Aulas 13 e 14 Modalidades da atividade racional: empirismo e idealismo. (continuação) CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. Ática, 1995. LOGOS. Enciclopédia Luso Brasileira de Filosofia. ARANHA, Maria Lúcia Arruda. et. al. Filosofando: uma introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1987. Esquema de quadro: 1) 2) 3) 4) Realismo e idealismo – Introdução Empirismo Inatismo Idealismo 1) REALISMO E IDEALISMO – INTRODUÇÃO Falamos na aula anterior de razão objetiva e razão subjetiva. Razão objetiva significa afirmar que a realidade externa ao nosso pensamento é racional em si e por si mesma e que podemos conhecê-la justamente por ser racional. 2) Realismo: é a posição filosófica que afirma a existência objetiva ou em si da realidade externa como uma realidade racional em si e por si mesma e, portanto, que afirma a existência da razão objetiva. O realismo é alguém que acredita que a busca do conhecimento consiste essencialmente em descobertas. Isso significa acreditar que há fatos sobre o mundo exterior que se dão independentemente de que os descubramos ou não. Há filósofos que estabelecem uma diferença entre a realidade e o conhecimento racional que dela temos. Dizem eles que, embora a realidade externa exista em si e por si mesma, só podemos conhecê-la tal como nossas idéias a formulam e organizam e não como ela seria em si mesma. Não podemos saber nem dizer se a realidade exterior é racional em si, pois só podemos saber e dizer que ela é racional para nós, isto é, por meio de nossas idéias. Esta posição é conhecida como idealismo. O idealismo afirma apenas a existência da razão subjetiva. A razão subjetiva possui princípios e modalidades de conhecimento que são universais e necessários, isto é, válidos para todos os seres humanos em todos os tempos e lugares. O que chamamos realidade, portanto, é apenas o que podemos conhecer por meio das idéias de nossa razão. O idealismo implica a redução da matéria (realidade) ao pensamento. O idealismo racial acaba por levar ao solipsismo: termo de sentido negativo, e até mesmo pejorativo, designando o isolamento da consciência individual em si mesma, tanto em relação ao mundo externo quanto em relação a outras consciências. 3) Empirismo Doutrina ou teoria do conhecimento segundo a qual todo conhecimento humano deriva, direta ou indiretamente, da experiência sensível externa ou interna. O empirismo, sobretudo de Locke e de Hume, demonstra que não há outra fonte do conhecimento senão a experiência e a sensação. As idéias nascem de um enfraquecimento da sensação, e não podem ser inatas. Ou seja, nada se encontra no espírito que não tenha, antes, estado nos sentidos. 4) Inatismo: concepção segundo a qual certas idéias, princípios ou estruturas do pensamento são inatas em virtude de pertencerem à natureza humana – isto é, à mente ou ao espírito – sendo, portanto, nesse sentido, universais. 5) Idealismo Na linguagem cotidiana, o termo idealismo se emprega para designar o apreço por valores e ideais. Filosoficamente, no entanto, refere-se ao conjunto de doutrinas que, por caminhos diversos, afirmam a precedência da consciência sobre o ser, ou da realidade ideal sobre a realidade material. Em sentido amplo, o idealismo constitui uma das duas correntes filosóficas básicas . Contrapõe-se ao materialismo, para o qual toda realidade tem sempre caráter material ou corporal. Seu traço característico é tomar como ponto de partida para a reflexão filosófica o “eu”, encarado sob o aspecto de alma, espírito ou mente. A maneira de entender tais conceitos determina diferentes correntes idealistas. A teoria das idéias de Platão é historicamente o primeiro dos idealismos. Para Platão o ser em sua pureza e perfeição não está na realidade, que é o reino das aparências. Os objetos captados pelos sentidos são copias imperfeitas das idéias puras. A verdadeira realidade está no mundo das idéias, das formas inteligíveis, acessíveis apenas à razão. Para o idealista inglês Geroge Berkeley, a única existência dos objetos é a idéia que se tem deles: “existir é ser percebido”. As coisas só existem como objetos da consciência. A existência do mundo como realidade coerente e regular estaria garantida por Deus, mente suprema onde tudo se produz e ordena. No idealismo transcendental de Kant, a experiência sensorial só se torna Inteligível por meio de estruturas conceituais preexistentes no espírito humano. Assim, a realidade é apreendida por formas de sensibilidade, como as noções de espaço e tempo, e certas categorias universais do entendimento, como a unidade, a totalidade, a causalidade etc. A partir da filosofia de Kant, desenvolveu-se o idealismo metafísico alemão, em que Johann Gottlieb Fichte identificou o espírito universal com o eu. Friedrich Schelling elaborou uma forma de idealismo próximo do panteísmo religioso. Hegel formulou um sistema filosófico que representa uma síntese do idealismo alemão e é comumente chamada de idealismo absoluto. As formas de pensar seriam também as formas do ser: “o que é racional é real e o que é real, é racional”. O espírito se realiza a si mesmo, no mundo externo, num processo dialético de superação de contradições, integrado por três fases: tese, antítese ou negação, síntese, ou negação da negação. Os sucessivos processos dialéticos conduziriam o espírito à perfeição. Todas as doutrinas idealistas coincidem num postulado básico: a existência de uma realidade última – quer se chame espírito, Deus ou energia vital – que transcende o mundo físico e lhe dá sua razão de ser.