Index AVALIAÇÃO DA RADIOTERAPIA E/OU ASSOCIAÇÕES TERAPÊUTICAS EM CÂNCER DE PRÓSTATA ATRAVÉS DO ANTÍGENO PROSTÁTICO ESPECÍFICO (PSA) Isabel Cristina Rossiter de Araújo Cardoso (1,2) e Tarcísio Passos Ribeiro de Campos (1) 1 Departamento de Engenharia Nuclear – Escola de Engenharia- Universidade Federal de Minas Gerais Av. do Contorno, 842- 9 0 andar . 30.110-060 - Centro, Belo Horizonte, MG, Brasil 2 Fundação Ezequiel Dias- FUNED - Serviço de Imunoquímica - IOM / MG Rua Conde Pereira Carneiro,80 . 30.510-010 - Gameleira, Belo Horizonte, MG, Brasil RESUMO O câncer de próstata é a terceira causa de óbitos dentre todos os tipos de neoplasias. Após os 75 anos, esses índices atingem o primeiro lugar entre os homens. O antígeno Prostático Específico (PSA), preeenche critérios de marcador tumoral, sendo utilizado como ferramenta na detecção precoce, estadiamento e monitoração de pacientes após tratamento. A associação de diversas formas de terapia tem como objetivo básico a melhoria de qualidade de vida, com perspectivas à ampliação da sobrevida e cura da doença. No presente trabalho são abordadas as diversas formas de terapia utilizadas no tratamento do câncer de próstata, dando-se enfoque à utilização de implantes de sementes radioativas (Iodo-125) e à terapia de raio-X megavoltagem, considerando aspectos da biologia do tumor, do tratamento aplicado, e dos níveis de PSA séricos encontrados nos diferentes subgrupos pesquisados e documentados na literatura. As doses e os perfis de dose na glândula distinguem-se entre a braquiterapia e teleterapia, caracterizando tratamentos bastante distintos. Distintos resultados nos níveis de PSA em função do tipo de radioterapia poderão ser interpretados e são o objetivo desta pesquisa . Key words : prostate cancer, radiotherapy, prostate specific antigen. I. INTRODUÇÃO Tumores malignos são responsáveis por elevadas taxas de mortalidade na população mundial, afetando, em diferentes proporções, pessoas em idades produtivas ou idosas. O câncer de próstata é o tipo de neoplasia mais freqüentemente diagnosticado e a segunda causa de óbitos entre homens. Considera-se que, se fossem feitos exames preventivos, cerca de 10.000 mortes ao ano seriam evitadas no Brasil [1]. A American Cancer Society notifica que nos EUA, cerca de 19,8% dos homens que têm atualmente 50 anos, desenvolverão esse tipo de neoplasia até o fim da vida. Relata-nos também que essa patologia foi diagnosticada em cerca de 185.000 homens norte-americanos em 2001, colocando o câncer de próstata em segundo lugar entre os indivíduos do sexo masculino, perdendo apenas para o câncer de pele naquele país[2]. As altas estimativas de óbitos por câncer de próstata se devem ao fato de que o mesmo não apresenta sintomatologia nos estágios iniciais, quando seria mais facilmente tratável. O câncer de próstata apresenta características bem peculiares. Sua incidência aumenta com a idade, com o histórico familiar de antecedentes portadores da doença, com a raça, e com dietas ricas em gordura animal. Altas incidências são encontradas em países escandinavos e índices baixos são observados na Ásia e Extremo Oriente [3,4,5] . O diagnóstico de câncer de próstata é feito pela dosagem sorológica do Antígeno Prostático Específico (PSA), pelo toque dígital da glândula, pela ultrassonografia transretal e pela biópsia, quando necessária. No Brasil, à medida que a população tem envelhecido e com a implementação do exame de PSA na rede pública hospitar, a incidência de câncer de próstata clinicamente detectável tem aumentado e, consequentemente, a detecção da doença tem-se tornado mais freqüente entre pacientes mais jovens [3]. A evolução clínica dos pacientes portadores de carcinoma de próstata depende do grau histológico do tumor, do estágio da doença no momento do diagnóstico e do volume tumoral. Tais