MUDANÇA SINTÁTICA E ESTILO: INVESTIGANDO A INFLUÊNCIA DO GÊNERO EM UM PROCESSO DE MUDANÇA NA HISTÓRIA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO Marco Antonio Martins1 Introdução O objetivo central deste capítulo é levantar algumas questões acerca da relação entre mudança linguística e estilo, entendendo que uma das possibilidades de observar questões de estilo na diacronia é controlando diferentes gêneros textuais2. Em busca desse objetivo, analiso a influência de diferentes gêneros em um processo de mudança gramatical no Português Brasileiro (PB): a colocação dos pronomes clíticos em um contexto sintático bastante específico – estruturas com complexos verbais. Retomo resultados de diferentes estudos diacrônicos considerando diferentes gêneros, assim como apresento resultados preliminares de uma análise de dados extraídos de textos do corpus mínimo comum impresso do Projeto nacional para a História do Português Brasileiro (PHPB): Cartas de leitores, Cartas de redatores e Anúncios de jornais brasileiros publicados no Rio de Janeiro e na Bahia no curso dos séculos XIX e XX. A organização do corpus mínimo comum é uma tarefa que está na agenda dos pesquisadores integrados ao PHPB das diferentes regiões do Brasil, sob a coordenação geral do professor Ataliba de Castilho3. Em relação à colocação dos pronomes clíticos na diacronia do português brasileiro, três contextos sintáticos têm se mostrado significativamente relevantes no que diz respeito à implementação da próclise (CARNEIRO, 2006, MARTINS, 2009, CARNEIRO; GALVES, 2011): (i) orações finitas afirmativas não dependentes com o verbo em primeira posição absoluta – contexto V1 –; (ii) orações com um sujeito, um advérbio não modal e um sintagma preposicional, não focalizados – contexto XV –; e (iii) orações com lexias verbais complexas 1 Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: [email protected]. Entendo por gênero aqui o que assume Bakthin (1997, p, 281): “[q]ualquer enunciado considerado isoladamente é, claro, individual, mas cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que denominamos gêneros do discurso. (p. 281). Muito embora não considere a dicotomia gêneros textuais vs. gêneros discursivos, na direção do que propõe Marcuschi (2008, p. 155): “Gênero textual refere os textos materializados em situações comunicativas recorrentes. [...] São formas textuais escritas ou orais bastante estáveis, histórica e socialmente situadas”. 3 Parte do corpus está disponível no site do projeto <https://sites.google.com/site/corporaphpb/>. 2 – contexto V1V2. Desses três contextos, recorto para a análise neste capítulo apenas os complexos verbais, tendo em vista ser este um dos contextos menos marcado estilisticamente quando considerados dados de fala (e mesmo de escrita). Em relação aos diferentes gêneros observados no curso dos séculos XIX e XX, minha hipótese é a de que, independente do contexto sintático, a implementação da próclise no PB segue um mesmo padrão sintático. No caso das construções com lexias verbais, há em todos os gêneros um significativo aumento das construções V1 cl-V2, que caracterizam uma inovação na gramática dessa língua. A proposta deste capítulo é, pois, levantar algumas questões acerca da relação entre mudança sintática e estilo. Ou, dito de outro modo, buscar respostas para as seguintes questões: (i) de que maneira, nos estudos em sociolinguística variacionista ou em sintaxe diacrônica, podemos controlar o estilo, como uma variável, com especial atenção à mudança sintática? (ii) Como controlar questões de estilo em trabalhos diacrônicos? (iii) Qual a relação entre estilo e mudança sintática, considerando a mudança associada à próclise ao verbo temático em lexias verbais? O capítulo está dividido em duas partes. Na primeira delas, retomo algumas questões teóricas que estão no cerne da discussão sobre a influência do gênero textual na implementação de processos de mudança na sintaxe, considerando que o que se tem feito em estudos sociolinguísticos numa perspectiva diacrônica no Brasil em relação à observação do estilo na diacronia é basicamente o controle de diferentes gêneros textuais. Na segunda, apresento resultados de diferentes estudos sobre a sintaxe dos clíticos em complexos verbais considerando gêneros textuais vários na história do português brasileiro e mostro evidências empíricas de que a influência do gênero textual parece estar associada ao contexto sintático observado. 