REPV - Revista Eletrônica Polidisciplinar Voos - ISSN 1808

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REPV - Revista Eletrônica Polidisciplinar Voos - ISSN 1808-9305
Núcleo de Estudos da Sociedade Contemporânea - NESC
SÓCRATES E PLATÃO: ENTRE A ESSÊNCIA E APARÊNCIA
Aguiomar Rodrigues Bruno 1
RESUMO
O objetivo deste artigo é trazer à tona uma discussão duradoura de um diálogo
filosófico em dois momentos da genealogia histórica do pensamento ocidental
para construirmos uma modulação crítica acerca da essência e da aparência,
criando assim um abissal corolário reflexivo.
Palavras-chave: Essência, Aparência, Sócrates, Platão.
O ser é e não pode não ser, o não ser não é
e não pode ser de modo algum. Parmênides 2
1) INTRODUÇÃO
Ao divagarmos pela historia ocidental vemos inúmeras reflexões nela
contida, porém, esta problemática está sob o cunho conceitual 3, e vale
lembrar, tal reflexão filosófica sofre múltiplas alterações dentro desse
respectivo preceito tempo/espaço - que se articula no momento de sua
utilização - e isso faz com que nosso objeto de análise tenha uma amplitude
ainda maior do que pensávamos. Nesse contexto, os conceitos transcendem
seu sentido próprio e se vinculam às unidades políticas e sociais de sua época.
De acordo com as precedentes afirmações, poder-se-ia, todavia, dizer que
a percepção sobre o caráter plural dessa dicotomia (essência e aparência) faz
com que os historiadores interpretem e conceitue à procura de sua
hermenêutica filosófica - aquilo que Marilena Chauí caracteriza como "atitude
crítica"4.
1
Graduação em História . Centro Universitário Geraldo Di Biase.
Este fragmento é de principio parmenidiano, que é o próprio principio da verdade. O ser,
portanto, é e deve ser afirmado, o não-ser não é deve ser negado, e esta é a verdade, negar o
ser ou afirmar o não-ser é, ao invés, a absoluta falsidade. Neste principio, os interpretes há
muito indicaram a primeira grandiosa formulação do principio de não-contradição, isto é, aquele
princípio que afirma a impossibilidade de os contraditórios coexistirem simultaneamente. No
nosso caso, os contraditórios são exatamente os dois supremos contraditórios ser e não-ser. É
este o grande principio que receberá de Aristóteles a sua mais célebre formulação e defesa, e
que constituirá não só o fundamento de toda a lógica antiga, mas de toda a lógica do Ocidente.
3
Gostaríamos de especificar o sentido semântico de conceito através da filosofia de Gilles
Deleuze: “O conceito é o que impede que o pensamento seja uma simples opinião, um
conselho, uma discussão, uma tagarelice. Todo conceito é forçosamente um paradoxo.”
(DELEUZE, 2008:170), no qual se encontra no livro Conversações.
4
Caracteriza-se atitude critica segundo a visão de Marilena Chauí como sendo: “A primeira
característica da atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não ao senso comum, aos préconceitos, aos pré-juizos, aos fatos e as idéias da experiência cotidiana, ao que ‘todo mundo
diz e pensa’, ao estabelecido. A segunda característica da atitude filosófica é positiva, isto é,
uma interrogação sobre o que são as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os
comportamentos, os valores, nós mesmos. (...) Essas são as indagações fundamentais da
atitude filosófica. A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem o que
chamamos de atitude crítica.” (CHAUÍ, 2000:09)
2
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Número 7, março 2009
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É provável, sem dúvida, que, mesmo com toda essa adversidade
conceitual procuraremos dilatar pouco a pouco o foro interior de nossas
convicções através de um discurso histórico-filosófico com uma linguagem
finíssima, como diria Marc Bloch5, com o intuito de esclarecimentos mais
acurados e pormenorizados sobe uma ótica genuína para elucidar tal problema
filosófico da essência e da aparência para que consigamos assim esboçar uma
fecunda antevisão da ambigüidade essencial do assunto para um renascimento
epigonal.
Decerto que vale apenas referirmos a titulo etimológico que o próprio
significado léxico de filosofia é por si só anfibológico, por isso temos uma longa
polissemia de neologismos para defini-la, mediante esta ambivalência
conceitual irrefutável. Marilena Chauí tenta elidir de todo esse cabedal
conceitual resumindo em uma única frase a sua ontologia filosófica: "Filosofia
significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber".