parâmetros definirão a estratégia do tratamento a ser adotada [5]. A implementação e aperfeiçoamento de novas metodologias de tratamento de câncer tem permitido a ampliação do campo de aplicação das radiações ionizantes na Medicina e Saúde, especialmente na Radioterapia Index Oncológica, com perspectivas de melhoria de qualidade de vida dos portadores, aumento da sobrevida dos mesmos e cura da doença . II. TRATAMENTO DO CÂNCER DE PRÓSTATA Ao se planejar o tratamento do câncer de próstata deve-se levar em consideração, principalmente, a extensão da doença, a idade do paciente, o grau de diferenciação histológica do tumor, as condições gerais de saúde do paciente e tratamentos realizados anteriormente. A estratégia de tratamento consiste em se associar diferentes modalidades terapêuticas, de acordo com o estádiamento da doença [5]. Cirurgia. O tratamento cirúrgico - prostatectomia radical (PR) consiste na remoção de toda a glândula e das vesículas seminais e a reconecção da bexiga com a uretra. Radioterapia. A utilização da radioterapia como modadidade curativa ocorreu a partir da década de 50, com o desenvolvimento de aceleradores lineares e melhoria das técnicas de planejamento e dosimetria, possibilitando doses tumoricidas, sem dano excessivo à pele e aos tecidos adjacentes[1,6]. Diferentes formas de radioterapia têm sido exploradas clinicamente, incluindo-se a radioterapia por feixe externo de Raios-X ou gama (teleterapia), assim como a braquiterapia (implantes de sementes radioativas) e a radioterapia conformal tridimensional (3D-CRT). A radioterapia de feixe externo resulta na irradiação de todos os tecidos que superpõem a região tumoral matando as células cancerosas e reduzindo o tumor. Apesar de grandes avanços tecnológicos nos aparelhos de alta voltagem e posicionamento do feixe em forma coplanar, a radioatividade induzida no tecido normal e o alto custo tecnológico têm limitado o emprego desta técnica [7,8]. A braquiterapia consiste no implante de sementes ou fios radioativos em locais precisos, dentro da glândula protática. A dose de radiação fica concentrada na próstata, reduzindo as doses nos órgãos vizinhos, os quais recebem doses consideravelmente baixas. Estudos indicam que a braquiterapia, em casos de câncer de próstata em estágio precoce (até T2 B1 N0) é o método mais eficaz, inclusive com redução dos riscos de efeitos colaterais, tais como incontinência urinária e impotência sexual, relatados na maioria dos pacientes [9,10]. Sementes de Iodo-125, Ouro-198, Irídio-192 ou Césio-137 podem ser empregadas, levando-se em consideração o estágio do tumor e, assim o tipo de semente indicada para cada caso [1,8,9]. O implante transperineal de sementes de Iodo-125 é guiado por ultrassonografia transretal. As sementes de I125 com diâmetros de 0.8mm e 4.5mm de comprimento, com 0.05mm de espessura de partede de tinânio, seladas por solda de ponta, contem um núcleo de fio de prata de 3mm de comprimento com iodeto de prata radioativo superficial (mdelo 6711), ou um núcleo de 3 a 5 esferas de resina com iodo radiativo adsorvido (modelo 6702). Em média, 100 a 150 sementes são implantadas com apropriado aparato [8]. Uma técnica relativamente nova, conhecida como terapia conformacional tridimensional (3D CRT), torna possível administrar doses altas em tumores confinados à glândula sem aumentar o risco de danos nos tecidos adjascentes. Neste método, hoje disponível nos principais centros médicos, físicos nucleares geram imagens de tomografias computadorizadas de cortes transversais da próstata. Em seguida, as informações são compiladas por um computador, para formar imagens tridimensionais da glândula, bem como a imagem que deveria ser vista pelo acelerador em movimento de rotação. Dessa forma, a configuração do acelerador e a reconfiguração do feixe da radiação