1. O estilo em estudos diacrônicos variacionistas: por uma “sociolinguística histórica” Uma questão interessante quando considerada a relação entre estilo e mudança linguística em estudos diacrônicos, sobretudo em estudos que tomam por base o modelo teórico-metodológico da sociolinguística variacionista, é: como se tem “controlado” o estilo na diacronia?4 Muito pouco se tem falado sobre uma metodologia voltada a uma “sociolinguística histórica” no Brasil. Desde os trabalhos desenvolvidos e orientados por 4 O capítulo de Coelho e Nunes de Souza neste volume aventa uma proposta metodológica para o controle da variação estilística em pesquisas diacrônicas. Fernando Tarallo e Mary Kato, num “projeto herético” (TARALLO E KATO (2007 [1989]), já nas décadas de 1980 e 1990, a metodologia da sociolinguística laboviana, centrada numa proposta de análise de dados de fala, tem sido aplicada a estudos diacrônicos. A questão que quero levantar aqui diz respeito ao fato de que se tem aplicado uma metodologia que foi concebida, num primeiro momento, para a análise de dados de fala, extraídos de uma comunidade de fala, para estudos de processos de mudança/variação histórico-diacrônicos. Desde os trabalhos agora clássicos que instauram o modelo teórico-metodológico da sociolinguística variacionista – ou sociolinguística laboviana (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006 [1968], LABOV, 2008 [1972]), para o estudo da mudança linguística, interessa estudar processos de variação e mudança captados basicamente em entrevistas sociolinguísticas que busquem retratar a fala cotidiana e coloquial. De acordo com o modelo, o vernáculo (tal como definido em Labov, 1972), por refletir a linguagem usual e livre de pressões normativas, é o locus da mudança. No Brasil, diferentes grupos de pesquisa, a partir da década de 1970, adotando a metodologia da sociolinguística, constituíram diversos bancos de dados de fala para estudos de diferentes fenômenos que caracterizam o Português Brasileiro: Mobral Central, Norma Urbana Culta (NURC), Programa de Estudos sobre o Uso da Língua (PEUL), Variação Linguística na Região Sul do Brasil (VARSUL) e Variação Linguística no Estado da Paraíba (VALPB) são alguns deles (cf. PAIVA E DUARTE 2006). Em relação aos estudos diacrônicos, no Brasil, se tem aplicado a metodologia da sociolinguística variacionista (ou sociolinguística laboviana) na seleção, categorização e análise dos dados. É necessário levar em conta, no entanto, que tal metodologia pode ser aplicada a estudos histórico-diacrônicos se consideradas determinadas ressalvas, tendo em vista as particularidades que envolvem o controle das variáveis sociais como idade e escolaridade dos informantes, por exemplo. No trato com os dados linguísticos deixados pelo tempo em um documento escrito de sincronias passadas, a recuperação das informações sócio-históricas do texto e das condições de produção desses textos, apesar de extremamente relevantes para o desenvolvimento de um estudo sociolinguístico, constitui uma difícil tarefa para o pesquisador. Bastante debatido já é o fato de que uma das maiores dificuldades encontradas para quem se propõe a estudar a mudança linguística refletida em sincronias passadas ou na comparação entre diferentes sincronias – numa perspectiva diacrônica – é a disponibilização de textos que possam servir de fontes para a obtenção de dados. De acordo com Labov (1994, p. 11), a “Linguística Histórica pode ser entendida como a arte de fazer o melhor uso de maus dados” (tradução nossa), uma vez que as fontes de que se dispõe são aquelas deixadas pela história, pelo tempo, sendo sempre o produto de uma série imprevisível de forças e acidentes históricos. Para além do problema em se encontrar dados, estão aqueles associados à recuperação de informações sócio-históricas das condições de produção dos dados encontrados. Sobre esse aspecto, nas palavras de Lobo (1998), [o] linguista historiador da língua, diferentemente daquele dedicado aos estudo da língua sua contemporânea (sic), tem o seu campo de observação limitado por três fatores exteriores: a documentação que se conservou, o estado de conservação em que se encontra e, ainda, os marcos temporais que tal documento abrange (p. 178). Dentre os diferentes textos escritos que têm servido como fonte para o estudo da mudança linguística, sobretudo em pesquisas sobre a diacronia do Português Brasileiro, muitos estudos têm utilizado peças de teatro e cartas particulares/privadas, talvez