Uma doença crônica de pele: Psoríase Kellen Cristine Amorim da

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Uma doença crônica de pele: Psoríase
Kellen Cristine Amorim da Silva
[email protected]
Pós-Graduação Dermato-Funcional – Faculdade Ávila.
Resumo
A psoríase é uma doença crônica da pele, não contagiosa, caracterizada pela presença de
manchas vermelhas, espessadas e descamativas. Sua causa é ainda desconhecida e embora
exista uma predisposição familiar, não é necessariamente transmitida aos descendentes.
Atinge homens e mulheres, em qualquer idade, podendo ocorrer desde formas localizadas e
discretas, até formas muito severas acometendo grande área da superfície corporal. A psoríase
está sujeita a remissões e recidivas, relacionadas a diversos fatores: traumas (físico, químico,
queimadura solar), infecções, drogas, estresse emocional, etc. Os locais mais atingidos são o
couro cabeludo, cotovelos, joelhos, palmas das mãos, plantas dos pés, unhas e tronco, com
lesões em ambos os lados do corpo. Objetivo é demonstrar as formas de tratamentos viáveis e
de alcance flexível ao paciente.
Palavras-chave: Alergia e Imunologia; Citocinas; Linfócitos T; Psoríase; Psoríase/etiologia.
Introdução
O sistema imune desempenha um papel-chave na psoríase ao fabricar células brancas do
sangue para proteger o corpo contra a infecção. Na psoríase, as células T (um tipo de células
brancas do sangue) desencadeiam anormalmente a inflamação da pele. Estas células T
também fazem com que as células da pele cresçam mais rápido do que o normal e se
amontoem em placas levantadas na superfície externa. Psoríase pode ser herdada. Algumas
pessoas carregam genes que as tornam mais susceptíveis a desenvolvê-la. Só porque uma
pessoa possui genes que irão torná-la mais susceptível a desenvolver a psoríase não significa
que ela terá a doença. Aproximadamente um terço das pessoas com psoríase tem ao menos
um membro da família com a doença. Certos fatores podem desencadear a psoríase naqueles
que possuem os genes. Fatores ambientais como o fumo, a exposição ao sol e o alcoolismo
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podem afetar o quão frequentemente a psoríase ocorre e por quanto tempo as erupções
durarão. O dano à pele é conhecido por desencadear a psoríase. Por exemplo, uma infecção de
pele, inflamação de pele ou mesmo a coceira excessiva pode deflagrar a psoríase. Um número
de medicações pode agravar a doença. As erupções da psoríase podem durar por semanas ou
meses. A doença vai embora por um tempo e depois retorna. A psoríase em placas é o tipo
mais comum de psoríase e é caracterizada por pele vermelha coberta com escamas prateadas e
inflamação. Manchas de placas vermelhas circulares ou ovaladas que coçam são típicas da
psoríase em placas.
Psoríase (do grego psoríasis = erupção sarnenta) já era conhecida desde os tempos mais
remotos, existindo sua descrição e tratamento no Papiro de Ebers datado de 1550 a.C., foi
descrita modernamente por Willan em 1801. Esta doença é uma afecção típica da espécie
humana, não podendo ser reproduzida experimentalmente. Como a acne e o eczema, a
psoríase é uma das dermatoses mais freqüentes e de distribuição universal, sendo possível que
ela ocupe o segundo lugar, por ordem de freqüência, depois dos eczemas. Nas grandes
estatísticas dermatológicas, a psoríase figura entre 5 a 7% dos casos. É uma doença muito
comum, crônica e recorrente, caracterizada por placas e pápulas descamativas, bem
delimitadas, de vários tamanhos e de cor prateada.
