0 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE JUSSARA LICENCIATURA EM MATEMÁTICA KALLEBI DE PAULA ARAÚJO CONDICIONAMENTO OPERANTE: REFORÇADO OU PUNIDO NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA? JUSSARA-GO 2011 1 KALLEBI DE PAULA ARAÚJO CONDICIONAMENTO OPERANTE: REFORÇADO OU PUNIDO NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA? Monografia apresentada ao Departamento de Matemática da Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Jussara, em cumprimento á exigência para obtenção do título de graduado em Matemática, orientação da professora Rejane Alves de Souza Tiago. JUSSARA-GO 2011 2 AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, pois ele é a minha fonte de inspiração, faz com que eu tenha anseio pela busca do novo, e sem dúvidas, é quem me alenta, e sustenta nas horas difíceis. À minha família que me compreende, e apóia tanto na área psicológica, quanto financeira. Agradeço também, aos meus professores e colegas, que de uma forma ou de outra me ajudaram e ajudam nos momentos em que preciso. 3 Ama-se mais o que se conquista com esforço. Benjamin Disraeli 4 RESUMO Atualmente no âmbito educacional existem várias maneiras de ensinar, no entanto, todas ou quase todas estão voltados ao condicionamento operante, isto é, no ato de reforçar e punir. Esse conceito refere-se modelagem da ação de uma pessoa, através do reforço, onde a ação gera conseqüência e, esta determina a probabilidade da ação ocorrer novamente ou não, e se for punitiva diminuirá a possibilidade. O processo de ensino e aprendizagem é dinâmico, fato que leva os educadores sempre buscar novas formas e métodos de ensino para que a aprendizagem seja significativa. Dois pioneiros tiveram especial influência nos avanços e no entendimento do condicionamento operante: Edward Thorndike e B. F. Skinner. Porém foi Skinner que deu mais ênfase a essa teoria e, segundo ele, o reforço não é apenas uma recompensa sobre uma ação, e sim qualquer evento que aumente a freqüência de uma reação. O ato de criar uma situação de aprendizagem para transmitir conhecimentos, estimular processos de pensamento, e analisar o que é mais eficaz, o ato de reforçar ou punir, é o foco principal deste trabalho. Em relação ao contexto atual do ensino e aprendizagem da matemática, é patente notar um déficit enorme, fracasso esse, que não é fácil de ser explicado, porém tudo leva a crer que existem vários fatores que influenciam no mecanismo de aprendizagem e ensino, tais como, culturais, sociais e familiares. No entanto a teoria do condicionamento operante poderá contribuir para a formação do educando uma vez que o professores se adéqüem ao conhecimento desse conceito. 5 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO CAPÍTULO 1 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DO CONDICIONAMENTO OPERANTE E SUA INFLUÊNCIA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM 1.1 Operantes e Condicionamento Operante 1.2 Relevâncias do tema, diante da realidade das Escolas Brasileiras. 1.3 Conceituando condicionamento operante CAPÍTULO 2 A INTERFERÊNCIA DO AMBIENTE NA VIDA DO ALUNO 2.1 Conceitos de Reforço 2.2 Conceitos de Punição 2.3 O reforço pode agir com eficiência CAPÍTULO 3 UM MODELO ESCOLAR 3.1 Uma proposta de ensino da matemática 3.2 – Reforço: possíveis efeitos desejáveis CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXOS 06 08 09 11 13 16 18 21 25 27 27 30 34 36 38 6 APRESENTAÇÃO Um dos indicadores de desempenho estudantil voltado para as políticas educacionais o PISA1, avalia estudantes de vários países do mundo, dentre eles, está o Brasil. As avaliações acontecem a cada três anos, e sua aplicação é destinada a estudantes com quinze anos de idade. As avaliações do PISA, exigem dos estudantes avaliados, domínios de Leitura, Matemática e Ciências, numa apreciação ampla dos conhecimentos, habilidades e competências inseridos em contextos sociais. Dados estatísticos fornecidos pelo Inep2 instituição responsável pela implementação e execução do PISA no Brasil mostram um déficit muito grande dos brasileiros principalmente em relação as médias de matemática, isso se comparada com os países que são membros e parceiros do OCDE3. A instrução matemática é definida como a capacidade individual de formular, empregar e interpretar a matemática em uma série de contextos. Isso inclui o raciocínio matemático. Porém, o Brasil não obteve resultados satisfatórios em relação à disciplina de matemática. Essa é a realidade do Brasil, e o que fazer para melhorar as condições que são postas no processo de ensino aprendizagem, seja ele, o prédio ruim, má qualificação do professor e insatisfação do aluno, para que o quadro atual do mesmo melhore? Há necessidade de olhar para o presente e ver o futuro dos alunos, pois a educação brasileira está comprometida. Diante da realidade vivida principalmente pelas escolas públicas do Brasil, essa pesquisa será desenvolvida sob a luz da psicologia, mostrando a relevância de uma teoria de aprendizagem, isto é, o condicionamento operante (reforço e punição). Nessa perspectiva, esse trabalho será desenvolvido para entendermos as possíveis causas de comportamentos inadequados de alunos em relação à matemática, o porquê há dificuldade em aprender a mesma, mostrar que essa teoria pode ser útil ao ser aplicada no espaço educacional, tendo em vista que essa teoria denomina-se do reforço e punição, mostrar características do reforço, as contingências (possibilidades) para que ocorra o reforço, mostrar as características da punição e seus efeitos. 