A conquista do consumidor moderno. Comunicação integrada entre

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A conquista do consumidor moderno.
Comunicação integrada entre marketing e relações públicas
20/12/2007
Marcos Nicolau*
Mitchell Azevedo**
Resumo
Em um mercado cada vez mais exigente e diante da concorrência acirrada, as
empresas estão procurando rever seus conceitos e suas posturas para se manterem em
pleno desenvolvimento. Somente uma ação de comunicação integrada dinâmica e eficaz
pode assegurar a renovação e a reinvenção de novos processos de conquista do cliente
moderno. Isso é possível através de uma reunião de esforços de estratégias de
marketing e procedimentos de relações públicas capazes de desencadear
relacionamentos duradouros com os consumidores.
Palavras-Chave: Comunicação integrada, Responsabilidade social, Marketing, Relações
públicas
Introdução
Desde o final da década de oitenta e início dos anos de 1990, o mercado tem
sofrido mutações cada vez significativas. Aqueles consumidores que antes apenas
compravam objetos fabricados em larga escala e com pouca variação tecnológica, agora
se tornaram cidadãos mundiais conscientes de seus direitos, passaram a cobrar e exigir
dos fabricantes novas formas de produção, desenvolvimento sustentável e produtos mais
versáteis.
A indústria, por sua vez, tem acompanhado essa nova tendência mundial, afinal,
empreendedores que não acompanham essa curvatura estão se deparando com a
possibilidade de fracasso. A concorrência nos mais variados níveis mercadológicos tem
feito com que haja um significativo aumento nas opções de produtos e, ao mesmo
tempo, propõem uma preocupação com a imagem institucional. Isso também é resultado
das exigências do consumidor atual.
O dinheiro - instrumento de relações sociais e interpessoais - vem se tornando
cada vez mais valorizado, exigindo que as indústrias e fornecedores de forma geral
busquem novas formas de comercialização. Hoje, o mercado aposta no crediário e
formas de pagamentos em longos prazos, procurando, com isso, atingir ao consumidor
dos mais variados níveis econômicos.
E mais: no mercado contemporâneo, valores intangíveis afetam gradativamente as
relações empresas/públicos. Tais valores se configuram em responsabilidade social,
credibilidade, reputação e conceitos que a sociedade tem de determinada organização.
Talvez sejam esses os maiores legados de uma empresa moderna.
Diante dos fatos, acima relacionados, surge a necessidade de uma comunicação
integrada que, quando bem planejada dentro das organizações, torna-se, um poderoso
instrumento no desenvolvimento de estratégias que viabilizam o relacionamento entre
estas organizações e os públicos de interesse. Na visão da professora Margarida Kunsch
(2006, p.33), “o planejamento estratégico não ocorre do nada. Ele acontece nas
organizações num contexto sócio-ambiental e sociocultural amplo e complexo.”.
Por sua vez, Fábio França, (2006, p. 17) afirma que “a comunicação é, na sua
essência uma atividade de entendimento entre pessoas. Realiza-se de maneira
estratégica quando, de fato, estabelece troca de informações dentro de um sistema
organizado de inter-relações e atinge seu objetivo maior, contudo, que é persuadir.”.
Nesse contexto, tratamos da comunicação integrada em seu sentido mais amplo,
como um conjunto de esforços, ações, estratégias e produtos de comunicação,
devidamente planejados e desenvolvidos pelas organizações com o propósito de agregar
valor à sua imagem, consolidando-se institucionalmente e mercadologicamente juntos
aos seus públicos e a toda a sociedade.
A partir dessa conjuntura socioeconômica e ambiental de mercado, trataremos
neste artigo das formas e maneiras que as grandes corporações e empresas de menor
porte têm usado para atuar no mercado globalizado, competitivo e voraz do mundo
atual. O consumidor é beneficiado com as várias opções de produtos no mercado,
ficando à vontade para escolher o melhor lugar para comprar. E todos agradecem o
empenho empresarial em melhorar a qualidade de vida na terra.
Responsabilidade social, um grande passo no caminho da modernização.
Para Wilson Bueno (2003), a busca pela responsabilidade social tornou-se um
exercício planejado e sistemático de ações, estratégias, bem como, a implantação de
“canais de relacionamento” entre uma organização, seus públicos de interesse e a
própria sociedade.
