Revista Saúde Física & Mental OCORRÊNCIA DA SOROLOGIA POSITIVA PARA HEPATITE B NOS DOADORES DE SANGUE DO MUNICÍPIO DE PAULO AFONSO, BAHIA, BRASIL, NO PERÍODO DE 2009 A 2011 OCCURENCE OF POSITIVE SEROLOGY FOR HEPATITIS B IN BLOOD DONORS IN THE CITY OF PAULO AFONSO, STATE OF BAHIA, BRAZIL, IN THE PERIOD 2009 - 2011 Antônio de Pádua Santos Salgado1, Nilza Santos de Jesus Azevedo2, Antônio Neres Norberg3, Fabiano Guerra Sanches4, José Tadeu Madeira de Oliveira5, Aluízio Antônio de Santa Helena6, Nicolau Maués Serra-Freire*7 Resumo: As infecções atribuidas ao vírus da hepatite B (VHB) constituem um dos grandes e graves problemas de saúde pública global por serem indutores de cirrose hepática e carcinoma hepatocelular. Este trabalho tem como objetivo investigar a incidência do VHB em doadores de sangue do município de Paulo Afonso, estado da Bahia, Brasil. Realizou-se um estudo longitudinal, aplicado e retrospectivo no período de 2009 a 2011. O universo estudado foi constituído por amostras de sangue de 3070 doadores. Para a detecção dos marcadores para 1- Especialista em Análises Clínicas (Bioquímica) e Banco de Sangue. Docente da Universidade Estadual da Bahia – UNEB, Paulo Afonso. Diretoria Regional de Saúde de Paulo Afonso, Bahia. [email protected]. 2- Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde de Paulo Afonso, Bahia. [email protected] 3- Doutor em Doenças Parasitárias. Docente da Faculdade de Medicina Souza Marques – FTESM, Centro Universitário UNIABEU, Rio de Janeiro, e Faculdade de Ciências Gerenciais de Manhuaçu. [email protected] 4- Doutor em Doenças Parasitárias. Docente da Universidade Iguaçu – UNIG. Oficial médico do quadro efetivo do Exército Brasileiro. Médico da Secretaria de Saúde de Paulo Afonso e da Secretaria de Saúde de Santa Brígida, Bahia. [email protected] 5- Mestre em Doenças Parasitárias. Docente do Centro Universitário UNIABEU e do Instituto Benjamin Constant, Rio de Janeiro. [email protected] 6- Mestrando em Saúde Materno Infantil. Coordenador e docente do curso de Farmácia do Centro Universitário UNIABEU. [email protected] 7- Doutor em Doenças Parasitárias. Docente da Universidade Iguaçu – UNIG, Centro Universitário UNIABEU e Instituto Oswaldo Cruz – IOC/FIOCRUZ, Rio de Janeiro. *[email protected] Revista Saúde Física & Mental- UNIABEU v.4 n.1 Janeiro - Julho 2014 23 24 hepatite B, os procedimentos técnicos foram realizados conforme a especificação dos fabricantes dos reagentes. Foram usados os kits produzidos pelo laboratório WAMA Diagnóstica: Imuno-rápido HBsAg e Imuno-ELISA anti-HBsAg Total. Dentre os 3070 doadores, foram diagnosticados 176 casos de infecção pelo vírus da hepatite B, que, para o total de examinados, teve prevalência de 5,7%. Existem portadores de VHB entre os doadores de sangue do município de Paulo Afonso, com risco de transmissão do vírus para outros indivíduos por meio de outros mecanismos de transmissão e, assim, perpetuando a presença do vírus naquela região. Palavras-chave: hepatite viral; banco de sangue, qualidade de hemoderivados. Abstract: Attributed infections to hepatitis B virus (HBV) are one of the major and serious problems of global public health, mainly because induces cirrhosis and hepatocellular carcinoma. The objective of this research is to investigate the incidence of HBV in blood donors in the city of Paulo Afonso, Bahia, Brazil. A longitudinal study, applied and retrospective survey was carried to the period of 2009 to 2011. The population consisted of blood samples of 3070 blood donors. For the detection of markers for hepatitis B, the technical procedures were performed according to the manufacturers specification of the reactants. The used kits produced by the laboratory WAMA Diagnostica were: Imuno-fast HBsAg and Imuno-ELISA anti-HBsAg Total. 