(CHAUÍ, 2000:19). A filosofia engendra dessa forma todo um arcabouço
dialético reflexivo acerca das vicissitudes do ser humano, de suas aspirações
enquanto tal, de sua compreensão de si e do mundo que o norteia.
A filosofia possui um caráter nodal na identidade do homem, tirando-o da
inércia da mediocridade do cotidiano, construindo assim um ser fecundo,
fazendo-o compreender e buscar algo que está bem mais além da
materialidade, mostrando-lhe um mundo prismático e multiforme onde
existiriam inúmeras possibilidades de existência e de discursos. Com isso, os
filósofos trazem consigo empunhando como um estandarte sob a égide do
saber a filosofia como busca pelo seu reflexo na esperança de uma resposta
verdadeira aos anseios existenciais.
E com esse contexto, buscaremos através da literatura surpreendente do
filósofo Nietzsche uma tentativa de definição que será bastante pertinente
acerca dos filósofos:
Um filósofo é um homem que vive, vê, ouve, suspeita, espera e
sonha constantemente com coisas extraordinárias, que fica surpreso
com suas próprias idéias como se viessem de fora, do alto e debaixo,
como por uma espécie de acontecimentos e de raios de trovão que
só ele pode sofrer, que talvez ele mesmo seja um furacão, sempre
prenhe de novos raios, um homem fatal, em torno do qual estoura,
ribomba, explode sempre algo de inquietante. Um filósofo é um ser,
aí! (NIETZSCHE, s/d: 209)
Doravante, a nossa incursão pela procura dessa hermenêutica através da
história da filosofia no intuito de expor questionamentos filosóficos como raios
de trovão nietzschenianos no intuito de debelarmos contra esta palinódia
simplória das aparências que possivelmente perpassaria por movimentos de
construções ideológicas, no qual, ao longo de todas as nossas investigações
5
Para explicarmos o significado de discurso histórico, apropriaremos dos dizeres de Marc
Bloch em seu livro Introdução à Historia: “uma linguagem finíssima, uma cor adequada ao tom
verbal, para traduzir bem os fatos humanos, e, portanto para os penetrar bem (pois é lá
possível compreender perfeitamente aquilo que não formos capazes de dizer?). Onde é
impossível o calculo aritmético impõe-se sugerir.” (BLOCH, 1965:29)
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depurarmos os seus enunciados, e chegaríamos ao seu notório fim, para que
consigamos assim emergir para uma alvorada de uma cálida essência.
A priori, a nossa busca pelo paradoxo essência/aparência terá como
começo senão o Período socrático, no qual, nos será a um primeiro exame,
bastante pertinente e profícuo. Obviamente estaremos expondo neste presente
artigo duas concepções, que, a nosso ver, na filosofia de Sócrates e Platão –
como os seus respectivos representantes - possui abordagens distintas por
ambos no qual implicaria em concepção do objeto, respectivamente,
conflitante.
Com isso, pretendemos também esboçar alguns traços de suas
respectivas filosofias que justificariam a divergência ideológica através da
historia filosófica. Para delimitar melhor o problema, gostaríamos de esclarecer
desde já que tomaremos como primeira referência a filosofia de Sócrates no
qual servira de contraponto, para respectiva filosofia de Platão. Deste modo,
vemos em Sócrates a referência central para as críticas ao modelo e
concepções posteriores de Platão. Traçadas as linhas gerais de cada uma
dessas respectivas, acreditamos que seja possível contrapor as idéias.
2) SÓCRATES E A MORAL COMO PRINCÍPIO
Por muitas décadas vários pensadores como o helenista francês JeanPierre Vernant 6 e o catedrático Humberto Padovani7, entre outros, incutem
através da historiografia que a gênese do pensamento ocidental perpassa
precisamente pelo humanismo socrático, onde, sem dúvida, vemos o evidente
interesse dos filósofos clássicos para a compreensão do homem, do
comportamento e da moral, desviando assim do mundo natural pensado pelos
pré-socráticos, onde teriam suas atenções especulativas voltadas para o
mundo exterior como sendo o principio de todas as coisas. Tal concepção
existencialista na visão de Padovani seria: "(...) consciência do valor supremo
do conhecimento racional para dominar a realidade, construir a filosofia,
orientar a vida." (PADOVANI, 1954:42)
Neste contexto histórico podemos observar que o período naturalista ou
pré-socrático torna-se a primeira instância no pensar humano acerca da
realidade natural do mundo e do cosmos, dando base racional e fixando lógica
cognoscível indispensável numa tentativa de coordenar o real à luz do ideal,
servindo-se deste modo como uma matriz para reflexão e crítica a posteriori
para uma procura de significação mais abrangente da essência de todas as
coisas.
