Augusto Roquemont, retratista e pintor de costumes populares António MOURATO Augusto Roquemont nasceu em Genebra, a 2 de Junho de 18041, mas foi em Itália que adquiriu a sua formação artística. Ao longo de dez anos, movimentou-se entre Roma, Veneza, Bolonha e Florença, em percursos iniciados em 18182. Desse período, sobram hoje várias académias que, nos seus melhores exemplos, revelam um jovem talentoso e sensível. O traço fino, seguro e elegante, regista com ponderação as formas, ergue com subtileza os volumes, criando belos efeitos de luz e domina em absoluto a anatomia e as proporções. Igualmente a esta fase de aprendizagem, remontam algumas cópias – esbocetos a óleo – de autores célebres do Renascimento e Barroco3. Exercícios que surpreendem pela fidelidade ao modelo pictórico e absoluto domínio tecnológico, provando que o artista usufruiu de um ensino de excelência em Itália. É também possível que pertençam à fase italiana do pintor uma série de estudos de figura, pintados a óleo, onde Roquemont demonstra grande vigor na pincelada e excelente claro-escuro4. Esta actividade de estudante de arte será interrompida em Julho de 1828. Roquemont está, nessa altura, em Florença e recebe uma carta do pai ordenando-lhe que se dirija a Portugal5. O jovem pintor deve ter ficado atónito com semelhante decisão. Na verdade, continuam hoje a ser um mistério, as razões que levaram o príncipe Frederico Augusto de Hesse Darmstadt a tomar semelhante atitude. De qualquer forma, Roquemont obedeceu. Rumou a Génova e dali embarcou para o nosso país, chegando a Lisboa no dia 24 de Agosto, data memorável para os liberais 1 2 3 4 5 MACEDO, Maria de Fátima – “Augusto Roquemont”, 1804-1852, in Museu Nacional de Soares dos Reis, 1850-1950, 1.ª edição, 1996, ISBN 972-8137-42-7, p. 30. BRANDÃO, Júlio – Miniaturistas Portugueses, Porto, Litografia Nacional, p. 87. FURTADO, Thaddeo Maria d’Almeida – Relatório sobre o estado da Academia Portuense de Belas Artes, em Novembro de 1875, Biblioteca da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Exemplos destas obras encontram-se hoje no Museu da Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto e Museu Nacional de Soares dos Reis. VITORINO, Pedro – O Pintor Augusto Roquemont (No centenário da sua vinda para Portugal), Edição de Maranus, Porto, 1929, p. 66.