FACULDADE DE AMERICANA CURSO DE BIOMEDICINA BRUNA TAMAZZI FURLAN OS EFEITOS ADVERSOS E RISCOS ASSOCIADOS À AUTOMEDICAÇÃO: AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DA POPULAÇÃO DE AMERICANA, SP E REGIÃO. AMERICANA 2015 FACULDADE DE AMERICANA CURSO DE BIOMEDICINA BRUNA TAMAZZI FURLAN OS EFEITOS ADVERSOS E RISCOS ASSOCIADOS À AUTOMEDICAÇÃO: AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DA POPULAÇÃO DE AMERICANA, SP E REGIÃO. Monografia apresentada a Faculdade de Americana (FAM) como requisito parcial para a obtenção titulo de Bacharel em Biomedicina Orientadora: Profa. Dra. Daniela Maira Cardozo. AMERICANA 2015 DEDICATÓRIA A meus pais, Gilberto e Renata, pela paciência e apoio infinitos. Sem vocês nada seria possível. À professora Daniela, pela calma, incentivo e orientação qυе tornaram possível а conclusão desta monografia. Por fim, a professora Patrícia e aos demais professores, que durante todo o curso nos transmitiram seus conhecimentos. AGRADECIMENTOS A Deus, por ter me dado força e coragem nos momentos mais difíceis. Agradeço aos meus pais, Gilberto e Renata, pela determinação e luta constantes, para a minha formação. Agradeço aos meus colegas de classe e com certeza futuros excelentes profissionais. A todos as pessoas entrevistadas, que colaboraram com alguns minutos do seu tempo para que a realização deste trabalho fosse possível. Aos professores, que durante todo o curso se dedicaram em sala, e fora dela, a fim de transmitir seus conhecimentos. A minha orientadora Daniela, pela calma, paciência, apoio, dedicação e ideias na elaboração deste trabalho. A Patrícia e Luiz Antônio, pelas observações e incentivo que ajudaram a melhorar este trabalho. RESUMO A automedicação é uma prática que consiste na ingestão de substâncias medicamentosas para o tratamento de sintomas ou patologias, sem o acompanhamento ou aconselhamento de um profissional de saúde. Considerada como problema de saúde pública mundial, a automedicação está enraizada na população desde o tempo das sociedades primitivas, uma vez que homens ingeriam plantas medicinais e substâncias de origem animal, associadas com ritos mágicos e crenças, visando à cura de enfermidades. Além de fatores culturais, o excesso de propagandas com medicamentos “milagrosos”, facilidade e disponibilidade de produtos, demora e valores elevados para consultas médicas, são alguns dos fatores que levam a população a consumirem medicamentos sem supervisão adequada, estando sujeitas, na maioria das vezes sem conhecimento, a sofrerem uma série de efeitos adversos. Diante desses fatos, o objetivo do presente estudo foi realizar um levantamento do perfil da população adulta, residente da cidade de Americana e região, em relação ao uso da automedicação. Os resultados demonstraram que grande parte da população em estudo (60%) faz uso de medicamentos sem prescrição médica e não tem conhecimento sobre os riscos e eventos adversos que esta prática pode causar. Diante disso, conclui-se que constantemente ocorre a automedicação, valendo-se principalmente de experiências anteriores e medicamentos armazenados em suas residências, como analgésicos e antitérmicos. Palavras-chave: Automedicação, efeitos adversos, medicamentos. ABSTRACT Self-medication is a practice that consists of the intake of medicaments for the treatment of symptoms or diseases without monitoring or advice of a healthcare professional. Considered as worldwide public health problem, self-medication is originated in the primitive societies, since man drank herbal and animal substances associated with magical rites and beliefs, aimed at curing diseases. In addition to cultural factors, excessive advertisements with drugs "miracle" ease and availability of products, delay and high values for doctor visits are some of the factors that lead people to consume drugs without proper supervision and can raise, in most times unknowingly, a number of adverse effects. Given these facts, the aim of this study was to survey the profile of the adult population of the city of Americana and region regarding the use of self-medication. The results showed that most of the study population (60%) makes use of non-prescription drugs and is not aware of the risks and adverse events that this practice can cause. Therefore, it is concluded that the majority of respondents is constantly self-medication, mainly worth up to previous experiences and drugs stored in their homes as analgesics and antipyretics. Keywords: Self-medication, adverse effects, drug. . LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Associação medicamentosa x alcoólica e seus riscos ............................. 23 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Perfil etário da população estudada .......................................................... 28 Figura 2 - Perfil de gênero, escolaridade e município da população estudada. ........ 29 Figura 3 - Distribuição da população quanto ao armazenamento de medicamentos em suas residências. . ............................................................................................... 32 Figura 4 - Distribuição da população quanto ao armazenamento de receitas anteriores de medicamentos em suas residências ................................................... 33 Figura 5 - Distribuição da população e do tipo de medicamentos compartilhados . .. 35 Figura 6 - Uso de medicamentos nos últimos 6 meses: distribuição e sintomas associados. ............................................................................................................... 37 Figura 7 - Uso de medicamentos sem prescrição médica. ........................................ 39 Figura 8 - Distribuição da população que procura informações sobre medicamentos e fontes utilizadas......................................................................................................... 41 Figura 9 - Dados da automedicação: eficiência, efeitos adversos e interrupção do tratamento. ................................................................................................................ 44 Figura 10 - Motivação para a automedicação. .......................................................... 46 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CAS Serviço de Registro de Substâncias Químicas (Chemical Abstract Service Registry Number) SINITOX Sistema Nacionl de Informações Tóxico Farmacológicas OMS Organização Mundial de Saúde RAM Reação Adversa a Medicamentos ONU Organização das Nações Unidas ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária AINEs Antiinflamatórios Não Esteroidais UFRGS Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre ICTQ Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade Industrial RDC Resolução da Diretoria Colegiada AAS Ácido Acetilsalicílico AINH Antiinflamatório Não-Hormonal SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10 2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 12 2.1 Histórico da medicação na humanidade.............................................................. 12 2.1.1 Medicina primitiva nas sociedades pré-urbanas............................................... 12 2.1.2 Sociedades urbanas arcaicas .......................................................................... 12 2.1.3 Medicina grega ................................................................................................. 13 2.1.4 Medicina romana .............................................................................................. 13 2.2 Automedicação .................................................................................................... 14 2.2.1 A prática da automedicação no Brasil .............................................................. 15 2.2.2 Motivação para a automedicação ..................................................................... 16 2.3 Efeitos medicamentosos ..................................................................................... 17 2.3.1 Efeitos adversos ............................................................................................... 17 2.3.2 Classificação das reações adversas ................................................................ 18 2.3.2.1 Classificação quanto ao mecanismo de produção ........................................ 18 2.3.2.2 Classificação de Rawlins e Thompson .......................................................... 19 2.4 Fatores predisponentes ....................................................................................... 20 2.4.1 Idade ................................................................................................................ 20 2.4.2 Gênero ............................................................................................................. 21 2.4.3 Raça e características genéticas ...................................................................... 21 2.4.4 Condições clínicas associadas ......................................................................... 21 2.4.5 Associação medicamentosa ............................................................................. 22 2.4.6 Consumo de álcool ........................................................................................... 