Por conseguinte, haveria de fato uma das características primordiais do
período áureo grego, no qual chamamos de sistemático ou socrático, uma vez
que, teria como base problemática o homem e o espírito no sistema do mundo
- uma relação dicotômica metafísico-teológica - no qual a relação do mundo
real e empírico dos homens e do absoluto (Deus) permaneceria separada. Tal
6
Jean-Piere Vernant é considerado o maior helenista vivo, escreveu diversos livros dentre eles
o livro As origens do pensamento grego, no qual discute a desmistificação do "milagre grego"
entre outras coisas, a invenção da razão, do pensamento científico e da filosofia.
7
Humberto Padovani nasceu em Ancona, Itália, em 1894. Formou-se em Filosofia, após ter
freqüentado a Academia Científico-Literária de Milão.
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separação ficou tão marcada inexoravelmente na historia ocidental, que
acabou tornando-se patente tanto na Idade Média como até os dias atuais.
Portanto, tal dualismo seria proeminentemente o fim último especulativo em
grande parte da filosofia grega alicerçado sobre o racionalismo numa tentativa
harmônica de organização social:
- Portanto, creio – prosseguiu Sócrates – que todos concordam que
Deus é a própria idéia de vida e tudo o que é imortal jamais
desaparece?
- É evidente, por Zeus! – exclamou Cebes. – Todos os homens e
ainda os deuses, conforme crêem, estão de acordo com isso!
(PLATÃO, 1999:176)
Fica evidente nos dizeres de Sócrates este antagonismo entre mundo
ideal e o empírico dos indivíduos, entre o sagrado e o profano, que tenderia
para os deuses - obviamente sem jamais chegar até eles - como o imperfeito
para o perfeito, do mutável para o imutável, ou seja, da aparência para a
essência. Vale apenas, a título de referencia, que o individuo possui na filosofia
de Sócrates um caráter de transitoriedade bem mais relevante que o seu
predecessor, no qual, implicaria, já de antemão, uma primeira distinção
filosófica. Portanto, Sócrates mantêm uma relação fenomenológica de
ambivalência que fica expressada na figura do sagrado, pois despertaria no
indivíduo uma sensação ambígua tanto de adoração quanto de distanciamento
e respeito8. Mediante este pensamento impregnado em Sócrates, o torna neste
momento um dos grandes baluartes da expressão filosófica, dedicando-se
inteiramente a ascese do conhecimento e ao ensino filosófico, ou seja, o agir
seria o liame do conhecer: - "Ninguém poderia disputar a verdade do que
dizes". (PLATÃO, 2001:228)
Sócrates foi exaltado pela sua consistência de sua arte da retórica onde
tais ensinamentos seria a verdade possível ao homem somente um aproximarse, estar a caminho através da investigação dialética: (...) "mas nos respondenos, por estar costumado a discutir por meio de perguntas e respostas".
(PLATÃO, 1999:109) Esta interpelação de Críton a Sócrates deixa clara a sua
dialética na investigação acerca da essência original das coisas e dos valores,
assegurando o conhecimento, questionando as opiniões que temos de nós e
das idéias, exortando o homem a agir sob a autoridade da própria razão e
esforçando-se para encontrar o bem e ao encontrá-lo e realizá-lo, o homem se
realizaria também. Sendo assim, significaria dizer que Sócrates buscava
inventar na filosofia, a Ética da práxis. Porém, todavia, ele não pretendeu como
Heráclito9, elaborar uma cosmologia, pois acreditava que cabia somente aos
deuses e a nós, a reflexão, o pensamento, enfim, conhecermo-nos. Daí este
famoso lema intitulado: "conhece-te a ti mesmo" (SÓCRATES, 1999:28),
8
Tal concepção filosófica em relação à questão moral do sagrado e do profano pode ser
conferida na literatura de Émile Durkheim "sociedade e filosofia", no qual delineia as
características fenomenológicas do sagrado e sua relação intrínseca com a moral como
fenômeno social.