por tais gêneros apresentarem características que facilitam a identificação de determinados fenômenos linguísticos. De certo modo, esses dois gêneros da escrita refletem uma norma mais “descuidada”, mais vernacular, em relação à padronização característica de textos escritos, de modo que nessa escrita podem ser observados com mais facilidade fenômenos característicos da gramática do indivíduo que escreve. Berlinck, Barbosa e Marine (2008, p. 171), ao tomarem como foco de estudo (a importância de) o gênero na constituição de corpus para a observação da mudança linguística numa perspectiva histórica, atentam para o fato de que “se a mudança nasce na e da variação, e se essa é característica da língua falada, cabe ao historiador da língua buscar nos documentos históricos disponíveis aqueles que mais refletem a linguagem usual, livre das pressões normativas – o vernáculo (tal como definido por Labov, 1972)”. Nesse sentido, gêneros “mais formais” – tais como documentos oficiais, textos literários, editoriais – não deveriam ser considerados. No entanto, como bem apontam as autoras, a escassez de fontes para quem se volta ao estudo da língua numa perspectiva histórica é um ponto crucial para que todos os textos disponíveis – encontrados – sejam de extrema relevância e devam sim ser considerados. As autoras exemplificam o uso de cartas e peças de teatro como fontes para estudos de fenômenos linguísticos numa perspectiva histórica. Sobre os estudos em sociolinguística numa perspectiva diacrônica, mais especificamente os desenvolvidos no Brasil, há uma outra questão, particularmente relevante, que não aparece na discussão sistematizada em Berlinck, Barbosa e Marine (2008). Como já dito, o que se tem feito em muitos estudos diacrônicos é tomar por base a metodologia da sociolinguística variacionista, que está centrada na comunidade de fala – e em dados de língua falada, portanto – para o estudo da variação/mudança em textos escritos de tempos passados. É necessário que se sistematize, no entanto, em uma metodologia que considere a natureza diferenciada das fontes – evidentemente diferente – da língua falada e de textos escritos – sobretudo daqueles escritos em sincronias passadas. Não somente as fontes de onde são extraídos os dados mas, e sobretudo, as informações sócio-históricas relevantes na produção dos textos, são muito diferentes. Há, certamente, particularidades que precisam ser consideradas para que um dado processo de mudança linguística possa ser descrito/explicado no sentido de minimizar a influência da fonte da qual os dados são extraídos. Um ponto é consensual: em estudos diacrônicos, na busca pelo “vernáculo” de uma “comunidade de fala”, determinados gêneros discursivos, por apresentar uma escrita mais informal – ou por representar a fala de um personagem ou por materializar o diálogo entre dois informantes – podem oferecer bom dados para o estudo de processos de mudança linguística. No Brasil, com os trabalhos desenvolvidos/orientados por Fernando Tarallo e Mary Kato, instaurou-se nas décadas de 1980 e 1990 uma forte tendência para os estudos diacrônicos tendo em vista os pressupostos teórico-metodológicos da sociolinguística variacionista, sobretudo para o diagnóstico da gramática do PB. Naquele momento, muitos estudos voltados a análises de diferentes fenômenos morfossintáticos numa perspectiva diacrônica consideraram dados empíricos extraídos de peças de teatro. Tomam-se, por exemplo, os trabalhos reunidos em Roberts e Kato (1993), Português Brasileiro – uma viagem diacrônica. Nessa obra, já clássica para o estudo de formação do PB, os autores apresentam resultados de trabalhos que associam uma análise variacionista diacrônica a uma interpretação gramatical de processos de mudança no quadro da gramática gerativa. A escola de Tarallo e Kato formou um corpo de pesquisadores que têm levado adiante a proposta do “projeto herético”. As peças de teatro têm constituído um corpus representativo para a obtenção de dados empíricos para o estudo/a análise de processos de mudança associados à gramática do PB. Exemplos de trabalhos nessa direção estão reunidos em Duarte (2013), O sujeito em peças de teatro (1833-1992) – estudos diacrônicos. Um outro gênero que tem servido de fonte de dados para estudos diacrônicos sobre a formação do PB são as cartas privadas/particulares. Os trabalhos reunidos em Lopes (2005) e Callou e Barbosa (2011) sobre “a norma brasileira em construção” apresentam um bom panorama