A gravidade da psoríase pode variar desde 1 ou 2 lesões praticamente assintomáticas,
até doença generalizada com esfoliação e artrite debilitantes. A causa da doença é
desconhecida, mas sabe-se que a descamação espessa deve-se a um aumento na velocidade de
proliferação das células epidérmicas. Cerca de 2 a 4% da população branca é acometida. Entre
os negros esta porcentagem é bem menor. O aparecimento da doença em geral se dá entre a 1ª
e a 4ª décadas de vida, mas nenhum grupo etário está livre do risco. É comum haver história
familiar de psoríase. O estado geral do paciente não é afetado, exceto pelo estigma
psicológico de uma doença "feia", a menos que haja artrite grave ou esfoliação resistente ao
tratamento. A psoríase é mais frequente no sexo feminino antes da puberdade, enquanto que
no homem, a doença costuma iniciar-se mais tarde, entre os 15 e 30 anos de idade. Em apenas
2% dos pacientes, a psoríase se instala após os 60 anos de idade. O aparecimento da doença
em geral é gradual. A evolução típica do quadro se dá com remissões e recidivas crônicas (às
vezes com exacerbações agudas), que variam tanto na freqüência quanto na duração. Há
diversos fatores relacionados com o aparecimento das erupções psoriásicas. Entre eles temos
traumatismo local (fenômeno de Koebner, que se constitui no aparecimento de lesões sobre o
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local onde ocorreu um trauma), queimadura solar intensa, estado emocional, medicamentos
tópicos, suspenção de tratamento com corticóides, pós infecção das vias aéreas superiores
(principalmente em crianças).
As lesões, eritemático-escamosas ou descamativas, têm limites nítidos, tamanhos e
formas diversas, podendo surgir em qualquer parte da pele, ainda que sejam mais habituais
em certos locais (couro cabeludo, cotovelos, joelhos, o dorso e as nádegas). Com efeito, as
lesões podem ser muito pequenas, em pontos (psoríase pontuada), de tamanho lenticular
(psoríase em gotas ou psoríase lenticular), ou do tamanho de moedas (psoríase numular),
porventura em forma de anéis (psoríase anular) ou em figuras serpiginosas (psoríase
serpiginosa), às vezes muito extensas (psoríase geográfica). É óbvio, porém, ser possível
aparecerem no mesmo doente diversas modalidades morfológicas. As lesões podem ser muito
discretas em qualquer região do corpo, surgir em locais dispersos e até em toda a superfície
cutânea.
Sendo habitualmente fácil o diagnóstico da psoríase, em alguns casos pode ser
necessário comprová-lo. Para isso, tem importância a curetagem metódica de Brocq, que
consiste em rapar a lesão psoriática com uma cureta ou simplesmente com a unha, destacando
sucessivas camadas de escamas (sinal da vela). Aparecerá uma última fina camada
epidérmica, a qual, arrancada, evidencia uma superfície brilhante e momentos depois hão de
surgir algumas gotículas de sangue (sinal do orvalho hemorrágico ou sangramento de
Auspitz). Em volta das lesões observa-se, freqüentemente, uma área pálida, decorrente de
provável constricção vascular (anel ou halo de Woronoff).
Podemos distinguir três modalidades clínicas da psoríase, a psoríase vulgar, a psoríase
pustulosa e a psoríase artropática. A psoríase vulgar responde por cerca de 90% dos casos
que, por sua vez, apresenta as formas "pontuada", "em gotas", "numular", "geográfica", etc. A
psoríase pustulosa caracteriza-se por pústulas estéreis, que acometem as palmas e as plantas
ou são generalizadas, nem sempre apresentando lesões típicas da psoríase. A psoríase
artropática lembra muito a artrite reumatóide e pode ser tão debilitante quanto ela, não se
encontra, no entanto, o fator reumatóide no soro do paciente.
A doença evolui por surtos de intensidade variável durante toda a vida. Pode, porém,
desaparecer durante um tempo mais ou menos longo, de meses ou anos, espontaneamente ou
após terapêutica.
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O prognóstico depende da gravidade e da extensão do acometimento inicial. Em geral,
observa-se que quanto mais cedo ocorrer a doença, pior o prognóstico. As crises agudas em
geral melhoram logo, mas a remissão total do quadro é rara. Nenhum dos métodos
terapêuticos conhecidos até hoje garantem a cura, mas é possível controlar a doença na
maioria dos casos. O tratamento deve ser sempre acompanhado por um médico.
