Números e Funções Complexas Fernando Fernandes Centro de Ciências Moleculares e Materiais, DQBFCUL Notas para as aulas de Química-Física II, 2010/11 Um número complexo, z, define-se como: z=a+ib onde a e b são números reais, e i é o número imaginário tal que i2 = -1, ou seja, i 1 . Assim, os números complexos admitem raízes de números negativos, as quais não estão definidas no campo real. O número real a designa-se por parte real de z e o número real b por parte imaginária de z sendo usual denotarem-se por a ≡ Re z, e b ≡ Im z. Se b = 0, então z é um número real puro; no caso de a = 0, então z é um número imaginário puro. z = 0 se, e só se, a = b = 0. A soma dos números complexos z1 e z2 é o complexo: z1 + z2 = (a1 + i b1) + (a2 + i b2) = (a1 + a2) + i (b1 + b2) e o seu produto é o complexo: z1 . z2 = (a1 + i b1) . (a2 + i b2) = (a1a2 – b1b2) + i (a1b2 + b1a2) O complexo conjugado de z define-se como: z* = a – i b Provam-se as seguintes propriedades: a) Re z = (z + z*) / 2 ; Im Z = (z – z*) / 2 i b) z é um número real puro se e só se z* = z; é um número imaginário puro se e só se z* = -z. c) z** = z; (z1 + z2)* = z1 z2 ; (z1 . z2)* = z1 .z2 O quadrado do módulo dum número complexo define-se como: |z|2 = z*. z Aplicando a regra de multiplicação: |z|2 = z*. z = a2 + b2 Assim, o módulo de z é: |z| = + z z a 2 b 2 1 Uma função complexa Ψ de variável real x, tem a forma: Ψ(x) = u(x) + i v(x) donde o quadrado do seu módulo é: | Ψ(x)|2 = Ψ*(x) Ψ(x) = u2(x) + v2(x) As regras de derivação e de integração são semelhantes às do campo real. Por exemplo: d x du x dv x i dx dx dx b b b a a a (uma nova função complexa) x dx u x dx i v x dx (um número complexo) A função exponencial complexa eikx ≡ exp(ikx) onde k é um número real é definida por: exp(ikx) = cos(kx) + i sen (kx) e tem as seguintes propriedades: a) [exp(ikx)]* = exp(-ikx) b) exp(ik1x) . exp(ik2x) = exp[i(k1+k2)x] c) |exp(ikx)|* = 1 d exp ikx ik exp(ikx) dx 1 e) exp(ikx) dx exp(ikx) cte ik d) Exempos de aplicação 1) Aos números complexos correspondem pontos no espaço bidimensional (plano complexo) tal como representado na figura seguinte: O vector de posição do ponto representativo de z, tem o comprimento (módulo) r: |z| = r = a 2 b 2 2 Utilizando coordenadas polares, e considerando a definição da função exponencial complexa, conclui-se da figura que: z = a + i b = r cos θ + i r sen θ = r exp(iθ) O ângulo θ designa-se por fase de z. 2) Se na função exponencial exp(ikx) e complexa conjugada, k 2 : i2x 2x 2x exp cos i sen i2x 2x 2x 2x 2x exp cos i sen cos i sen Quer as partes reais quer as imaginárias representam ondas harmónicas de comprimento de onda λ conforme a figura seguinte: As duas situações são distinguíveis. Assim, considera-se que exp(ikx) representa uma onda a mover-se da esquerda para a direita e exp(-ikx) uma onda a mover-se da direita para a esquerda. 3) Considere-se a segunda derivada d 2 exp ikx 2 2 i k exp ikx k 2 exp ikx 2 dx d2 , com valor dx 2 próprio –k2, ou seja, que exp(ikx) é uma solução da equação diferencial geral: Pode concluir-se que exp(ikx) é uma função própria do operador d 2f x c 2 f x onde c é uma constante. 2 dx 4) Para a função complexa: x, t x exp(ikt) o quadrado módulo é: |Z|2 = Ψ* exp(ikt) Ψ exp(-ikt) = Ψ* Ψ = | Ψ |2, independente de t. 3