22 3 OBJETIVO.............................................................................................................. 24 4 PROBLEMA ........................................................................................................... 25 5 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 26 6 METODOLOGIA..................................................................................................... 27 7 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................. 28 8 CONCLUSÃO......................................................................................................... 47 ANEXO A - SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO PARA COLETA DE DADOS ......... 58 ANEXO B - QUESTIONÁRIO SOBRE AUTOMEDICAÇÃO ...................................... 61 10 1 INTRODUÇÃO Existem milhares de substâncias tóxicas naturais e artificiais utilizadas pela população, inclusive como medicamentos. Atualmente, são registrados pelo Serviço de Registro de Substâncias Químicas (Chemical Abstract Service Registry Number CAS) aproximadamente 90.000 produtos químicos, sendo que este número aumenta de 1.000 a 2.000 todos os anos. (SETOX, 2014). Diante de um sistema de saúde que não atende a demanda exigida e apresenta dificuldades no atendimento, a facilidade em obterem-se medicamentos que não necessitam de receita em farmácias e drogarias, o número crescente de propagandas em todos os meios de comunicação que prometem soluções rápidas e fáceis para enfermidades e as compras online, a prática da automedicação tem-se tornado cada vez mais comum, principalmente em adultos. (ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA, 2001). A automedicação é a prática de ingerir substâncias medicamentosas para o tratamento de sintomas ou enfermidades, sem o acompanhamento ou aconselhamento de um profissional de saúde. (VILARINO, et al., 1998; CASTRO et al., 2007, apud OMS, 2005). Segundo os dados mais recentes registrados pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas (SINITOX), em 2012 houveram 24.029 casos registrados de intoxicação medicamentosa. Deste total, aproximadamente 10.135 (42,1%) estavam na faixa etária de 18 a 60 anos. No conjunto dos 19 agentes tóxicos considerados pelo SINITOX, os medicamentos responderam por 27,93% de todos os casos de intoxicação por agente tóxico em âmbito nacional. As causas mais relacionadas à prática da Automedicação são os fatores econômicos, políticos e culturais. A disponibilidade de produtos, a facilidade em adquiri-los, as quase nulas campanhas sobre os perigos da automedicação, elevados custos para consultas médicas e a demora para que elas aconteçam, informações sobre medicamentos através de outras pessoas leigas e pela internet, são alguns dos motivos que levam as pessoas a utilizarem os medicamentos sem prescrição. (ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA, 2001). Além disso, as frequentes propagandas em meios de comunicação que transmitem a ideia de essencialidade do produto, onde todas as pessoas devem ter os medicamentos sempre ao alcance das mãos, para qualquer tipo de dores, aumentam ainda mais o consumo desenfreado. (PACHELLI, 2003). 11 A falta de conhecimento dos consumidores acerca dos efeitos adversos de determinados medicamentos também está entre as causas do consumo desenfreado de fármacos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o efeito adverso difere do efeito colateral por esse primeiro se relacionar apenas aos efeitos nocivos, enquanto os efeitos colaterais nem sempre são nocivos. Por definição, efeitos colaterais são efeitos não intencionais relacionados às propriedades farmacológicas do medicamento utilizado, que ocorra em doses normalmente utilizadas por um paciente. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), reações adversas são quaisquer respostas nocivas não intencionais, indesejadas ou prejudiciais originadas por uso de medicamentos administrados para profilaxia, diagnóstico, tratamento de doenças ou modificação de função fisiológica. (OPAS, OMS, 2005). As reações adversas a medicamentos (RAM) são causadas, na maioria das vezes, pelo uso indevido de fármacos sem acompanhamento especializado, e podem reduzir a qualidade de vida, levar a hospitalização e a óbito. Essas reações muitas vezes são confundidas como sintomas de idade ou doença, por exemplo, confusão mental, náuseas, letargia, quedas e tonturas podem ser erroneamente interpretadas como doença degenerativa em idosos. (WANNMACHER, FUCHS, 2012). O objeto do presente estudo foi avaliar o perfil de indivíduos adultos, residentes da cidade de Americana e região, em relação ao uso da automedicação e dos possíveis eventos adversos que esta prática pode causar, bem como os efeitos adversos que possivelmente eles já apresentaram. 12 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Histórico da medicação na humanidade 2.1.1 Medicina primitiva nas sociedades pré-urbanas A chamada Medicina Primitiva, data do Período Paleolítico, o primeiro dos grandes três períodos que em conjunto dão origem a “idade da pedra”. Apesar da escassez de informações e fontes arqueológicas, antropólogos acreditam que plantas medicinais e substâncias de origem animal, aliadas com ritos mágicos e crenças, eram utilizadas por essas sociedades pré-urbanas para fins curativos. Com o estilo de vida nômade, a população paleolítica não sofria com as doenças que afligem as sociedades modernas, já que não viviam em um mesmo lugar tempo suficiente para que ocorresse a contaminação do solo e água, viviam com baixa densidade populacional e não mantinham animais domésticos, que poderiam servir como reservatórios de patologias. (DIAS, 2005). 2.1.2 Sociedades urbanas arcaicas As sociedades urbanas egípcias e mesopotâmicas apresentavam elevado desenvolvimento da escrita, ainda no quarto milênio a.C. e foram de grande importância na história da farmacologia ocidental. Na Mesopotâmia, o mais antigo documento farmacêutico já descoberto é uma tábua de argila gravada com escrita cuneiforme, contendo quinze receitas medicinais, que utilizavam, por exemplo, a cássia, tomilho e papoula. Entre os anos de 1974 e 1975 foi descoberta a Biblioteca do palácio real de Ebla, hoje onde localiza-se a Síria, e nela são encontradas mais de 20 mil tábuas de argila, sendo que muitas contém informações sobre medicamentos e poções utilizadas pelos mesopotâmios. No Egito, diversos papiros com inscrições médicas já foram encontrados. O mais importante deles é o Papiro de Ebers, datado de 1500 aC, que em seus 20 metros de comprimento descreve mais de 7 mil substâncias medicinais e mais de 800 fórmulas quantitativas utilizadas para curas na época. Nestas receitas, ingredientes como óleo de rícino, ópio, enxofre e sulfato de ferro e cobre eram misturados com feitiços e ingredientes místicos, como sangue de lagarto, velhos livros cozidos em óleo, fêmur de um 13 enforcado, e excrementos de determinados animais de estimação. Alguns aspectos da medicina mesopotâmica e egípcia, além de assemelharem-se aos da Idade Média, podem ser comparados com os da mitologia e medicina greco-romanas. (RODRÍGUEZ, 2000). 2.1.3 Medicina grega O deus grego Asclépio, ou Esculápio, para os romanos, era considerado o deus da medicina. Teria sido educado pelo centauro Quiron, que lhe ensinou sobre medicina e cirurgias, e por uma serpente, que ensinou-lhe sobre o poder curativo das plantas. Eram comum grupos de enfermos que passavam a noite nos templos de Asclépio, a fim de obterem indicações, em sonhos, de quais tratamentos realizarem, e a partir daí, medicamentos e poções eram utilizadas. Com uma cobra enrolada em seu bastão, Asclépio tinha o domínio das causas das doenças, tendo assim, poder para curar os doentes. (ANTILLÓN, 2001). Juntamente com as crenças mágicas e religiosas, a medicina racional começou a ganhar espaço. Nesta época, o homem passou a sentir necessidade em procurar explicações racionais para a origem de tudo, inclusive da saúde e enfermidades. Hipócrates, da ilha grega de Kos, foi o fundador da Escola Médica de Kos, que pela primeira vez desenvolveu a ideia de que as patologias não ficavam restritas a apenas um órgão. Para o tratamento de enfermidades eram utilizadas, principalmente, especiarias como pimentas, cardamomo, gálbano, incenso, mirra, cominhos, anis, coentro, hortelã, entre outras. (RIBEIRO Jr., 2003; REBOLLO, 2006). A partir da evolução, conhecimento e ensinamentos transmitidos pelas escolas de medicina gregas, outras civilizações, como as Arábicas e Romanas, passaram a dedicar-se ao conhecimento racional do corpo humano, suas enfermidades e tratamentos. (DIAS, 2005). 