fazem a varredura de todas as dimensões da próstata, permitindo minimizar as doses de radiação que possam atingir áreas além dos limites da glândula[11,12] Embora ainda não tenha demonstrado conclusivamente produzir taxas mais altas de cura, a 3D CRT parece promissora e aparentemente limita de fato os efeitos colaterais da radioterapia. A comprovação de sua maior eficácia pode ser necessária para sua aceitabilidade, visto que os custos decorrentes desta técnica são muitos mais altos que a radioterapia convencional [1,14]. III . MARCADORES TUMORAIS Marcadores Tumorais são macromoléculas, principalmente proteínas, cuja presença e concentrações variam no sangue periférico e/ou outros fluidos corporais, correlacionadas com a presença e crescimento de tumores malignos. São formados nas células tumorais, ou via de indução das mesmas e podem ser avaliados, quantitativamente por métodos químicos, imunológicos ou de biologia molecular [13,14]. A aplicação geral dos marcadores tumorais para monitorar pacientes com câncer teve início com a descoberta da alfa-fetoproteína, em 1963, e do antígeno carcinoembrionário, em 1965. A produção de tais marcadores durante o desenvolvimento fetal, bem como no crescimento de células tumorais, levou ao termo marcadores oncodesenvolvimentais, considerando-se o fato de que os marcadores tumorais representavam a reexpressão de substâncias produzidas normalmente por tecidos embriogenicamente similares[ 13]. Não existe , in estrict sense , marcadores tumorais com 100% de sensibilidade e 100% de especificidade, porém o marcador ideal deve obedecer a critérios tais como: ser específico para um determinado tecido, ser suficientemente sensível para detectar tumores pequenos (diagnóstico precoce) e sirva para monitorar a terapêutica usada. Segundo Chan [14], para se avaliar a utilidade de um marcador tumoral,é necessário estabelecer valores de referência, calcular valores preditivos, avaliar a distribuição dos valores dos marcadores na população estudada e determinar o papel destes no tratamento da doença. Index IV . ANTÍGENO PROSTÁTICO ESPECÍFICO (PSA) O PSA é hoje considerado o melhor marcador tumoral para o câncer de próstata. É uma glicoproteína de cadeia simples, com 237 aminoácidos e peso molecular em torno de 30.000 daltons. No sangue, o PSA existe sob duas formas: uma, complexada à alfa-antiquimiotripsina, e outra, como um componente livre. Em estudos recentes, Wang e colaboradores demonstraram que a determinação da relação entre valores de PSA Livre e PSA Total melhora consideravelmente o poder discriminativo entre as formas benignas e malignas de tumores prostáticos [1,3,15] . Os valores de referência do PSA foram obtidos de estudos populacionais (screening), levando-se em consideração a sua distribuição por faixas etárias. Sob o ponto de vista prático, níveis de PSA Total inferiores a 2 ng/ml em pacientes sem risco familiar de câncer de próstata e com toque prostático normal, acompanham-se de riscos desprezíveis da doença. Entretanto, quando esses níveis superam 10ng/ml, a chance de existir neoplasia aumenta, consideravelmente. Quando as concentrações de PSA se situam entre 4 e 10 ng/ml, há possibilidade de ocorrência de uma hiperplasia benigna, a qual é frequentemente encontrada em homens com mais de 50 anos[3,5]. O principal uso clínico do PSA é na avaliação do tratamento definitivo do câncer de próstata. Após o tratamento, especialmente a radioterapia, o nível de PSA deve cair abaixo do limite de detecção, definido em função do acompanhamento clínico e taxas de sobrevida sem recidiva da doença. O acompanhamento dos pacientes após o tratamento é feito através da dosagem do PSA: a cada três meses, durante o primeiro ano após a radioterapia; a cada quatro meses, no segundo ano; e a cada seis meses, até o quinto ou décimo ano, parâmetro