1 Sigla, em inglês, para Programa Internacional de Avaliação de Alunos Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais 3 Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico 2 7 Portanto, o foco principal dessa pesquisa é mostrar que embora no ensino aprendizagem da matemática haja fatores que impedem a eficácia da mesma, há uma teoria da aprendizagem que poderá contribuir para um ensino aprendizagem significativo, logo, o intuito é entender os conceitos e descobrir o que é mais relevante para ser aplicado, reforço ou punição, para que haja uma possível mudança de comportamento no aluno, ou seja, o que antes agia de certa forma relapso, tornou-se agente do seu próprio conhecimento. No primeiro capítulo o foco é apresentar o tema, mostrar a relevância do mesmo diante da realidade do ensino aprendizagem, principalmente em relação à matemática, fundamentado-se em conceitos. Neste primeiro capítulo também será feita a abordagem do programa de avaliação e seus resultados comparados com outros países, e também serão apresentados os pressupostos teóricos. No segundo capítulo, o intuito é fazer uma leitura do ambiente do aluno, ou seja, analisar se o ambiente do mesmo interfere em sua aprendizagem e comportamento, e compreender que o reforço e punição sobre uma ação causam uma mudança de comportamento no indivíduo. No terceiro capítulo o objetivo é apresentar um modelo escolar que possivelmente contribuirá na formação do aluno e, uma proposta para que o ensino aprendizagem de matemática sejam mais eficazes. Serão apresentados alguns tipos de reforços que poderão ser usados no âmbito educacional, para contribuir na formação do aluno. 8 CAPÍTULO 1 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS PARA O CONDICIONAMENTO OPERANTE E SUA INFLUÊNCIA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM No ano de 2009, foram avaliados cerca de 470 mil estudantes em leitura, matemática e ciências de 65 países, incluindo o Brasil através do Programa Internacional de Avaliação de Alunos. Este programa que tem como sigla em inglês PISA, é um projeto de caráter comparativo de avaliação, desenvolvido pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que tem como sigla OCDE. O público alvo dessa avaliação são estudantes de quinze anos de idade, pois geralmente é nessa etapa que, na maioria dos países, os jovens terminaram ou estão terminando a escolaridade mínima obrigatória. Uma das características do PISA é trabalhar de forma integrada, contando com a colaboração de todos os países participantes, e ainda de forma conjunta a partir de interesses comuns. O PISA, teve início no ano de 2000 e tem como objetivo avaliar aptidões ou competências comparáveis internacionalmente. E com isso produzir, em todos os países envolvidos, indicadores de desempenho de estudantes voltados para as políticas educacionais, fornecendo orientação, incentivo e instrumentos para melhorar de forma significativa a educação, além de possibilitar a comparação internacional. No Brasil a instituição responsável pela implementação do PISA é o inep, que desenvolve e executa o projeto a nível nacional. Também, atua na articulação com instituições internacionais. De acordo com Okada a posição do Brasil no PISA: O Brasil atingiu a colocação de 53º em matemática, com nota 386, de acordo com os dados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos). O ranking é liderado pela China, que obteve pontuação média de 600. Em seguida, vêm na lista os tigres asiáticos Singapura (562), Hong Kong (555), Coréia do Sul (546) e Taiwan (543). (OKADA, 2010). Nota-se através dos dados estatísticos do PISA e fornecidos pelo inep, que o Brasil ocupa uma posição não muito privilegiada em relação a outros países. Diante desses dados faz-se necessário buscar alternativas para que o ensino aprendizagem de matemática possa tornar-se eficaz. Para isso, neste trabalho recorreremos a teoria de aprendizagem de Skinner “condicionamento operante”, que propõe de forma diferenciada das até hoje vistas, uma possível solução para tentar melhorar o ensino e consequentemente, melhorar a posição do Brasil no PISA. 9 Apesar de a psicologia ser considerada muito complexa, é de suma importância entender alguns fatores da mesma, ou seja, fatores estes, que determinam o porquê determinados alunos se comportam de forma inadequada em sala de aula, principalmente na disciplina de matemática. Esta nova proposta de ensino aprendizagem fundamentar-se-á na teoria do condicionamento operante, objeto de estudo de Skinner. Entender melhor essa teoria, suas características, e as melhores maneiras de aplicação no âmbito educacional, poderá propiciar aos professores condições para que ocorra um ensino de qualidade, e por sua vez, aos alunos uma aprendizagem significativa. Através da psicologia estuda-se o condicionamento operante, isto é, o processo de aprendizagem comportamental. 1.1 Operantes e Condicionamento Operante De acordo com Linda L. Davidoff, Operantes são ações que os animais iniciam, ou respostas voluntárias. Andar, dançar, sorrir, beijar, escrever poemas, beber cerveja, assistir televisão, fofocar e jogar vídeo games são operantes humanos comuns. (DAVIDOFF, 2001, p. 109). Embora os operantes pareçam espontâneos e sob completo controle de um ser humano é indiscutivelmente influenciado pelo ambiente. Em alguns casos, são também controlados por eventos precedentes. Davidoff afirma que: O condicionamento operante ocorre sempre que os efeitos que se seguem a um operante aumentam ou diminuem a probabilidade de o operante voltar a ser desempenhado em uma situação similar. Em outras palavras, a freqüência relativa ou intensidade de uma ação é modificada durante o condicionamento operante. (DAVIDOFF, 2001, p. 109). E, é justamente através dessa idéia transmitida pela autora, que os professores devem se apoiar para buscar meios que possam alterar o comportamento dos alunos. Se for o caso de alunos relapsos, o comportamento poderá ser alterado de tal forma que mude a conduta dos mesmos em sala de aula, como por exemplo, prestar atenção na aula, ter interesse pela matéria, e assim, promover condições para que ocorra ensino de qualidade. Pois o condicionamento operante acontece sempre que uma ação é desempenhada pelo ser humano, onde, a intensidade de tais ações faz com que haja uma mudança de comportamento no indivíduo. Castro ressalta que: 10 Por meio do condicionamento operante, é mais provável que os organismos repitam os comportamentos recompensados (reforçados) e menos prováveis que repitam os comportamentos (punidos). Neste caso, a resposta do organismo é o chamado comportamento operante. “Operante” porque o psicólogo opera no ambiente para produzir estímulos de punição ou recompensa. (CASTRO, 2006). O ato de reforçar e punir estão totalmente ligados à questão da aprendizagem, o que condiz com a mudança de comportamento, no entanto deve haver cuidado ao aplicá-lo em sala de aula, de modo que venha contribuir tanto na formação escolar do aluno, quanto na formação como indivíduo. O conhecimento