de estudos que tomam para análise dados extraídos de cartas particulares. Com o desenvolvimento do projeto nacional PHPB, há uma forte preocupação em se considerar, na gênese do processo de formação do PB, gêneros textuais diversificados, conforme depoimentos e encaminhamentos sobre a constituição de corpora do português brasileiro. Estes estão reunidos nos Anais do projeto (CASTILHO, 1998, MATTOS E SILVA, 2001, ALKMIM, 2002, RAMOS; ALKMIM, 2007, LOBO; RIBEIRO; CARNEIRO; ALMEIDA 2006, AGUILERA, 2009, HORA; SILVA, 2010). Especificamente sobre os corpora que têm sido organizados no âmbito do PHPB, Barbosa e Lopes (2010) apresentam um relato dos textos transcritos e/ou editados pelas equipes regionais do projeto desde seu primeiro seminário, realizado na USP em 1997, até o primeiro semestre de 2003. Os textos que constituem os diferentes corpora organizados no âmbito do projeto nacional ou das equipes regionais dão uma ampla amostra de gêneros textuais diversos: anúncios, cartas de leitores, cartas de redatores, atas da administração privada, cartas manuscritas, certidões, inventários, testamentos, declarações, entremezes. Recentemente, com o objetivo comum voltado à organização da obra coletiva História do Português Brasileiro, sob a coordenação geral do professor Ataliba de Castilho, na perspectiva de consolidar as discussões em torno da constituição de corpora para o estudo do português do e no Brasil, as equipes regionais estão trabalhando na elaboração de um corpus compartilhado do projeto nacional, composto por três conjuntos de textos divididos em “um corpus comum mínimo” de manuscritos – cartas particulares, cartas da administração privada e oficiais, testamentos, processos-crime, atas da Câmara – e de impressos – cartas de redatores, cartas de leitores e anúncios – e “um corpus diferencial” que reúne textos coletados exclusivamente por uma determinada região, ou, em outras palavras, que não serão comuns a todas as equipes que integram o projeto nacional – inventários, memórias históricas e diários, entremezes e outros textos teatrais, inquéritos orais etc. A empreitada nacional em torno do corpus mínimo comum pretende reunir textos, de gêneros textuais específicos de diferentes períodos e regiões, que servirão de material de base para a escrita da História do Português Brasileiro (cf. SIMÕES, 2012). Lopes (2012) chama a atenção para o fato de que na análise de um processo de mudança linguística, não só o gênero deve ser considerado, mas (e sobretudo) deve-se observar a frequência com que um dado linguístico está presente em trechos particulares de um determinado gênero textual. Tais trechos podem, segundo a autora, evocar tradições discursivas específicas e, nesse sentido, um determinado uso não estaria caracterizando o uso de uma época mas sim o de uma tradição discursiva de um gênero. Lopes apresenta como exemplo o uso do pronome “vós” em uma carta particular do século XX que aparece apenas em duas seções específicas: na captação da benevolência e na despedida. Nas demais seções da carta, a forma de tratamento utilizada são os pronomes “tu” e “você”. Para a autora, nas cartas particulares, por conservarem “fórmulas fixas em que se perpetuam ‘tipos estáveis de enunciados” (p. 25), dados extraídos de tais trechos específicos podem enviesar os resultados. É necessário observar, pois, tais trechos a fim de evidenciar se o uso recorrente de um dado não está associado a um trecho que evoque uma tradição discursiva, “o que pode inviabilizar, ou ao menos distorcer, os resultados da pesquisa se não houver controle adequado.” (p. 49) De um modo geral, como dito anteriormente, o estilo tem sido observado/controlado em estudos diacrônicos quando, numa análise variacionista, diferentes gêneros textuais são considerados como fonte para a obtenção de dados. O que se tem evidenciado é que, assim como na fala, determinados fenômenos são aparentemente influenciados pelo grau de formalidade do gênero da escrita, de modo que o gênero pode (ou não) ser um fator relevante na implementação/condicionamento de um processo de mudança. 