Prática 9: Quantificação de Microrganismos da Água do Mar. A quantificação do número de microrganismos constitui uma das análises microbiológicas necessárias na microbiologia alimentar e microbiologia da água. Nas análises de água, quer seja água para consumo ou água para banho, doce ou salgada, para além da análise com meios selectivos para detecção e estimativa dos microrganismos indicadores (Coliformes Fecais, Coliformes Totais, Enterococci), fazse também rotineiramente, a contagem do número de microrganismos presentes em um dado volume de água (Seeley et al. 1991). Uma vez que o número de bactérias de uma dada amostra é muito grande, torna-se necessário diluir a amostra inicial e posteriormente semear um dado volume da amostra diluída em meio de Agar Nutriente, ou outro meio de cultura geral à escolha. Podem utilizar-se duas técnicas de sementeira distintas, de modo a atingir o objectivo de estimar o número de bactérias de uma amostra de água. Uma das técnicas designa-se por Sementeira por Espalhamento (Spread Plate), em que um volume de 1ml ou 0.1ml da amostra de água é pipetado em cima de meio de cultura sólido e espalhada com uma vareta de vidro por toda a superfície do agar. A segunda técnica, designada por Sementeira por Incorporação (Pour Plate), consiste na mistura de 1 ou 0.1ml da amostra de água com o meio de cultura ainda no estado liquido. A amostra de água terá que ser diluída antes de semeada, de modo a que se consigam obter placas com um número de colónias não superior a 300. Idealmente, as placas após o período de incubação, devem apresentar de 25 a 250-300 colónias, de modo a que possam ser objectivo de contagem. A contagem expressa-se como CFUs (ColonyForming-Units) ou UFCs (Unidades Formadoras de Colónias), visto que na prática estamos a contar o nº de colónias formadas e não o nº de bactérias, uma vez que as bactérias muitas vezes formam arranjos complexos de células, como é o caso do género Staphylococcus, cujo arranjo celular se apresenta em cacho de uva. A quantificação do nº de bactérias da amostra em estudo será estimada através da fórmula: Número de CFUs por ml da amostra = número de colónias contadas/ factor de diluição x volume inoculado Material e Métodos - tubos de ensaio com Agar Marinho no estado liquido, em banho-maria - tubos de ensaio com solução salina esterilizada (solução diluente) - caixas de petri esterilizadas - caixas de petri com Agar Marinho sólido - pipetas esterilizadas de 1 ml - lamparinas - álcool 70% Metodologia a seguir para Sementeira por Incorporação: Cada grupo tem à sua disposição, 4 tubos de ensaio com Agar Marinho, mantido no estado liquido em banho-maria, e 4 tubos de ensaio com solução salina esterilizada (diluente). - Agite bem o frasco da amostra de água a analisar, de modo a misturar bem de forma uniforme os possíveis microrganismos que aí se encontram. - 1º tubo: Retire 1ml desta água com uma pipeta esterilizada e transfira para um tubo de solução salina. Misture bem com a ajuda da própria pipeta. Este será o tubo de diluição 1: 10. Escreva no tubo a sua diluição; Pipete deste tubo 1ml para uma caixa de petri esterilizada (no centro da caixa). Escreva na caixa a diluição da amostra inoculada. - 2º tubo: Retire 1 ml do 1º tubo e transfira para novo tubo de solução salina, utilizando outra pipeta. Misture bem e identifique o tubo com a diluição correspondente 1:100. Pipete deste tubo 1ml para nova caixa de petri esterilizada e escreva na caixa a diluição correspondente. - 3º tubo: Retire 1ml do 2º tubo de diluição e transfira para novo tubo de diluição. Proceda da mesma forma que anteriormente, identificando o tubo como de diluição 1:1000, e introduzindo 1ml de amostra deste tubo em nova caixa de petri esterilizada. - 4º tubo: Utilize o mesmo procedimento transferindo 1ml do 3º tubo de diluição para este novo tubo, de modo a obter uma diluição de 1:10000. No final desta série de diluições terá 4 tubos com diferentes diluições e 4 caixas de petri também com 4 diluições distintas da amostra inicial. - Certifique-se que os 4 tubos de Agar Marinho do seu banho-maria estão líquidos, e a uma temperatura que ronda os 45 0C. Deite o agar em cada uma das caixas de petri onde inoculou previamente 1 ml da sua amostra diluída, 1 tubo de agar para cada caixa de petri, e misture bem a amostra com o agar, executando movimentos rotativos da caixa sobre a bancada. Deixe o agar solidificar, inverta as caixas e incube a 30 0C. O esquema exemplifica o processo de diluição da amostra de água: Sementeira por Espalhamento: Para esta metodologia necessita de 4 caixas de Agar Marinho sólido. Identifique as caixas com as diluições 1:10, 1:100, 1:1000 e 1:10000. Em cada uma delas vai inocular 1 ml de amostra de cada tubo de diluição correspondente (ex: na caixa de diluição 1:10 vai inocular 1ml do tubo de diluição 1:10). Com auxílio de um espalhador (pipeta Pasteur cuja extremidade foi dobrada em “L”), devidamente esterilizado à chama e arrefecido, espalhe a sua amostra por toda a superfície do agar. Deixe secar bem, e incube as caixas invertidas a uma temperatura de 30 oC. Resultados e Discussão: Na próxima aula irá contar o nº de colónias formadas, e estimar o nº de CFUs por ml, tendo em conta a diluição. Como exemplo se contou 150 colónias na placa de diluição 1: 1000 (10-3) então 150/10-3 será 150 x 1000 bactérias por ml. Dado que efectuará a contagem para diversas diluições, poderá calcular a média do nº de bactérias por ml da sua amostra de água. Questões a considerar na discussão deste trabalho prático serão: - Comparar o nº de bactérias por ml obtido pelos 2 métodos utilizados, nomeadamente com qual dos métodos obteve o maior nº de bactérias, - as vantagens e desvantagens destes métodos. Na discussão é preciso ter em conta a proveniência da amostra de água analisada, uma vez que o nº de bactérias/ml varia consoante o tipo de ecossistema (marinho costeiro; marinho oceânico; águas oligotróficas, águas eutróficas….). Literatura de apoio: - Austin, B. (1992). Marine Microbiology, Cambridge University Press, UK: Cap 3 & 4 - Rheinheimer, G., Gocke, K. (1994). The use of bacteriological variables for the characterization of different water bodies. Int. Revue ges. Hydrobiol. 79: 605-619.