176 cases of the 3070 donors were diagnosed with infection by hepatitis B virus, which corresponds to a total prevalence of 5.7%. There are HBV carriers among blood donors in the city of Paulo Afonso, with the risk of transmitting the virus to other people through other mechanisms of transmission and, thus, perpetuating the presence of the virus in the region. Keywords: viral hepatitis; blood bank; quality of blood products. INTRODUÇÃO associados a elevado grau de cronificação As infecções hepáticas atribuídas ao vírus e com tendência de evoluir para cirrose da hepatite B (VHB) e da hepatite C hepática e carcinoma hepatocelular4,5,6. A (VHC) constituem um dos grandes e partir de estimativa citada por Valente2 graves problemas de saúde pública em para o Brasil, era aceita a existência diferentes regiões considerando que do mundo 1,2,3 , mínima de três milhões de portadores esses vírus estão crônicos dos vírus VHB e VHC; com base Revista Saúde Física & Mental- UNIABEU v.4 n.1 Janeiro - Julho 2014 25 em resultados de doadores de sangue, os imunidade. A presença do anticorpo IgM valores de prevalência de infecção crônica anti-HBc indica infecção aguda; porém a por cada um dos vírus variando de 1% a presença do anticorpo IgG anti-HBc indica 10%, conforme a região. que houve apenas um contato prévio com o O vírus da hepatite B é da família vírus da hepatite B, quando o AgHBs é Hepadnaviridae, e o único vírus de DNA negativo. A presença do AgHBs junto ao causador de hepatite no homem. Suas anti-HBc IgG e o anti-HBs negativo se principais formas de transmissão são observa em pacientes que evoluiram para a transfusões de forma crônica da infecção pelo VHB. O sexuais, antígeno “e” (HbeAg) é marcador de transmissão perinatal, aleitamento materno, replicação viral e indica doença ativa e uso de drogas injetáveis, fluidos orgânicos altos níveis de infectividade. O AgHBe como cirúrgicos aparece junto com o HBsAg logo no início poluídos com sangue, transplantes de da infecção aguda e desaparece em poucos órgãos, lesões de pele ou acidentes com meses, nos casos de evolução normal da agulhas7,8,9,10. doença. Os anticorpos anti-Hbe surgem de hemoderivados, sêmen, sangue, aplicação relações instrumentos O período de incubação da hepatite após o desaparecimento do HbeAg tanto na pelo VHB varia entre 60 e 180 dias5,11. O doença aguda como na crônica. Nas diagnóstico da doença, na fase aguda, pode hepatites ser realizado com base nos achados do assintomáticos, sua presença indica que o antígeno de superfície do VHB (HBsAg), grau de replicação viral é baixo, sendo conhecido como “antígeno Austrália”. A considerado como um bom prognóstico presença a para a evolução da doença. Nos casos de existência do vírus no soro de um paciente. evolução para a cura da infecção pelo Cerca de 90% a 95% dos casos evoluem VHB, o AgHBs desaparece no soro em um para a cura4,11. período inferior a seis meses, surgindo desse Existem marcador ainda indica outros crônicas e nos portadores três anticorpos anti-VHB. A detecção do anti- marcadores de infecção pelo VHB: os HBc IgG reagente isolado (AgHBs e anti- anticorpos anti-HBc, que já estão presentes HBs no sangue com os primeiros sintomas de encontrado em candidatos à doação de hepatite aguda pelo vírus B, os quais sangue, pode ter vários significados, como persistem por toda a vida. São anticorpos resultados falsos positivos para o anti-HBc, não reagentes), frequentemente neutralizantes e a sua presença não indica Revista Saúde Física & Mental- UNIABEU v.4 n.1 Janeiro - Julho 2014 26 casos de hepatite B oculta ou ainda contato 10,11 prévio com o vírus do grupo B Considerando . da regulamentação dos bancos de sangue, a transfusão sanguínea das se constituía em potencial mecanismo de sorologias realizadas em doadores de propagação da hepatite B, pois somente sangue, com a resultados Antes estimativa é de que, a descoberta da Síndrome da provavelmente, seis milhões de pessoas no Imunodeficiência Adquirida (AIDS), em mundo sejam portadores do VHB3,12, 1983, surgiu uma preocupação com a porém considera-se que cerca de 45% da qualidade do sangue a ser transfundido. A população mundial vive em regiões de alta maioria dos bancos de sangue privados não prevalência, nas quais o risco de adquirir a apresentava infecção ao longo da vida é acima de funcionamento, 60%13. qualidade, É comum a estimativa da prevalência de doadores soropositivos para condições nem de distribuindo testagem mínimas sorológica, controle sangue aumentando de de sem a 14 