9
Heráclito é por muitos considerado o mais eminente pensador pré-socrático, por formular com
vigor os problemas da unidade permanente do ser diante da pluralidade e mutabilidade das
coisas particulares e transitórias. Estabeleceu a existência de uma lei universal e fixa (logos),
regedora de todos os acontecimentos particulares e fundamento da harmonia universal,
harmonia feita de tensões, "como a do arco e da lira". (PRÉ-SOCRÁTICOS, 1973:79)
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aforismo este que fora postulado a Sócrates no qual sintetiza bem o seu
pensamento, pois não é a posse do conhecimento que definiria o homem, mas
sim, a sua busca, no qual, somente através da consciência desta assunção
justificar-se-ia como ser. Sócrates sintetizou neste epíteto a busca através da
práxis a reflexão sobre a verdadeira essência do saber e conseqüentemente do
ser, como condição prévia do modo de vida ético, um bem como verdade
interior que ao ser escolhido, geraria um ato que, por ser a razão seria
consciente e livre. Podemos assim, em uma análise prévia, de que, a busca
pela essência em Sócrates perpassa pelo individuo e pela sua busca interior
pelo auto conhecimento. Nesse sentido, realizaria assim um ato virtuoso, no
qual fora dessa premissa o homem viveria numa total inautênticidade, isto é,
uma aparência. Podemos também observar a todo instante o quanto a questão
ética possui destaque central não só na forma de filosofia em busca da
verdadeira essência das coisas, mas também de vida. Portanto, estando fora
desta máxima o homem não seria digno de viver em sua total plenitude: (...)
"que uma vida desprovida de tais análises não é digna de ser vivida" (...)
(PLATÃO, 1999:91)
Sócrates em sua filosofia da ética pela busca da essência no indivíduo
também questionava com seu método uma outra questão de fundamental
importância, que muitas vezes passa despercebido em uma análise superficial,
há de quem deteria a posse da verdade, pois ele era contra o conceito de que
a maioria estivesse sempre com a razão, pois a verdade não esta do lado da
maioria, mas sim, daquele que possui lógica e coerência em suas análises, que
busca acima de tudo a essência da verdade e não aqueles que se deixam levar
pela maioria ou por argumentos vazios e redundantes. Sócrates ensinou o
indivíduo a pensar, a deixar de ser uma mera "ovelha" em um rebanho para ser
um ser pensante, por isso ao longo de sua trajetória despertaria a ira de
muitos, como veremos logo a seguir.
Com isso, Sócrates entrou em conflito diretamente com os juízes
atenienses, pois eles representavam os costumes e o culto consagrado, isto é,
o estatus quo vigente, a mentalidade dominante e Sócrates afirmava não
apenas a autonomia do individuo enquanto ser pensante e reflexivo, como
também apontava o momento em que a consciência individual e o Estado (no
qual, será discutido abaixo) começaria a se opor de maneira irredutível até ser
considerado belicoso pela elite: Sócrates é réu de corromper os jovens, de não
crer nos deuses nos quais a cidade crê e também de praticar cultos religiosos
extravagantes. (PLATÃO, 1999:75)
Não podemos deixar de frisar que Sócrates possui origem plebéia, ou
seja, em toda sua vida estava sob o jugo de uma aristocracia no qual lhe
conferia estatus quo de uma moral dos escravos10, no qual, estaria
intrinsecamente impreguinado em sua filosofia pela busca da essência numa
pratica ética e moral, uma vez que, iria de contra mão aos costumes existentes.
10
Faço menção ao filósofo Nietzsche, em seu primeiro ensaio da Genealogia da Moral onde há
uma famosa diferenciação entre dois pontos de vista: o escravo inicia a sua escala de valores
designando como "mau" aqueles que o oprimem, os poderosos, e a partir daí institui como
"bom" a antítese, ou seja, a si mesmo, o fraco e passivo. O inverso ocorre com os aristocratas,
que inicialmente designam como "bom" a si mesmos, os poderosos, felizes e ativos, e a partir
daí como "mau" aqueles que são impotentes e rancorosos.