adquirido por um professor em relação ao condicionamento operante pode ser útil para o ensino quando aplicado adequadamente no ensino, pois, é através do mesmo, que o professores conseguem estimular os alunos a buscarem horizontes para uma aprendizagem significativa, isto é, reforçando comportamentos adequados e punindo os mesmos quando necessário, porém sempre tendo em vista que o primordial é a educação de qualidade para o aluno. Atualmente boa parte das escolas brasileiras está passando por um período muito difícil em relação ao ensino e aprendizagem, são alunos com dificuldades de aprender, e professores com dificuldades de transmitir conhecimento e, isso vem gerando alguns conflitos sociais, pois, não é fácil identificar onde está déficit. O condicionamento operante mostra que se há alguma distorção no comportamento de um indivíduo, pode ser conseqüência do passado, ou seja, do ambiente que o indivíduo viveu ou vive, da cultura do mesmo, ou da sociedade que a pessoa está inserida, e de forma esclarecedora essa teoria explicita algumas maneiras de lidar com tais comportamentos, isto é, reforçando as ações de um ser humano, para que haja uma mudança de comportamento. No entanto é improvável que o comportamento do indivíduo ocorra de acordo com o que o professor está impondo, pois teoria e prática nem sempre é algo relacionado. O comportamento operante se refere a comportamentos públicos e privados, ou seja, aos pensamentos e aos comportamentos que todos têm acesso, não podemos ser simplistas ao entender o conceito de reforçar e punir as atitudes de um aluno porque há inúmeras influências nesse conceito, porém, o que é garantido é que se o docente souber trabalhar adequadamente com esses mecanismos, as chances de haver uma mudança de comportamento são maiores, e na medida em que o aluno for aprendendo, a probabilidade de a mesma ser agente do seu próprio conhecimento será contundente. De acordo com Marquesi, 11 Por muitos anos, os estudiosos acreditaram que a aprendizagem ocorria unicamente através dos processos de condicionamento. Embora esses processos sejam fundamentais, pesquisas recentes afirmam que a aprendizagem pode ocorrer através das mais variadas formas. O condicionamento é um processo de aprendizagem e modificação de comportamento através de mecanismos estímulo-resposta sobre o sistema nervoso central do indivíduo. (MARQUESI 2011). Isso nos remete a entender que o ato de ensinar e o ato aprender são muito complexos, pois não há apenas uma maneira de obter aprendizagem e, nem uma fórmula correta para ensinar. É fundamental entender que a aprendizagem e a mudança de comportamento estão interligadas, embora existam muitos fatores que impedem o ser humano a mudar seu comportamento, mesmo tendo aprendido algo e, é explícito também que mesmo aplicando os reforços sob uma determinada ação é improvável dizer que a pessoa mudará suas atitudes, no entanto, é importante estudar a melhor maneira de aplicá-lo no âmbito escolar, para que se tenha uma grande probabilidade de mudança no comportamento do aluno, e assim sendo, os mesmos possam ser capazes de irem à busca do seu próprio conhecimento, refletindo, interpretando e colocando em prática o que está sendo proposto. 1.2 Relevância do tema, diante da realidade das Escolas Brasileiras Nos dias atuais o sistema educacional brasileiro depara-se com uma realidade não muito agradável em relação ao ensino e aprendizagem das escolas públicas e até mesmo particulares do nosso país. A mídia repassa notícias insatisfatórias quanto à precariedade do ensino aprendizagem, principalmente na disciplina de matemática, mas onde está o problema? No ensino? Na aprendizagem? No professor? No aluno? Bom, não é fácil identificar onde está o problema, porém, os estudos quanto a esses aspectos podem levar a compreensão de que há uma série de fatores que influenciam a permanência do problema. De acordo com as Reformas Curriculares, Marcelo ressalta que: A partir dos anos 20 do século passado, os movimentos que aconteciam em âmbito nacional em relação à reorientação curricular não conseguiram mudar a prática docente para acabar o caráter elitista do presente ensino. Ainda hoje as crianças, jovens e/ou adultos chegam às salas e cresce a aura de dificuldade. O rendimento cai. A disciplina passa a ser o maior motivo de reprovação. Mesmo assim a formalização ainda existe. (PCN’s 1997, apud, MARCELO). 12 Isso nos remete a entender que uma das maiores dificuldades existentes para aprender matemática, é a própria disciplina, ou melhor, dizendo, é a maneira pela qual os docentes ensinam a disciplina, deixando para o aluno uma imagem de autoridade. Mas, essa é apenas uma hipótese entre outras várias. Explicar o fracasso dos alunos usando argumentos como: não têm base, são desinteressados e o ensino está fraco, é o mesmo que buscar causas para tranquilizar o professor diante do insucesso ao final de cada período. Parece uma atitude natural, mas, além de não ser convincente, não resolve a questão. As hipóteses são muitas quanto ao baixo rendimento do aluno. O aluno chega fraco é uma expressão que muito se ouve. Mas o que é ser fraco? Essa é a realidade que muitas vezes os educadores não conseguem enxergar no processo de ensino aprendizagem, isto é, o que significa fraqueza, por que está fraco, de onde vem à fraqueza, como trabalhar diante dessa realidade. A falta de interesse do aluno em relação à disciplina matemática deve-se a muitos fatores influentes, dentre as quais, a desmotivação, e até mesmo certo rigor que a disciplina exige para compreender a mesma. O professor deve ter a percepção de que o significado do insucesso de um aluno dá-se a uma série de fatores que circunde ia à vida do mesmo, levando em consideração que o ambiente do aluno é um dos fatores principais. Tomando como ponto de partida esse princípio, o professor obterá mais ênfase sob os problemas, pois, quando um indivíduo atribui a falta de capacidade ou até mesmo o insucesso a outro indivíduo, sem levar em consideração os fatores que o tornaram incapaz de aprender, o risco de o problema permanecer é absoluto. Porém, ao entender que a maioria das atitudes de um ser humano é reflexa do passado, o professor terá muitas chances de se sair com êxito sob uma situação complicada. A complexidade