Novos processos de relacionamento entre o consumidor e a empresa têm sido
bastante renovados ao longo do tempo, e além de novos produtos, outros diferenciais
têm sido procurados e prestigiados pelos consumidores mais atentos. Um desses
processos refere-se à nova tomada de consciência por parte do consumidor com relação
às mudanças ambientais ocorridas no planeta nos últimos anos. O lema de salvar o
planeta tem sido muito debatido e difundido pela mídia, e as organizações, por sua vez,
têm usado tal idéia como bandeira principal na hora de divulgar e vender seus produtos
e serviços.
A ética empresarial está deixando de ser um discurso vazio e sem consistência
para ser uma regra imposta pela sociedade. Segundo Mário Ernesto Humberg (2006, p.
83), “a decisão de estabelecer um programa de ética empresarial deve ser vista como
um projeto estratégico de alta significação para os negócios.”.
De fato, a sociedade como um todo, diz Bueno (2003, p. 105) “requer ética na
condução dos negócios e está disposta, cada vez mais, a combater a corrupção, os
lobbies ilegítimos e os monopólios.” Isso tem feito com que as organizações comecem a
se preocupar com sua imagem diante de seus públicos de interesse.
Sabe-se que no atual cenário mercadológico atitudes como a agressão ao meio
ambiente, a exploração de crianças e adultos através de trabalho escravo e a busca
incessante e exclusiva do lucro não têm trazido bons frutos para as empresas. A todo o
momento, os consumidores avaliam os valores intangíveis da empresa para se sentirem
tentados a comprar um dos seus produtos no mercado. A responsabilidade social é um
relacionamento da instituição com o mundo globalizado e não apenas com os seus
stakeholders.
Essa interação com o meio social e o ambiental é uma forma que a empresa tem
de contribuir com a localidade onde a organização está inserida, fazendo com que a
sociedade sinta sua presença em ações que tragam benefícios a todos os conviventes
daquela comunidade. Para tanto, aqui entra o desempenho do bom profissional de
relações públicas, com o objetivo de fazer a empresa atingir a sua meta institucional.
Ainda no entendimento de Bueno (2003, p. 113), "é necessário que as
organizações modernas incluam nesta proposta de ‘cultura socialmente responsável’ os
atributos inegociáveis de ética, transparência, profissionalismo, proatividade, valorização
da diversidade e da liberdade de expressão e pensamento, respeito ao meio ambiente e
prática do consumo responsável, entre outros”. Para que isso realmente funcione, cabe
às organizações desenvolverem bons métodos de planejamento, implemento, assessoria
e avaliação de cada investimento feito nessa área, pois essas ações requerem uma
atenção muito especial no intuito de não gerar prejuízos e sim produzir um retorno
garantido.
O mundo todo se preocupa com as questões ambientais. Com relação ao Brasil,
nosso país é um grande incentivador das empresas que adotam posturas de
responsabilidade social em seus programas de sustentabilidade e desenvolvimento.
Tanto é que, na Revista Exame, de julho de 2007, na sua seção “Estudo Exame”, consta
a informação de que no Brasil os dados ainda não são precisos quanto aos investimentos
realizados. No entanto, verifica-se na reportagem de Ana Luiza Herzog (2007), que a
Ecosorb, uma empresa paulista especializada na prevenção e na remediação de
desastres ambientais terá investimentos de 20 milhões de reais. Esse montante será
viabilizado pela gestora de capital de risco Stratus.
A referida reportagem também cita que outra empresa beneficiada é a Mar &
Terra, que atua no setor de piscicultura, mantendo em seus cativeiros os peixes Pintado
e Pacu, evitando a pesca predatória e mantendo as espécies preservadas. A Mar & Terra
já produz 30 toneladas de Pintado por mês para o mercado interno e externo,
conquistando espaço e tornando a clientela fiel. São ações como essas que o público
espera de uma empresa comprometida com um futuro melhor para todos.
Na mesma revista, os repórteres Cristiane Mano e José A. Gonçalves (2007),
mostram outro exemplo de investimentos que visam ajudar o planeta está na criação de
uma bolsa de compra e venda de créditos de carbono do mundo, com sede em Chicago
(EUA). A idéia é a neutralização da emissão de gases carbônicos. Trata-se de um misto
de postura ecologicamente correta e uma jogada mercadológica da empresa, uma vez
que, à medida que investem em projetos que são ecologicamente corretos, divulgam
suas ações nas propagandas que veiculam. O mais recente caso desse tipo de
comportamento empresarial é o da distribuidora de combustível Ipiranga. O que fez essa
empresa de combustível? Passou a plantar árvores na medida em que seus clientes
usam o cartão Ipiranga para abastecer.