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Portanto, toda sua filosofia seria mais tarde sistematizada respectivamente, em
uma ordem do discurso11 para retomada de consciência de seus concidadãos,
e que, seria considerado pelos seus desafetos como reacionário estando
assim, susceptível a retaliações posteriores que o levariam a um julgamento
desprovido de qualquer austeridade, como veremos mais adiante em nosso
artigo.
Após ter sido submetido a um malogrado julgamento, Sócrates terminaria
em um trágico fim, no qual, culminou em sua morte. Porém, quais seriam os
reflexos ou as conseqüências de sua morte?
O falecimento de Sócrates tornou-se um enorme paradoxo para a
aristocracia ateniense, pois se de um lado eles condenaram o seu maior perigo
(pois, representava o ato do pensar e todo pensar torna-se perigoso, isto
porque, se propagando entre os indivíduos determina sua pratica e,
conseqüentemente, subverter o status quo vigente), por outro lado, a sentença
de morte de Sócrates condenava também a cidade ateniense porque
reconhecia que suas idéias já haviam cristalizado entre eles. O exemplo de
vida de Sócrates foi sem dúvida, como sendo o primeiro mártir da filosofia que
proclamou os direitos e a necessidade de livre pensamento, tornando-se um
legado que se elevou para além dos muros da cidade e de seu tempo:
"Podemos afirmar que foi o melhor homem entre todos que conhecemos, o
mais sábio e o mais íntegro". (PLATÃO, 1999:190)
Frase esta dita por Críton à Equécrates logo após a morte de seu mestre,
eternizando-o assim como o primeiro a debater sobre a compreensão racional
do "eu" e de sua essência na representação no cosmos. É com esta análise
que vemos surgir a sua filosofia pela busca da verdadeira essência como um
solstício debaixo da pátina dos resíduos do tempo, sob uma nova ótica,
desvendando assim, a verdade indestrutível de uma grande filosofia.
3) PLATÃO E A CIÊNCIA COMO RAZÃO
Platão de prosápia aristocrática possui uma percepção da essência e da
aparência no qual não se conforma com de seu mestre Sócrates (mesmo
sabendo que ambos partem do princípio do conhecimento empírico para
chegarem ao conhecimento conceitual), pois do ponto de vista ontológico de
Platão a clivagem entre essência e aparência não é questionada, apenas o seu
foco deixa de ser o homem para fixar-se no mundo. O homem, ao longo dos
séculos, jamais se contentou – e jamais se contentará – em dar a si mesmo o
estatuto da transitoriedade e da corruptibilidade, dizeres este proferido por
Baby Siqueira Abrão12, no qual cabe perfeitamente como crítica a filosofia
metafísica platônica em exonerar o individuo no contexto cosmológico. Porém,
Nietzsche também foi crítico a cerca da filosofia platônica quando disse que
Platão fora covarde diante da realidade e por isso se refugiaria no ideal, em
seu segundo capítulo no livro "crepúsculo dos ídolos".
11
Neste momento faço menção à filosofia de Michel Foucault sobre os procedimentos
inerentes às relações entre o saber e poder para a construção de enunciados.
12
O trecho citado de Baby Siqueira Abrão encontra-se na página 20 do livro Grandes Filósofos.
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Teria sido realmente Platão um covarde ou ele seria um grande
sistematizador entre dois mundos? E mais, por qual caminho Platão iria
desenvolver o conceito da essência em sua filosofia?
Todavia, Platão postulava em sua filosofia que o mundo era uma cópia
imperfeita e transitória onde os sentidos só captariam meras cópias de um
outro mundo onde somente a razão teria acesso, onde atingiríamos o
conhecimento através da ciência - algo bem mais superior que a verdade dos
objetos - contemplaria as idéias morais que regeriam a sociedade. Portanto,
não podemos deixar de pontuar que o fato moral seria uma forma de ver e
interpretar o mundo através de imagens dogmáticas que se impõem ao
indivíduo inserido em uma coletividade, tal fato do pensamento propõem a
noção de sentido e valor no exercício de coerção do pensar humano. Mediante
tal fato, poderíamos indagara que Platão através de sua filosofia cercearia esta
lógica pautada principalmente na questão de um mundo inteligível, no qual, o
fato pode ser observado no diálogo entre Sócrates e Glauco:
Falas desta República, cujo plano traçamos, e que só existe em
nossa idéia: porque não creio que haja outra igual sobre a terra (...)
que nos céus haja algum modelo para alguém que deseja consultá-lo
e por ele moderar a conduta da própria alma. (PLATÃO, 2001: 379)
Tal ordem de fenômenos se tornaria objeto de sua ciência, pois já se
encontravam representados no seu espírito humano, não apenas por meio de
meras discussões, mas também por um cabedal conceitual formado. Platão,
como um grande filósofo que foi, formulava noções a respeito de fenômeno
metafísico que ultrapassava a percepção puramente dos seus
contemporâneos.