possibilidade de transmissão . VHB ser realizada a partir da triagem Considerando a importância clínica sorológica dos doadores. Os hemocentros e a patogenicidade do VHB, o presente do Brasil adotam medidas de controle estudo teve como objetivo investigar a como questionários sobre estado clínico prevalência geral e exposição a fontes de infecção marcadores do VHB em doadores de (hemodiálise, sangue, no município de Paulo Afonso, drogas injetáveis, promiscuidade), realizando rigorosamente, dos casos positivos aos Bahia, Brasil. em todo sangue doado, testes para doenças hemotransmissíveis. A presença de fatores MATERIAL E MÉTODOS de risco e soropositividade para agentes de Estudo doenças transmitidas pelo sangue implicam descritivo, dos doadores de sangue com no descarte imediato das bolsas de sorologia positiva para o vírus da hepatite sangue12. A Lei 7649, de 25 de janeiro de B (VHB) atendidos no centro de triagem 1988, estabeleceu a obrigatoriedade do de doadores voluntários do município de cadastramento dos doadores de sangue e a Paulo Afonso, Bahia, no período de 2009 a realização de exames laboratoriais para 2011. Os doadores foram identificados por hepatite B, sífilis, doença de Chagas, seu número de registro, a fim de preservar malária e AIDS2,14. os dados pessoais, garantindo o caráter retrospectivo, transversal e confidencial da doação. Para a detecção Revista Saúde Física & Mental- UNIABEU v.4 n.1 Janeiro - Julho 2014 27 dos marcadores para hepatite B nos testes finalidade de identificar indivíduos com de triagem, os procedimentos técnicos infecção recente ou pregressa da hepatite referentes aos ensaios foram realizados B. Em todas as situações foram seguidos conforme especificações dos fabricantes os procedimentos técnicos recomendados dos reagentes e dos equipamentos. Foram pelo fabricante. usados os seguintes kits produzidos pelo Os resultados percentuais entre laboratório Wama Diagnóstica: 1- Imuno- classes de idade, e sexos dos investigados rápido HBsAg. Trata-se de um kit para foram testados quanto à significância das determinação qualitativa do antígeno de diferenças pelo teste do qui-quadrado, se superfície do vírus da hepatite B (HBsAg) arbitrando 5% como nível de significância, por método imunocromatográfico, usando e comparados quanto ao coeficiente de anticorpos prevalência (Serra-Freire, 200215). mono imobilizados na identificação seletiva e policlonais membrana de para HBsAg em RESULTADOS amostras de soro; 2- Imuno-ELISA anti- No período investigado, HBsAg Total. É um teste imunoenzimático compreendendo os anos de 2009, 2010, e por competição, fase sólida, que utiliza 2011, foram examinadas alíquotas de proteínas recombinantes da região do core sangue de 341 casos de doadores cujos do vírus B (HBcAg) para detectar a exames preliminares identificaram algum presença de anticorpos anti-HBcAg Total tipo de infecção, caracterizados então em soro ou plasma humano, com a como não negativos (Tab. 1) Classe de idade das Sexo dos examinados pessoas examinadas Masculino Total de examinados Feminino (anos) No % No % No % 18 H 25 31 16,3 26 17,1 57 16,7 26 H 33 49 25,8 43 28,4 92 27,1 34 H 41 38 20,1 35 23,0 73 21,4 42 H 49 37 19,8 30 19,7 67 19,6 50 H 57 34 18,0 18 11,8 52 15,2 Total 189 100 152 100 341 100 Tabela 1: Caracterização da amostra de sangue humano não negativo, de doadores no município de Paulo Afonso, Bahia, entre 2009 e 2011, investigada para o diagnóstico da hepatite B. Revista Saúde Física & Mental- UNIABEU v.4 n.1 Janeiro - Julho 2014 28 Entre os 341 casos não negativos houve positivos, tanto para os casos de infecção diagnóstico de diferentes infecções como recente ou pregressa como pela detecção hepatite, sífilis, doença de chagas, vírus de anticorpos contra o vírus da hepatite B, HTLV, HIV entre outras, e para este artigo considerando foi concentrada a atenção nos casos de estabelecidas na investigação, destacou que hepatite B, tanto para a identificação de a classe de 42 a 49 anos de idade é infecção recente ou pregressa pela pesquisa percentualmente a de maior quantidade de de doadores reação AntiHBc identificação como qualitativa do para a antígeno