2. Em busca da influência do estilo (do gênero textual) em um processo de mudança sintática na história do PB: aspectos da colocação dos pronomes clíticos em complexos verbais A sintaxe de colocação dos clíticos pronominais em estruturas verbais complexas tem propriedades bastante particulares, sobretudo no que diz respeito à gramática do PB. Na sequência V1 finito + V2 não finito (temático), o pronome clítico pode estar enclítico ou proclítico a V1; ou enclítico ou proclítico a V2. As possibilidades de ordenação estão associadas à possibilidade de alçamento ou não do clítico ao verbo finito da estrutura, o que tem sido denominado, em sintaxe gerativa, como subida de clíticos. Os exemplos em (1) e em (2), respectivamente, extraídos de Martins (2012, p. 257), sistematizam as diferentes possibilidades de ordenação dos pronomes clíticos nesse contexto. (1) a. Do “Zeppelin” nem LHE QUERO FALAR. (Cascudo, 30 de maio de 1930) b. Primeiro o dr. Lamartine, sem que me falasse, não A TINHA PAGO e segundo não queria eu que você ficasse enrolado nos jornaes daqui como recebendo presentes do Estado. Elle era natural e Você o recebera sem saber. (Cascudo, 07 de janeiro de 1931) c. O acaso TEM-ME FORNECIDO notas de tal maneira preciosas que sou um dos raros conhecedores do velho passado potiguar. (Cascudo, 8 de agosto de 1926) (2) a. No domingo 21 de abril V. DEVE VESTIR-SE, ir para o espelho e comprimentar à la home façon de Brunell. Caso-me ! 16 horas! (Cascudo, 10 de abril de 1929) b. Todos os rapazes conhecem V. e muito o admiram. PODERIA V. AUXILIA-LOS em alguma cousa ? Eles não poderão pagar monetariamente uma colaboração valiosa como a sua. (Cascudo, 15 de agosto de 1931) c. O inimigo era o meu rythmo. Butava por elles as minhas esferas angulares. Esse olhar de attenção curiosa que se cerca ESTÁ ME ALIMENTANDO, mastigando. Estou, moralmente, de sobrecasaca. (Cascudo, 30 de dezembro de 1925) d. Luís Emilio Soto escreveu-me. Encantado com V. Meu livro VAI SE ARRASTANDO. (Cascudo, 28 de abril de 1926) O objetivo desta seção é, tomando por base resultados de estudos sobre o processo de mudança envolvendo a sintaxe de colocação dos clíticos em complexos verbais no PB, mostrar/defender que em determinados casos de variação/mudança na sintaxe – como no caso do fenômeno em tela – o estilo observado a partir do controle de diferentes gêneros textuais não favorece/condiciona o uso de uma ou outra variável. Nesse sentido, assim como em gêneros orais, determinados processos de mudança sintática não são sensíveis a diferentes gêneros da escrita. Divido a discussão que segue em dois momentos. Primeiro retomo resultados de estudos já realizados sobre a evolução da próclise em orações com complexos verbais na diacronia do PB considerando diferentes gêneros textuais. Depois apresento resultados preliminares de uma análise sobre a sintaxe dos clíticos na história do PB considerando parte do corpus mínimo comum impresso do projeto nacional PHPB. 2.1 Retomando resultados de outros estudos... Martins (2012), considerando resultados de diferentes estudos que observam diferentes corpora com gêneros textuais distintos, apresenta um panorama da evolução da próclise ao verbo temático (ou de construções do tipo V1 cl-V2) na diacronia do português brasileiro. Como muito discutido na literatura sobre o tema, a próclise nesse contexto tem sido interpretada como um forte indício da gramática do PB (PAGOTTO, 1992; CYRINO, 1993; NUNES, 1993), em oposição quer à gramática do Português Clássico quer a do Português Europeu. Os resultados retomados por Martins (2012) contemplam estudos sobre a sintaxe dos clíticos em (i) cartas particulares (CARNEIRO, 2005; DUARTE, PAGOTTO, 2006, MARTELOTTA et all, 2009, MARTINS, 2012), (ii) peças de teatro (MARTINS, 2009), (iii) atas escritas por um ex-escravo baiano (CARNEIRO e ALMEIDA, 2009), e (iv) cartas e documentos oficiais dos séculos XVI a XX (PAGOTTO, 1992)5. Os percentuais encontrados nesses diferentes estudos estão sistematizados nos gráficos da Figura 3 apresentados em Martins (2012) que retomo no que segue. 5 A ordem de apresentação dos textos segue a ordem cronológica de publicação dos trabalhos e os diferentes gêneros considerados. Pagotto (1993) é apresentado por ultimo porque o corpus analisado pelo autor se constitui de documentos vários. Figura 1: Próclise ao verbo não finito em contexto V1V2 na diacronia do Português Brasileiro 100 84 80 69 60 40 20 32 25 33 24,24 0 17 0 século 19.1 século 19.2 20 11 0 século 20.1 século 20.2 Carneiro (2005) -­‐ cartas pessoais PagoAo e Duarte (2005) -­‐ cartas pessoais MarteloAa et al. (2009) -­‐ cartas pessoais Carneiro e Almeida (2009) -­‐ atas PagoAo (1992) -­‐ cartas e documentos oficiais Fonte: MARTINS, M.A (2012, p. 259) Observe-se que a média da frequência da próclise a V2 (em contextos V1 cl-V2) nos complexos nos diferentes