Portanto, ele determinaria assim a existência de dois mundos: o visível,
que, por sua vez, seria a ablação dos sentidos em que a humanidade estaria
presa, condicionada - o território do homem que estaria atônito às coisas
mundanas - captado pelo olhar e dominado pela subjetividade, ou seja, as
aparências, onde teríamos espectros imperfeitos e inacabados de um mundo
da obscuridade.
E o outro, o inteligível, que seria o reino da inteligência percebida pela
razão, uma vez que, seria o apanágio de alguns poucos - o ápice do homem
sábio (filósofo) - que se volta para a subjetividade, descortinando um universo
diante de si onde residiria à perfeição, a clarividência da sabedoria, o esplendor
a imutabilidade, ou melhor, dizendo, os que conseguiriam superar a
ignorância em que nasceram e, rompendo este paradigma, erguem-se para a
esfera da luz em busca das essências maiores do bem e do belo. Portanto a
significação para Platão do verdadeiro filósofo residiria: “(...) o primeiro traço
distintivo do filósofo é amar com ardor toda a ciência que lhe pode desvendar a
essência das coisas, eterna, imutável, inatingível às virtudes da geração e da
corrupção.” (PLATÃO, 2001:224)
Podemos neste presente momento, fazer algumas considerações acerca
da filosofia de Platão, pois deixa bem claro que, somente os filósofos poderiam
chegar perto da essência do belo e do bem, pois, seriam ávidos
verdadeiramente pela ciência, que consequentemente estaria ligada a verdade,
sendo impossível à contemplação do inteligível senão pelo amor a verdade, no
qual, contemplariam o ser simples, uno e imutável e que o seu desprezo, o
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homem de tal caráter estaria naturalmente na corrida pela cobiça, mesquinhez
é de todo incompatível com a alma que aquiesce todos os seres, pois, tais
razões ocorreriam atrás de riquezas efêmeras e não pelo saber.
Portanto, devemos observar neste momento que, Platão diversamente
de Sócrates, dá ao conhecimento racional, cientifico uma base real, isto é, as
idéias eternas como conceitos da mente. Do mesmo modo, da ao
conhecimento empírico, sensível um fundamento real, ou seja, as coisas
particulares e mutáveis, como as concebiam Heráclito, esta sistematização
platônica não é observada na filosofia socrática, baseada na oralidade e
moralidade como fundamento.
Porém, neste momento vemos o ponto central de discordância entre o
platonismo e a filosofia nietzschiana, em seu livro publicado em 1871 "O
nascimento da tragédia", que segundo ele, Platão deixou-se levar por Sócrates
(no qual era o seu professor) que enfatizava a corrupção da juventude
ateniense destruindo assim, a perfeição grega (união do apolíneo e do
dionisíaco) com sua ideologia decadente (a razão cerceadora da criatividade
humana) através do racionalismo socrático, uma razão segundo Nietzsche,
tirânica que passaria a dominar os instintos contraditórios. Tal aprendizagem
teria sido assimilada por Platão, no qual, mais tarde iria desenvolver em toda
sua obra literária, segundo o filosofo alemão.
Por isso, vemos olhar de Nietzsche para a modernidade com muita
tristeza, pois achava decadente pelo desequilíbrio das forças, como o de Apolo
e Dionísio, por isso Nietzsche propõem o retorno do equilíbrio, ou seja, negar a
prevalência do saber e exaltar a arte, que segundo ele, seria a reconciliação da
clareza, harmonia, ordem e a exuberância, desordem, música, enfim, na figura
de Apolo e Dionísio:
"Se a força científica reprimiu a força artística dionisíaca, isto é, se a
arte, e com ela a vida, foi desvalorizada pela metafísica socrática, é
preciso revalorizar a arte - que cria uma superabundância de forças,
que é o grande estimulante da vida, uma embriaguez de vida - para
obrigar o saber a um retorno à vida". (MACHADO, 1985:46)
Podemos observar que o período socrático esta longe de ser uma
unanimidade no meio acadêmico filosófico, por despertar ódio e paixão, por
trazer à tona aquilo que a filosofia possui de mais rico – a dialética pela busca
da transcendência de um pseudo-realismo para contemplarmos o alvorecer da
verdade.