2.1.4 Medicina romana Com os primeiros ensinamentos transmitidos pelas escolas gregas, a medicina e farmacologia romanas sofreram avanço. Galeno, importante médico de gladiadores, teve sua formação na escola de Alexandria, assim como Aulo Cornélio 14 Celso, enciclopedista com grande conhecimento médico-farmacêutico, que escreveu um tratado intitulado De medicina Octo libri, dividido em oito livros e um prólogo, que descrevem critérios terapêuticos, dietéticos, farmacêuticos e cirúrgicos. (TRANCAS, SANTOS, 2007; PESSOA Jr., 2010). Pedanio Dioscórides nasceu em Anazarbo e estudou medicina nas escolas de Tarso e Alexandria, tendo também acompanhado os exércitos romanos como médico, nos tempos de Nero, onde teve oportunidade de estudar sobre doenças, plantas medicinais e outros métodos para cura. Considerado o fundador da Farmacognosia, escreveu cinco livros, onde descrevia mais de 600 plantas, 35 fármacos de origem animal, 90 de origem mineral. Seus estudos não se baseavam em nenhuma escola médica, mas tinham caráter empírico, onde observava e classificava os fármacos testando-os clinicamente. (OSBALDESTON, 2000). 2.2 Automedicação A automedicação é um termo constantemente usado para definir a iniciativa de um doente, ou seu responsável, em selecionar e administrar fármacos para o tratamento ou alívio de sintomas percebidos, sem a supervisão ou prescrição de pessoas aptas, como médicos ou dentistas. Para tal, o indivíduo pode recorrer a pessoas não habilitadas, como familiares ou pessoas de seu círculo social, além de adquirirem medicamentos sem receitas, buscando orientação na internet, propagandas em redes de mídia, ou utilizando-se de sobras de medicamentos ou receitas antigas. (VILARINO et al., 1998; FILHO et al, 2002; MUSIAL et al., 2007; NAVES et al, 2010). É impossível impedir a população de automedicar-se, visto que o ato está enraizado em todas as culturas, desde os primórdios, quando os homens utilizavam substâncias e plantas para alívio de sintomas e curas de patologias. Porém, as pessoas precisam receber informações científicas sobre os danos e riscos sobre a prática, além de cessarem os estímulos ao consumo de medicamentos de vendalivre e a ideia de “cura milagrosa” que os mesmos passam. Em contrapartida, os indivíduos devem ser estimulados a procurarem profissionais especializados. (BEZERRA, 2006 apud CURY, 2000). Este fenômeno merece atenção especial, pois a prática tem-se mostrado extremamente nociva a saúde individual e coletiva, afinal, todo fármaco leva a uma 15 reação, pois nenhum medicamento é inócuo ao organismo, e seu uso pode acarretar consequências diversas. (VILARINO et al, 1998; FRANCO et al, 2009). 2.2.1 A prática da automedicação no Brasil O Brasil é o país que mais faz uso de automedicação, sendo que, desde 1996 o uso inconsequente de fármacos tornou-se o agente que mais levou a intoxicações no país. (BEZERRA, 2006 apud SINITOX, 2005). Segundo os dados mais recentes divulgados pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas (SINITOX), em 2012 houveram 86.028 casos registrados de intoxicação humana. Destes, 24.029 foram por intoxicação medicamentosa e aproximadamente 10.135 estavam na faixa etária de 18 a 60 anos. No conjunto dos 19 agentes tóxicos considerados pelo SINITOX (cosméticos, raticidas, plantas, animais peçonhentos, drogas de abuso, entre outros), os medicamentos responderam por 27,93% de todos os casos de intoxicação por agente tóxico em âmbito nacional. Do número total de casos de intoxicação medicamentosa, 61 evoluíram para óbito, sendo que aproximadamente 44 estavam na faixa etária citada anteriormente. Por um lado, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), essa prática pode ser aceitável, desde que seja feita de forma responsável, pois reduz a sobrecarga do sistema público de saúde. Isso ocorre visto que, casos como dor de cabeça devido a estresse e cólicas menstruais podem ser controlados com medicamentos simples, por exemplo. Porém, indivíduos que façam uso da automedicação não devem esquecer que todas as substâncias medicamentosas são potencialmente nocivas à saúde, levando a erros ou retardos de diagnóstico, diminuição de sintomas de doenças graves, dosagem insuficiente ou excessiva, efeitos adversos, interações medicamentosas, interações alcoólicas, reações alérgicas, resistência bacteriana, dependência, intoxicação, podendo ainda levar a necessidade de tratamentos mais invasivos, complexos e caros com lenta recuperação, entre outros (VILARINO et al, 1998; PELICIONI, 2005; CASTRO et al, 2007 apud OMS, 2005). A OMS ainda aconselha os praticantes da automedicação a informarem-se, a fim de reconhecerem os sintomas, objetivos farmacêuticos, o produto a ser usado, dosagem, frequência, contraindicações, doenças concomitantes, interações medicamentosas e os possíveis efeitos adversos dos 16 fármacos utilizados. (PACHELLI, 2003 apud WHO, 2001). 2.2.2 Motivação para a automedicação O consumo elevado de fármacos por conta própria no Brasil pode ser atribuído a inúmeros fatores, sendo que o principal ainda é o cultural, seguido pelo econômico e político. A difícil acessibilidade e a pouca eficiência dos setores públicos de saúde, somada com os valores abusivos dos setores privados, a dificuldade em marcar consultas, a demora nos postos de pronto-atendimento, e até mesmo o descaso de profissionais leva a população a buscar alternativas próprias para a cura de enfermidades e a diminuição de sintomas. Assim, a prática tem-se enraizado na cultura popular. (BEZERRA, 2006). A grande quantidade de propagandas que prometem verdadeiras ”curas milagrosas”, retratando na maioria das vezes artistas, passam a ideia de essencialidade do produto, onde todas as pessoas devem ter os medicamentos sempre ao alcance das mãos para o alívio rápido de sintomas e para qualquer tipo de dores. (PACHELLI, 2003). Essas propagandas são elaboradas de tal forma que ressaltam apenas os benefícios do fármaco, minimizando os efeitos adversos que possam ocorrer, passando a ideia de que o medicamento ingerido é inócuo ao organismo. (AQUINO, 2008). O hábito de guardar medicamentos e receitas antigas também colabora para a prática, principalmente em uma mesma família, pois as pessoas ainda acreditam que, se um determinado medicamento e dosagem foi eficiente para um indivíduo, consequentemente é indicado para várias outras pessoas, assim, o “boca a boca” vira um meio de pesquisa para a eficácia de medicamentos. (FILHO et al, 2002). Este hábito ainda facilita a troca de medicamentos, a ingestão acidental e perda de eficiência pelo mau armazenamento (ZAMUNER, 2006). A inclusão digital tem-se revelado um fator para o aumento da prática da automedicação, devido à facilidade de obtenção de medicamentos pelo tráfico de drogas lícitas e as informações sobre a função de qualquer medicamento. Segundo um relatório concluído pela Organização das Nações Unidas (ONU), o tráfico de drogas lícitas, como medicamentos controlados, pode ser considerado um problema de saúde pública, pois, além do tráfico em si, os medicamentos fornecidos geralmente apresentam prazos de validade vencidos, são falsificados, ou levam a 17 dependência dos usuários. (AQUINO, 2008 apud BRANDÃO, 2004). Segundo dados da SINITOX (2005), existem no Brasil uma farmácia para cada três mil habitantes, quando o recomendado pela OMS é de uma para cada oito mil. (BEZERRA, 2006). Assim, cabe aos profissionais da área da saúde e ao governo a orientação da população sobre os riscos e prejuízos que o uso indiscriminado sem acompanhamento especializado pode trazer, informar e motivar a adoção de um estilo de vida saudável, instruir sobre a natureza das enfermidades e o cumprimento das instruções pelos profissionais de saúde. Com o conhecimento das pessoas, acredita-se que o número de internações hospitalares e intoxicações diminuiriam significativamente. (PEREIRA et al., 2007). 2.3 Efeitos medicamentosos Fármacos são substâncias que, em concentrações adequadas, são utilizadas para prevenir, reverter ou atenuar quadros patológicos. Para isso, é necessário que os profissionais da saúde que prescrevam os medicamentos conheçam as doses, vias de administração e intervalos entre as doses, para garantir que os fármacos atinjam de forma correta o sítio-alvo. Concentrações subterapêuticas ou excessivas podem mascarar a eficácia do fármaco escolhido ou levar a intoxicações medicamentosas, respectivamente. (WANNMACHER, FUCHS, 2012). 2.3.1 Efeitos adversos Por todo o mundo não existe sequer um fármaco que seja isento de riscos, porém, a probabilidade de que uma reação ocorra pode variar. (MARODIN, GOLDIM, 2009). Segundo a OMS, efeitos adversos, eventos adversos ou Reações Adversas a Medicamentos (RAM) são quaisquer ocorrências médicas indesejáveis, desfavoráveis e não intencionais, que ocorram ao paciente que fez uso de produtos farmacêuticos em doses normais usadas para tratamento humano. (OPS, OMS, 2005). Cada paciente pode apresentar uma resposta distinta com a utilização de determinados fármacos, pois cada pessoa apresenta fatores individuais e 18 predisponentes diferentes. Por exemplo, um mesmo fármaco utilizado por duas pessoas, mas que só uma apresente episódio alérgico. (WANNMACHER, FUCHS, 2012). Não existe uma escala universal para a medição da gravidade de eventos adversos. Geralmente, considera-se “leve” os efeitos que não causem incômodos ou danos significativos ao paciente, como dor de cabeça, mudança nos padrões de sono, mal-estar e fadiga. Efeitos moderados são, em termos, iguais aos leves, mas que se apresentem de forma incômoda, angustiante ou até mesmo intolerável ao paciente. Por último, os efeitos adversos graves são aqueles que colocam a vida do usuário em risco. (BEZERRA, 2006). 