Segundo a reportagem de Mano e Gonçalves (2007, p. 25), “para se associar à
bolsa, a empresa interessada tem de se comprometer a reduzir em 6% suas emissões de
carbono até 2010.”. O que passar disso pode virar crédito que outras empresas podem
comprar para compensar suas emissões. Resultado: no Brasil, mais de dez empresas
investem na bolsa de compra e venda de carbono.
O caminho para fidelizar clientes usando marketing de relacionamento
O dinamismo e a agilidade imposta pela globalização expõem o mercado, seja ele
global ou local, a novos desafios. O gestor da comunicação deve estar pronto a todo
instante para enfrentar as mais variadas situações advindas das transformações e
inovações mercadológicas. Segundo França, (2006, p.10), ao empreendedor “é
imprescindível conhecer a missão da organização, sua perspectiva quanto ao futuro, seu
planejamento a longo, médio e curto prazo e, ainda, as estratégias corporativas e de
negócios”.
Uma das formas mais usadas para se conhecer bem uma organização é a análise
SWOT. Por meio dessa análise identificam-se internamente os pontos fortes e fracos da
empresa, e no cenário externo levantam-se as oportunidades e as ameaças. Trata-se de
uma ferramenta de gestão utilizada como parte do planejamento estratégico de uma
organização. A partir desse estudo e de pesquisas de mercado a organização pode
apontar caminhos para desenvolver tecnologias, além de processos e habilidades que
busquem relacionamentos duradouros com seus clientes.
Porém, para entendermos a prática de relacionamentos duradouros, precisamos
compreender seus conceitos básicos. Para Roberto Madruga (2004, p.20), “Marketing de
relacionamento definitivamente é atrair, realçar e intensificar o relacionamento com
clientes finais, clientes intermediários, fornecedores, parceiros e entidades
governamentais e não governamentais, através de uma visão de longo prazo na qual há
benefícios mútuos.”.
O marketing de relacionamento é fundamental para as organizações que adotam a
comunicação integrada como caminho para o êxito da empresa. Segundo Madruga
(2004, p.20), “Marketing de relacionamento se refere a toda atividade de marketing
direcionada a estabelecer, desenvolver e manter trocas relacionadas de sucesso.”.
Para que haja uma maior eficácia nesse relacionamento com o cliente é
interessante que a empresa disponha do CRM. Como já se sabe, o CRM, do inglês
Customer Relationship Management, é uma combinação integrada de ferramentas de
software, processos e pessoas que permitem a uma determinada empresa gerir todo o
relacionamento com os clientes diretos e indiretos com o objetivo de obter e garantir
vantagens através da personalização de serviços e marketing dirigido. Este sistema, se
alimentado corretamente, fornece à empresa informações precisas, segmentadas e
atualizadas sobre seus públicos, formando assim, um poderoso database que, segundo
Nasch (apud MADRUGA, 2004, p. 87), é “uma ferramenta atual e decisiva do marketing
como segmentação, ações customizadas, geração de perfil de clientes, suporte a
serviços e identificação de oportunidades”.
O desenvolvimento dessas estratégias, a partir de um sólido conhecimento da
cultura, dos valores e da missão da empresa, traz, certamente, uma vantagem
considerável para a organização na conquista duradoura de seus clientes.
O mercado contemporâneo e a comunicação organizacional
Falar de mercado moderno em um momento de tantas transformações globais
exige certa cautela, sobretudo, no que se refere ao atendimento, satisfação de clientes e
imagem institucional.
O mercado deve ser compreendido, em geral, não como um fim, mas como
processo contínuo e cheio de alternativas, devido ao seu ciclo sempre alimentado por um
consumidor ávido por novas experiências. Eis aí os motivos dos investimentos
empresariais em aperfeiçoamento e em comunicação, uma vez que esta é um
instrumento fundamental nesse processo. No entendimento de Kunsch (2006, p. 38), “é
comum a afirmação de que a comunicação tem uma função estratégica de resultados
(...) ela tem que agregar valores e ajudar as organizações a cumprirem sua missão e
concretizarem sua visão”.
Percebe-se, desde já, a importância da comunicação integrada em uma
organização com objetivos pré-estabelecidos, para proporcionar crescimento,
credibilidade, transparência e reputação social em meio à comunidade ali instalada. O
marketing e as relações públicas devem trabalhar conjuntamente para que a organização
tenha sua imagem institucional e mercadológica voltadas para uma única direção.