de um ser humano é notória em muitos aspectos, seja físicos ou comportamentais, mas a preocupação aqui é desfragmentar o porquê se comporta de uma maneira inadequada e o que fazer para mudar tais ações, principalmente no âmbito educacional. Embora os seres humanos sejam os que mais dependem da aprendizagem, é tamanha a grosseria pensar que o comportamento humano é totalmente aprendido, podemos observar que cientificamente existem dois fatores distintos que são inatos nos seres humanos, isto é, o “reflexo”, que corresponde a um estímulo-resposta, como por exemplo, se o nariz está coçando, você espirra, e os “padrões fixos de ação” que nos seres humanos podem ser 13 identificados como características da nossa espécie, como o sorriso por exemplo. No entanto os padrões fixos podem ser modificados pela cultura ou ambiente de um indivíduo. Baum destaca que: Teriam os seres humanos esses padrões não aprendidos? Dentre todas as espécies, a nossa parece ser a que mais depende da aprendizagem. Seria um erro, no entanto, imaginar que o comportamento humano é inteiramente aprendido. Nós temos muitos reflexos: tosse e espirro, sobressalto, o piscar, a dilatação pupilar, a salivação, secreção glandular, e assim por diante. E quanto os padrões fixos de ação? Esses são difíceis de serem reconhecidos em seres humanos porque são bastante modificados por aprendizagem posterior. Alguns podem ser reconhecidos porque ocorrem universalmente. (BAUM, 1999, p. 74). Portanto, é perceptível a complexidade existente nos seres humanos quanto ao comportamento, porém, o condicionamento operante (reforço e punição) poderá contribuir para uma aprendizagem significativa, uma vez que esse método é modelado a partir de nosso repertório inato. Por isso há necessidade de entender um pouco mais sobre esse conceito. 1.2 Conceituando condicionamento operante Todos os seres humanos possuem diversos comportamentos sejam eles inadequados ou adequados, e para o aluno que está iniciando seus passos escolares é muito complicado aderir aos padrões que são impostos na escola, ainda que venha favorecer o indivíduo. Quando a educação de um aluno difere com a educação recebida na escola, os conflitos na mente do aluno refletem em seu comportamento, nesse momento o que fazer? É uma indagação que pode ser respondida se levarmos em consideração que a aprendizagem operante é uma válvula de escape. Baum (1999, p. 76) descreve que “as conseqüências tendem a modelar o comportamento”. O condicionamento operante é referente ao comportamento que tem como conseqüência um estímulo que afete a sua freqüência, ou seja, imaginemos um aluno péssimo na disciplina de matemática, porém o professor ao identificar o seu déficit o ajuda de acordo com as necessidades. Essa atitude do professor aparentemente pode parecer apenas o seu trabalho, mas é muito provável que para o aluno essa ação do professor o mobiliza a buscar variadas formas para obter a sua aprendizagem. Parece ser um exemplo simples, mas é possível observar a presença da teoria do comportamento operante nesse contexto. A atitude do professor em ajudar o aluno implica o estímulo, isto é, a conseqüência da atitude do 14 professor gerou no aluno uma motivação para aprender à matéria, que por sua vez o próprio aluno passa interessar-se pela disciplina e conseqüentemente buscar seus conhecimentos, ou seja, o estímulo afetou a resposta (ação) do aluno. De acordo com Baum, Eventos filogeneticamente importantes, quando são conseqüências de comportamento, são chamados de reforçadores e punidores. Os eventos que, durante a filogênese, aumentaram a aptidão por estarem presentes são chamados reforçadores, porque tendem a fortalecer o comportamento que os produz. Como exemplos temos alimento, abrigo e sexo. Se alimento e abrigo puderem ser obtidos através de trabalho, então eu trabalho. Se chego ao sexo através de rituais específicos de minha cultura – o namoro – então eu namoro. Os eventos que aumentaram a aptidão durante a filogênese por estarem ausentes são chamados punidores, porque tendem a suprimir (punir) o comportamento que o produz. Como exemplos temos a dor, frio e a doença. Se eu faço um agrado em um cão e ele me morde, será menos provável que eu o acaricie novamente. Se comer amendoim me faz passar mal, será menos provável que eu coma amendoim. Essas mudanças no comportamento por causa de suas conseqüências são exemplos de aprendizagem operante. (BAUM, 1999, p. 76 e 77). O autor explicita de forma sucinta que fatores que são importantes para a própria pessoa, quando está relacionado com conseqüências de comportamento, motivam e/ou desmotiva o indivíduo a praticar uma determinada ação. Há motivação quando uma conseqüência é reforçadora, como por exemplo, o aluno estuda porque boa nota trará para si orgulho para os pais. Há desmotivação quando uma conseqüência for punitiva, como por exemplo, boa nota não representará nada para seus familiares. Para Baum (1999) “A lei do efeito é o princípio subjacente à aprendizagem operante. Ela estabelece que, quanto mais uma ação é reforçada, mais ela tende a ocorrer e, quanto mais uma ação é punida, menos ela tende a ocorrer”. O autor relata que a ação que produz conseqüências satisfatórias, tende a aumentar. Porém a ação que produz conseqüências insatisfatórias tende a diminuir, onde, através da lei do efeito dá-se à modelagem do comportamento. Baum descreve de forma clara e conclusiva de como a ação produz a reação em relação ao comportamento e a aprendizagem. 15 Baum (1999, p.77) descreve quatro tipos de relação que dão origem à aprendizagem operante: Relação Reforçador Punidor Positiva Reforço Positivo Punição Positiva Negativa Punição Negativa Reforço Negativo Ação-Conseqüência: Portanto no âmbito educacional é possível usar essas relações em sala de aula, para que aumente a aptidão do aluno pela disciplina de matemática, porém, não desconsiderando, que o ensino aprendizagem é dinâmico e, tampouco que a cultura, o ambiente e o próprio repertório inato do aluno interferem em sua aprendizagem. Porém, é muito provável que o comportamento do aluno mude para melhor. 