comparativo dos valores obtidos com os valores previstos pelo modelo, à semelhança do !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Os dados relativos às variáveis serão obtidos através da rede social, durante um período de observação a ser definido sobre uma marca também a ser determinada. 10 20! que fez Trustov et. al (2009). Será ainda possível estudar a elasticidade da comunicação “passa palavra” por meio do “impulse response function” (IRF11) que irá separar os efeitos imediatos (por exemplo, tidos no primeiro dia), dos de curto (entre os segundo e quinto dias) e longo (superiores ao quinto dia) prazo. A duração dos efeitos do “passa palavra” nas inscrições será apresentada graficamente. A visualização do crescimento do número de usuários na rede social da marca será possível usando para isso o modelo econométrico de contágio social denominado de modelo “bass difuson”. Os resultados obtidos serão apresentados graficamente. Tendo em vista a melhor compreensão do fenómeno “passa palavra” e das prácticas utilizadas da perspectiva da marca, propõe-se a elaboração de entrevistas às agências e departamentos de comunicação com presença nas redes sociais. A transcrição das entrevistas facilitará o processo de análise de conteúdos. Em suma, parte-se de um estudo teórico, depois entra-se numa análise experimental e termina-se com a formulação desenvolvida de uma explicação teórica enriquecida pela análise experimental e que confirma, reescreve ou complementa a base inicial. De forma esquemática temos: 1) Pesquisa bibliográfica dos temas já definidos. 2) Refinamento e formulação desenvolvida das hipóteses em função da literatura avaliada; 3) Entrevistas e inquéritos a empresas (segmentação 1/ amostra 1) que usam redes sociais para se relacionar com o seu público objectivo. Detecção dos seus objectivos comunicacionais, acções e mensagens aplicadas no medium em estudo e respectivos resultados; recolha de informação sobre métricas utilizadas e avaliação da eficácia (ou sua percepção) das campanhas de marketing “passa palavra”. 4) Aplicação de um focus group ou entrevistas individuais a uma amostra de usuários que interagem com marcas na rede Facebook (segmentação 2/ amostra 2). Análise de conteúdo das respostas obtidas; !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! O IRF descreve a reacção de um sistema dinâmico ao longo do tempo a um estimulo. Por outras palavras, o IRF simula o efeito de choque do desvio padrão ao longo do tempo, neste caso, do “passa palavra” nas inscrições.! 11 21! 5) Aplicação de um inquérito online a uma amostra de usuários da rede social Facebook (segmentação 3/ amostra 3). Durante esse estudo serão considerados dois tipos de grupos: grupo experimental (usuários que interagem com a marca no Facebook) e grupo de controlo (usuários que não interagem com a marca no Facebook). Recolha de dados, comparação dos comportamentos dos dois grupos e respectiva análise. 6) Aplicação dos modelos econométricos (modelo de contágio social “bass diffusion”, modelo vector auto-regressivo (VAR), testes de causalidade de Granger, testes de raiz unitária) a um caso de estudo sobre uma marca a ser determinada, durante um período de observação igualmente a ser definida. 7) Análise comparativa dos resultados obtidos com os esperados – testar da hipótese. Identificação de falhas, proposta de melhorias e apresentação de sugestões para posteriores trabalhos. 4.1. Plano de Actividades A investigação será concluída com uma tese escrita no final do curso de doutoramento, o que normalmente tem um período de oito semestres de estudo. SEMESTRE FASES Recolha, leitura e análise de bibliografia / state of art. 1º e 2º Semestres 2011 Refinamento e formulação desenvolvida da hipótese inicial em função da literatura avaliada Investigação empírica: 1) Estabelecimento de entrevistas aos gestores de comunicação de agências de comunicação ou publicidade e departamentos de comunicação; 1º e 2º Semestres 2012 2) Aplicação de um focus group ou entrevistas individuais a uma amostra de usuários que interagem com marcas na rede Facebook; 3) Aplicação de um inquérito online; 4) Aplicação dos modelos econométricos a um caso de estudo sobre uma marca, durante um período de observação limitado. Análise dos resultados obtidos. 1º Semestre 2013 Escrita da tese 2º Semestre 2013 Fase de correcção e entrega final 22! O primeiro semestre de 2011 consistirá na selecção final da bibliografia e melhoria da definição da temática do projecto. O principal produto desta etapa será a obtenção de um projecto de investigação mais preciso. O segundo semestre será composto pela leitura crítica da bibliografia, a fim de desenvolver uma compreensão mais ampla do tema. No final do semestre será entregue uma análise escrita do progresso teórico da tese. O ano 2012 será dedicado à fase empírica do projecto, designadamente à execução de entrevistas aos gestores de comunicação de agências de comunicação ou publicidade e de departamentos de comunicação; à aplicação de um focus group ou entrevistas individuais a uma amostra de usuários que interagem com marcas na rede Facebook; de um inquérito online aos usuários da rede Facebook; e ainda à adaptação dos modelos econométricos a um caso de estudo sobre uma marca, durante um período de observação limitado. Finalmente, no último ano da tese será feita uma avaliação critica e comparativa da leitura do state of art e os resultados obtidos na fase empírica que culminará com o projecto de tese a ser entregue no final desse semestre. 4.2. Cronograma Ano 2011 Semestre 1º 2012 1 2º 2 1º 2013 1 2º 2 1º 1 2º 2 Apresentação do Trabalho Final Selecção da bibliografia Análise da informação teórico-conceptual Fase empírica – recolha de dados empíricos Análise dos resultados empíricos Escrita da tese Revisão do processo Avaliação 23! BIBLIOGRAFIA(S) / REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDERSON, J.C., Narus, J.A. (1990), A model of Distribution Firm and Manufacturer Firm Working Partnerships. The Journal of Marketing, Vol. 54, No. 1 ANDERSON, Rolph E., Srinivasan, Srini S. (2003), E-Satisfaction and E-Loyalty: A Contingency Framework. Psychology & Marketing, Vol. 20(2) ARNDT, J. (1967), Word of Mouth Advertising: A Review of The Literature. In Kirby, Justin, Marsden, Paul (2006), Connected Marketing, the Viral, Buzz and Word of Mouth Revolution. BH ASHWORTH, Laurence, Dacin, Peter, Thomson, Matthew (2009), Why on Earth Do Consumers Have Relationhip with Marketeers? Toward Understanding the functions of Brand Relationship. 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