Religiosidade e Espiritualidade de Médicos e Pacientes: Como se relacionam? NEVES, Beatriz de Sousa1 RESUMO Muitas pesquisas reconhecem a importância da religiosidade/espiritualidade no contexto hospitalar, seja como estratégia de enfrentamento, positiva ou negativa e, ainda, como rede de suporte oferecida pelas comunidades religiosas. Entretanto, sabe-se que este tema tem sido pouco ou nada abordado ao longo da formação profissional em saúde, especialmente na medicina, existindo pouquíssimas pesquisas realizadas diretamente com esses profissionais. Raríssimas são as que buscam relacionar o que seriam boas ou más práticas dos profissionais de saúde no modo de lidar com tais aspectos no contexto hospitalar. Sendo assim, emergem os seguintes questionamentos: como os médicos percebem a religiosidade/espiritualidade no contexto hospitalar e de que maneira lidam com ela? A partir destas duas questões norteadoras, o presente trabalho teve como objetivo investigar as percepções e experiências dos médicos frente as suas expressões de religiosidade/espiritualidade e de seus pacientes, buscando observar também se há influência da sua crença nesse modo de lidar. O estudo consistiu em pesquisa exploratória, com análise qualitativa dos dados. Foram realizadas quatro entrevistas semiestruturadas, conduzidas conforme postura fenomenológica, duas no Hospital Infantil de Palmas (HIP) e duas no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas. Os dados foram analisados sob perspectiva fenomenológica, buscando-se identificar convergências e divergências nas falas dos entrevistados. Os profissionais relataram a presença constante de questões religiosas/espirituais nos dois contextos pesquisados, utilizadas como forma de enfrentamento, principalmente por parte de familiares e acompanhantes do paciente. Todos reconheceram a importância dessa dimensão e consideraram que esta deve ser respeitada. Porém, alguns exemplos trazidos contrariaram, de certa maneira, essas afirmações. Constatou-se, portanto, necessidade de maior diálogo da medicina com a religiosidade/espiritualidade, sem que uma dimensão desconsidere e deslegitime a outra. Além disso, na fala de alguns médicos foi relatado que a sua religiosidade/espiritualidade acaba influenciando a prática profissional. Palavras-Chave: Religiosidade/espiritualidade, médicos, contexto hospitalar. 1 Universidade Católica de Brasília-UCB. Email: [email protected] X Seminário de Psicologia e Senso Religioso, Curitiba, PUCPR, 2015. ISSN 0000-0000 1