HBsAg (Tab. 2). O teste as de classes sangue de infectados idade no município de Paulo Afonso, mas só tem diferença significativa (p<0,05) para a de significância das diferenças entre as percentagens de casos Classe de idade das pessoas examinadas classe de idade entre 18 e 25 anos (Tab. 2). Diagnóstico positivo para hepatite B (No) Masculino Total de examinados (%) Feminino (anos) AntiHBc HBsAg AntiHBc HBsAg AntiHBc HBsAg 18 H 25 15 2 9 0 13,6b 7,7b 26 H 33 19 4 12 1 17,6ab 19,2ab 34 H 41 28 4 15 2 24,4ab 23,1ab 42 H 49 32 5 21 3 30,2a 30,8a 50 H 57 13 4 12 1 14,2ab 19,2ab Total 107 19 69 7 100 100 Tabela 2: Resultado da investigação sobre hepatite B em amostra de sangue humano de doadores no município de Paulo Afonso, Bahia, entre 2009 e 2011. Na amostra investigada havia 189 homens, população doadora disponibilizada para o e, destes, 107 estavam infectados com o estudo era formada por 3.070 indivíduos vírus da hepatite B (CP = 56,6%); das 152 (1.678 homens e 1.392 mulheres), a mulheres, 69 estavam infectadas com o relação homem (54,7%)/mulher (45,3%) é vírus (CP = 45,4%). Considerando que a de 1,21 homem/1 mulher, e que na relação Revista Saúde Física & Mental- UNIABEU v.4 n.1 Janeiro - Julho 2014 29 entre os infectados com o vírus da hepatite injetáveis, manicures, barbeiros, B 1,25/1 a probabilidade de que o sexo do promíscuos e profissionais de saúde3,8,15. humano esteja influenciando os níveis de Segundo Longhi et al.16, para todo o Brasil infecção encontrado é não significativa (p se avalia que de 1% a 3% da população >0,05). O coeficiente de prevalência de seja portadora crônica do VHB. Neste doadores de sangue infectados pelo vírus caso, a identificação de 5,7% dos doadores da hepatite B, relativo aos três anos com infecção indica um risco focal maior. investigados, é CP = 5,7% no município de Como Longhi et al.16 ressaltaram que a Paulo Afonso. região amazônica apresenta incidência da infecção comparável às maiores do mundo, DISCUSSÃO tendo A hepatite causada pelo vírus B (VHB) é a superior a 7% dos habitantes da região mais frequente das doenças de transmissão como parenteral detectada por ocasião da triagem antígeno de superfície do vírus B, é do sangue a ser transfundido. Esse vírus possível admitir que a situação é similar hepatotrópico é considerado um dos em Paulo Afonso. No estado de Rondônia, maiores problemas de saúde pública, é eles detectaram 7,47% em 2008, e 6,2% endêmico em diferentes locais do mundo, em 2009 dentre os doadores de sangue estimando-se que existam 300 milhões de como portadores do vírus B, sendo a mais portadores crônicos. Sua importância não é alta somente pela elevada prevalência, mas Ariquemes, que é área de garimpo, com também por ser uma das principais causas 26,92% e 23,53%, nos anos 2008 e 2009, de doença hepática crônica, como cirrose e respectivamente. carcinoma encontrada em Rondônia e na região norte hepatocelular. Em Paulo sido demonstrado portadores prevalência prevalência assintomáticos no A município alta do de prevalência Afonso, a prevalência pode ser considerada 29 do Brasil foi justificada por Souto16, ao relativamente baixa (CP = 5,7%). observar que a hepatite B segue os A hepatite B, pode ocorrer em movimentos migratórios humanos e que as qualquer pessoa, porém, alguns grupos de comunidades de migrantes reproduzem no indivíduos estão mais expostos ao vírus, local de destino o padrão epidemiológico como: das os receptores hemoderivados, de sangue ou populações que deixaram. O hemofílicos, pesquisador relatou ainda que o estado de hemodialisados crônicos, filhos de mães Rondônia, na década de 1970, passou por portadoras do vírus, usuários de drogas uma fase de grande desenvolvimento e Revista Saúde Física & Mental- UNIABEU v.4 n.1 Janeiro - Julho 2014 30 atraiu contingentes populacionais período de 01 de janeiro de 2006 a 31 de provenientes das regiões sul, sudeste e março de 2007, com prevalência de 0,8%, centro-oeste se que atesta baixa incidência da hepatite B concentraram em várias cidades do estado, na cidade de Santa Maria, estado do Rio e mostrou que ter vivido em área de Grande do Sul. do Brasil, que garimpo, que funcionava