A comunicação organizacional deve estar em constante avaliação. Deve ser ela
administrada estrategicamente por um gestor específico, tendo uma participação efetiva
da corporação como um todo, afinal, a comunicação não deve ser vista de forma isolada,
mas sim integrada e voltada para o crescimento da organização. Segundo Kunsch (2006,
p.39), “planejar a comunicação para uma organização pública que disponha de um
planejamento desse tipo será muito mais fácil. (...) Para cumprir a missão e todos os
propósitos de ação do planejamento estratégico realizado, qualquer organização não
poderá prescindir da comunicação”.
Partindo desse princípio, percebemos a comunicação como um instrumento de alto
impacto na sociedade. Para Bueno (2003, p.33), “deixa de, portanto, ser atividade que
se descarta ou se relega a segundo plano, em momentos de crise e de carência de
recursos, para se firmar como insumo estratégico, de que uma empresa ou uma
entidade lança mão para ‘fidelizar’ clientes, sensibilizar multiplicadores de opiniões ou
integrar com a comunidade.”.
Os valores mercadológicos, uma inovação do mercado moderno
O consumidor conta com um mercado muito concorrido e uma legislação mais
protecionista, apoiado pelo atual Código de Defesa do Consumidor. Diante desse cenário,
empresas e corporações têm recriado valores para adicioná-los a seus produtos e
serviços. Em décadas passadas, os produtos e serviços não tinham diferencias que
fizessem o cliente ponderar sobre sua escolha, eles simplesmente existiam.
Esse quadro tem mudado muito nas últimas duas décadas; os valores intangíveis
também passaram a fazer parte do cotidiano tanto das empresas como dos
consumidores. Para Mauricio Gangana et ali (2003, p.19), “a premissa é que eles
comprarão os produtos e serviços ou adotaram os conceitos das organizações que, a seu
ver, entregarem maior valor.”.
De fato, maximizar o produto, através de valores objetivos e subjetivos sobre
determinada corporação é uma prática cada vez maior do consumidor moderno, que cria
uma expectativa de valor e age de acordo com ela. Esse é um dos motivos para que a
corporação sempre esteja em constante pesquisa e coleta de informações, uma vez que,
calcada nessas premissas, a empresa encontrará formas de atender as demandas
mercadológicas e manter relacionamentos duradouros.
O livre-comércio vem eliminando distâncias e barreiras sócio-culturais. Países
como China e Japão, por exemplo, não encontram dificuldades para exportar produtos e
concorrer de maneira nivelada com os produtos do próprio país importador. EUA e outros
países da Europa, além do Brasil, redem-se à qualidade e aos preços dos produtos
chineses e japoneses, o que dá ao consumidor destes lugares a vantagem de escolher o
que comprar de acordo com o seu interesse.
É justamente nesse contexto que as dificuldades econômicas surgem para algumas
empresas, por outro lado, surgem também as chamadas janelas estratégicas; e o gestor
da comunicação, em conjunto com o empresário, deve estar pronto para aproveitar tais
oportunidades. No entendimento de Gangana et ali (2003, p. 20), “sempre haverá o
momento certo para aproveitar as oportunidades ou superar as ameaças.”. Esse é o
grande trunfo que o profissional de comunicação pode apresentar à organização.
Motivar a percepção, uma forma de manter o consumidor fiel à organização
Manter o consumidor fiel e motivado a estar sempre comprando tem sido um
exercício praticado constantemente pela comunicação da organização. Vale relembrar
que tal esforço deve ser um objetivo de todos os componentes da empresa para que os
seus resultados sejam alcançados. Além do marketing de relacionamento, acima citado,
outros elementos podem contribuir para manter o consumidor comprando.
Alguns teóricos da área têm sugerido idéias e apresentado algumas diretrizes para
que este caminho seja tomado. Quando falamos em motivação devemos fazer valer a
máxima já consagrada que diz: “ninguém comprará nada se não estiver motivado a
comprar”. Para que haja essa motivação surge a necessidade de estimular a percepção
do consumidor.