16 CAPÍTULO 2 A INTERFERÊNCIA DO AMBIENTE NA VIDA DO ALUNO Segundo Baum (1999, p.119) em um ser humano “há um mundo interno subjetivo e um mundo externo objetivo”. Disso extraímos que a complexidade em relação a uma pessoa é tamanha, pois, existem dois mundos que interfere no comportamento. Porém, o interesse é mostrar as relações entre o comportamento público do ser humano, e comportamentos interpessoais, ou seja, comportamentos quando envolvem duas ou mais pessoas. Baum (1999, p.119) faz uma reflexão sobre o que o ser humano conhece melhor, o seu mundo interno ou o seu mundo externo, porém ele afirma que para os behavioristas, essa indagação pouco importa, o interessante é o que mais exerce controle sobre o comportamento humano, estímulos públicos ou privados e, ele afirma que no mundo de uma criança em desenvolvimento apenas os estímulos públicos são acessíveis ao outro e, isso torna mais fácil reforçar os relatos verbais. Skinner afirma sobre o controle do comportamento pelo meio ambiente que: Não se nega a importância, qualquer que seja nossa filosofia do comportamento, do mundo que nos cerca. Podemos discordar quanto à natureza ou à extensão do controle que o ambiente mantém sobre nós, mas que há algum controle é óbvio. O comportamento deve ser apropriado à ocasião. (SKINNER, 2003, p. 142). Portanto é contundente a força que o ambiente exerce sobre a vida de um ser humano, por isso na maioria das vezes é importante que o educador procure entender o porquê o aluno apresenta um déficit na aprendizagem, e mais, procure saber o porquê o aluno se comporta de maneira inadequada, tendo em vista que há muitos fatores que influenciam em suas atitudes, tais como, ambiente familiar, cultura, religião e muitos outros fatores que não são fáceis de decifrar. Num exemplo particular, vamos considerar que, ao chegar à sala de aula, é bem possível que um dos estímulos que logo se apresentem seja a fala do professor dizendo bom dia ou boa tarde. Na presença desse estímulo, existe uma probabilidade do aluno responder dizendo bom dia (ou outra coisa educada de preferência), mas essa probabilidade não envolve a eliciação da resposta, ou seja, isso quer dizer que o fato do professor ter dito bom dia não elicia a resposta de dizer bom dia. É muito mais razoável pensar que a ocorrência ou não da resposta de dizer bom dia, neste caso, esteja relacionada às conseqüências passadas dessa 17 resposta. Assim, a probabilidade do aluno responder ou não dizendo bom dia será maior ou menor dependendo das conseqüências que esse tipo de comportamento já teve nesse tipo de situação na sua história. O indivíduo muitas vezes é exposto a uma situação social na qual um evento ambiental é apresentado e que para ele, socialmente, certas respostas verbais foram construídas, sendo algumas descritas como adequadas (são tradicionalmente reforçadas no grupo) e outras como inadequadas (são tradicionalmente enfraquecidas, por punição e extinção, no grupo). Portanto, o comportamento operante não depende de eliciação de respostas, mas sim de uma história de conseqüências, onde a mesma indica uma fonte de controle sob os operantes, ou seja, nessa teoria eventos ambientais que aconteceram no passado interfere na probabilidade de agir de determinados modos no presente. Segundo Skinner (2003, p. 138). “O meio ambiente é de tal modo construído que certas coisas tendem a acontecer juntas. O organismo é de tal modo construído que seu comportamento muda quando entra em contanto com este ambiente”. É intrínseca a influência do ambiente sob a vida do ser humano, pois, o autor relata que o comportamento tende a mudar de acordo com o contexto que o indivíduo está. Como vimos no capítulo anterior, é fato que cada ser humano tem as suas particularidades, cada indivíduo é diferente do outro por apresentar genótipos e fenótipos diferentes, o que corresponde à complexidade de cada pessoa. Porém é considerável que os fatores externos (ambiente) tendem a modelar o comportamento de um ser humano. O caráter de um cidadão é formado por todos esses fatores até aqui discutidos, tendo como principal fator a educação recebida pela família, pela comunidade e pela escola. Contudo, o interesse é mostrar que um indivíduo ao entrar no espaço educacional depara-se com muitos conflitos, fato que pode atrapalhar o relacionamento interpessoal, afetando seus estudos. Estas dificuldades que permeiam a vida do aluno podem estar relacionadas com diversos aspectos, dentre os quais, a escola transmitir um caráter elitista e autoritarista, ou seja, impor padrões de ensino e regras assíduas, deixando transparecer que o professor é o dono do saber, sem deixar que o aluno busque seu próprio conhecimento. Os estudos sistematizados também podem deixar uma imagem aversiva ao que se pretende com o ensino. Portanto a evidência de que o ambiente tende a mudar parte do comportamento humano é certa. Como afirma Baum (1999, p. 110) “o comportamento muda na medida em que muda o contexto”. Porém, a discussão norteia-se não no sentido de o que age no intelecto do aluno ou simplesmente o que leva o aluno a ter comportamento inadequado, mas é levado em consideração o próprio comportamento. 18 2.1 Conceitos de Reforço Baum (1999, p. 82) destaca que “o reforço e a punição modelam o comportamento à medida que ele evolui durante a vida de um indivíduo (durante a ontogênese do comportamento)”. Ao direcionar essa teoria para âmbito escolar, levando em consideração todos os aspectos que interfere na aprendizagem, a probabilidade do aluno “responder” ao que o professor está impondo é maior. Por exemplo, imaginemos um aluno, independentemente de qual ano ele esteja cursando, com muitas dificuldades em matemática e mais que isso, o mesmo não faz esforço algum para aprender, o educador ao deparar com algum tipo de comportamento do aluno que evidencia isso, o mesmo poderá usar alguns métodos para tentar estimular o aluno a aprender, tais como, elogios e atenção mais assídua, ou qualquer outro evento que estimule o aluno a querer aprender. Para Baum (1999, p. 142) “Em aprendizagem operante, sucesso e fracasso correspondem a reforço e punição”. Com base nessa idéia impregnada pelo autor é compreensível dizer que se um aluno age de uma determinada maneira e o educador identifica o comportamento do mesmo, o ato de reforçar e punir estão totalmente ligados ao sucesso e fracasso do aluno. Nessa perspectiva o condicionamento operante em relação à educação, pode trazer alguns benefícios. Por