séculos se mantém a mesma nos diferentes gêneros considerados. Na primeira metade do século XIX, encontramos 25% em cartas particulares; na segunda metade do século XIX, 32%, 31% e 33% em cartas particulares, 24% em atas e 17% em peças de teatro; na primeira metade do século XX, 20% em peças de teatro, 25% em cartas particulares e 11% em cartas e documentos oficiais diversos; e na segunda metade do século XX, 84% em peças de teatro e 69% em cartas e documentos oficiais diversos. As médias das taxas de frequência em cada metade de século, independentemente do gênero textual do qual os dados foram extraídos, são praticamente as mesmas. Não há uma disparidade em relação à frequência de uso da próclise a V2 nos trabalhos apresentados nos diferentes gêneros considerados. É importante observar, no entanto, que estamos comparando resultados de diferentes trabalhos, com metodologias específicas etc., e que a manutenção da taxa de frequência pode estar correlacionada a esse aspecto. De um modo geral, no entanto, tais estudos apresentam um panorama dos padrões de colocação de clíticos em contextos com lexias verbais complexas e esse quadro parece ser o mesmo nos diferentes gêneros da escrita que serviram de corpora. Observando diferentes gêneros textuais de jornais – Edital, Notícias, Aviso, Anúncio, Classificado, Editorial, Artigo, Crónica, Carta de leitor, Nota e Comentário, Biazolli (2010) apresenta uma descrição dos padrões de colocação de clíticos em jornais de São Paulo dos séculos XIX e XX. Apresento muito brevemente, a seguir, os resultados obtidos pela autora para ilustrar a (não) influência do gênero textual no processo de implementação da mudança envolvendo a sintaxe dos clíticos no PB. Observadas as propriedades estruturais e discursivas dos gêneros textuais considerados na análise, Biazolli defende a hipótese de que enquanto o Edital, as Notícias, o Aviso, o Anúncio, o Classificado e o Editorial apresentariam maior frequência de variantes conservadoras, o Artigo, a Crônica, a Carta de leitor, as Notas e os Comentários permitiriam mais variação e consequentemente uma maior recorrência de variantes inovadoras. Em relação aos complexos verbais, não fica bem claro na análise proposta quais variantes são inovadoras e quais são conservadoras. A autora considera apenas três variantes com o clítico em posição pré-, intra- ou pós- verbal. Nas palavras de Biazolli, em relação à sintaxe dos clíticos pronominais em complexos verbais, de acordo com os gêneros textuais considerados na análise, “há pouca, ou quase nenhuma, correlação entre as hipóteses propostas e os resultados averiguados quanto à colocação dos pronomes clíticos, de acordo com os gêneros textuais, em complexos verbais, nos jornais paulistanos.” (BIAZOLLI, 2010, p. 181). De fato, as médias das frequências das três variáveis são muito próximas em todos os gêneros observados. Sobre a variante intra-complexo – em que se somam aparentemente as construções com ênclise ao verbo finito e com próclise ao verbo temático – a média fica em torno de 20%. Observe-se que tal média reproduz aquelas encontradas nos estudos para esse mesmo período retomados anteriormente tendo em vista textos de outras naturezas. Em suma, os resultados aqui reunidos parecem deixar evidente o fato de que o gênero textual não se mostra uma variável relevante no condicionamento do uso de uma ou outra variante no processo de mudança envolvendo a sintaxe da colocação dos pronomes clíticos nas estruturas com lexias verbais complexas no PB. 2.2 Apresentando resultados de uma análise do corpus mínimo comum do projeto PHPB... Considerando ainda a sintaxe de colocação de pronomes clíticos em complexos verbais, passo a apresentar resultados de uma análise preliminar de dados extraídos de três gêneros que compõem o corpus mínimo comum impresso do projeto nacional PHPB: Anúncios, Cartas de leitores e Cartas de redatores/ou Editoriais. Neste momento, apresento resultados considerando dados extraídos apenas de jornais do Rio de Janeiro e da Bahia, disponíveis no site do projeto6. No que se refere às características linguístico-discursivas dos gêneros Carta de leitor e Carta de redator que constituem o corpus mínimo comum impresso do PHPB, selecionados para a análise que apresento a seguir, Simões (2012, p. 155) argumenta: (i) (ii) (iii) Tanto as cartas de leitores como as cartas de redatores estão submetidas a um controle de publicidade muito maior que as outras, o que promove maior