Sofistas - Educacional

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Sofistas
A crescente demanda por uma educação mais apurada na Grécia por volta do século V a.C. fez
surgir uma classe de mestres da cultura intitulados "Sofistas". Eram mais uma classe profissional
do que uma escola propriamente dita e, como tal, se espalharam pela Grécia e promoveram
muita rivalidade profissional e intelectual. Essa demanda educacional era de fato devida à busca
de um conhecimento genuíno, mas refletia com maior propriedade um desejo por um
aprendizado espúrio que levaria ao sucesso político. Os sofistas andavam pela Grécia, de cidade
em cidade, fazendo discursos, formando discípulos e participando de debates. Por seus serviços
os sofistas cobravam altas taxas e foram, na verdade, os primeiros gregos a cobrarem dinheiro
para transmitir seus conhecimentos. Os sofistas não eram, falando em termos técnicos, filósofos,
mas ensinavam tudo aquilo que se lhes demandasse. Eram tópicos variados como retórica,
política, gramática, etimologia, história, física e matemática. Logo alcançaram o status de
mestres da virtude no sentido de que ensinavam as pessoas a desempenharem seus papéis dentro
do Estado. Protágoras de Abdera, nascido em cerca de 445 a.C. é considerado como o primeiro
Sofista. Outros que se destacaram foram Górgias de Leontini, Pródico de Ceos e Hípias de Elis.
Onde quer que eles aparecessem, especialmente em Atenas, eram recebidos com entusiasmo e
muitos se ajuntavam para ouvi-los. Até mesmo pessoas como Péricles, Eurípides e Sócrates
desfrutavam de sua companhia.
A carreira mais popular na Grécia naquela época era a habilidade na política. Assim, os sofistas
concentraram seus esforços no ensino da retórica. Os objetivos dos jovens políticos que eles
treinavam eram o de persuadir as multidões de tudo o que quisessem que elas acreditassem. A
busca da verdade não era a sua prioridade. Consequentemente os sofistas se empenhavam em
providenciar um estoque de argumentos sobre qualquer que fosse o assunto, ou ainda para provar
qualquer posição. Se vangloriavam de sua habilidade de fazer com que o pior parecesse melhor,
de provar que preto era branco. Alguns sofistas como Górgias garantiam que não era necessário
ter nenhum conhecimento sobre um determinado assunto para dar respostas satisfatórias em
respeito a ele. Portanto, Górgias respondia com ostentação a qualquer questionamento que lhe
faziam sobre qualquer assunto. Para obter seus fins, utilizava de linguagem evasiva. Dessa
maneira, os sofistas tentavam envolver, enredar e confundir seus oponentes e até mesmo, se isso
não fosse possível, derrotá-los por mera força e violência. Buscavam também sobrepujar-se por
intermédio de metáforas rebuscadas, figuras de linguagem inusitadas, epigramas e paradoxos,
isto é, sendo em geral mais astutos e sagazes ao invés de sinceros e verdadeiros. Através de
Platão ficamos sabendo que havia um certo preconceito sobre o título de "sofista". Na época de
Aristóteles esse título sustenta um significado de insolência à medida que define "sofista" como
uma pessoa que faz uso da razão de maneira falsa para obter lucros.
Com o renascimento da eloqüência grega (aproximadamente século II d.C), o nome "sofista"
passa a ter nova acepção. Nessa época esse nome era aplicado aos profissionais da oratória que
apareciam em público com grande pompa e faziam seus discursos ora preparados
antecipadamente, ora de improviso. Da mesma forma que os primeiros sofistas, deslocavam-se
de lugar para lugar e eram aclamados com aplauso e menções honrosas por seus
contemporâneos, incluindo Imperadores Romanos. Dion Crisostom, Herodes Áticus, Aristides,
Lucian e Filostratus são os destaques desse grupo que despontou nessa segunda fase da escola
sofista, um período que se estende por todo o século II.
Protágoras
Protágoras nasceu em Abdera - pátria de Demócrito, cuja escola conheceu - pelo ano 480. Viajou
por toda a Grécia, ensinando na sua cidade natal, na Magna Grécia, e especialmente em Atenas,
onde teve grande êxito, sobretudo entre os jovens, e foi honrado e procurado por Péricles e
Eurípedes. Acusado de ateísmo, teve de fugir de Atenas, onde foi processado e condenado por
impiedade, e a sua obra sobre os deuses foi queimada em praça pública. Refugiou-se então na
Sicília, onde morreu com setenta anos (410 a.C.), dos quais, quarenta dedicados à sua profissão.
Dos princípios de Heráclito e das variações da sensação, conforme as disposições subjetivas dos
órgãos, inferiu Protágoras a relatividade do conhecimento. Esta doutrina enunciou-a com a
célebre fórmula: O homem é a medida de todas as coisas. Esta máxima significava mais
exatamente que de cada homem individualmente considerado dependem as coisas, não na sua
realidade física, mas na sua forma conhecida. Subjetivismo, relativismo e sensualismo são as
notas características do seu sistema de ceticismo parcial. Platão deu o nome de Protágoras a um
dos seus diálogos, e a um outro o de Górgias.
Górgias
Górgias nasceu em Abdera, na Sicília, em 480-375 a.C. - correlacionado com Empédocles representa a maior expressão prática da sofística, mediante o ensinamento da retórica;
teoricamente, porém, foi um filósofo ocasional, exagerador dos artifícios da dialética eleática.
Em 427 foi embaixador de sua pátria em Atenas, para pedir auxílio contra os siracusanos.