isso serão apresentados alguns conceitos dessa teoria para uma possível mudança no caráter da escola, isto é, propostas que podem fazer com que o ensino e aprendizagem tornem-se mais eficazes. Skinner descreve a característica da educação como: A educação é o estabelecimento de comportamentos que serão vantajosos para o indivíduo e para outros em algum tempo futuro. O comportamento finalmente será reforçado em muitos do modos que já consideramos; entrementes os reforços são arranjados pela agência educacional com propósitos de condicionamento. Os reforçadores que usa são artificiais, como sugerem expressões como “treino”, “exercício” e “prática”. (SKINNER, 2003, p. 437). A teoria do condicionamento operante está inteiramente associada ao reforço e punição, observaremos a seguir a distinção desses dois conceitos, mostrando suas principais características e o favorecimento que os mesmos podem apresentar no ambiente escolar, especificamente no ensino da matemática. 19 Para Skinner (2003, p.72) o reforço no “comportamento operante é contingente a uma resposta”, ou seja, o reforço só é aplicado quando o ser humano tem uma determinada ação. Tendo em vista que o ato de fortalecer uma ação irá tornar provável a freqüência da mesma. Porém, ao contrario do que muitos pensam, o ato de reforçar condiz com qualquer evento que aumente freqüência de uma determinada resposta (ação). No entanto, porque um reforçador reforça? De acordo com Skinner (2003, p. 90) “uma teoria é que um organismo repete uma resposta porque acha sua conseqüência agradável ou satisfatória”. A maioria dos reforços apresentados nos seres humanos são os condicionados, onde o mesmo é com freqüência, o produto de contingências naturais, como Skinner (2004, p. 84) diz “os reforçadores condicionados são, com freqüência, o produto de contingências naturais”, ou seja, são eventos que possibilitam o reforçamento naturalmente, como por exemplo, escovar os dentes, ou também, dizer boa noite ao dormir. Existem duas formas de reforço que são: reforço positivo e reforço negativo. Ambos apresentam características em reforçar um determinado comportamento, sendo que, o indivíduo aprende qual o comportamento desejável para alcançar um determinado objetivo. Ressaltando que a eficácia do reforço dependerá do tempo e espaço em relação ao comportamento que se pretende modelar. Para jamais incidir com outro tipo de comportamento que não esteja em questão. Skinner afirma que: Os eventos que se verifica serem reforçadores são de dois tipos. Alguns reforços consistem na apresentação de estímulos, no acréscimo de alguma coisa, por exemplo, alimento, água, ou contato sexual – à situação. Estes são denominados reforços positivos. Outros consistem na remoção de alguma coisa – por exemplo, de muito barulho, de uma luz muito brilhante, de calor ou de frio extremos, ou de um choque elétrico – da situação. Estes denominam reforços negativos. Em ambos os casos o efeito do reforço é o mesmo: a probabilidade da resposta será aumentada. (SKINNER, 2003, p. 81). O reforço positivo fortalece as chances do comportamento pretendido, levando em consideração que quando o comportamento desejado é alcançado é adicionada a recompensa. Para exemplificar o reforço positivo na educação consideremos que dentro de uma sala de aula a maioria dos alunos presta à atenção na disciplina de matemática e conseqüentemente obtém boas notas. A dependência entre prestar atenção e obter boas notas é um exemplo de reforço positivo. Reforço porque a relação tende a fortalecer a ação (prestar atenção), e positivo porque a ação torna provável o reforçador (boas notas). 20 No caso concreto do reforço positivo, este consiste num estímulo que se segue a uma determinada resposta (comportamento) e aumenta a ocorrência desta resposta. Dos reforços utilizados, os mais comuns são: palavras, expressões, proximidade física, materiais e prêmios. Por exemplo, após um aluno realizar uma tarefa com sucesso o professor pode reconhecer com palavras elogiosas o comportamento desta criança. Esta postura do professor poderá aumentar a ocorrência deste comportamento no aluno, pela gratificação que representa para a mesma. O reforço positivo no espaço educacional pode ser entendido também, quando o aluno aprende qual o comportamento desejado para alcançar determinado objetivo. Outro exemplo seria a gentileza do aluno acarretaria a gentileza do professor, é reforço porque esta relação dá-nos a idéia de fortalecimento da ação (ser gentil), e positivo porque esta atitude do mesmo torna provável o reforçador (gentileza do professor). Portanto, o reforço positivo fortalecerá a probabilidade do comportamento pretendido, uma vez que, é atribuída a recompensa e, segundo Skinner (2003, p. 440) os reforçadores usados pelas instituições educacionais “consistem em boas notas, promoções, diplomas, graus e medalhas, todos associados como reforçador generalizado da aprovação”. O reforço negativo embora tenha o mesmo objetivo do reforço positivo, isto é, reforçar um determinado comportamento, apresenta um estímulo aversivo, (diz-se que um estímulo é aversivo apenas quando sua remoção for reforçadora), ou seja, este elemento é adicionado ao ambiente e quando o comportamento desejado é alcançado o mesmo é retirado. Delitti e Thomaz afirmam que: O termo reforçamento negativo é definido como um procedimento no qual há uma retirada ou evitação de um estímulo aversivo contingente a uma resposta, que aumenta de freqüência posteriormente. Existem, basicamente, dois tipos de operações que se caracterizam como reforçamento negativo: fuga e esquiva. Respostas de fuga produzem o fim do contato com um estímulo aversivo, respostas de esquiva evitam o contato com esse estímulo. Se estas respostas aumentarem de freqüência no futuro, considera-se que foram reforçadas negativamente. (DELITTI E THOMAZ, 2004, p.56). Com base nas autoras, este consiste em associar um comportamento a uma emoção desagradável no aluno, por exemplo, e irá reduzir a ocorrência deste comportamento. Além de reduzir a ocorrência de um comportamento menos desejável, a ausência do reforço negativo aumenta a ocorrência de um comportamento positivo. Na utilização do reforço positivo ou negativo é importante que o professor tenha em atenção que um reforço não tem a