foco por parte dos autores nas formulações, que são passíveis de revisão e reformulação antes de sua publicação, o que as aproxima mais da norma culta; As cartas de leitores têm finalidade distinta, podendo dividir-se em subgêneros: carta de reclamação endereçada ao redator, carta pessoal fictícia, [...] O tom emocional perpassa todas essas cartas, o que afeta tanto a escolha do léxico, como as estratégias de argumentação; As cartas de redatores são na maioria das vezes retratações a respeito de alguma reclamação feita por algum leitor ou representam algum tipo de crítica a algum evento ocorrido [...], o que as aproxima do gênero jornalístico editorial. Tomando por base o que destaca Simões sobre as características dos gêneros Cartas de leitor e de redator, poderíamos trabalhar com a hipótese de que tais gêneros, em oposição ao Anúncio, apresentariam baixas taxas da variante inovadora, característica da gramática do PB. A análise que apresento a seguir, que tem por objetivo observar as taxas e os pesos relativos associados ao uso da variante inovadora nos três gêneros, mostra que não é esse o caso. Não há aparente diferença na frequência de uso das construções sem alçamento de clíticos entre os três gêneros. 6 Atualmente, o projeto nacional PHPB conta com a colaboração de treze equipes regionais de diferentes estados das cinco regiões do Brasil. Seleciono para este momento apenas os textos dos estados do Rio de Janeiro e da Bahia porque esses são os únicos estados que têm completas as coletas dos três gêneros da escrita nas duas metades dos séculos XIX e XX. Sobre a sintaxe de colocação dos pronomes clíticos em lexias complexas, muitos estudos em sintaxe diacrônica têm defendido que a gramática do PB teria perdido a possibilidade de alçamento de clíticos; ou seja, teria perdido a possibilidade de um clítico pronominal se adjungir a uma categoria funcional acima da categoria lexical verbal em que recebe papel temático. Assumindo essa proposta, e a assunção de que a variação/mudança na sintaxe é o reflexo do processo de competição de diferentes gramáticas (cf. KROCH, 1989, 2001), tomo para análise a variação/alternância entre (i) as construções com alçamento de clíticos versus (ii) as construções sem alçamento de clíticos. Tomo tais construções como variantes de uma mesma variável. Tenho consciência de que a regra variável definida com a possibilidade de o clítico ser ou não alçado para uma categoria funcional mais alta na estrutura da sentença em uma construção com lexia verbal complexa não constitui propriamente o que Labov (1972) define por regra variável. Antes, nossa proposta estabelece uma definição de regra variável associada à variação/alternância entre diferentes sistemas/gramáticas, no sentido de que a variação gramatical atestada nos dados empíricos pode ser interpretada como o reflexo da competição entre diferentes estruturas geradas por diferentes gramáticas, na direção do que propõe Kroch (1989, 2001). Tendo em vista a alternância entre a possibilidade de alçamento ou não do pronome clítico, os dados foram assim organizados: (I) Variante I. Construções COM alçamento de clíticos Estão aqui (i) construções clV1(X)V2 com próclise ao verbo finito com ou sem presença de material interveniente entre os dois verbos, conforme (3); e (ii) construções V1clV2 com ênclise ao verbo finito com ou sem presença de material interveniente, conforme dado em (4). As construções (ii) são identificadas quando há alguma marca gráfica que garante que há ênclise a V1 ou quando há a presença de material interveniente entre os verbos. (3) Não SE PODERIA DIZER, a rigor, que | a epidemia, considerada “coisa cíclica no esta- | do”, tenha apanhado as autoridades sanitárias de | surpresa. CARredator XX 2 RJ – Jornal do Brasil, 27 de março de 1998 (4) Al- | guns chegam a dizer que em 90 dias | PODE-SE DESPEJAR uma familia de | uma residência. CARleitor XX 2 RJ - O Jornal do Brasil, 7 de dezembro de 1976 (II) Variante II. Construções SEM alçamento de clíticos Estão nesta variante (i) construções V1(X)V2cl com ênclise ao verbo não finito com ou sem presença de material interveniente entre V1 e V2, conforme (5); e (ii) construções V1(X)cl-V2 com próclise ao verbo não finito com ou sem presença de material interveniente entre os verbos, conforme (6). (5) Os guardas PO- | DEM COMUNICAR-SE através do rádio e telefones portá- | teis para sincronizaros sinais e fazer com que as | normas de interesse geral sejam respeitadas. CARredator