Interdisciplinar: Revista Eletrônica da UNIVAR http://revista.univar.edu.br Ano de publicação: 2015 N°.:13 Vol.1 Págs.48 - 51 ISSN 1984-431X ANÁLISE DAS OCORRÊNCIAS DE HEPATITE B NA POPULAÇÃO DO MUNICÍPIO DE BARRA DO GARÇAS-MT CONFIRMADOS PELA PRESENÇA DO ANTÍGENO HBSAG NO ANO DE 2013 REALIZADOS NO CENTRO LABORATORIAL DR. ARNULFO CUNHA COUTINHO Ranny Kelly de Jesus Ribeiro 1 , Greice Both 1 , Aurea Damaceno Alves2 , Nailton A. Oliveira 3 , Suiani Priscila Roewer 4 , Edson Fredulin Scherer 5 RESUMO: A análise baseia-se em buscar índices de antígeno na superfície do vírus da hepatite B (HBsAg) entre os pacientes atendidos no Centro Laboratorial Dr. Arnulfo Coutinho, procedentes das unidades de saúde da família (SUS) do município de Barra do Garças-MT. As variantes analisadas foram à prevalência de amostras citando as concentrações e assim avaliando o índice de positividade e negatividade. Palavras Chaves: Hepatite B; HBsAg; Prevalência. ABSTRACT :The analysis is based on the search of the prevalence of hepatitis B virus surface antigen (HBsAg) among patients treated at the Laboratory Centre Dr. Arnulfo Coutinho, coming from the family health units (FHU) in Barra do Graças-MT. The variables analyzed were the prevalence of positive and negative samples, citing the absorbance, concentration and interpretations: positive and negative. Keywords: Hepatitis B; HBsAg; Prevalence; 1 Acadêmicas do quarto ano de Farmácia, das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia, de Barra do Garças-MT. Contato: [email protected]; [email protected]. 2 Professora Ms. Coord. do curso de Farmácia das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia – UNIVAR. Contato: [email protected]. 3 Coordenador do Centro Laboratorial Dr. Arnulfo Cunha Coutinho, Barra do Garças-MT. Contato: [email protected]. 4 Professora do curso de Farmácia das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia – UNIVAR. Contato: [email protected]. 5 Professor, doutorando em parasitologia Dinter UFMG - UFMT, Professor das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia. Contato: [email protected]. 1. INTRODUÇÃO Hepatite B é uma inflamação do fígado causada por um vírus: VHB ou vírus da hepatite B. O vírus VHB é altamente específico, os primeiros registros foram diagnosticados em algumas espécies primatas e atualmente possui um alto registro na espécie humana por propiciar condições adequadas para um reservatório natural da doença (COSTA et al, 2012). Assim o vírus B replica no hepatócito e é liberado do fígado para a circulação periférica. A transmissão do HBV ocorre por transfusão sanguínea, punções com agulhas contaminadas, contato direto com sangue ou secreções orgânicas, pela via sexual ou de mãe infectada para o filho- transmissão vertical. Indivíduos com risco especial de contaminação pelo HVB são os usuários de drogas, funcionários de laboratório e bancos de sangue e seus derivados, pacientes submetidos e pessoas com muitos parceiros sexuais (MOTTA, 2009). O diagnóstico laboratorial estão relacionados aos achados sorológicos que variam nas fases de evolução da patologia, sendo o antígeno HBs (HBsAg) o marcador da existência do vírus da hepatite B. Surge durante o período de incubação, cerca de duas a sete semanas antes do inicio dos sintomas e persiste durante o desenvolvimento da entidade nosológica, desaparecendo com a convalescença, cerca de quatro a cinco meses após a exposição; caso o HBsAg perdure por mais de seis meses define o estado de portador crônico do VHB( SILVA et al, 2012). A infecção pelo VHB é uma das mais frequentes no mundo e de acordo com a Organização Mundial de Saúde, um terço da população mundial (dois bilhões de pessoas) já foi infectada pelo VHB e mais de 400 milhões estão cronicamente infectadas. A HB pode apresentar-se como uma forma aguda autolimitada que evolui para cura, pode ser grave cursando como hepatite fulminante, ou ainda, ter curso crônico, podendo evoluir para cirrose hepática e/ou hepatocarcinoma. (OLIVEIRA et al, 2007). A vacina contra o VHB é a forma mais eficaz para a prevenção da hepatite B. Assim, desde 1998, o Programa Nacional de Imunização – PNI recomenda a vacinação universal das crianças contra hepatite B e mais de uma centena de países já incluíram esta vacina em seus programas de imunização. No Brasil, tem sido oferecida gratuitamente a grupos de risco desde o início da década de 90 e, mais recentemente, a partir de 2001 foi estendida a indivíduos com idade até 19 anos em todas as regiões (CARVALHO, 2008). 