2.3.2 Classificação das reações adversas Existem diversos métodos para a classificação das reações adversas devido a utilização de medicamento, sendo as mais comuns a classificação que toma por base os mecanismos de produção, e a classificação de Rawlins e Thompson, que é dividida entre reações previsíveis (tipo A), reações imprevisíveis (tipo B) e outros quatro grupos. (WANNMACHER, FUCHS, 2012). Ambas serão apresentadas abaixo. 2.3.2.1 Classificação quanto ao mecanismo de produção - Superdosagem relativa: Ocorre quando um fármaco é administrado em doses corretas, porém, por razões farmacocinéticas, as concentrações tendem a aumentar. (ROZENFELD, 1998). - Efeitos colaterais: São efeitos intrínsecos da própria ação farmacológica do medicamento, porém indesejados e inesperados. São avaliados como uma extensão da ação farmacológica principal. (GOMES, REIS, 2001). - Efeitos secundários: Ocorrem em consequência do efeito inicial e desejado do fármaco. Por exemplo, um indivíduo que tenha feito uso de antimicrobianos para tratamento de uma patologia, pode ter sua flora normal alterada, levando a diarreias e infecções. (WANNMACHER, FUCHS, 2012). 19 - Idiossincrasia: São reações que afetam uma pequena parcela da população e que ocorrem devido a estruturas enzimáticas particulares de cada indivíduo. Por exemplo, um determinado medicamento, como o cloranfenicol, pode levar um em cada 50.000 indivíduos a desenvolverem anemia aplásica. (RANG et al, 2011). - Hipersensibilidade: Provocada por mecanismos imunológicos, e não pelas propriedades toxicológicas do medicamento, essas reações ocorrem devido à sensibilização prévia do individuo a uma substância medicamentosa. (NAGAO-DIAS et al., 2004; BERND, 2005). - Tolerância: Quando ocorrem as primeiras administrações, o fármaco produz uma determinada curva dose-resposta, que tende a ser desviada para a direita, diminuindo seus efeitos farmacológicos, conforme o medicamento continua a ser utilizado. Sendo assim, para que o efeito continue o desejado, as doses necessitam de aumento progressivo. (GOMES, REIS, 2001). 2.3.2.2 Classificação de Rawlins e Thompson A classificação de Rawlins e Thompson divide-se em dois grupos (augmented e byzarre) e tem sido uma das mais aceitas e utilizadas no mundo. (ROMEU, et al, 2011). Com o passar do tempo pela dificuldade em classificar todas as reações em apenas duas categorias (algumas se enquadravam nas duas), novos grupos foram inseridos nesta classificação, totalizando assim, seis grupos. (AIZENSTEIN, TOMASSI, 2011). - Reações de tipo A: são aquelas consideradas exageradas. São previsíveis, comuns, podem ocorrem em qualquer indivíduo, apresentam baixa letalidade e estão relacionadas com a dose, suscetibilidade e efeito farmacológico exagerado dos medicamentos administrados em doses terapêuticas. Entram nesse grupo, por exemplo, os efeitos colaterais e secundários, interações medicamentosas, citotoxidade, superdosagem relativa. (BATISTA et al, 2012); - Reações de tipo B: são aquelas consideradas bizarras. Ao contrário do tipo 20 A, são inesperadas em relação aos efeitos farmacológicos comuns do medicamento. São imprevisíveis, apresentam alta mortalidade, são raras, ocorrem em indivíduos que são suscetíveis. Entram nesse grupo, por exemplo, as reações de intolerância, hipersensibilidade ou idiossincráticas. (VARALLO, 2010 apud MUNIR et al, 1998); - Reações de tipo C: são reações crônicas e dependentes da dose e tempo. (MENON, 2005); - Reações de tipo D: são as reações retardadas. (FONTELES et al, 2008); - Reações de tipo E: são as que ocorrem após a retirada do medicamento. (PEREIRA, 2010); - Reações de tipo F: são aquelas que obtiveram insucesso na terapêutica. (WANNMACHER, FUCHS, 2012). 2.4 Fatores predisponentes As propriedades farmacológicas e as características individuais de cada pessoa podem modificar os efeitos dos medicamentos. A variabilidade pode levar a perda de eficácia, efeitos adversos, entre outros. (RANG et al, 2011). 2.4.1 Idade A idade é um dos fatores que podem prejudicar a ação dos fármacos em alguns indivíduos. Isso ocorre, principalmente, porque a eliminação dos agentes farmacológicos em indivíduos com extremos de idade (recém-nascidos e idosos) pode ocorrer de maneira menos eficiente, devido à imaturidade ou degeneração de enzimas hepáticas, assim, pode-se observar que em alguns casos os efeitos são prolongados e maiores. Estima-se que pacientes idosos tenham chances duas vezes maiores de desenvolverem alguma reação adversa a medicamentos. (CAMARGO, 2005 apud WIFFEN, et al, 2002). 21 2.4.2 Gênero Observou-se que as mulheres são até duas vezes mais suscetíveis a um quadro de reação adversa a medicamentos do que os homens. Segundo pesquisas, a diferença corpórea existente entre os gêneros, como alterações hormonais, maior concentração de tecido adiposo e até mesmo o uso frequente de anticoncepcionais estariam entre as justificativas para estas reações adversas. (MENON, 2005). 2.4.3 Raça e características genéticas Diferenças étnicas podem levar alguns indivíduos a apresentarem variações genéticas que podem alterar os padrões de metabolização enzimática, receptores e o transporte celular de alguns compostos químicos, podendo prolongar ou diminuir a ação de determinado fármaco, além de modificar a eficácia e a toxicidade do mesmo. (GOMES, REIS, 2001). 2.4.4 Condições clínicas associadas Algumas situações clínicas podem influenciar na farmacocinética dos medicamentos. Doenças que levem a alterações hepáticas ou renais, síndrome da imunodeficiência adquirida e gestação são algumas delas. Nos casos de alteração renal e hepática, o indivíduo pode apresentar diversos problemas para a excreção dos fármacos utilizados, levando a um aumento na intensidade e prolongamento nos efeitos. (GOMES, REIS, 2001). O período de gestação leva a mulher a mudanças fisiológicas e farmacocinéticas, e exige maior atenção quanto ao uso de substâncias medicamentosas, uma vez que a distribuição do fármaco ocorre na mãe e, por vezes, no feto. O fármaco, na mulher, passa a ser eliminado em uma velocidade maior, graças à elevação do fluxo sanguíneo renal. Devido à concentração plasmática de albumina estar reduzida na mãe, a ligação do fármaco à proteína sofre alterações. Medicamentos que conseguem ultrapassar a barreira placentária demoram mais para serem eliminados do feto do que na mãe, pois a atividade das enzimas hepáticas é menor do que no indivíduo adulto, além disso, os rins do feto eliminam o fármaco no líquido amniótico, e pode ser ingerido pelo bebê. (Rang, et 22 al, 2011). 2.4.5 Associação medicamentosa Também denominada como “polifarmácia”, a associação de dois ou mais substâncias farmacológicas podem acarretar em diversos efeitos. A administração conjunta pode afetar a farmacocinética, alterando a eficácia, potencializando ou diminuindo o efeito terapêutico esperado ou ainda levar a uma reação adversa. (OLIVEIRA, 1986). A polifarmácia pode causar efeito benéfico se recomendada por um profissional capacitado, para o tratamento de patologias, ou ainda não causar nenhum efeito, porém, casos de ingestão conjunta de medicamentos ainda são grandes responsáveis por hospitalizações com elevado custo de tratamento e grande morbidade. (SECOLI, 2001). 2.4.6 Consumo de álcool As reações adversas resultantes da interação medicamentosa e de álcool devem levar em consideração se o uso do etanol é realizado de maneira ocasional ou crônica, sendo que no primeiro caso, o risco de reação adversa só ocorre quando a sobrecarga alcoólica é aguda, e no segundo, o seu uso crônico pode alterar a farmacocinética de alguns medicamentos. (WANNMACHER, 2007). A associação de álcool com medicamentos que também sejam depressores do sistema nervoso central leva ao aumento de seus efeitos, como prejuízo na coordenação motora e da memória, sedação, maior risco de quedas, entre outros. (BRASIL, 2010). Na Tabela 1 estão correlacionados os efeitos adversos sofridos pelo indivíduo ao fazer a associação alcoólica com determinada classe medicamentosa. 23 Tabela 1 - Associação medicamentosa x alcoólica e seus riscos. Medicamentos Efeitos ocasionados Analgésicos, antipiréticos, anti- Úlceras, hemorroidas, perturbações inflamatórios gastrintestinais. Aumento da pressão sanguínea, Antidepressivos diminuição dos efeitos medicamentosos. Antibióticos Náuseas, vómitos, dores de cabeça, convulsões. Antidiabéticos Severa hipoglicemia. Anti-histamínicos, tranquilizantes, Aumento da sonolência e possível sedativos vertigem. Antiepilépticos Redução dos efeitos medicamentosos, com risco de ataque epilético. Medicamentos cardiovasculares Redução dos efeitos medicamentosos, vertigens, desfalecimento. FONTE: Adaptado de ANVISA, 2010. 24 3 OBJETIVO O presente projeto teve por objetivo realizar um levantamento do perfil da população adulta, entre 18 e 60 anos, que façam ou já tenham feito uso de automedicação. Foi objeto do questionamento, avaliar o conhecimento desses indivíduos sobre os possíveis efeitos adversos e riscos que essa prática oferece, além de doenças e quaisquer outros danos que já tenham apresentado. 