Tipos e sintomas:
- Psoríase Vulgar – lesões de tamanhos variados, delimitadas e avermelhadas, com escamas
secas, aderentes, prateadas ou acinzentadas que surgem no couro cabeludo, joelhos e
cotovelos;
-· Psoríase Invertida – lesões mais úmidas, localizadas em áreas de dobras como couro
cabeludo, joelhos e cotovelos;
- Psoríase Gutata – pequenas lesões localizadas, em forma de gotas, associadas a processos
infecciosos. Geralmente, aparecem no tronco, braços e coxas (bem próximas aos ombros e
quadril) e ocorrem com maior frequência em crianças e adultos jovens;
- Psoríase Eritrodérmica – lesões generalizadas em 75% ou mais do corpo;
- Psoríase Ungueal – surgem depressões puntiformes ou manchas amareladas principalmente
nas unhas da mãos;
- Psoríase Artropática – em cerca de 8% dos casos, pode estar associada a comprometimento
articular. Surge de repente com dor nas pontas dos dedos das mãos e dos pés ou nas grandes
articulações como a do joelho;
- Psoríase Pustulosa – aparecem lesões com pus nos pés e nas mãos (forma localizada) ou
espalhadas pelo corpo;
- Psoríase Palmo-Plantar – as lesões aparecem como fissuras nas palmas das mãos e solas dos
pés.
Tratamento:
A psoríase é uma doença que por enquanto não tem cura, no entanto, existem medicamentos
que ajudam a acalmar e diminuir a velocidade da evolução da doença.
O sucesso da terapia depende igualmente da gravidade da doença. A escolha do tratamento
depende dos seguintes fatores:
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Do tipo de psoríase
Do alcance e a gravidade da psoríase
Da idade, sexo e condição de vida do paciente
-Da reação do paciente aos tratamentos anteriores
Para resumir, aqui estão alguns tratamentos bastante utilizados em caso de psoríase. É claro
que todos os tratamentos listados abaixo devem ser prescritos por um médico.
Opções em caso de psoríase leve (via tópica)
- Corticoides (=dermocorticóides)
Trata-se geralmente da primeira medida tomada pelo médico em caso de psoríase leve.
O médico prescreve então cremes ou loções com cortisona e derivados. Observamos que
existem diferentes “forças” de corticoides. O seu médico ou farmacêutico lhe informará sobre
os cremes à base de cortisona e derivados. Ressaltamos também que não se deve interromper
bruscamente a terapia com dermocorticóides, mas diminuir a dose progressivamente.
Derivados da vitamina D3:
Utiliza-los em geral, em forma de cremes, loções ou pomadas. Por exemplo, cremes a base de
cacitriol, tacalcitol ou de calcipotriol.
Outros tratamentos locais como aqueles a base de alcatrão (bem atuais) ou ainda de ácido
salicílico (concentração de 5, 10 ou 25%) da classe dos queratolíticos,em forma de creme ou
pomada, que permite suavizar as placas de psoríase (em um primeiro momento)
Opção em caso de psoríase severa (via oral)
- A PUVAterapia, que consiste em utilizar um medicamento do tipo psoralene e se expor a
ultravioletas A. O psoralene aumenta a receptividade da pele à luz.
- Imunossupressores (novos tratamentos da psoríase)
- O metotrexato(a ser tomado em forma injetável em s.c. i.m. ou i.v ou em forma de
comprimidos). Atenção o metotrexato deve ser tomado uma vez por semana e não todos os
dias, pelo menos para as indicações de psoríase e poliartrite reumatóide. Ressaltamos que o
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metotrexato é particularmente eficaz em caso de reumatismo psoriásico, pois ele age também
sobre a artrite.
- A ciclosporina (a ser tomada em geral, em forma de cápsula)
Biológicos (também chamados de bioterapêuticos ou imunológicos)
- Os anti-TNF-alfacomo o etanercept,adalimumabou infliximab
- Os moduladores dos linfócitos T,como o efalizumab ou alefacept.
A psoríase é uma doença de evolução crônica e não há como preveni-la, sendo possível
controlar sua reincidência. O tratamento procura principalmente reduzir o número e a
gravidade das lesões e vai depender das características do paciente. Os medicamentos
utilizados podem ser tópicos (para passar no corpo) ou sistêmicos (devem ser ingeridos).