Todavia, consideraremos a filosofia platônica e todo o seu contexto e por
tudo o que já fora discutido no presente artigo e também por toda sua
contribuição para a filosofia ocidental como um fator de enriquecimento e de
valorização pela busca de racionalização e compreensão tanto do mundo
quanto do individuo para superação de mitos e superstições, para enfatizar
uma vida pautada tanto na moral quanto numa condição ética de vivencia.
Afirmamos que ao longo da historia humana houveram sim, apropriações
deturpadas de seu contexto e circunstancia, mas toda a filosofia grega serviu e
servira como consciência reflexiva para o mundo ocidental. Pois devemos
observar também que ao longo de nossas discussões percebemos que a
filosofia platônica não havia praticamente problemas ou soluções em sua
filosofia da mente e da conduta que não percebesse ou não discutisse à busca
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de sua gênese como prioridade cabal, como prova confirmatória disso, seria a
delineação de todo um epitalâmico filosófico de proposições acerca da
mesquinhez dos falsos filósofos da época, aqueles que provavelmente viveriam
imersos em suas próprias "cavernas" pessoais, persuadidos pelos falsos
"reflexos" de saberes vindo não da verdade imutável platônica, mas sim, de
equívocos inacabados e vestidos em uma total aparência ideológica, como se
observa no diálogo de Glauco com Sócrates:
Glauco – ao teu modo de ver haveria filósofos às dúzias e de caráter
bem estranho. (...) que não suportariam com gosto uma discussão
(...) mas que pareçam ter os ouvidos voltados a ouvir todos os coros
e acodem a todas as festas de Baco (...).
Sócrates – mas esses tais não são os verdadeiros filósofos. Ou
melhor dito, eles o são apenas na aparência. (PLATÃO, 2001:212)
Se expressa assim, peremptoriamente uma preocupação por parte de
Platão pela distinção entre a essência e aparência na sua metafísica, no qual
se deveria abster-nos de uma a fim de contemplarmos outra. Por isso, o
incansável filósofo grego frisa a verdadeira essência esta no contemplar a
verdade, porém chama-nos a atenção por aqueles que se deixam lubridiar
pelos sentidos tornando-se incapazes de elevar-se à essência do belo, de
conhecê-lo e de amá-lo em si mesmo.
Em contra partida, fala veementemente que o seu oposto, ou seja, aquele
que não se deixa levar pelo objeto e sim pela idéia (pois a noção esta mais
próxima de nós do que as próprias realidades que as correspondem) e que
pode vê-la em si e em todo que lhe participa da essência jamais tomaria os
sonhos pela realidade, lógico que fundadas em percepções claras dos objetos,
no qual diríamos com toda a razão que seria a ciência, e do outra mera opinião.
Tais opiniões teriam faculdades distintas da ciência, como observamos nos
dizeres: "mas da opinião dizem que nada mais é que a faculdade de julgar pela
aparência". (PLATÃO, 2001:217)
Torna-se evidente que a ciência platônica aplica a todo tempo o método
dialético através de diálogos – perguntas e respostas - para aplicar a sua
ontológica filosofia, no qual nos conduziria ao desvelamento do belo e do bem
como fio condutor a ciência como elemento nodal para a verdade imutável,
para que possamos assim apreender a razão de cada elemento:
Esta ciência, conquanto puramente espiritual, pode todavia ser
representada pelo órgão da vista, no qual, como vimos, se limita, a
princípio, a observar os animais, depois se eleva para os astros e,
finalmente, ao próprio sol. Assim, quem se aplica à dialética,
abstendo-se em absoluto do uso dos sentidos, se eleva só pela razão
à essência das coisas, e, se persiste em suas investigações até
alcançar com o pensamento a essência do bem, chega ao termo da
ordem inteligível, com quem vê o sol chegar ao termo da ordem
visível. (PLATÃO, 2001:287)
Portanto, se a ciência platônica, de um lado trás consigo uma visão mais
clara e consciente sobre a busca pela essência do individuo e do mundo em
relação ao que poderíamos chamar de real, tal filosofia impõem valores
considerados absolutos que de certa forma, cerceariam a liberdade do
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individuo não dando outras aberturas de realização e reflexão para construção
do mundo.