25 4 PROBLEMA Como adultos comportam-se diante da automedicação? Qual o conhecimento da população sobre os riscos e efeitos adversos conhecidos que essa prática trouxe ou pode trazer para seus usuários? 26 5 JUSTIFICATIVA A automedicação é uma prática muito frequente no Brasil. A facilidade de obtenção de medicamentos, bem como a disponibilidade de informações sobre esses, somados a pouca divulgação sobre os riscos desse procedimento, gera um aumento de casos na população, com consequente aumento de efeitos adversos. O presente trabalho propõe uma analise de dados da população que faz uso de automedicação na cidade de Americana e região, bem como avaliar o conhecimento dessas sobre os efeitos adversos dessa prática. 27 6 METODOLOGIA Para a coleta de dados do projeto, foi realizado um questionário com perguntas objetivas referentes à prática da automedicação (ANEXO B), como o uso de medicamentos sem prescrição, frequência de uso, tipo de fármaco utilizado, possíveis efeitos adversos, dentre outras. Para a realização da pesquisa, 40 indivíduos adultos na faixa etária de 18 a 60 anos, residentes na cidade de Americana e região, estudantes da Faculdade de Americana (FAM), funcionários de uma empresa de análises clínicas e de uma empresa têxtil, foram questionados. A partir dos dados coletados através do questionário, foi realizada a análise estatística utilizando o programa Excel 2010, buscando conhecer a parcela da população pesquisada que já fez uso da automedicação, além do conhecimento sobre os possíveis efeitos adversos e riscos que essa prática oferece, associados a doenças e quaisquer outros danos que já tenham apresentado. 28 7 RESULTADOS E DISCUSSÃO Em relação aos resultados obtidos, a figura 1 demonstra que a maioria dos entrevistados (12,5%) estão na faixa etária de 21 anos, seguido por adultos de 25, 24, 27 e 28 anos. A faixa etária mais jovem deve-se ao fato de que a maioria das entrevistas ocorreu, principalmente, dentro de uma faculdade. Como observado na figura 2A, a maior parcela de entrevistados (47,5%) reside na cidade de Americana, seguido por 17,5% em Santa Bárbara D’Oeste. A maioria dos entrevistados, como observado na figura 2B, é de indivíduos do sexo feminino (72,5%), pois em sua maioria, a grade de funcionários das empresas é composta por mulheres, assim como os alunos da faculdade. Na figura 2C pode-se observar o grau de escolaridade dos entrevistados. Como exposto, 47,5% dos indivíduos ainda estão cursando o ensino superior, seguido por pessoas com ensino médio e superior completos. A parcela de indivíduos com ensino fundamental incompleto, ensino fundamental completo e ensino médio incompleto representam juntas 7,5%. Idade 6 5 4 3 2 1 0 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 35 36 38 45 49 50 52 56 60 Figura 1: Perfil etário da população pesquisada 29 Cidade 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Americana Santa Bárbara D'Oeste Cosmópolis Limeira Nova Odessa Sumaré Gênero 11 Feminino Masculino 29 Escolaridade 6 0 2 E. Fundamental Incompleto 1 E. Fundamental Completo E. Médio Incompleto 12 E. Médio Completo E. Superior Incompleto 19 E. Superior Completo Figura 2: Perfil de gênero, escolaridade e município da população estudada: A – Distribuição da população avaliada de acordo com as cidades em que residem. B – 30 Distribuição da população avaliada de acordo com o sexo. C – Distribuição da população avaliada de acordo com a escolaridade. O questionamento referente aos medicamentos e automedicação iniciou-se de fato na pergunta número 5, referente à prática individual ou familiar de guardar medicamentos em casa, que muitas vezes acabam sobrando de tratamentos anteriores. Dos 40 indivíduos entrevistados, 35 (87.5%) afirmam armazenar sobras de medicamentos. (Figura 3). Os dados colhidos foram semelhantes aos registrados por Silva e colaboradores (2012), após pesquisa em uma cidade de Goiás, aonde chegou a dados preocupantes. 98% dos entrevistados revelaram armazenar medicamentos em residências. Segundo estudos de Bueno e colaboradores (2009), Eickhoff e colaboradores (2009) e Ribeiro e Heineck (2010), o motivo para o acúmulo de medicamentos em residências familiares pode estar ligado a grande quantidade de medicamentos que vem em uma caixa ou cartela, sendo superior a quantidade necessária para terminar um tratamento, a facilidade em se adquirir diversos remédios em farmácias e drogarias, o abandono do tratamento e o difícil descarte dos mesmos. Hoje no Brasil existem duas leis que dizem respeito ao descarte de substâncias medicamentosas, porém tratam-se apenas de resíduos de saúde. A RDC n° 306, de 7 de dezembro de 2004, da ANVISA, diz respeito a regulação técnica de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde, como o acondicionamento, transporte e destinação final, e a Resolução n° 358, de 29 de abril de 2005, do Ministério do Meio Ambiente, dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde. Já o descarte de medicamentos vencidos ou não utilizados em residências ainda não possui uma legislação própria, sendo que desde 2011 está em tramite no Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 595/11, que busca acrescentar o artigo 6º à Lei nº 5991/73, referente ao controle sanitário no descarte de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e afins. Neste projeto, busca-se obrigar drogarias, farmácias e postos de saúde a receberem medicamentos residências que estejam vencidos, perto do fim da validade ou apenas em desuso, a fim de enviá-los a indústrias farmacêuticas, para que possam ser descartados de maneira apropriada e sustentável para o meio ambiente. . (BRASIL, 2004; BRASIL, 2005; BRASIL, 2011). 31 Tem-se tornado cada vez mais importante promover o conhecimento da população sobre maneiras adequadas de descarte de medicamentos, visto que este é um problema de saúde pública, uma vez que a eliminação inadequada em aterros sanitários comuns e no esgoto leva a riscos consideráveis para a população, solo, águas, fauna e flora. As substâncias medicamentosas quando eliminadas no esgoto atingem as águas e ao sofrerem os tratamentos convencionais, não tem suas propriedades químicas eliminadas. Além disso, podem ainda contaminar o solo, rios, lagos, oceanos e águas subterrâneas. Esses locais oferecem condições adversas (umidade, temperatura e luz) podendo levas as substâncias químicas dos medicamentos a tornarem-se toxicas, afetando o equilíbrio do meio ambiente, alterando ciclos biogeoquímicos, interferindo nas teias e cadeias alimentares. (CRESTANA, SILVA, 2011; EICKHOFF, et al., 2009). Existem alguns projetos que auxiliam no descarte correto de medicamentos e outras substâncias prejudiciais ao meio ambiente, como o Programa de Coleta Especial de Resíduos Domiciliares da Prefeitura Municipal de Curitiba, que recolhe e armazena medicamentos na Central de Tratamentos de Resíduos Industriais (CTRI) e o programa de coleta da Farmácia Popular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que realizam coletas de medicamentos e campanhas denominadas “Medicamento Vencido – Destino Ambientalmente Correto”. Além disso, a Panvel em parceria com UFRGS criou o programa “Destino Certo”, que até 2013 já recolheu mais de cinco toneladas de medicamentos fora do prazo de validade. A Eurofarma em parceria com a rede Pão de Açúcar também criou um programa, desta vez em São Paulo, chamado “Descarte Correto de Medicamentos”, para o recolhimento de medicamentos em processo de vencimento, e em seu primeiro ano de funcionamento (2010) arrecadou mais de 300 kg de material. (ANVISA, 2013). Outra possível explicação para o armazenamento de medicamentos em residências é a chance de reutilização que esses remédios podem ter, caso o próprio indivíduo ou familiar apresente os sintomas ou doença já tratados por esse medicamento. 32 3 2 Sim Não As vezes 35 Figura 3: Distribuição da população quanto ao armazenamento de medicamentos em suas residências. Quando questionados sobre o armazenamento de receitas médicas antigas, 21 (52,5%) revelaram que a prática não é recorrente em seus cotidianos. O não armazenamento de receitas pode dever-se ao fato de que medicamentos de uso cotidiano não necessitam de prescrição médica para serem adquiridos. (Figura 4). Grande parte das receitas médicas para medicamentos de controle especial apresentam prazos de validades e a necessidade de duas vias da mesma para a efetuação da compra. Por exemplo, medicamentos utilizados para o tratamento de enfermidades crônicas tem validade, do dia da emissão, até a data de retorno marcado ao médico, que deverá estar escrito na receita. Prescrições de medicamentos para patologias agudas tem validade de 15 dias a partir da data de emissão, com exceção de antimicrobianos, que tem validade de 10 dias e Oseltamivir, de 5 dias. Os medicamentos de controle especial, de acordo com a Portaria SVS/MS nº 344 de 12/05/98, possuem validades variáveis, de acordo com a sua classificação. Medicamentos A (entorpecentes), B1 (drogas capazes de induzir dependência física e/ou psíquica), B2 (psicotrópico anorexígeno), C1 (nos casos de antidepressivos e antipsicóticos), C2 (Retinóides de uso sistêmico), C4 (Antiretrovirais) e C5 (anabolizantes) possuem validade de 30 dias, a partir da data de emissão da receita. Os medicamentos classe C3 (talidomina) possuem validade de 20 dias e os medicamentos anticonvulsivantes e antiparkinsonianos tem validade de 6 meses, sendo que o fornecimento de medicamento ocorre mensalmente. (SUS, 2011). 