Casos leves e moderados (cerca de 80%) podem ser controlados com o uso de medicação
local, hidratação da pele e exposição ao sol. É importante salientar que qualquer tratamento
deve ser feito sob rigorosa orientação médica, de forma persistente, sendo necessário, em
alguns casos, suporte psicológico para uma melhor adaptação ao impacto provocado pela
doença. Tratamentos tópicos e FTU (Finger Tip Unit - Unidade Dedo Indicador).
Uma medicação tópica é uma medicação que é utilizada externamente, aplicada diretamente
na pele. O tratamento é tipicamente composto por um creme ou uma pomada que são
aplicados localmente na zona afetada.
Os tratamentos tópicos são as terapias de primeira linha, o que significa que estes tratamentos
são normalmente utilizados antes dos tratamentos sistémicos.
A FTU (Finger Tip Unit - Unidade Dedo Indicador) é a chave de como aplicar corretamente
um tratamento tópico. A FTU é uma medida individual simples que lhe indica exatamente a
quantidade de creme ou de pomada a aplicar na lesão psoriásica. A FTU é a quantidade de
creme ou pomada que cobre a distância da ponta do seu dedo indicador até à primeira
articulação quando aperta o tubo do medicamento - ver imagem abaixo. Uma FTU será
suficiente para cobrir uma superfície corporal equivalente a 2 mãos. Assim, 2 FTUs serão
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suficientes para cobrir uma superfície corporal equivalente a 4 mãos. De seguida encontrará
mais informações acerca dos diferentes tratamentos tópicos.
Associação de calcipotriol e betametasona
Encontra-se disponível um novo tratamento sob a forma de uma combinação de um análogo
de vitamina D3 e um corticosteróide.
Este deve ser aplicado 1xdia, estando comprovado ter uma ação rápida e eficaz. A maioria dos
doentes terá uma remissão no espaço de 4 semanas de tratamento.
Os efeitos secundários são poucos. Num estudo de segurança a longo prazo, concluiu-se que o
produto é bem tolerado. Os efeitos secundários são os mesmos do calcipotriol, apesar das
irritações cutâneas serem menos significativas.
Foi concebido para pessoas com psoríase vulgar ligeira, moderada ou grave, cuja área
afectada não é superior a 30% da área de superfície corporal.
Encontra-se disponível apenas sob a forma de pomada.
Calcipotriol
O calcipotriol é um análogo da vitamina D3 para a psoríase vulgar. O modo de ação não é
totalmente compreendido, mas acredita-se que o calcipotriol actua através da desaceleração da
hiperproliferação de queratinócitos e das alterações imunitárias na pele psoriásica.
Deve ser aplicado 2xdia, com aproximadamente 70% dos doentes a apresentar uma remissão,
ou remissão parcial, após 8 semanas de tratamento.
Os efeitos secundários mais frequentes são irritação cutânea, comichão (prurido) e sensação
de queimadura, que ocorre em 10-15% dos doentes.
Alcatrão mineral
Esta forma de tratamento é muito antiga, mas ainda pode ser encontrada em champôs para a
psoríase ligeira do couro cabeludo, assim como em alguns tratamentos hospitalares
intensivos.
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O exato mecanismo de ação é desconhecido, mas o alcatrão mineral torna a pele mais sensível
à luz e pode ajudar a desacelerar a rápida proliferação de queratinócitos. O alcatrão ajudar
também a reduzir a inflamação, o prurido e a descamação da pele.
As melhorias são habitualmente notadas em poucas semanas, mas pode levar até 2 meses para
se alcançarem os benefícios máximos.
O alcatrão mineral contém mais de 10.000 ingredientes, dos quais apenas 50% foram
identificados, podendo existir uma grande diferença nas formulações disponíveis.
Corticosteróides (também denominados esteróides)
Os corticosteróides e esteróides são habitualmente utilizados na psoríase ligeira a moderada.
Os esteróides têm uma ação rápida, mas a segurança no tratamento a longo prazo não foi
estudada.
Os esteróides de venda livre são (na maioria dos países) demasiado fracos para serem eficazes
na psoríase.
Emolientes, óleos para banho e duche
Os emolientes, óleos para banho e duche, podem hidratar a pele e ajudar esta a sarar, ajudando
ainda a manter a pele limpa e isenta de psoríase.