48 Neste sentido, face as considerações expostas o estudo tem o intuito de relatar a positividade de um dos marcadores sorológicos da hepatite B, o HBsAg (dados obtidos a partir de exames realizados pelo Sistema Único de Saúde e notificados na Secretaria de Saúde de Barra do Garças-MT no ano de 2013), proporcionando assim o entendimento da ocorrência de hepatite B no município. A efetivação de uma proposta de intervenção voltada à promoção da saúde como palestras, entrevistas, oficina sobre o tema, elaboração de protocolos para controle da hepatite B, entre outras ações, possibilita evitar situações de incidência, além de possibilitar a minimização do aparecimento de casos reagentes de HBsAg. 2. MATERIAIS E MÉTODOS O presente estudo foi realizado, primeiramente, com dados provenientes do Centro Laboratorial Dr. Arnulfo Cunha Coutinho do município de Barra do Garças-MT, onde são realizados os exames sorológicos dos pacientes atendidos nas unidades de saúde do município. A população em estudo foi aleatória constituída por 1296 pacientes que realizaram testes sorológicos de hepatite B no Centro Laboratorial, durante o ano de 2013. As amostras dos pacientes foram colhidas por punção venosa, cerca de 10 ml de sangue de cada paciente com seringa descartável e colocada em tubos estéreis apropriados. Sendo esses tubos armazenados em geladeira (2 a 8°C) até a realização dos testes. A detecção de antígeno HBsAg foi realizada no setor de imunologia do laboratório, através do aparelho automatizado do modelo ChemWell que ao iniciar a rotina de Elisa muda-se a operação para tal, com isso, há uma preparação da máquina para executar os testes, correndo calibradores e amostras proporcionando resultados da curva de calibração e dos pacientes, possibilitando resultado qualitativo e quantitativo no soro pelo método de Elisa através dos kits HBsAg Elisa da Bioclin e Bioeasy. Os resultados foram interpretados segundo as normas definidas pelos fabricantes. O material biológico que se apresentada fora da concentração de absorbância é sujeitado novamente a teste para confirmação do resultado. Os dados foram coletados utilizando formulários padronizados do setor administrativo do laboratório. 3. RESULTADOS E DISCUSÃO O estudo possibilitou a avaliação de 1296 pacientes procedente das unidades de saúde do município de Barra do Garças, que realizaram exames sorológicos para o vírus de hepatite B no Centro Laboratorial Dr. Arnulfo Cunha Coutinho, durante o ano de 2013. Do total de 1296 amostras analisadas ocorreu um percentual de soro reagente para HBsAg de 3,39% (n=44), enquanto que o percentual das amostras negativas alcançou o valor de 96,61% (n=1252), como mostra FIGURA 1. FIGURA 1. Representação dos soros positivos quanto a confirmação pelo antígeno HBsAg. Por intermédio de uma investigação epidemiológica sobre Hepatite B, realizados em uma população aleatória do município de Barra do Garças e circunvizinhos, tais como: Pontal do Araguaia; Torixoréu; Novo São Joaquim; Araguaiana; Ponte Branca; Campinapólis; Nova Xavantina; General Carneiro. Analisamos a prevalência de portadores de HBV todos os casos positivos notificados na Secretaria de Saúde do município por se tratar de uma patologia compulsória. Há vários marcadores da hepatite B, sendo esses que indicam se o indivíduo teve a hepatite ou está com a doença ativa. Sendo utilizado no presente estudo o HBsAg (antígeno HBs) que é um marcador sorológico utilizado na triagem das amostras positivas para o antígeno da Hepatite B. Gestantes analisadas, no total de 315 amostras de exames para o HBsAg realizados no mesmo laboratório durante o ano de 2010, observou-se uma positividade de 42 (13,34%). A taxa de prevalência do HBsAg encontrada permitiu concluir que a população de gestantes, atendidas pelas unidades de saúde do município, apresenta alta endemicidade ao vírus de hepatite B ( ALVES, 2012). Doadores de sangue do hemocentro de Barra do Garças/MT, apresentaram um índice de positividade 6% (n = 91) para o vírus da hepatite B pelo método anti-HBc. Desses 91 casos positivos, 3,4% (n = 3) foram confirmados pelo método HBsAg ( DELMONDES, 2014). Este é o segundo estudo referente à prevalência de hepatite B no município de Barra do Garças-MT, em amostras obtidas a partir de dados do Centro Laboratorial Dr. Arnulfo C. Coutinho. A prevalência de Hepatite