33 Em contra partida, 8 (20%) dos entrevistados afirmaram sempre guardar as receitas médicas e 11 (27,5%) que as guardam esporadicamente. Esse fato pode ocorrer devido à presença, não só do nome do medicamento, mas também a informações relevantes para seu consumo, como a dose recomendada, tempo de tratamento e intervalo entre as doses. 8 11 Sim Não As vezes 21 Figura 4: Distribuição da população quanto ao armazenamento de receitas anteriores de medicamentos em suas residências. Quanto à prática de compartilhamento de medicamentos entre familiares (figura 5A), 7 indivíduos (17,5%) disseram não realizar essa prática, enquanto 24 indivíduos (60%) afirmaram que a prática é frequente em sua família, e para 9 entrevistados (22,5%), o compartilhamento de medicamentos ocorre esporadicamente. Uma possível explicação para o uso de um mesmo medicamento entre toda uma família é de que, ainda nos dias atuais, as pessoas pensem que um medicamento/dose quando eficiente para um indivíduo, é automaticamente indicado para outras pessoas com sintomas ou patologias parecidas, sem levar em conta a dose recomendada e os fatores individuas e/ou predisponentes de cada um. (FILHO et al., 2002; WANNMACHER, FUCHS, 2012). A pesquisa ainda determinou, como é possível observar na figura 5B, quais tipos de medicamentos os entrevistados compartilhavam com suas famílias, levando em conta que cada indivíduo poderia dar mais de uma resposta, neste caso. Assim, 28 pesquisados (51,8%) disseram fazer o compartilhamento de analgésicos, seguidos por 15 (27,7%) que usam antitérmicos, 6 (11,11%) que partilham anti- 34 inflamatórios, 3 (5,5%) que utilizam antiespasmódicos e apenas 2 (3,7%) que compartilham antialérgicos com algum de seus familiares. Segundo estudos de Filho e colaboradores (2002) a prática de compartilhamento familiar favorece a automedicação, e esta, ocorre principalmente com o armazenamento e utilização de analgésicos e anti-inflamatórios. Os analgésicos são uma classe de medicamentos responsáveis pelo alívio da dor. Dentre eles, estão os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) e os analgésicos narcóticos, mais conhecidos como opióides. Esses medicamentos, além das propriedades analgésicas e anti-inflamatórias, possuem, em sua maioria, propriedades antitérmicas. (KUMMER, COELHO, 2002; WANNMACHER, 2007). Os AINEs estão entre os medicamentos mais utilizados na prática médica, sendo indicado para casos de analgesia, anti-inflamação, antipirese e também em profilaxia contra doenças cardiovasculares. Apresentam como função básica o alívio de dor e a redução de edemas causados por patologias inflamatórias, como doenças reumáticas e osteoarticulare. A aspirina, um dos AINEs mais utilizados na automedicação para o tratamento de inflamações, funciona através do bloqueio da biossíntese de medidores lipídicos como prostaglandinas e tromboxanos, derivados de do ácido graxo araquidônico, via de inibição da enzima ciclooxigenase. (OLIVEIRA, 2009; WANNMACHER, BREDEMEIER, 2004). Opióides, como a morfina, são uma classe de analgésicos utilizados em casos de dor intensa e podem ser classificados em Endógenos e Sintéticos. Seu mecanismo de ação ocorre através da ligação aos receptores opióides que estão presentes no sistema nervoso central, modulando a dor e controlando o sistema nervoso cardiovascular. (TRIVEDI et al., 2015). 35 Figura 5: Distribuição da população e do tipo de medicamentos compartilhados: A - Distribuição da população que afirma fazer o compartilhamento de medicamento entre familiares; B – medicamentos comumente compartilhados. Quando questionados sobre a ingestão de medicamentos (figura 6A), 7 responderam que não usaram medicamentos, enquanto a grande maioria (33 dos pesquisados) confirmou ter utilizado algum medicamento nos últimos 6 meses, seja ele prescrito por um médico ou através da automedicação. Esse elevado número apenas confirma dados alarmantes que vem sendo registrados no país. Com cerca de 80 mil farmácias, em 2003, o Brasil era o décimo país no ranking farmacêutico mundial e, até 2007 saltou para a sexta colocação. Em 2013, o faturamento registrado pelo setor farmacêutico ultrapassou os 58 bilhões de 36 reais e a estimativa para 2017 é de que o país chegue à quarta colocação no ranking, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China e Japão. (PÚBLIO, 2015). Dados do estudo Saúde, Medicalização e Qualidade de vida, do ICTQ/Datafolha, em 2014, chegaram à conclusão de que, mais de 54% da população brasileira utiliza regularmente algum tipo de medicação, e um dos principais motivos para esse elevado consumo seria a maior abrangência dos medicamentos genéricos, que tiveram um crescimento de 25% no primeiro trimestre de 2014, quando comparado ao mesmo trimestre de 2013, segundo dados da IMS Health. Somados também ao aumento nas vendas de medicamentos que não necessitam de prescrições médicas, o faturamento do setor farmacêutico em 2015 pode chegar a incrível marca de 132,15 bilhões de reais. (LEONARD, 2014; IBPT, 2015). Os pesquisados ainda informaram o motivo pelos quais fizeram a utilização de medicamentos (figura 6B), sendo que eles podiam descrever mais de um sintoma ou doença. 16 dos entrevistados (26,22%) afirmaram que utilizaram medicamentos devido a cefaleia, seguido de dores musculares e cólicas (9 pessoas ou 14,75% cada), gripe ( 6 pessoas ou 9,8%), alergia (4 pessoas ou 6,55%), enxaqueca e rinite com 2 pessoas cada (3,27%) e por fim dores de dente, labirintite, cólica de rim, dengue e infecção urinária com uma pessoa cada (1,63%). Além disso, alguns medicamentos foram ingeridos nesses seis meses de maneira contínua, como por exemplo, anticoncepcionais (6 pessoas ou 9,8%), remédios para hipertensão (1,63%) e colesterol (1,63%). Outros trabalhos e pesquisas relacionadas obtiveram resultados semelhantes. Por exemplo, Vítor e colaboradores, em 2008, chegaram à conclusão de que as dores de cabeça são grandes motivações para automedicação, seguido de febre. Damasceno e colaboradores (2007) obtiveram resultados similares aos de Vitor, onde 35,6% dos entrevistados ingeriram medicamentos para dores de cabeça, seguido de dores gerais (13,3%) e a febre (12,4%). O Fundador e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cefaléia e da Sociedade Internacional de Cefaléia além de médico neurologista, Dr. Edgard Raffaelli Jr. afirmou no ano de 2000, em entrevista à Revista Pharmacia Brasileira, que o uso exagerado de medicamentos para o combate a dor de cabeça pode acarretar em uma cefaleia crônica diária. A cefaleia crônica é aquela que ocorre por mais de quinze dias em um mesmo mês, sendo muito difícil de ser tratada. Ainda 37 segundo o Dr. Raffaelli, o país vem sofrendo um aumento no número de pacientes com esta doença graças aos abusos da automedicação de analgésicos. A cronificação da cefaleia por meio de analgésicos acontece da seguinte maneira: as células nervosas do organismo produzem a endorfina sempre que há um estímulo de dor. Quando ocorre o uso abusivo de analgésicos as células nervosas não necessitam funcionar, até praticamente deixarem de produzir endorfina, levando o paciente a ingerir cada vez mais analgésicos, e estes, a funcionarem cada vez menos. (RAFFAELLI, 2015). Figura 6: Uso de medicamentos nos últimos 6 meses: distribuição e sintomas associados: A – Distribuição da população que afirma ter feito, ou não, uso de 38 medicamentos nos últimos seis meses; B – Doenças ou sintomas que levaram os pesquisados a ingerirem medicamentos nos últimos seis meses. Após responderem sobre os sintomas e doenças que os levaram a ingestão de medicamentos, os 33 entrevistados responderam se o medicamento em questão foi ou não prescrito por um médico (figura 7A). Dos 33, 20 afirmaram que os remédios não foram prescritos por um médico, optando assim pela automedicação, enquanto 13 pesquisados utilizaram medicamentos prescritos. Como fonte de informação sobre os medicamentos ingeridos sem prescrição (figura 7B), os entrevistados puderam dar mais de uma resposta. De acordo com o gráfico, 11 (42,30%) afirmaram terem tomado a medicação graças a prescrições médicas anteriores para o mesmo sintoma ou doença. 8 pessoas (30,76%) afirmaram tomar a medicação por indicação de amigos ou familiares. 