mesma 21 interpretação para todas as crianças, Os reforços implicam algum conhecimento de cada criança para conhecer o que, de fato, poderá representar uma associação positiva ou negativa para cada criança. Para exemplificar o reforço negativo, imaginemos que numa sala de aula existam alguns alunos que se mostram desempenho pela disciplina de matemática, para evitar broncas do professor, denomina-se reforço porque a relação tende a manter empenho pela matéria (ação), e negativo porque as broncas do professor tornarão menos prováveis. Neste caso podemos considerar que esta operação é a de esquiva, pois o aluno está evitando o contato com o estímulo aversivo, que seria as broncas. Outro exemplo seria o professor voltar a deixar os alunos irem ao intervalo em função de que os mesmos estão estudando mais. Neste caso o professor estaria removendo o estímulo aversivo que estava causando o desprazer após obter a resposta pretendida, ou seja, os estudos com mais veracidade por parte dos alunos. Nesta situação podemos considerar que esta operação é a de fuga, pois, para obterem novamente o direito de saírem para o intervalo das aulas, foram necessários que os alunos se dedicassem mais aos estudos. Portanto é perceptível que ambos os casos (reforço positivo e reforço negativo), incidem o comportamento pretendido por parte do experimentador. Devemos ter em mente que, “reforço” sempre será o aumento de freqüência de uma resposta, “negativo” refere-se ao fato de uma resposta eliminar um estímulo aversivo, e “positivo” consiste na apresentação de um estímulo pela emissão de uma resposta. 2.2 Conceitos de Punição A punição é muitas vezes confundida com o reforço negativo, pois em ambos os casos encontra-se inserido o elemento punitivo. Mas ao contrário do reforço negativo, o objetivo da punição é levar a extinção de um comportamento indesejado, isto é, na medida em que o tempo passe a probabilidade do mesmo ocorrer novamente diminui. Skinner ressalta que: A técnica de controle mais comum da vida moderna é a punição. O padrão é familiar: se alguém não se comporta como você quer, castigue-o; se uma criança tem mau comportamento, espanque-a; se o povo de um país não se comporta bem, bombardeie-o. (...) A educação não abandonou inteiramente a palmatória. No contato pessoal diário controlamos através de censuras, admoestações, desaprovações ou expulsões. Em resumo, o grau em que usamos punição como uma técnica de controle parece se limitar apenas ao grau em que podemos obter o poder necessário. Tudo isso é feito com a intenção de reduzir tendências de se comportar de certa maneira. O reforço 22 estabelece essas tendências; a punição destina-se a acabar com elas. (SKINNER, 2003, p.199). No entanto a punição é uma técnica questionável, pois esse tipo de estímulo aversivo provoca no sistema nervoso reações desfavoráveis quanto à aprendizagem, tais como, ansiedade, falta de alto-estima e/ou até mesmo depressão. Além do mais o comportamento punido não é esquecido, mas sim suprimido, ou seja, pode ser que ao extinguir a punição, o comportamento indesejado volte a ocorrer. Outro fator interessante de ser observado é que apesar de suprimir o comportamento indesejado, não guia o indivíduo para um comportamento mais desejável. Como afirma Skinner (2003, p.199) “os estímulos aversivos necessários geram emoções, incluindo predisposições para fugir ou retrucar, e ansiedades perturbadoras”. Portanto é perceptível que a punição não é o oposto do reforço, ou seja, não funciona subtraindo respostas, o que a punição faz? Qual é o efeito da retirada de um reforço positivo ou a inserção de um estímulo aversivo? Um exemplo primeiro seria um professor dar notas baixas para os alunos, um exemplo do último seria castigá-los. Essas duas possibilidades apresentam construir o campo da punição. Segundo Skinner (2003) existem três efeitos da punição, sendo que o primeiro efeito dos estímulos aversivos usados na punição está relacionado à situação imediata, ou seja, punir um comportamento indesejável em certo momento. Esse ato de punição apesar de ser poderoso para suprimir o comportamento, não é considerável que seja típico do controle pela punição, pelo fato do comportamento de quem recebeu a punição ser temporário. Para exemplificar, imaginemos um professor fazendo expressão facial para o aluno ao perceber que o mesmo estava sorrindo durante a explicação. Embora o aluno pare de sorrir naquele momento, não impedirá que o mesmo torne a sorrir em outro ambiente. O segundo efeito da punição considera o efeito da mesma permanente, ou seja, é esperado que uma mudança no comportamento seja observada no futuro, ainda que não haja mais punição. Exemplificando essa situação, consideremos um aluno se comportando de forma inadequada, o simples fato de o professor punir consistentemente o mesmo depois de ter dito “Não, não!”, é provável que o aluno seja controlado simplesmente ao dizer-se “Não, não!”. Embora esse contexto funcione na mesma direção da punição, esse não é o principal efeito da mesma. O terceiro efeito da punição é muito mais importante uma vez que é estabelecido que os estímulos aversivos sejam evitados por qualquer comportamento desejável, a fim de 23 eliminar a punição, um exemplo seria um aluno responder as atividades de matemática, a fim de evitar complicações, desta forma o mesmo evitará a estimulação aversiva de não cumprir o dever, simplesmente cumprindo-o. Portanto, embora punir comportamentos indesejados seja mais fácil, tendo em vista que seus efeitos são mais imediatos, do que reforçar os comportamentos desejados, a punição gera respostas não condizentes com o comportamento que queremos ensinar. Por isso, o controle aversivo não é o melhor caminho ao ensinar (modelar) um determinado comportamento, pois, segundo Banaco (2004 p. 64) é muito provável que ocorrerá eventos como: eliciação de respostas emocionais, supressão de outros comportamentos além do que estiver sendo punida, emissão de respostas incompatíveis ao comportamento punido e contracontrole. A eliciação de respostas emocionais refere-se ao momento em que o indivíduo entra em contato com o controle aversivo, ou seja, quando isso acontece é eliciada várias respostas emocionais, como palpitações ou até mesmo tremores. A Supressão de outros comportamentos