que deve ser avaliado mais criteriosamente. O PSA mantido em torno de valores inferiores a 0,5 ng/ml, sem aumentos por três dosagens consecutivas, define o PSA-nadir, que representa a sobrevida livre da doença, após a radioterapia[11,16]. Com o reconhecimento de que elevações no PSA podem preceder a detecção clínica da doença em vários anos, há sugestões de que o paciente pode ser considerado curado se o PSA permanecer indetectável após cinco anos ou mais[ 16,17,18] . A sensibilidade analítica para os testes de PSA ultra sensíveis hoje comercializados (imunofluorimetria de dupla marcação com Európio e Samário) é de 0,05ng/ml a qual define o valor mímino detectável de PSA, portanto, inferiores aos estabelecidos para o PSA–nadir . A Tabela 1 nos mostra os resultados definidos por diversos autores em estudos realizados em pacientes portadores de câncer de próstata, correlacionando o estágio clínico, terapia adotada, níveis de PSA antes e após o tratamento, assim como o tempo de acompanhamento clínico e taxas e sobrevida sem recidiva da doença Observamos, em todos os resultados, um declínio de PSA em todas as modalidades terapêuticas, em média com um nadir inferior a 0,5 ng/ml. Outros critérios de avaliação têm que estar associados, a fim de se estabelecer qual a terapia é mais eficaz. Estudos prospectivos têm sido desenvolvido no sentido de se avaliar o risco de recidiva da doença, após a terapia. Segundo Carroll [17], a despeito do diagnóstico precoce e do aperfeiçoamento nos métodos terapêuticos, ainda há um risco significativo de recidiva de câncer de próstata, após a terapia. Análises recentes indicam uma taxa de recidiva de 15 a 22%,variando-se em função do estágio da doença no início do tratamento, das condições de saúde do paciente e do nível de PSA sérico prétratamento. A falha da terapia é manifestada mais frequentemente pela detecção do PSA e estima-se que mais de 50.000 homens apresentam uma recidiva de PSA após a terapia, nos EUA. A cinética do PSA, em conjunto com avaliações do estágio e grau de invasão dos tecidos circunvizinhos indicam recidivas à distância. As elevações do PSA em torno de 0,75 ng/ml/ano estão associadas à doença à distância, sugeridas pelo tempo de duplicação do PSA em menos de 6 meses. Estudos por imagens podem complementar a informação clínica e patológica na localização da falha ao tratamento primário e incluem tomografia computadorizada e cintilografia óssea [17]. Uma grande percentagem de pacientes necessita de uma segunda forma de tratamento, três anos após o tratamento inicial; no entanto, contrariamente, taxas de sobrevida livre de recidivas têm sido encontradas em níveis de 78 a 97% [18]. De acordo com Salvajoli [1], resultados de séries revisadas pelo American Prostate Cancer Guidelines Panel demonstram taxas de sobrevida de 90 a 97% em cinco anos e de 88 a 93% em 10 anos. Index TABELA 1: Sumário de pesquisas realizadas, comparando-se modalidades terapêuticas, perfis de doses e PSA dos pacientes AUTOR [ Ref] ANO N0 pacie nte Estágio Clínico Terapia adotada Kernior[10] Morgan[10] Walsh[ 20] Hanks [14] Critz [10] Stok [24] Zelefsky [14] Stock [24] Shild [14] Critz [22] Williams[15] 1972 1991 1994 1996 1996 1998 1998 1998 1998 2000 2000 601 17 955 375 536 134 NI 134 288 689 1270 T1 –T2 T1-T2 NI NI T1-T2 T1-T2 NI T1-T2 T3-T4 T1-T2 T1-T2 PR Klein [16] 1998 551 T1-T2 PR+RT Dose Aplicada (Gy) PSA prétratamento (ng/ml) NI NI PR 7,5 3D CRT < 10 BT + RT 12,5 BT <10 3D CRT < 10 BT+RT NI PR NI BT+RT < 4 a >20* BT+RT 7,1 a 8,6*** BT + RT 8,1(PR);12,1(RT) PSA póstratam. (ng/ml) e Follow-up % de sobrevida respostas sem recidiva clínicas _____ 60-66+30-33 -----66-79 140+ 45 <100 a >160 70 NI ---140+45 * 120+45 * < 0,4 < 0,3 < 0,2 < 1,5 < 0,5 < 1,0 < 0,5 < 0,2 < 0,4 < 0,5 < 0,2 10 anos 1 ano ? 