4 (15,38%) descobriram sobre o medicamento através de alguma mídia, como televisão, internet e revistas, e, por ultimo, 3 pessoas (11,53%) procuraram indicação de medicamentos através de outros profissionais de saúde, como farmacêuticos. A automedicação é definida como a prática de ingestão de um fármaco para o tratamento e alívio de sintomas, sem que haja a supervisão e prescrição de uma pessoa apta. (MUSIAL et al., 2007). Segundo dados do ICTQ (2014), 76,4% de toda população brasileira pratica a automedicação, levando em conta indicações de amigos, familiares e mídias. Além disso, contatou-se ainda que 32% da população aumenta a dose recomendada da medicação, para que apresentem efeitos de melhora mais rápido. Além de prescrições anteriores, os indivíduos procuram valer-se de indicações de amigos e familiares que já tenham sido tratados com determinados medicamentos para patologias e sintomas que eles acreditam serem os mesmos, esquecendo-se de que cada indivíduo apresenta um conjunto de características e fatores individuais e predisponentes que os tornam únicos e que influenciam no modo em que cada organismo vai responder a determinada medicação. (FILHO et al., 2002). 39 Figura 7: Uso de medicamentos sem prescrição medica: A – Distribuição da população que afirmou utilizar-se de medicamentos com ou sem prescrição médica; B – Locais ou pessoas onde os entrevistados se informavam sobre os medicamentos utilizados. Os 33 entrevistados foram em seguida questionados quanto à procura sobre os efeitos adversos e contraindicações antes de ingerir o medicamento (figura 8A). 19 pessoas (57,57%) afirmaram que procuram essas informações antes de utilizarem qualquer medicamento sem prescrição médica, e, 14 (42,43%) afirmaram que não sentem necessidade em procurar este tipo de informação. 40 Em seguida, a figura 8B demonstra os resultados referentes ao questionamento sobre as fontes onde os 19 pesquisados procuram informações a respeito dos efeitos adversos e contraindicações que a medicação ingerida pode oferecer, lembrando que cada indivíduo podia dar mais de uma resposta. Como podemos perceber pelos números, a maior fonte de informações ainda é a bula impressa que acompanha os medicamentos, sendo utilizada por 14 pesquisados (56%). A segunda fonte de conhecimentos, com 6 pessoas (24%), é a internet, com diversos sites que oferecem informações a respeito de medicamentos, prescrições, reações adversas e contraindicações, além de bulas em formatos eletrônicos. 3 pesquisados (12%) se valem do conhecimento de outros profissionais de saúde, como farmacêuticos, e por fim, 2 (8%) utilizam-se de informações de amigos e familiares. A bula é um documento essencial de acesso a informações sobre medicamentos. No Brasil, a ANVISA é o órgão que regula, analisa e aprova medicamentos e suas respectivas bulas, sendo que esta deve estar configurada de forma que os pacientes, geralmente pessoas leigas, possam entender seu conteúdo técnico-científico. (FUJITA et al., 2014). A RDC 47/09 criada em 2009 pela ANVISA, é a mais recente resolução para a padronização da bula de medicamentos, seja ela impressa ou de conteúdo digital. A padronização diz respeito desde o papel, fonte da letra e espaçamento, até informações de identificação do medicamento, como nome comercial, principio ativo, vias de administração e composição, entre outros. Devem incluir também informações ao paciente, como indicação e malefícios que o medicamento pode trazer. Além disso, devem incluir informações sobre dizeres legais e informações técnicas, como contraindicações, efeitos adversos, interações medicamentosas, posologia e superdose, informações essas, mais lidas e importantes para o paciente. (BRASIL, 2009). Os farmacêuticos tem papel muito importante na automedicação, visto que o indivíduo sempre acaba procurando farmácias para adquirir medicamentos, e lá, acaba valendo-se do conhecimento desses profissionais para receber informações a respeito de novos remédios, contraindicações, efeitos adversos e afins. Assim, é estritamente necessário que o farmacêutico seja competente a ponto de avaliar a situação do paciente, além de indicar, desaconselhar e ainda informar sobre medicamentos para uma automedicação mais segura, e que saiba ainda 41 recomendar quando a melhor atitude é procurar orientação médica. (ZUBIOLI, 2000). Figura 8: Distribuição da população que procura informações sobre medicamentos e fontes utilizadas: A – Distribuição da população que afirmou procurar, ou não, informações a respeito do medicamento antes de ingeri-lo; B – Fontes de pesquisa da população estudada, a respeito dos medicamentos utilizados. Quando questionados sobre a eficácia do medicamento para alivio de seus sintomas ou cura de patologias (figura 9A), nenhum entrevistado respondeu que o medicamento não foi eficiente. Em contrapartida, 13 dos entrevistados (65%) afirmam que o remédio levou a cura ou alivio dos sintomas, enquanto 7 (35%) disseram que o medicamento funcionou de forma parcial. 42 Esses dados podem ser explicados pela preocupação em procurar dados a respeito do medicamento, assim como é recomendado pela OMS. Segundo a INFARMED (2010), quando o indivíduo procura fazer a leitura da bula do remédio e o aconselhamento de profissionais de saúde, como farmacêuticos, recebendo informações sobre o produto, como dosagem, frequência, contraindicações, doenças concomitantes, interações medicamentosas e efeitos adversos, as chances do medicamento ter uma grande eficácia são maiores. Contrariando as expectativas, quando questionados sobre os efeitos adversos (figura 9B), 14 dos 20 entrevistados (70%) que utilizaram medicamento sem prescrição médica disseram não ter sentido nenhuma reação adversa causada pela medicação, enquanto apenas 6 pesquisados (30%) afirmaram ter sentido alguma reação. Alguns estudos chegaram a resultados similares. Por exemplo, Sarti e colaboradores (2012) realizaram uma pesquisa com 30 clientes de uma farmácia em São Paulo. Cem por cento dos entrevistados confirmaram praticar a automedicação, e nenhum deles afirmou ter apresentado algum efeito adverso. Os resultados baixos para efeitos adversos podem ser explicados por três motivos. Grande parte dos indivíduos que recorreram à automedicação procuraram, antes da ingestão do remédio, informações a respeito do mesmo, transformando a da automedicação em uma prática mais segura e responsável, pois os indivíduos adquiriram algum conhecimento sobre dosagem do medicamento, intervalo entre as doses, possíveis efeitos adversos e contraindicações, assim como recomenda a OMS. Por outro lado, acredita-se que mais pessoas apresentaram reações adversas aos medicamentos, porém, que possa ter ocorrido algum tipo de constrangimento ao relatar o fato. A última possível explicação seria de que os entrevistados possam não ter percebido os sintomas da reação adversa. Por exemplo, um indivíduo que automedica-se para o tratamento de uma gripe, e que apresente sonolência ou cefaleia provenientes da reação do medicamento ingerido, pode confundi-los com os sintomas da própria doença, não fazendo ligação nenhuma com o remédio utilizado. Entre os pesquisados que sofreram com efeitos adversos (gráfico 9C), 3 pessoas (37,5%) afirmaram sentir sonolência, 2 pessoas (25%) tiveram reações alérgicas, uma pessoa apresentou confusão (12,5%), uma pessoa (12,5%) teve 43 queda de pressão e uma pessoa (12,5%) cefaleia, lembrando que os entrevistados puderam dar mais de uma resposta. Segundo Brasil (2008) e Luz e colaboradores (2006), a sonolência, assim como a cefaleia, é uma reação comum diversos medicamentos, entre eles os analgésicos e antitérmicos, além de anti-inflamatórios, todos eles citados na pesquisa como principais medicamentos compartilhados, armazenados e utilizados nos últimos 6 meses para o tratamento de sintomas e doenças citadas. As reações de hipersensibilidade podem ocorrer devido a quaisquer medicamentos, mas alguns deles são mais propensos a levar a determinados tipos de alergias. Por exemplo, um dos entrevistos afirmou ter sofrido um processo alérgico após uso de medicação para dores musculares, fazendo a utilização de analgésicos, enquanto o segundo entrevistado utilizou-se de anti-inflamatórios. Segundo Bernd (2005), estes dois tipos de medicamentos, quando relacionados a processos alérgicos, comumente levam a reações de urticária e angioedema, sendo o Ácido acetilsalicílico (AAS), dipirona e anti-inflamatórios não hormonais (AINH) os principais agentes causadores de hipersensibilidade. A confusão mental e a queda de pressão, reações adversas documentadas neste trabalho por dois pesquisados, são efeitos que pode ser ocasionados por diversas classes medicamentosas, como relaxantes musculares, antialérgicos, antiinflamatórios, analgésicos, como o paracetamol, entre outros. (UNIARA, 2011). Neste trabalho, um pesquisado afirmou ter feito uso de antialérgico sem prescrição médica, o que teria causado a reação de confusão mental, enquanto o segundo pesquisado, que apresentou queda de pressão, afirmou ter feito uso de antiinflamatórios. Em seguida, os entrevistados que afirmaram sentir algum efeito medicamentoso foram questionados sobre a interrupção do tratamento e procura de um médico ou hospital (gráfico 9D). Dos 6 pesquisados, 4 afirmaram não terem interrompido o tratamento, enquanto 2 confirmaram a interrupção e procura de atendimento médico. Os entrevistados que não interromperam o tratamento podem ter tomado essa atitude por não reconhecerem realmente a gravidade e consequências que a medicação poderia oferecer a pequeno e longo prazo, levando em conta que os principais efeitos apresentados foram a sonolência. 