como fator de Estudo com 25.891 doadores de risco para exposição ao VHB, aumentando sangue que compareceram pela primeira o risco relativo de 27% para 157%. Os vez no hemocentro de Ribeirão Preto entre garimpeiros têm hábitos nômades16,17, que, 1996 e 2001 foi detectado 2.250 casos (CP por se movimentarem de uma área para = 8,7%) (Valente et al.2) com o marcador outra, podem funcionar como reservatórios anti-HBc que foi o mais frequente nos móveis do VHB. Nas áreas ao entorno do testes garimpo, encontrado para Santa Maria/RS, e maior desenvolvem-se prostituição masculina zonas e de feminina, bem superior ao do calculado para Paulo Afonso/BA. Hernandez et al.20, em estudo facilitando a transmissão do vírus B através de relações sexuais. de triagem, realizado durante um ano, em 1.420 Em algumas cidades da região sul doadores de sangue do município de do Brasil, as taxas de prevalência de Sandino, Cuba, encontraram 18 doadores infecção por VHB também são elevadas, com sorologias positivas para HBsAg, conforme diagnosticado em Jaraguá do prevalência de 1,3%; portanto, muito Sul, com índice de 29,7%16,18. abaixo das taxas encontradas em doadores A determinação do marcador antiHBc na prevenção da de outras regiões do mundo. transmissão As medidas básicas de profilaxia de transfusional do vírus da hepatite B foi transmissão parenteral estão relacionadas 19 realizada por Wohlhahrt et al. doadores de sangue do em 7.896 Hospital ao controle do sangue e hemoderivados pela seleção de doadores, como Universitário de Santa Maria, RS, no demonstrado para Paulo Afonso, e de período de abril de 2007 a agosto de 2008, manipuladores quando detectaram prevalência de 0,86% utilização individual de agulhas e seringas de positividade para o marcador anti-HBc, devidamente esterilizadas, cuidado com o e material usado em tatuagens e acupunturas, comentaram que o resultado foi dos semelhante ao descrito em estudo realizado acompanhamento em doadores do mesmo hospital, no pacientes submetidos a hemodiálise, alerta Revista Saúde Física & Mental- UNIABEU e hemoderivados, cuidado com v.4 n.1 Janeiro - Julho 2014 os 31 sobre a promiscuidade sexual e estimular a educação para atividade sexual segura, CONCLUSÕES como estamos incrementando em Paulo As taxas de prevalência da hepatite B entre Afonso. As mães soropositivas não devem os doadores de sangue da região situam-se amamentar seus filhos. A profilaxia da abaixo da média encontrada em pesquisas hepatite B é feita pelo uso da vacina similares realizadas em outros lugares do recombinante a partir do HBsAg expresso mundo. A presença de portadores de VHB pela inserção do gene S em vetores entre os doadores de sangue do município apropriados. A vacina deve ser feita em de Paulo Afonso demonstra o risco de três doses de 20 mg, intramuscular, ao transmissão do vírus para outros indivíduos nascer e após um a seis meses, e também por meio de outros mecanismos de em três doses já na fase adulta. O controle transmissão da eficácia da vacinação deve ser feito pela presença do vírus naquela região. A pesquisa do antígeno HBsAg no soro do sorologia para o diagnóstico da infecção vacinado. Em indivíduos não vacinados, pelo VHB, realizada em doadores de pode-se usar, como profilaxia imediata, a sangue do município, foi útil para excluí- exposição humana los como doadores e encaminhá-los ao contra o vírus B na dose de 0,6 ml/Kg em serviço de hepatologia para tratamento e dose única. seguimento da doença hepática. à imunoglobulina e, assim, perpetuando a BIBLIOGRAFIA 1. ALTER, M. J. Epidemiology of hepatitis C. Hepatology 1997; 26(1): 625-655. 2. VALENTE, V. B, COVAS, D. T., PASSOS, A. D. C. Marcadores sorológicos para hepatites B e C em doadores de sangue do Hemocentro de Ribeirão Preto, SP. Rev Bras Med Trop 2005; 38(6): 488-492. 3. VERONESI, R., FOCACCIA, R. Tratado de Infectologia. Ed. Atheneu, Rio de Janeiro, 2009, pp. 525-534. 4. RUBIN, E., GORSTEIN, F., RUBIN, R., SCHWARTING, R., STRAYER, D. RUBIN PATOLOGIA. Bases Clínicopatológicas da Medicina. Ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2006, pp. 774-781. 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