B no Centro Laboratorial Dr. Arnulfo Cunha Coutinho em Barra do Garças-MT pode ser classificada como endemicidade intermediária (3,39%). Entretanto esse achado assemelha-se ao verificado por Ferreira, et al. (2004), Souto et al. (2004) e Motta-Castro et al. (2005) que classificam a endemicidade intermediária aqueles locais onde a prevalência de infecção se situa entre 20 e 60% (Anti-HBc IgG+) e o AgHBs+ entre 2 e 7%. Possibilitando dizer que os resultados encontrados no presente estudo e a classificação, estão de acordo com outras pesquisas. Na área de prevenção da Hepatite B as principais obtenções de acordo com estudos, aconteceram com 49 melhoramento das condições de higiene e saneamento básico e da execução de campanhas de vacinação. Além de demonstrar que há uma diferenciação entre países desenvolvidos e emergentes com relação à soroprevalência do VHB ser maior nos países de emergência, resaltando, assim, a necessidade de campanhas de esclarecimento sobre o modo de transmissão do vírus e vacinação das pessoas. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS FERREIRA, M. S. Diagnóstico e tratamento da hepatite B. Rev. Soc. Bras.Med.Trop. vol.33 n.4 Uberaba July/Aug. 2000. FERREIRA, C.T.; SILVEIRA, T. R. Hepatites virais: aspectos da epidemiologia e da prevenção. Rev. Bras. Epidemiol. 2004;7(4):473-87. Ministério da Saúde - Programa Nacional de Hepatites Virais. Avaliação da Assistência às Hepatites Virais no Brasil. Brasília; 2002, 1-61. De acordo, com a prevalência encontrada sugere-se que seja realizado mais políticas públicas de prevenção para Hepatite no município. Além de intensificar campanha de vacinação, efetivação de uma proposta de intervenção voltada à promoção da saúde como palestras, entrevistas, oficina sobre o tema, elaboração de protocolos para controle da hepatite B, entre outras ações, que venham possibilitar a minimização da incidência possibilitando a diminuição do aparecimento de casos reagentes de HBsAg. SOUTO, F.J.D. et al. Prevalência da hepatite B em área rural de município hiperendêmico na Amazônia Mato-grossense: situação epidemiológica. Epidemiologia e Serviços de Saúde 2004; 13(2) : 93 – 102. 6. REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS NUNES, H. M.; MONTEIRO, M. R. C.C.; SOARES, M. C. P. Prevalência dos marcadores sorológicos dos vírus das hepatites B e D na área indígena Apyterewa, do grupo Parakanã, Pará, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 23(11):2756-2766, nov, 2007. SILVA, A.L. et a.l Hepatites virais: B, C e D: atualização. Rev Bras Clin Med. São Paulo, 2012 maijun;10(3):206-18. FERREIRA, M. S.; BORGES, A. S. Avanços no tratamento da hepatite pelo vírus B. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. vol.40 no.4 Uberaba July/Aug. 2007. FERREIRA, C. T.; LEITE J.C.; TANIGUCHI A. P.; LIMA J.; SILVEIRA T. R. Immunogenicity and safety of Hepatitis A vaccine in Down Syndrome children. J Ped Gastroenterol Nutr 2004; 39(4): 33740. CARVALHO, A. M. C.; ARAÚJO T. M. E. Análise da pr Análise da produção científica sobre odução científica sobre Hepatite B na pós-graduação de enfermagem. Bras Enferm, Brasília Rev Bras Enferm, Brasília 2008 jul-ago; 61( ; 61(4)): 518-22. OLIVEIRA, G. L. A. et al. Antivirais incorporados no Brasil para hepatite B crônica: análise de custoefetividade. Ministério da Saúde. Bol Epidemiol Hepatites Virais. 2011;2(1):5-76. Ministério da Saúde – Programa Nacional Para a Prevenção e o Controle das Hepatites Virais. Disponível no endereço: http://www.saude.gov.br/sps/areastecnicas/hepatite.htm l. RAMONET, M; SILVEIRA T.R.; LISKERMELMAN, M.; RUTTIMANN,R. P. E; Cervantes Y et al. A two-dose combined vaccine against hepatitis A and Hepatitis B in healthy children and adolescents compared to the corresponding monovalent vaccines. Arch Med Res 2002; 33: 67-73. ANASTÁCIO, J. et al. Prevalência do vírus da hepatite B da região Centro-Ocidental do Paraná, Brasil. SaBios: Rev.Saúde Biol. v.3, n.2, p.10-15, 2008. SOUTO, F.J.D et al. Prevalência e fatores associados a marcadores do vírus da hepatite B em população rural do Brasil central.Rev Panam Salud Publica/Pan Am J Public Health 10(6), 2001. CDC. Recommendations and Reports. Prevention and control of Infections with hepatitis virus in correctional settings. Morbidity and Mortality Weekly Report 2003; 52: 1. OZAKIK, S.; FONTES, C.J.F.; FORTES H.M.; SOUTO F.J.D.S. 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