44 A 7 Sim Não Parcialmente 13 0 B 6 Sim Não 14 C 1 Queda de pressão 3 Alergia 2 Confusão Cefaléia Sonolência 1 1 45 D 2 Sim Não 4 Figura 9: Dados da automedicação: eficiência, efeitos adversos e interrupção do tratamento: A – Eficiência dos medicamentos utilizados sem prescrição médica; B – População que diz ter, ou não, apresentado efeitos adversos recorrentes da automedicação; C – Efeitos adversos apresentados pela população estudada; D – População que afirma ter interrompido o tratamento após apresentar reações adversas. Por fim, os 20 entrevistados que afirmaram fazer uso de automedicação nos últimos seis meses foram questionados sobre a motivação que apresentaram para tomarem aquela atitude, lembrando que os indivíduos podiam dar mais de uma resposta. Na figura 10 pode-se observar que 15 pessoas afirmaram recorrer à automedicação, pois já haviam sido tratadas anteriormente com aqueles medicamentos para doenças ou sintomas parecidos. 11 afirmaram não ter tempo disponível para ir ao pronto socorro ou em um consultório médico. 6 receberam orientações de amigos ou familiares que já haviam utilizado um medicamento, não sentindo, portanto, a necessidade de passar por uma consulta médica; enquanto 2 indivíduos recorreram a medicamentos vendidos sem prescrição médica, que passaram em propagandas na televisão, internet, entre outros canais de mídia. Neste estudo, nenhum dos entrevistados afirmou que o elevado custo das consultas médicas foi motivação para a automedicação. No estudo de Vilarino e col. (1998), a maioria dos entrevistados (35,9%) também afirmou utilizar a medicação por ter recebido prescrições anteriores de médicos, porém, seguida por orientações de amigos ou familiares (15,3%). 4,3% 46 afirmaram não ter condições de arcar com o valor da consulta médica e apenas 2,7% se automedicou por influência da mídia. 6 Tratamentos anteriores Elevado custo de consulta 2 15 Falta de tempo Mídia 11 0 Figura 10: Motivação para a automedicação. Amigos e familiares 47 8 CONCLUSÃO O presente trabalho nos permitiu concluir que a maioria dos entrevistados pratica constantemente a automedicação, valendo-se principalmente de experiências anteriores e medicamentos armazenados em suas residências, como analgésicos e antitérmicos. Também pode-se concluir que a cefaleia foi o principal sintoma responsável pelo uso indiscriminado de medicamentos, e a maioria dos entrevistados utilizou-os baseando-se em prescrições anteriores ou indicações de amigos e familiares. Por fim, a maioria dos entrevistados não foi capaz de associar o uso indiscriminado de medicamentos com as reações adversas apresentadas por eles. 48 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA AIZENSTEIN, M. L.; TOMASSI, M. H. Problemas relacionados a medicamentos; reações adversas a medicamentos e erros de medicação: A necessidade de uma padronização nas definições e classificações. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, v. 32, n. 2, p. 169–173, 2011. Disponível em: <http://www.scopus.com/inward/record.url?eid=2-s2.080755168890&partnerID=40&md5=556f9f7774797809b6b5e696c2834354>. ANTILLÓN, J. J. et al. Revisión Evolución de la medicina : Pasado, presente y futuro. Acta Medica Costarricense, v. 43, n. 3, p. 104–113, 2001. Disponível em: <http://www.redalyc.org/pdf/434/43443303.pdf>. ANVISA. Logística reversa para o setor de medicamentos. ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. 2013. 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Se você não quiser participar ou retirar sua autorização, a qualquer momento, não haverá nenhum tipo de penalização ou prejuízo. Justificativa e objetivos: Justificativa: A automedicação é uma prática muito frequente no Brasil. A facilidade de obtenção de medicamentos, bem como a disponibilidade de informações sobre esses, somados a pouca divulgação de sobre os riscos desse procedimento, gera um aumento de casos na população, com consequente aumento de efeitos adversos. O presente trabalho propõe uma analise de dados da população que faz uso de automedicação na cidade de Americana e região, bem como avaliar o conhecimento dessas sobre os efeitos adversos dessa prática. Objetivo: O presente projeto tem por objetivo realizar um levantamento do perfil da população adulta, entre 18 e 60 anos, que façam ou já tenham feito uso de automedicação. Será objeto do questionamento, avaliar o conhecimento desses indivíduos sobre os possíveis efeitos adversos e riscos que essa prática oferece, além de doenças e quaisquer outros danos que já tenham apresentado. 59 Procedimentos: Participando do estudo você está sendo convidado a: Participar de uma pesquisa para coleta de dados, sem identificação do paciente. Observações: O paciente irá responder a uma pesquisa, que poderá ou não ser incluída no grupo experimental. O tempo estimado para a resposta é de 10 a 20 minutos. Desconfortos e riscos: Não existem riscos para os indivíduos que participarem deste estudo. Benefícios: A pesquisa trará um retorno social por trazer informações relevantes sobre prejuízos apresentados pela população ao ingerir medicamentos sem indicação especializada. Acompanhamento e assistência: Não será necessário o acompanhamento do paciente. Sigilo e privacidade: Você tem a garantia de que sua identidade será mantida em sigilo e nenhuma informação será dada a outras pessoas que não façam parte da equipe de pesquisadores. Na divulgação dos resultados desse estudo, seu nome não será citado. O resultado será utilizado para elaboração de um trabalho de conclusão de curso de graduação. Ressarcimento: Não se aplica Contato: Em caso de dúvidas sobre o estudo, você poderá entrar em contato com Bruna Tamazzi Furlan, por e-mail [email protected]. 60 Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação no estudo, você pode entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP): Rua: Tessália Vieira de Camargo, 126; CEP 13083-887 Campinas – SP; telefone (19) 3521-8936; fax (19) 3521-7187; e-mail: [email protected] Consentimento livre e esclarecido: Após ter sido esclarecimento sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar, aceito participar: Nome do(a) participante: ________________________________________________________ ______________________________________________ Data: ____/_____/______. (Assinatura do participante ou nome e assinatura do responsável) Responsabilidade do Pesquisador: Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Asseguro, também, ter explicado e fornecido uma cópia deste documento ao participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo CEP perante o qual o projeto foi apresentado e pela CONEP, quando pertinente. Comprometo-me a utilizar o material e os dados obtidos nesta pesquisa exclusivamente para as finalidades previstas neste documento ou conforme o consentimento dado pelo participante. ___________________________________________ Data: ____/_____/______. (Assinatura do pesquisador) 61 ANEXO B - QUESTIONÁRIO SOBRE AUTOMEDICAÇÃO 1. 3. 4. Idade: ____ 2. Cidade: ______________________ Sexo: [ ] Feminino [ ] Masculino Escolaridade [ ] Ensino fundamental incompleto [ ] Ensino fundamental completo [ ] Ensino médio incompleto [ ] Ensino médio completo [ ] Ensino Superior incompleto [ ] Ensino superior completo 5. Você e/ou sua família costumam guardar medicamentos em casa? [ ] Sim 6. [ ] As vezes Você e/ou sua família guardam receitas antigas de medicamento? [ ] Sim 7. [ ] Não [ ] Não [ ] As vezes Você e sua família costumam compartilhar medicamentos? [ ] Sim [ ] Não [ ] As vezes Se sim, quais?____________________________________________ 8. Você fez uso de medicamentos nos últimos 6 meses? [ ] Sim 9. [ ] Não Para qual patologia e/ou sintoma você tomou o remédio? ______________________________________________ 10. Esses medicamentos foram prescritos por um médico? [ ] Sim 11. [ ] Não Se não, por onde você descobriu este medicamento? [ ] Amigos ou familiares [ ] Mídias (tv, internet, revista) [ ]Profissional de saúde (não médico) [ ] Prescrições anteriores [ ] Outros. Quais? _____________________________ 62 12. Antes de ingerir os medicamentos, você procurou sobre contra-indicações e efeitos adversos que ele poderia apresentar? [ ] Sim 13. [ ] Não Se sim, onde você procurou? [ ] Amigos e familiares [ ] Internet [ ] Farmacêutico [ ] Bula [ ] Outro. Qual? ________________________________ 14. O medicamento foi eficiente para sua patologia e/ou sintoma? [ ] Sim 15. [ ] Parcialmente Você apresentou algum efeito adverso com o uso da automedicação? [ ] Sim 16. [ ] Não [ ] Não Se sim, quais? [ ] Dor de cabeça [ ] Confusão [ ] Sonolência [ ] Alergia [ ] Outros. Quais? _______________________________________ 17. Após sentir o efeito adverso, suspendeu o medicamento e procurou atendimento médico? [ ] Sim 18. [ ] Não Quais motivos te levaram a utilizar medicamentos por conta própria, ao invés de consultar um médico? [ ] Elevado custo das consultas médicas [ ] Falta de tempo [ ]Ter sido tratado anteriormente com o mesmo medicamento para a mesma doença [ ] Viu propaganda do medicamento na mídia (internet, televisão, etc) [ ] Um familiar ou amigo tomou e lhe indicou. [ ] Outros. Quais? _________________________________________