Existem muitas formulações e marcas diferentes de venda livre.
Ácido salicílico
O ácido salicílico é frequentemente combinado com outros produtos tópicos para aumentar o
seu efeito. Está presente em champôs, sabonetes, loções e geles, sendo um queratolítico, ou
seja, é principalmente eficaz na remoção de escamas. O ácido salicílico tem pouco efeito
terapêutico na lesão psoriásica em si. Encontra-se disponível em várias dosagens diferentes.
As preparações mais fortes podem irritar a pele se lá for deixado muito tempo.
Tazaroteno
O tazaroteno é um retinóide tópico que é utilizado para tratar a psoríase em placas ligeira a
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moderada. É um derivado da vitamina A, sujeito a receita médica, que atua através da
desaceleração da hiperproliferação de queratinócitos
Tratamentos sistémicos
Os tratamentos sistémicos não são aplicados diretamente na pele, mas administrados de várias
maneiras (comprimidos, injeções, fototerapia, etc.). Estes tipos de tratamentos afetam todo o
organismo e, por conseguinte, são apenas utilizados nas formas graves de psoríase.
Existem muitas medicações sistémicas diferentes, incluindo:
Terapias biológicas
Os agentes biológicos são feitos a partir de fontes vivas que atuam no sistema imunitário. As
terapias biológicas escudam as proteínas e células envolvidas na psoríase.
As terapias biológicas encontram-se disponíveis há muito para outras doenças, estando agora
a começar a ser aprovadas para o tratamento da psoríase.
Ciclosporina
A ciclosporina é um fármaco que desacelera o crescimento da pele ao evitar alguma da
atividade do sistema imunitário. Este medicamento é imunossupressor e antifúngico. Tem
sido largamente utilizado para prevenir a rejeição de órgãos transplantados. Tem sido
aprovado para o uso na psoríase, mas é normalmente reservado para os casos graves em que
outras terapias falharam. Quando usado para a psoríase, a dose é muito menor do que a
utilizada para a prevenção da rejeição de órgãos transplantados. Mais de 90% dos doentes
registam uma remissão com a ciclosporina.
Os efeitos secundários podem ser graves, sendo necessária uma seleção e monitorização
cuidadosa dos doentes quando a ciclosporina é prescrita. Os efeitos secundários graves
incluem insuficiência renal e hipertensão. Os outros efeitos secundários incluem hirsutismo
(crescimento piloso excessivo) e hiperplasia das gengivas. Os homens podem registar um
crescimento das mamas. Outra questão importante está relacionada com o facto de quando o
tratamento é interrompido a psoríase ter normalmente uma recidiva.
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Fototerapia
Não se sabe exatamente como a luz atua na pele, mas sabe-se que a luz natural e as diferentes
formas de tratamentos UV podem melhorar a psoríase. Os raios UV são utilizados para tratar
a psoríase moderada a grave que é resistente aos cremes e pomadas tópicas.
A fototerapia é normalmente administrada numa clínica de dermatologia.
Atualmente existem três tipos de tratamento ultravioleta (UV):
•
Tratamento UVB
Para receber este tratamento irá entrar numa caixa de luz (que não é um solário),
usando óculos protetores e outro tipo de proteção. A pele é exposta a raios UVB
durante um período de tempo específico. Os raios UVB devem ser administrado por
um foto dermatologista experiente. A maioria dos doentes precisa de 18-30
tratamentos antes de começar a notar uma melhoria substancial.
•
Tratamento PUVA
PUVA é a combinação da exposição a raios UVA com um agente fotossensibilizador
(administrado separadamente). O tratamento PUVA é eficaz, mas os estudos recentes
sugerem que acarretam um risco de lesão cutânea e de cancro.
•
UVB de banda estreita, ou fototerapia a laser
Neste tratamento uma radiação UV de elevada intensidade é administrada com
precisão nas células cutâneas afectadas. Este tipo de exposição UV é eficaz e
normalmente mostra resultados após aproximadamente 10 a 13 exposições durante 3 a
4 semanas.