Daniel P. Serrano¹ afirma que “em termos gerais, a percepção pode ser descrita
como a forma como vemos o mundo à nossa volta, o modo segundo o qual o indivíduo
constrói em si a representação e o conhecimento que possui das coisas, pessoas e
situações, ainda que, por vezes, seja induzido em erro”. Entendemos, portanto, que o
marketing e as relações públicas devem trabalhar ao máximo o processo cognitivo do
consumidor, afinal, a organização e seus produtos/serviços serão compreendidos com
base num processo perceptivo individual segundo as necessidades, valores e
expectativas de cada consumidor. É atuando dentro desse conceito que a comunicação,
como instrumento de persuasão, através de planejamento estratégico e muita pesquisa,
vai ao encontro do consumidor, garantindo ações pautadas na transparência e na ética.
Desse modo, é essencial conhecer o cliente em profundidade, de tal forma que
esse conhecimento ajude a predizer o que ele vai preferir. A pesquisa de mercado, por
sua vez, é muito importante, porém, é preciso ir além, afinal, só se consegue inovar
quando se sabe o que é de fato importante para os clientes.
Marketing e relações públicas, parceiras de objetivos mercadológicos
Em toda organização o marketing e as relações públicas têm importância
significativa no desenvolvimento de um projeto voltado para a excelência da
comunicação. Entretanto, a dificuldade de convívio entre os profissionais destas duas
áreas de conhecimento tem gerado controvérsias e posto à prova toda fluidez da
comunicação dentro e fora das organizações.
Para percebermos a relação entre ambas vamos conceituar e entender um pouco
sabre cada uma dessas duas disciplinas, a começar pelo marketing. O conceito clássico
de Kotler (2000, p. 30), define marketing como “um processo social por meio do qual as
pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a
criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros.” Ainda
segundo Kotler (2001, p. 120), o maior objetivo do Marketing é fazer com que a
economia se ponha em movimento, as pessoas desejem as coisas e utilizem parte de
seus recursos limitados para desfrutar cada vez mais dos produtos.
Partindo desse principio, entende-se que o marketing vai cuidar do terreno
mercadológico da empresa. Dentro desse pensamento, Yanaze, (2006, p. 64), afirma
que “marketing é o composto de todas as atividades planejadas e estruturadas que
visam ao mercado. Esta definição engloba todos os esforços empresariais de estudar,
conhecer, estruturar e operacionalizar ações dentro do mercado.”.
Diferentemente de outras épocas, em que as indústrias apenas estavam
preocupadas com a produção em massa, percebe-se que agora o marketing surge com
uma nova face para o mercado – um mercado muito mais voltado para a satisfação do
consumidor.
O gerenciamento de produtos é uma forma de introduzir o marketing na empresa.
Tal atuação deve ser desenvolvida por um gestor de marketing responsável pela
execução de todas as atividades pertinentes ao produto ou grupo de produtos. É dessa
maneira que a organização passa a obter melhores resultados, usando decisões
estratégicas baseadas nas informações advindas do mercado. Ao agir assim o foco passa
a ser o mercado e não mais a produção.
O Brasil tem um mercado competitivo dentro da população vista como afluente, ou
seja, aquela que tem condições de consumir produtos não essenciais a sua
sobrevivência; e esse é um excelente mercado para ser explorado. Diante do consumidor
desse novo mercado, o professor Yanaze (2006, p. 64) considera ainda que “é
imprescindível conhecer suas necessidades, seus desejos e suas motivações, a fim de
permitir a definição de formas eficazes para conquistá-la com produtos e serviços”.
O marketing deve ser assimilado nas empresas não como uma mera prática de
trabalhar o mercado, mas sim como uma filosofia de comportamento estratégico da
corporação. Deve ser compreendido por todos os níveis hierárquicos da organização para
que dele seja obtido o máximo em retorno mercadológico e rentabilidade dos
investimentos aplicados, sejam eles em publicidade e propaganda, merchandising,
promoção de vendas, entre outras.
Mas, e as relações públicas? Sabemos, em principio, que as relações públicas têm
como objeto as organizações e seus públicos, que são elementos distintos, mas que se
relacionam mutuamente.
James Grunig², um dos mais notórios estudiosos de Relações Públicas do cenário
mundial, aponta o novo perfil deste profissional:
Os novos profissionais de Relações Públicas participam da administração
estratégica, vêem Relações Públicas como um processo simétrico, conduzem pesquisas
ou extraem informações do ambiente por outros meios e são os especialistas em
construção de relacionamento. Para exercer as Relações Públicas desta maneira, os
novos profissionais devem ter aprendido um leque de conhecimentos da área baseado
em pesquisa que os guiam na prática de suas atividades. (...) estudou Relações Públicas
na universidade, mas também adquiriu conhecimento por outras fontes: leituras,
participando de atividades em organizações profissionais ou realizando pesquisa como
parte de seu trabalho.