A filosofia platônica impõe um controle do mundo e dos acontecimentos
em busca de racionalidade total, no qual, vemos até os dias atuais. Porém,
vemos que a partir do período socrático, onde consideramos o período áureo,
por justamente ter, o que consideraríamos a capacidade de sistematização e
desvelamento de um mundo ainda em construção ideológica. Em suma, a
contribuição do platonismo se mostrou presente em vários momentos de nossa
historia, servindo como base ideológica.
4) CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, mediante esta experiência filosófica através do pensamento
socrático baseado na metafísica e na gnosiologia como essência de todas as
coisas, podemos então alvitrar inopinadamente dizendo que só podemos
pensar no "eu", como uma possível imanência, a partir do bem, tanto em
Sócrates como em Platão, não apenas como um valor, mas uma exortação à
virtude, estas seriam as bases de suas respectivas filosofias, nos quais,
estariam por sua vez, de comum acordo.
Porém, podemos observar durante nossa análise que a nossa dicotomia
essência/aparência esta sob o jugo distinto em ambos os filósofos, pois
enquanto Sócrates limitava-se a gnosiologia e a moral, ou seja, especulava-se
a respeito das faculdades humanas e a ética. Platão iria bem mais longe, pois
estenderia suas análises ao campo metafísico e cosmológico, isto é, a
teorização e sistematização das idéias como conhecimento das causas
primeiras e as leis que regeriam o mundo visível e inteligível.
Não podemos deixar de rememorar que a ética de Sócrates carecia de
uma lógica específica de um conteúdo racional e científico, justamente pela
ausência de uma metafísica que existia na filosofia de Platão.
Contudo, não podemos deixar de frisar, por sua vez, que Sócrates foi o
fundador da doutrina do conceito e que valorizou o universo humano, com
finalidades práticas e morais, que Platão como discípulo que foi iria absorver
para mais tarde sistematizá-la.
Tanto Sócrates quanto Platão convergia também na idéia de que o saber
intelectual era superior ao saber sensível, mas Sócrates acreditava que poderia
chegar ao ideal através do método indutivo (dialética), já Platão discordava
completamente, pois não achava possível que através do sensível chegar ao
absoluto.
Platão preocupou-se também das questões políticas, fica-se evidente nos
escritos da República, onde ele da maior ênfase, coisa que Sócrates tornou-se
alheio e indiferente. Porém, tal concepção platônica de divisão social – pois
dividia a sociedade entre filósofos, guerreiros e produtores - serviriam de
exemplo organizacional mais tarde para outras sociedades, como exemplo
disso, a Idade Média. Vale a pena destacar, que a sociedade utópica idealizado
por Platão nunca saiu das páginas de sua obra a República, porém não
podemos deixar de falar que sua obra contribuiu muito para a construção do
ocidente no intuito de procurarmos sempre o fim último de todas as coisas, isto
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é, o sumo bem. Porém, há filósofos em nossa contemporaneidade como Will
Durant, que enfatizam o quanto o lado poético e imagético em sua
filosofia acabariam influenciando de forma prejudicial toda sua construção
ideologia de um mundo idealizado: “Platão era uma alma indisciplinada e
irregular, envolto com demasiada freqüência numa nuvem de mito deixando
que a beleza velasse com excessiva suntuosidade a face da verdade.”
(DURANT, 1996:63)
É neste contexto que compreendemos o movimento intelectual tanto de
Sócrates quanto de Platão, pois ao interpretarem a lei filosófica como opinião
pública, investem politicamente no foro interior da consciência humana.
O pensamento socrático torna-se uma matriz para as gerações futuras,
uma eterna sombra na reminiscência filosófica como o princípio de
conhecimento, cognoscibilidade e realidade, conferindo nas coisas essência e
existência, transformando em realidade a tessitura hipotética das idéias. Sua
marca se faz profunda e latente, retinindo até hoje na filosofia ocidental.
BIBLIOGRAFIA
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(Coleção Os Pensadores)
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Número 7, março 2009
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