Metotrexato (MTX)
O MTX é um medicamento que desacelera o crescimento das células cutâneas e que suprime
o sistema imunitário. Este fármaco citotóxico era originalmente utilizado para tratar o cancro,
tendo sido aprovado para o uso na psoríase nos anos setenta. É eficaz, mas tóxico para as
células e outros sistemas orgânicos. O MTX pode ser administrado oralmente ou por injecção.
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Este medicamento não deve ser administrado a pessoas com um consumo regular de álcool, a
pessoas que têm uma função hepática ou renal anormal, a imunodeficientes ou a pessoas com
uma infecção activa.
As funções renal, hepática e da medula óssea têm que ser cuidadosamente monitorizadas,
incluindo uma biopsia renal. O MTX pode causar defeitos congénitos ou aborto, não devendo
ser utilizado em mulheres grávidas. Os outros efeitos secundários incluem anemia, náuseas,
fadiga, perda de apetite, fototoxicidade, diarreia, ulceração da boca, cefaleias, febre e arrepios.
Retinóides orais
Derivados da vitamina A, estes medicamentos regulam o modo de crescimento e de
descamação das células cutâneas na superfície da pele. Estes fármacos estão relacionados com
a vitamina A e actuam através da normalização do crescimento dos queratinócitos. Podem ser
úteis no tratamento de formas graves de psoríase que não responderam a outras terapias.
Os efeitos secundários incluem pele seca, lábios gretados, secura dos olhos e das vias
nasais, sensibilidade à luz natural, enfraquecimento do cabelo, formação de espigões nos
ossos longos ou na coluna vertebral. Os retinóides não podem ser utilizados em mulheres
grávidas ou em mulheres que estejam a tentar engravidar. Devido aos potenciais defeitos
fetais graves, as mulheres que estejam a tomar acitretina devem evitar a gravidez durante o
espaço de 3 anos após terem interrompido a toma do medicamento, não devendo igualmente
ingerir álcool durante 1 a 2 meses após a descontinuação.
Aspectos clínicos
A doença manifesta-se com inflamação nas células da pele, chamadas
queratonócitos, provocando o aumento exagerado de sua produção,
que vai se acumulando na superfície e formando placas avermelhadas
de escamação esbranquiçadas ou prateadas. O sistema local (linfócitos
T) é ativado, liberando substâncias mediadoras da inflamação
(citocinas), que aceleram o ritmo de proliferação das células da pele
(MARCHIORI, 2011).
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“As lesões podem ser do tamanho de gotas (gutata) ou de moedas (numular); podem
confluir para formação de figuras policíclicas, como também branquear o centro e permanecer
em atividade na periferia, formando arcos de círculo (gyrata).” (SILVA; SILVA, 2007)
As lesões da psoríase “acometem principalmente joelho, cotovelo, couro cabeludo e
região sacra e, em menor incidência os genitais, lábios, língua, unhas, dedos e palmas das
mãos e dedos e plantas dos pés e também as cartilagens e articulações.” (MARCHIORI, 2011)
“Em razão de suas características, pode ser confundida com outras doenças, tais como
micose, alergia e câncer de pele.” (ARRUDA et al, 2010)
“As unhas são frequentemente envolvidas e traumatismos de qualquer natureza, que
atingem a pele do paciente, podem produzir o aparecimento de novas lesões na área
traumatizada.” (SILVA; SILVA, 2007)
Tratamento e cuidados com a doença
O tratamento para a psoríase pode ser tópico, sistêmico e fototerápico. A escolha do
tratamento depende de cada caso, da qualidade de vida e da apresentação das lesões do
paciente. O tratamento tópico é usado para os casos leves e moderados e às vezes é suficiente
para o controle das lesões. Este tipo de tratamento requer mais do paciente, pois gera
incômodos, mudanças no estilo de vida, e é demorado pois os sintomas e aspectos das lesões
são persistentes. Os mais utilizados são os emolientes e tópicos ceratolíticos que tem a função
de ajudar na barreira lipídica da epiderme, como cita Arruda et al (2010):
”A eleição da droga ou da combinação de drogas a ser empregada dependerá da
ocorrência de doenças pré-existentes, dos tratamentos anteriores e do estilo de vida.”
