Chile: Cronologia processo contra Augusto Pinochet Julho de 1996 São apresentadas as primeiras queixas criminais contra Augusto Pinochet, com acusações de genocídio e terrorismo no Supremo Tribunal de Espanha. Fevereiro de 1997 São iniciadas investigações judiciais em Espanha centradas nas violações dos Direitos Humanos de cidadãos espanhóis residentes no Chile durante o Governo Militar do General Augusto Pinochet e violações cometidas durante a Operação Condor. As acusações de crimes contra a humanidade incluem “desaparecimentos”, tortura e execuções extrajudiciais. Outubro de 1998 Os Juízes espanhóis Manuel Garcia-Castellón e Baltasar Garzón Real recorreram a uma petição oficial, dirigida às autoridades britânicas, para interrogarem Augusto Pinochet. São também emitidos mandatos provisórios para garantir a prisão preventiva de Augusto Pinochet em Londres, juntamente com um mandato de busca internacional, por parte do Juiz Baltasar Garzón, para a preparação de um pedido de extradição. Estes procedimentos criminais são anunciados em Itália, Luxemburgo, Noruega, Suécia e Estados Unidos e foram iniciados processos na Bélgica, França e Suíça. Os advogados de Augusto Pinochet submetem um apelo contra a detenção do mesmo ao Supremo Tribunal de Justiça do Reino Unido que declara a imunidade de Augusto Pinochet, na sua qualidade de ex-chefe de Estado, impedindo a extradição perante as acusações de assassinato, tortura, “desaparecimentos”, detenções ilegais e transferências forçadas. O Ministério Público recorreu da decisão Supremo Tribunal e garantiu levar o caso a Câmara dos Lordes. Novembro de 1998 O Governo espanhol emite um pedido formal de extradição de Augusto Pinochet ao governo britânico para que este fosse julgado em Espanha pelos crimes de genocídio, terrorismo, perseguição, tortura, “desaparecimentos” e de conspiração para combater estes crimes. O governo Suíço e Francês também emitiram pedidos de extradição junto do governo britânico. O Comité contra a Tortura das Nações Unidas recomendou ao governo britânico que o caso de Augusto Pinochet fosse “referido ao Gabinete do Procurador do Ministério Público em prol da análise de viabilidade de um processo penal no Reino Unido no caso de este não ser extraditado” Apelou também a reformas dos sistema jurídico britânico por este se encontrar em desacordo com a Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos Desumanos, Degradantes ou Punições, nomeadamente a garantia de imunidade a antigos Chefes de Estado e a necessidade de autorizar os procedimentos legais em casos de tortura. O Comité judicial da Câmara dos Lordes, instância mais alta dos tribunais britânicos, reverte a decisão do Supremo Tribunal relativa à imunidade de Augusto Pinochet. A sentença abre caminho à extradição do mesmo por acusações de assassinatos em massa, terrorismo e tortura. A decisão final para autorizar a extradição ficaria a cabo do Ministro do Interior britânico Jack Straw. Dezembro 1998 O governo Belga também emite um pedido de extradição junto do governo britânico e na véspera do 50º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos Jack Straw, Ministro do Interior Britânico, autoriza que o processo de extradição prossiga. O painel original de Law Lords é dissolvido devido a alegada ligação de um dos seus membros à Amnistia Internacional, sendo constituído um novo painel de 7 Law Lords em Janeiro de 1999. Enquanto decorrem os procedimentos legais, Augusto Pinochet, permanece sob a guarda da polícia britânica. Janeiro de 1999 Novas audições têm início na Câmara dos Lordes, são autorizados a participar a Amnistia Internacional, a Fundação Médica de Apoio às Vítimas de Tortura, a Redress Trust, Mary Ann e Juana Francisca Beausire, Sheila Cassidy, jovem britânica vítima de tortura e a Associação dos Familiares dos Presos Desaparecidos no Chile são autorizados a participar como terceiras partes assim como o Governo Chileno. Março de 1999 Por maioria de seis contra um é retirada a imunidade a Augusto Pinochet por crimes de tortura cometidos enquanto este era Chefe de Estado do Chile e é também autorizada a sua extradição mas apenas por crimes de tortura e conspiração de tortura cometidos após dia 8 de Dezembro de 1988, data na qual a Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos Desumanos, Degradantes ou Punições se tornou vinculativa no Chile, Espanha e Reino Unido. Apesar de outras acusações terem sido eliminadas a sentença dos Law Lords afirma que durante o Governo de Augusto Pinochet” foram cometidos terríveis actos de barbárie no Chile e no resto do mundo: tortura, assassinatos e desaparecimentos inexplicáveis de indivíduos em larga escala”. A sentença dos Law Lords permite que o Ministro do Interior continue os processos de extradição de Augusto Pinochet apesar da diminuição das acusações. O Comité dos Direitos Humanos das Nações Unidas afirma que a Lei Chilena de Amnistia de 1978 viola o direito à compensação e é incompatível com as obrigações do estado de investigar as violações dos Direitos Humanos. Abril de 1999 O Ministro do Interior autoriza pela segunda vez o processo de extradição. As audições para o processo de extradição são marcadas para o mês de Setembro. Agosto 1999 O 5º Tribunal de Apelos Chileno rejeita o pedido judicial para a inclusão de Augusto Pinochet como suspeito nas investigações do assassinato de 72 pessoas em 1973 durante a operação “Caravana da Morte”. O Tribunal afirma excluir Augusto Pinochet do processo devido a imunidade que lhe é garantida na sua qualidade de antigo Chefe de Estado. Setembro de 1999 Um ano após a sua detenção são instaurados 40 processos nos tribunais Chilenos contra Augusto Pinochet. São iniciadas, no Reino Unido, as audições para a sua extradição. As 35 acusações de tortura e conspiração de tortura cometidas após 8 de Dezembro de 1988 e 1,198 casos de tortura relativos aos casos de “desaparecimentos” submetidos pelo Juiz Baltasar Garzón no Tribunal Espanhol estavam agora sobre avaliação do Magistrado do Tribunal de Bow Street, Ronald Bartle. Outubro de 1999 O Magistrado Bartle dá permissão para a continuação dos procedimentos necessários à extradição de Augusto Pinochet, dando especial ênfase ao facto de não ter havido uma decisão sobre a culpa do acusado mas sim uma verificação das condições necessárias para a extradição, atribuindo-lhe a prisão preventiva até a decisão final do Ministro do Interior. O Magistrado considerou a informação submetida relativa às alegações pós 8 de Dezembro de 1988 como “constituindo condutas que podem ser consideradas tortura e conspiração para tortura” pelas quais Augusto Pinochet gozara de imunidade. Relativamente aos “desaparecimentos", Bartle considera que os efeitos nos familiares das vítimas podem ser “considerados tortura mental”. O Governo Chileno pede às autoridades britânicas que realizem testes médicos a Augusto Pinochet de forma a considerar a sua libertação por razões humanitárias, enquanto os advogados do mesmo apelam desta decisão do Magistrado através de um mandado de habeas corpus. . Novembro de 1999 O Ministério do Interior autoriza Augusto Pinochet a fazer testes médicos independentes no seguimento dos pedidos do Governo Chileno para que fosse libertado devido ao seu estado de saúde. O Supremo Tribunal Espanhol rejeita, pela terceira vez, as tentativas do Ministério Público Espanhol e do Procurador da Coroa para travar os procedimentos jurídicos contra Augusto Pinochet em Espanha. O Supremo Tribunal reafirma o direito de jurisdição e autoriza a continuação das investigações do Juiz Baltasar Garzón. Janeiro de 2000 O Secretário do Interior Jack Straw anuncia a possibilidade de rejeição do pedido de extradição de Augusto Pinochet para Espanha por motivos de saúde, tendo como base o relatório de quatro médicos. Inicialmente tinha sido negado a cada um dos quatro países que requereram a extradição de Augusto Pinochet o acesso ao relatório médico, no entanto o Supremo Tribunal decidiu disponibilizá-lo. Março de 2000 Augusto Pinochet regressa ao Chile após a decisão do Ministro do Interior Jack Straw de não autorizar a sua extradição para Espanha por motivos de saúde. Nesse mesmo dia sete advogados dos Direitos Humanos submeteram um pedido judicial para iniciar os procedimentos que levantassem a sua imunidade como Senador Vitalício. Aquando da sua chegada ao Chile, mais de 2,000 casos individuais de violações dos Direitos Humanos contra Augusto Pinochet foram submetidos aos tribunais.