XX 2 RJ – Jornal do Brasil, 22 de junho de 1992 (6) PODEMOS NOS COMUNICAR | com milhões de pessoas em lugares remotos, com | rapidez assombrosa. CARredator XX 2 RJ – Jornal do Brasil, 3 de agosto de 1990 Considero, então, a alternância entre construções com e sem alçamento de clíticos em três gêneros diferentes do corpus mínimo comum do PHPB tendo por principal objetivo diagnosticar a influência do estilo no uso de uma ou outra variante. Para este momento, considerei na análise as seguintes variáveis independentes: Tipo e natureza de V1 (verbo não temático), Natureza de V2, Verbo em V2, Gênero textual, Período de publicação do texto, e Estado (Rio de Janeiro e Bahia). Na amostra, somam-se 285 ocorrências de clíticos em complexos verbais, desconsiderando as construções passivas que apresentam uma sintaxe particular em relação à possibilidade de o clítico ser ou não alçado para um domínio funcional da sentença no PB (REIS, 2011). Os dados foram submetidos aos programas do pacote estatístico GoldVARB (2001) e, das três variáveis selecionadas na rodada binomial como estatisticamente significativas no uso da variante sem alçamento de clíticos, o “gênero textual” não se mostrou relevante, conforme resultados sistematizados na Tabela 1 a seguir7. 7 Não vou detalhar neste momento/neste espaço a análise das variáveis independentes controladas tendo em vista que para o objetivo aqui proposto apenas aquela referente ao gênero textual é relevante. O detalhamento da análise pode ser encontrado em Martins (2013). Gêneros discursivos do corpus mínimo impresso PHPB Cartas de leitores Cartas de redator/editorial Anúncios Total 43/150 - 28% 27/55 - 49% 21/80 - 26% 91/285 - 31% Log likelihood = - 152,329; Significance = 0,003 Tabela 1: Frequência de uso das construções SEM alçamento de clíticos sob o efeito da variável gêneros textuais Observe-se que no processo de implementação da mudança envolvendo as construções sem alçamento de clíticos em lexias verbais complexas em textos de jornais do Rio de Janeiro e da Bahia dos séculos XIX e XX, a variável “gênero textual” não se mostrou estatisticamente relevante por não ter sido selecionada pelo GoldVARB e os percentuais encontrados nos três gêneros considerados foi bastante parecido entre si e àqueles obtidos em outros estudos considerando outros gêneros no mesmo período (primeira e segunda metades dos séculos XIX e XX), conforme discussão na seção anterior: 28% para as Cartas de leitores; 49% para as Cartas de redatores e 26% para os Anúncios. Há uma leve diferença na frequência das construções em tela nas Cartas de leitores, mas há um maior número de dados brutos obtidos nesse gênero em relação aos demais. Considerações finais Os resultados apresentados/discutidos neste capítulo deixam evidente o fato de que o gênero textual não se mostra uma variável relevante no condicionamento do uso de uma ou outra variante no processo de mudança envolvendo a sintaxe da colocação dos pronomes clíticos em estruturas com lexias verbais complexas no PB. Tal quadro coloca em tela uma discussão em torno da relação entre estilo e mudança linguística, que se reflete quer em dados de fala quer em dados extraídos de textos em sincronias passadas. Determinados processos de mudança gramatical parecem não ser sensíveis a fatores estilísticos. E, nesse sentido, a influência do gênero textual, ou do estilo, em um processo de mudança sintática fica condicionada à natureza do fenômeno observado. No caso da mudança associada à sintaxe dos pronomes clítico em lexias verbais, a taxa observada é a mesma, o que evidenciaria que tal condicionamento não se aplica, pelo menos nos estudos aqui retomados e na amostra analisada. Para além das questões voltadas à relação entre mudança sintática e estilo em estudos diacrônicos, levantamos aqui uma segunda questão relevante para os estudos na área que diz respeito ao uso da metodologia da sociolinguística variacionista na análise de dados extraídos de textos de sincronias passadas. Sobre esse aspecto, não só a coleta de dados é bastante particular, como também (e principalmente) o é a recuperação das informações sóciohistóricas dos textos e de suas condições de produção que servem de fontes de dados. Questões que envolvem uma “sociolinguística histórica” precisam estar na agenda dos que se interessam pelo estudo da mudança linguística em tempo real. Referências AGUILERA, Vanderci de Andrade (Org.). 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