Ataíde et al (2003) refere que a primeira droga a ser usada no tratamento da psoríase
foi Metotrexato, em 1972, e foi aprovada pelo FDA (Food and Drug Administration). Ainda é
uma das drogas mais utilizadas devido a eficácia, baixo custo e comodidade posológica.
“O Metotrexato é um antimetabólico, análogo ao ácido fólico, que inibe a diidrofolato
redutase, enzima necessária para a síntese de nucleotídeos e aminoácidos.” (ATAÍDE et al,
2003)
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O Metotrexato é “administrado por via oral, rapidamente absorvido e atinge picos de
níveis séricos entre uma a duas horas.” (MARTINS; ARRUDA, 2004)
Ataíde et al (2003) cita os principais efeitos colaterais dessa droga: gastrointestinais e
hepáticos (anorexia, náuseas, diarreia, vômitos e elevação dos transaminases); hematológicos
(leucopenia, anemia, trombocitopenia); cutâneos (rashes eritematosos, bolhas, ulcerações da
pele, necrose, descamação, urticária).
“Os efeitos tóxicos do metotrexato poderiam ter sido minimizados com a
administração profilática de ácido fólico.” (ATAÍDE et al, 2003)
A psoríase por ser uma doença de curso crônico, sem cura, o objetivo do tratamento é
de “retardar a velocidade de reprodução das células epidérmicas, que se encontra mais rápida
que o normal nestes casos, buscando solucionar as lesões psoriáticas e controlar o ciclo
natural da doença.” (ARRUDA et al, 2010)
Segundo Marchiori (2011) a alimentação adequada faz parte do tratamento. Deve-se
evitar alimentos gordurosos, pois sobrecarregam o fígado e acumula toxinas no sangue, e
contribui para o aparecimento ou aumento das lesões. A dieta deve ser rica em ômega 3,
frutas, cereais e vegetais. É necessário também que o portador da psoríase mude o estilo de
vida, incorporando atividades físicas, a fim de diminuir o stress. Para que a adesão ao
tratamento seja positiva é necessário o profissional de enfermagem, formando um vínculo
entre família e paciente. A família precisa de orientação sobre a doença para poder estimular o
paciente a prosseguir com o tratamento e desta forma melhorar a qualidade de vida. O
preconceito ainda é um fator dificultador, por isso é tão importante o esclarecimento.
Considera-se deste estudo sobre psoríase que esta é uma doença crônica e muito
comum no Brasil, e que ainda é pouco explorada e requer, portanto, uma investigação mais
aprofundada e atualizada a fim de possibilitar avanços para melhor qualidade de vida a essa
clientela. O profissional de enfermagem tem um papel importante na fase de tratamento com o
paciente. Para que a adesão ao tratamento seja positiva é necessário o profissional de
enfermagem, formando um vínculo entre família e paciente. A família precisa de orientação
sobre a doença para poder estimular o paciente a prosseguir com o tratamento e desta forma
melhorar a qualidade de vida. O preconceito ainda é um fator dificultador, por isso é tão
importante o esclarecimento.
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REFERÊNCIAS
ARAUJO, M.L.D.; BURGOS, M.G.P.; MOURA, I.S.C. Influências nutricionais na psoríase.
An. Bras. Dermatol., v.84, n.1, Rio de Janeiro, jan./fev., 2009. Disponível em:
<http://www.scielo.br>. Acesso em: 25 jun.2011.
ARRUDA, C.S. et.al. Avanços e desafios da enfermagem na produção científica sobre
psoríase. Rev. Bras. Enferm., v.63, n.2, Brasília, mar./abr., 2010. Disponível em:
<http://www.scielo.br>. Acesso em: 25 jun.2011.
ATAÍDE, D.S.T. et.al. Ulceração das placas psoriáticas – efeito cutâneo adverso do
metotrexato em altas doses no tratamento da psoríase: relato de três casos. An. Bras.
Dermatol., v.78, n.6, Rio de Janeiro, nov./dez., 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br>.
Acesso em: 25 jun.2011.
- Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional do Estado de São Paulo
- Sociedade Brasileira de Dermatologia
- Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná
- http://www.ministerio.saude.br/
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