Compreende-se, portanto, que os profissionais de Relações Públicas são os
gestores e empreendedores do processo de comunicação corporativa das empresas em
que trabalham. Complementando o perfil acima apresentado, Kunsch (2003, p. 90)
afirma que, “contribuir para o cumprimento dos objetivos globais e da Responsabilidade
Social das organizações, mediante o desempenho de funções e atividades específicas, é
outro desafio constante a ser considerado como meta das Relações Públicas”. Para esta
autora, o relações públicas enfatiza o lado corporativo das organizações. Como atividade
profissional, elas:
1) Identificam os públicos, suas reações, percepções e pensam em estratégias
comunicacionais de relacionamentos de acordo com as demandas sociais e o ambiente
organizacional.
2) Supervisionam e coordenam programas de comunicação com públicos- grupos
de pessoas que se auto-organizam quando uma organização os afeta ou vice-versa.
3) Prevêem e gerenciam conflitos e crises que por ventura passam as
organizações e podem despontar dentro de muitas categorias: empregados,
consumidores, governos, sindicatos, grupos de pressão etc. (KUNSCH, 2003, p. 95)
Dentro desse contexto, Yanaze (2006) estabelece a correlação entre marketing e
relações públicas da seguinte forma: enquanto o marketing permite à organização
localizar seus mercados para definir seus objetivos e estratégias a fim de atingí-los, as
relações públicas planeja e executa ações que visam melhorar o relacionamento da
empresa com seus públicos.
Diante do levantamento feito ate aqui, as atribuições das relações públicas são
diferentes, mas, próximas daquelas que se referem ao marketing, o que sugere não um
conflito de convivência dentro de uma organização, mas sim, um clima de fair play ou
ajuda mútua entre as duas disciplinas.
Uma organização com objetivos pré-estabelecidos e voltados sinergicamente para
a obtenção de resultados positivos, certamente, encontrará na união do marketing com
relações públicas o melhor caminho para a maximização de suas inovações, pretensões
mercadológicas, institucionais e ambientais. Entre essas duas áreas do conhecimento
não existe subalterno, o que deve prevalecer é a sinergia comportamental de todos em
busca do melhor para a organização.
Conclusão
Como profissionais da comunicação devemos tentar compreender a dimensão de
todo o processo mercadológico que envolve a sociedade. O consumidor final entendeu
que ele paga por um produto/serviço e que por isso tem o direito de exigir, de conhecer
os conceitos, os valores, a cultura, a visão e a missão institucional da organização da
qual ele está comprando algo.
As empresas modernas - sejam de grande, médio ou pequeno porte - têm a
obrigação de ser transparentes, na concepção mais ampla da palavra, com este novo
consumidor/cidadão. Afinal, os tempos mudaram, a concorrência é ampla e aberta, as
inovações tecnológicas estão ao alcance da maioria dos cidadãos que, protegidos por lei,
sabem cada vez mais prezar por sua dignidade pessoal.
Em tempos de revolução mercadológica e mutações cada vez mais rápidas e
eficientes, os gestores da comunicação devem se preparar, não para uma guerra entre
eles mesmos, mas sim para uma união voltada para o bem da organização, tendo como
maior beneficiado o meio ambiente e a sociedade de forma geral.
Aos profissionais de relações públicas e marketing que estão chegando ao mercado
de trabalho, fica aqui o nosso alerta: somente a comunicação integrada planejada vai
trazer os resultados esperados pelos empresários que oferecem a oportunidade de
atuarem na complexidade do mercado, seja ele do primeiro, segundo ou terceiro setor.
Notas:
1
Disponível em: http://www.portal do marketing.com.br/motivação. Acesso em
13/10/2007.
2
Disponível em: http://www.portal-rp.com.br/bibliotecavirtual. Acesso em 13/10/2007.
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www.portal do marketing.com.br/motivação.
www.portal-rp.com.br/bibliotecavirtual.
* Marcos Nicolau é professor do Departamento de Comunicação da UFPB. Coordenador
do Programa de Pós-Graduação em Comunicação/UFPB.
**Mitchell Azevedo é graduado em Relações Públicas, aluno da Especialização em
Marketing e Publicidade em Varejo do IESP.
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