Ensinou na Sicília, em Atenas, em outras cidades da Grécia, até estabelecer-se em Larissa na
Tessália, onde teria morrido com 109 anos de idade. Menos profundo, porém, mais eloqüente
que Protágoras, partiu dos princípios da escola eleata e concluiu também pela absoluta
impossibilidade do saber. é autor da obra intitulada "Do não ser", na qual desenvolve as três
teses: Nada existe; se alguma coisa existisse não a poderíamos conhecer; se a conhecêssemos
não a poderíamos manifestar aos outros. A prova de cada uma destas proposições e um enredo
de sofismas, sutis uns, outros pueris.
No Górgias de Platão, Górgias declara que a sua arte produz a persuasão que nos move a crer
sem saber, e não a persuasão que nos instrui sobre as razões intrínsecas do objeto em questão.
Em suma, é mais ou menos o que acontece com o jornalismo moderno. Para remediar este
extremo individualismo, negador dos valores teoréticos e morais, Protágoras recorre à convenção
estatal, social, que deveria estabelecer o que é verdadeiro e o que é o bem.
Pródico
Pródico foi sofista e retórico nascido na cidade jônica de Julius em Ceos. Foi contemporâneo de
Demócrito e Górgias e também discípulo de Protágoras. Tornou-se conhecido Reporta-se que
entre seus discípulos estão incluídos Sócrates, Eurípides, Teramenes e Isócrates. Foi sofista no
sentido pleno de educador independente com seu nome sendo associado ao ensino da arte do
sucesso na política e na vida privada. Em seus ensaios de estilo literário destacou o uso
apropriado da palavra e a acurada discriminação dos sinônimos. é freqüentemente ironizado por
Platão por sua linguagem. Platão também faz insinuações a respeito do prospecto da abertura de
sua escola que levou Pródico a ganhar sua riqueza. Aristófanes, contudo, o descreve como o
mais memorável filósofo naturalista pelo seu caráter e sabedoria. Na realidade, Pródico era
humanista e teve uma visão notável de discernimento da estreita conexão entre a religião e a
agricultura. Os únicos títulos atestados de obras de Pródico são "Sobre a natureza", "Sobre a
natureza do homem" e "Horai". Sua obra mais famosa foi "A Escolha de Hércules" e era
freqüentemente citada. O texto original se perdeu, mas sua substância está contida na
Memorabilia de Xenofon (2:1:21). Pródico foi condenado à morte sob a acusação de corrupção
da juventude ateniense. Cícero aponta algumas de suas doutrinas como subversivas a todo tipo
de religião. Fala-se que Pródico explicava a origem da religião através da personificação de
objetos naturais.
Hípias
Sofista grego de Elis e contemporâneo de Sócrates. Ensinou nas cidades da Grécia ,
especialmente em Atenas. Tinha a vantagem de possuir uma memória prodigiosa e era altamente
versado em todos os segmentos de conhecimento de sua época. Trabalhava com toda a forma de
literatura existente. Elaborou ainda sua primeira composição de diálogos. Nos dois diálogos
Platônicos que receberam seu nome (Hípias Maior e Hípias Menor) é representado como
excessivamente orgulhoso e arrogante.
Hípias é lembrado pelos seus esforços em relação à universalidade. Era inimigo de toda sorte de
especialização e apareceu em Olímpia glamorosamente trajado com um costume desenhado por
ele mesmo e combinando com seu anel. Estava sempre preparado para discursar a qualquer um
sobre qualquer assunto. Desde astronomia até história antiga. Um homem assim tinha de ser
dotado de uma grande memória e sabemos que ele inventou um sistema mnemônico. Apesar
disso tudo, havia um lado mais sério de sua personalidade. Essa era uma época em que todos
ainda eram muito otimistas em relação a quadratura do círculo. Ele inventou a curva conhecida
até hoje como quadratriz que resolveria o problema mecanicamente descrito. Hípias parece ser o
precursor da idéia da lei natural como fundação da moralidade, distinguindo a natureza das
convenções arbitrárias ou modistas, diferenciando de acordo com os diferentes períodos e
regiões onde surgiam, impostas pela arbitrariedade humana e sempre obedecida à força.
Sustentava que existe um elemento de direito comum às leis de todos os países e que constitui
sua base essencial. Dizia ainda que o bem e o sábio de todas as nações são elementos inatos e
que deveríamos ver os cidadãos como membros de um único Estado. Essa idéia vai ser
desenvolvida mais tarde pelos Cínicos e também pelos Estóicos, passando depois para os juristas
em cujas mãos tornou-se um instrumento que favoreceu a conversão da lei romana em legislação
de um povo.
A Sofística
Após as grandes vitórias gregas, atenienses, contra o império persa, houve um
triunfo político da democracia, como acontece todas as vezes que o povo sente, de
repente, a sua força. E visto que o domínio pessoal, em tal regime, depende da
capacidade de conquistar o povo pela persuasão, compreende-se a importância
que, em situação semelhante, devia ter a oratória e, por conseguinte, os mestres de
eloqüência. Os sofistas, sequiosos de conquistar fama e riqueza no mundo,
tornaram-se mestres de eloqüência, de retórica, ensinando aos homens ávidos de
poder político a maneira de consegui-lo. Diversamente dos filósofos gregos em
geral, o ensinamento dos sofistas não era ideal, desinteressado, mas sobejamente
retribuído. O conteúdo desse ensino abraçava todo o saber, a cultura, uma
enciclopédia, não para si mesma, mas como meio para fins práticos e empíricos e,
portanto, superficial.
A época de ouro da sofística foi - pode-se dizer - a segunda metade do século V
a.C. O centro foi Atenas, a Atenas de Péricles, capital democrática de um grande
império marítimo e cultural. Os sofistas maiores foram quatro. Os menores foram
uma plêiade, continuando até depois de Sócrates, embora sem importância
filosófica.
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