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PERFIL DO USO DE MEDICAMENTOS EM CRIANÇAS DE ZERO A CINCO
ANOS DE IDADE RESIDENTES DA CIDADE DE TUBARÃO, SC
Rosiane de Bona Schraiber1; Dra. Dayani Galato (orientadora)2
INTRODUÇÃO
Os medicamentos exercem um papel fundamental na recuperação e manutenção da
saúde1. Contudo, além dos benefícios, podem promover efeitos prejudiciais à saúde quando
usados irracionalmente1, principalmente em grupos especiais como as crianças2.
O uso inadequado de medicamentos em crianças tem sido evidenciado em diversos
estudos. Por conta de fatores como, por exemplo, carência de apresentações infantis3, excesso
de combinações4 e a automedicação5, que colaboram para o uso irracional de medicamentos, e
consequentemente aumentam os índices de intoxicações no Brasil3.
Palavras-chave: Uso de medicamentos. Pediatria. Farmacoepidemiologia.
OBJETIVO
Determinar o perfil de uso de medicamentos em crianças de zero a cinco anos de idade
da Cidade de Tubarão - SC.
MÉTODOS
A população deste estudo foi representada por crianças de zero a cinco anos,
residentes na cidade de Tubarão e cadastradas em Estratégia Saúde da Família (ESF).
Compreenderam a amostra aquelas crianças, cujos responsáveis aceitaram participar da
pesquisa e eram de maioridade.
Para a coleta de dados, primeiramente foram selecionadas dez ESF, distribuídas
geograficamente no município. As residências das crianças sorteadas foram visitadas, a fim de
se proceder a entrevista com o cuidador das mesmas, por meio da aplicação de um
questionário estruturado. A partir desse roteiro, foi possível obter informações a respeito do
perfil da família, dados referentes à criança, assim como informações a respeito da utilização
de medicamentos nos 15 dias que antecederam a entrevista.
____________________
1
Acadêmica de Farmácia. Bolsista do PIBIC. E-mail: [email protected]
Professora vinculada ao curso de Farmácia e ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Unisul.
Núcleo de Pesquisa em Atenção Farmacêutica e Estudos de Utilização de Medicamentos (NAFEUM) . E-mail:
[email protected]
2
Quanto aos medicamentos, foi investigado a sua finalidade, indicação, forma de
aquisição, presença de bula, embalagem secundária e as condições de armazenamento. Os
fármacos citados foram classificados segundo a classificação Anatomical Therapeutic
Chemical – ATC6 e analisados, quando possível, conforme a adequabilidade de uso.
Os dados foram inseridos em um banco de dados no programa EpiData e analisados
no EpiInfo e no SPSS 19.0. As variáveis numéricas foram apresentadas em medidas de
tendência central e de dispersão, as variáveis nominais em números absolutos e proporções.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Sul de
Santa Catarina sob o protocolo 12.220.4.03.III.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram selecionadas 361 crianças, sendo que cinco foram excluídas por terem
responsáveis menores que 18 anos e seis pelos responsáveis não aceitaram participar da
pesquisa, totalizando 350 crianças. A idade das crianças participantes variou de 21 dias a
cinco anos de idade completos (2,6 ± 1,4), sendo que destas, 52,9% era do sexo feminino.
Quanto à utilização de medicamentos, 56,9% (n=199) das crianças fez uso de pelo
menos um fármaco nos últimos 15 dias. De todas as crianças, 31,1% adotaram medicamentos
automedicação e 35,7% utilizaram provenientes de uma prescrição atual. O número de
medicamentos utilizados por cada criança variou de um a oito (2,0 ± 1,4) e a maioria (76,3%)
dos medicamentos utilizados nesse período foram adquiridos em farmácia.
Levando-se em conta as doses administradas, o intervalo entre as doses e a duração do
tratamento, foi possível observar que 19,1% das crianças usaram pelo menos um
medicamento de forma inadequada. Ainda, para as crianças em que foi possível avaliar o
armazenamento dos medicamentos, 55,2% estavam guardados em local onde a criança
poderia ter acesso, gerando um ambiente inseguro para a mesma.
Quanto às condições de armazenamento, dos medicamentos observados (n= 275), 68%
foram armazenados em locais considerados adequados, ou seja, condições adequadas de
temperatura, umidade e luminosidade. Ainda em relação ao armazenamento, 45,2% das
crianças utilizaram pelo menos um medicamento sem bula, 38,9% usaram pelo menos um
medicamento sem embalagem secundária e 1,6% das crianças usaram pelo menos um
medicamento fora do prazo de validade.
Segundo o relato dos responsáveis, os medicamentos mais utilizadas pelas crianças,
foram aqueles que atuam no Sistema nervoso (24,8%), sistema respiratório (20,5%), aparelho
digestivo e metabolismo (12,8), sistema músculo- esquelético (12,2%) e antimicrobianos
(8,8%). Dos medicamentos os mais citados foram: paracetamol (62), ibuprofeno (35), Hedera
helix (34), dipirona (19), amoxicilina (11) e polivitamínicos (10). Quanto à finalidade dos
medicamentos, as mais comuns foram: problemas respiratórios (112); febre (102); sintomas
gastrointestinais (40), reposição de vitaminas e nutrientes (36) e condições relacionadas à dor
(33).
CONCLUSÕES
A maioria das crianças foi exposta a medicamentos nos últimos 15 dias, sendo
adotados tanto por prescrição quanto por automedicação.
Essa última situação muitas vezes
foi oriunda da reutilização de antigas prescrições. Quanto à adequabilidade de uso verificouse que uma parcela importante das crianças foi medicada de forma inadequada. Quanto
ao
local de guarda de medicamentos observou-se que os mesmos são guardados em lugares
inseguros e inadequados. Este perfil sugere a necessidade de intervenções que busquem
promover o uso racional de medicamentos nesta população.
REFERÊNCIAS
1. ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Promoción del uso racional de
medicamentos: componentes centrales. Disponível em: <
http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/s4874s/s4874s.pdf>. Acesso em: 15 set. 2013.
2. MEINERS, M.M.; MENDES, B.G.. Prescrição de medicamentos para crianças
hospitalizadas: como avaliar a qualidade? Rev Assoc Med Bras, v. 47, p.332-337, 2001.
3. OLGUÍN, H.J.; GARDUÑO, L.B.; PÉREZ, J.F.; PÉREZ, C.F.. Unintentional poisoning
with drugs in a Mexican pediatric population. J Popul Ther Clin Pharmacol, v. 18, n. 1. p.
156-160, 2011.
4. TRAJANOVSKA, M.; MANIAS, E.; CRANSWICK, N.; JOHNSTON, L.. Use of overthe-counter medicines for young children in Australia. J Paediatr Child Health, v. 46, p. 5–
9, 2010.
5. BECKHAUSER, G.C.; SOUZA, J.M.; VALGAS, C.; PIOVEZAN, A.P.; GALATO, D.
Utilização de medicamentos na Pediatria: a prática de automedicação em crianças por seus
responsáveis. Rev Paul Pediatr, v. 28, n.3, p. 262-268, 2010.
6. Who. Collaborating Centre for Drug Statistics Methodology, World Health Organization.
The ATC classification structure and principles. Available:
<http://www.whocc.no/atcddd> (Accessed on Set 20, 2013).
FOMENTO: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
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