10 anos 2 anos 5 anos 2-6 anos 5 anos 5 anos 5anos 5 anos 5 anos 47 94 70 85 80 82-88 85 85 85 69 a 94 ** 85 NI < 0,4 5 anos 80 (PR);81 (RT) Legendas: PR= Prostatectomia Radical, BT= Braquiterapia (I-125), RT = Radioterapia de Fonte Externa; 3D CRT= Radioterapia Conformacional Tridimensional, NI=Não Informado; * Resultados catalogados em subgrupos de acordo com os níveis de PSA; ** Taxa de sobrevida em função do PSA pré-tratamento. V. ASPECTOS DE QUALIDADE DE VIDA RELACIONADOS À OPÇÃO DE TRATAMENTO O objetivo principal da terapia é a cura da doença. Contudo, a definição de cura vem mudando, de acordo com o aprimoramento da capacidade de detectar a doença. Na maioria dos relatos, a sobrevida de cinco anos é a mais indicada na avaliação, porém modalidades terapêuticas e diagnósticas tem alterado esses resultados, considerando-se followup de até 15 anos. A Consensus Development Conference on Manegement of Localized Prostate Cancer [1] concluiu que a prostatectomia e a radioterapia são tratamentos efetivos para tumores confinados à glândula em pacientes apropriadamente selecionados. As técnicas de radioterapia vêm sendo aperfeiçoadas, melhorando os resultados e reduzindo os efeitos colaterais pós-tratamento. Parâmetros de avaliação da qualidade de vida são adicionados aos critérios de cura. Segundo Anderson [18], a qualidade de vida se refere aos aspectos físicos, psicológicos e sociais do tratamento, conforme a percepção do paciente. As considerações de qualidade de vida estão se tornando cada vez mais importantes no controle do câncer de próstata, particularmente, com a tendência dos pacientes serem diagnosticados em idade mais precoce e estágio inicial da doença. O nível sérico de PSA, na ausência de sintomas, pode causar angústia psicológica significativamente maior do que aqueles que já apresentam sintomatologia. A avaliação dos critérios de qualidade de vida após o tratamento, tais como potência sexual, incontinência urinária, queimaduras no reto, diarréias, etc, são acrescentados aos prontuários dos pacientes. Avaliações da viabilidade das terapias usadas no tratamento do câncer de próstata nas últimas décadas, permitem indicar a radioterapia como método eficaz no controle permanente do câncer de próstata. Essa abordagem tem levado em consideração a melhoria constante das técnicas de planejamento, aumento das doses por estágio da doença, aumento da precisão e redução da toxidade em tecidos cincunvizinhos, levando-se a melhoria de qualidade de vida dos pacientes e aumento da sobrevida livre da doença (cura) [18,1920]. VI. CONSIDERAÇÕES DOSIMÉTRICAS Estratégias de intensificação das doses, através da irradiação simultânea de duas fontes, ou seja implante de sementes de I-125 e após 21 dias do implante, sessões de radioterapia externa, têm ampliado o potencial de cura. Stock [21] relata que a resposta à dose foi observada a um nível de 140 Gy, em pacientes submetidos apenas à braquiterapia (I-125), o que denota aumento da eficácia (95% de sobrevida livre de recidiva) em pacientes com PSA < 10 ng/ml e fatores prognósticos de câncer localizado. Esse autor define a D90 como a dose administrada em 90% do tecido prostático na radioterapia, determinada por avaliação dosimétrica com Tomografia Computadorizada, aplicada um mês após o implante de sementes. A braquiterapia é hoje considerada o padrão de tratamento mais amplamente aceito para o câncer de próstata clinicamente localizado. O procedimento, minimamamente invasivo, distribue duas vezes mais radiação na glândula, quando comparado com a terapia por feixe externo, enquanto que não oferece danos aos tecidos saudáveis adjacentes. Os pesquisadores argumentam que a combinação dos tratamentos de braquiterapia e teleterapia oferecem excelentes respostas e ampliam a sobrevida livre da doença [20,21,22,23]. Index VII. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES A análise dos resultados da Tabela 1 nos permite concluir que níveis de PSA pré-tratamento são fatores prognósticos independentes. Baixas concentrações séricas predizem ausência de recorrência bioquímica após a terapia. Grupos de pacientes com valores de PSA escalonados, apresentam melhores avaliações de cura. Pacientes com PSA < 4, de 4 - 10, 10.1 a 20 e > 20 ng/ml, apresentam diferentes evoluções após a radioterapia ou cirurgia, com taxas de sobrevida livre de recidiva de 94, 93, 75 e 69%, respectivamente . A dosagem de PSA Total, no entanto, não é bom preditor para o estadiamento do câncer de prótata. Para este fim, a dosagem pré-tratamento, deve estar associada à relação PSA Livre/PSA Total, biópsias e escores de Gleason (grau de diferenciação celular). Níveis de PSA prétratamento muito alto são indicativos de doença metastática avançada, enquanto PSA <10ng/ml estão associados com ausência de metástases. Após a adoção da terapia, a dosagem do PSA é essencial para diferenciar pacientes com doença residual , recorrência ou critérios de cura [6]. A cinética do PSA permite a avaliação desses critérios, definindo o PSAnadir, como o nível de PSA sérico mais baixo mantido, sem pelo menos três aumentos consecutivos após a terapia. Os dados da Tabela 1 permitem estabelecer PSAnadir variando de < 0,2 a < 1,5, com média de < 0,5 ng/ml nos diversos grupos de pacientes analisados independentemente da modalidade terapêutica empregada. Em pleno século XXI, apesar das tecnologias de ponta e todo o arsenal terapêutico disponível, o homem contemporâneo se depara ainda com a luta contra as neoplasias, que continuam sendo a primeira causa de óbitos em todo o mundo. A busca e aperfeiçoamento de metodologias diagnósticas que permitam a detecção precoce do câncer tem sido a área mais emergente da Oncologia e da Saúde Pública. No Brasil, o Ministério da Saúde já classifica o câncer de próstata, ao lado do câncer de mama e colo de útero, como sérios problemas de Saúde Coletiva. Campanhas de prevenção têm sido implantadas, no sentido de se estimular o diagnóstico precoce, estabelecendo metas de tratamento imediato, com conseqüente redução dos custos por paciente. Em publicação no Diário Oficial da União de 18/10/1999, o Ministério da Saúde do Brasil inclui o exame de PSA na lista de procedimentos médicos custeados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), referendado com o código 11.065.12-5. Na referida tabela consta o 0valor de R$11,73 (onze Reais e setenta e três centavos), irrisórios, em relação aos custos operacionais de uma radioterapia ou cirurgia. Também irrisórios comparados com as técnicas de prevensão de câncer e mama através das imagens por mamografia ou MRI. Critérios de custobenefícios e otimização dos parâmetros de seleção e diagnóstico precoce, permitirão conduzir estudos epidemiológicos para orientar programas de controle da mortalidade por câncer. E, particularmente para o câncer de próstata ,os critérios para prevenção a partir dos níveis de PSA mostram-se eficientes e de custo irrisório, considerando-se assim necessário sua recomendação. A utilização de técnicas de marcadores tumorais para monitorar pacientes com câncer de próstata tem ampliado as taxas de sobrevida dos pacientes, assim como obtido melhoria de qualidade de vida, com a utilização de técnicas terapêuticas que permitem a minimização dos efeitos colaterais. Segundo Daliani [19], a identificação das características biológicas associadas à progressão do câncer prostático é a meta prioritária de vários grupos de pesquisa, com a esperança de se prever a história natural da doença em cada paciente, individualmente e estabelecer tratamentos baseados no comportamento biológico-específico. A utilização de métodos de avaliação dos níveis de marcadores tumorais, especialmente do PSA, tem oferecido excelentes perspectivas no sentido de se atingir essa meta. Nos EUA, cerca de um terço dos pacientes com câncer de próstata diagnosticados precocemente recebem radioterapia, e na sua maioria, tem boas prespectivas de cura [9,20,22,23]. Entretanto, desde que a monitoração dos níveis de PSA pós-tratamento começou a ser usada para determinar a sobrevida livre da doença (sem recidiva bioquímica), o potencial de cura após a irradiação foi posto em questão. Alguns investigadores, usando dados de PSA, proclamam-se a favor da radioterapia, especificamente da braquiterapia associada à teleterapia, como método mais eficaz. Outros, usando os mesmos dados proclamam outras modalidades terapêuticas como melhores que a radioterapia [10,12,15,16,24]. Faz-se, portanto, necessário se avaliar critérios de otimização que permitam se estabelecer a acurácia do potencial de cura do câncer de próstata. A combinação de tratamentos - braquiterapia e teleterapia deve ser o recomendado. Doses D90 elevadas mostram levar a taxas de cura maior. Critérios de inclusão, tais como fatores de prognóstico de níveis de PSA pré-tratamento, grau histológico e estágio da doença estão correlacionados com os níveis de PSA–nadir ótimo. Segundo Critz [23], a inclusão dos pacientes em subgrupos, de acordo com os níveis de PSA pré-tratamento, ampliam a avaliação prognóstica. Pacientes com PSA séricos inferiores a 10 ng/ml antes da terapia, evidenciam taxas de sobrevida de 93 a 94%. Contrariamente, pacientes com dosagens de PSA superiores a 20 ng/ml, mostram taxas de sovrevida livre da doença de 69%, o que indica recidiva em 31% deles. A recidiva bioquímica (aumento dos níveis de PSA póstratamento) deve, de acordo com esse autor, ser considerada fator de exclusão. Critérios de avaliação da qualidade de vida após a terapia, adicionados aos parâmetros de determinação do potencial de cura de cada método, devem ser os objetivos básicos da estratégia de opção do tratamento mais adequado para cada paciente, assim como os parâmetros de custobenefício da cada modalidade terapêutica. Index REFERÊNCIAS satélite da Astra Zeneca, XVI Congresso da European Asociaciation of Urology,Suiça , 2001 . [1] Salvajoli , J. V. Radioterapia em Oncologia ,Editora Medsi , São Paulo , 1999. [19] Daliani,D e Papandreou,C. N. Marcadores da Progressão Andrógeno-independente do Carcinoma Prostático. Seminars in Oncology, vol. 26, number 4 ,p. 399-406,1999 [2] http:/ www.uronews.org.br. 2002. [3] Cardoso, I. C. R. et all. Utilização do Antígeno Prostático Específico como marcador tumoral no diagnóstico diferencial de câncer de próstata e hiperplasia benigna prostática , News Lab , 36 , 114122,1999. [4] http:/ www.infomed.hpg.com.br/ca-prostata.html [5] Srougi, M. S . 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The disease appears without signal at initial stages of the prostate cancer, period at which it will be easily treated. The development of the prostate carcinoma in patients depend on the tumor histological degree, stage of the disease at the diagnostic time, tumoral mass, patient age and patient general health. The prostate specific antigen (PSA) is the tumor marker used to premature disease detection, stagement and patient monintoring after treatment. Combinants therapies have been stablished, together with a premature diagnosis, to increase the patient survival, achieving the best health quality and disease heal. The applied gland dose and its profile are distinct between brachytherapy and teletherapy. the present paper discribes several therapies applied to control the prostate tumors, standing radioactive implants (I125) and conventional radiotherapy. The goal of this paper is to show the different PSA levels resulting after radiation therapy, look upon tumor biology aspects, isodose profiles and serum PSA levels.