além do que estiver sendo punido pode ser compreendido como a redução de outros comportamentos em função da aplicação do estímulo aversivo sobre o comportamento indesejável. Levando esse conceito para o espaço educacional, podemos destacar alguns prejuízos na aprendizagem do aluno, por exemplo, vamos considerar que um aluno ao errar uma avaliação realizada pelo professor, seja criticado pelo mesmo, isso poderá afetar muitos comportamentos do aluno, um deles seria a rejeição por avaliação e conseqüentemente obteria notas baixas. É possível entender emissão de respostas incompatíveis como: o indivíduo que é punido tende a emitir outras respostas (ação) que torne menos provável a repetição da punição, ou seja, diminui a probabilidade de emitir o comportamento que estiver sendo punido. Um exemplo no espaço educacional seria um aluno que na maioria das vezes tira notas altas nas disciplinas, deixa de tirar notas altas por causa de apenas uma nota baixa. O contra-controle é o mais indesejado de todos, pois, o indivíduo que é controlado reage com uma nova resposta, onde a mesma impede que o agente que está controlando exerça controle sobre o indivíduo. Um exemplo interessante seria o aluno que para escapar das broncas da professora por não ter feito o dever de casa atribui a culpa a algo ou alguém. As punições podem ser de dois tipos: punição positiva, quando experiências aversivas são adicionadas, e punição negativa, quando facilitadores do comportamento são subtraídos. Ambas as técnicas levam aquilo que chamamos de extinção. Banaco ressalta que: 24 O efeito mais claro buscado na aplicação da punição positiva é o de eliminar uma resposta imediata e completamente do repertório de um indivíduo. Também como visto até esse ponto, é muito difícil, a partir dessa definição, discriminar qual o procedimento de punição, pois outros procedimentos também teriam esse efeito. Talvez, enfim, seja nos “efeitos colaterais” da punição que encontram-se sua especificidade. (BANACO, 2004, p. 64). O autor explica de forma proveitosa como a punição positiva pode ser definida em termos de comportamento, ou seja, a objeção da mesma é eliminar uma resposta inadequada usando estímulos aversivos. Embora não seja fácil dizer quais elementos punitivos devem ser adicionados em um mau comportamento a fim de extingui-lo, é correto ressaltar que os efeitos colaterais, tais como, dor, medo, ansiedade e etc., da punição pode ser exemplo para eliminar uma ação imediata. No entanto, é plausível entender que a punição positiva, refere-se à aplicação de estímulos aversivos a fim de diminuir ou extinguir um comportamento inadequado, em proveito de um comportamento melhor. Queiroz (2004, p. 73) descreve que “a palavra positiva não é usada como uma conotação valorativa, mas como termo matemático: adicionase o estímulo aversivo; ele é acrescentado”. Para exemplificar esse conceito imaginemos que numa sala de aula existam alunos imperativos, que não dão atenção a explicação do conteúdo transmitido pelo professor. Nesse aspecto a punição positiva poderia ser denotada como a utilização de um estímulo aversivo, ou seja, dar-lhes broncas, ou até mesmo ironizá-los. A punição negativa refere-se na retirada de conseqüências reforçadoras positivas em função de um comportamento inadequado, ou seja, na punição negativa há remoção de algo que seja satisfatório para o indivíduo. Queiroz exemplifica algumas situações de procedimento de punição negativa: O procedimento de punição envolve a remoção de um estímulo reforçador positivo contingente à resposta emitida. Ou seja, ao emitir a resposta, o estímulo reforçador que estava disponível, ou presente, é retirado, por exemplo: a criança está carregando uma bandeja com lanche e refrigerante, tropeça e os deixa cair; a criança responde ao pai com um palavrão, então, ele a proíbe de assistir ao desenho preferido; ou uma criança é proibida de brincar com o amigo por ter tirado nota baixa na escola. As três ocorrências – perder o lanche e o refrigerante, não assistir ao desenho preferido e não brincar com o amigo – são exemplos de estímulos reforçadores positivos removidos contingentemente às respostas emitidas. Essas situações exemplificam o procedimento de punição negativa, no qual a conseqüência reforçadora positiva é removida contingente à resposta. (QUEIROZ, 2004, p. 73). 25 Com base na autora é possível exemplificar a presença da punição negativa no âmbito educacional. Imaginemos que numa sala de aula existam alunos imperativos, que não dão atenção a explicação do conteúdo transmitido pelo professor, o mesmo caso do exemplo acima, porém, em vez de aplicar um estímulo aversivo, remove algo que seja satisfatório para o aluno, como, deixar sem intervalo, ou até mesmo proibir de jogar futebol no intervalo da aula. Da mesma forma que a palavra positiva não funciona como conotação valorativa, a palavra negativa também não funciona, mas o termo vem do conceito matemático de subtrair, diminuir, ou seja, remover algo satisfatório em prol de um comportamento adequado. 2.3 O reforço pode agir com eficiência Embora a punição possa dar idéia de que haja com mais eficácia sobre o reforço, por apresentar uma mudança de comportamento imediata, é ilusório uma vez que, a punição, seja ela positiva ou negativa, funciona apenas para suprimir momentaneamente comportamentos indesejáveis, ou então na presença do agente punidor. Por isso é uma técnica questionável. Portanto, a presença do reforço no âmbito educacional prevalece sobre a punição, uma vez que, a punição gera uma série de fatores que atrapalham o ensino aprendizagem do aluno e, fundamentando-se em autores renomados foi comprovado que o reforço é um dos principais mecanismos que pode contribuir para uma aprendizagem significativa, isto é, uma mudança de comportamento oriundo da experiência. Moreira retrata que: Skinner não enfatiza a analise de estímulos. Para ele o importante é não concentrar-se no lado dos estímulos, mas sim do lado do reforço, sobretudo nas contingências de reforço. Isso também significa que, numa situação de aprendizagem, a partir das respostas do sujeito e a partir do reforço estabelecido para essa resposta é que vamos analisar a probabilidade daquela resposta ocorrer novamente e, assim, controlar o comportamento. Para Skinner, aprendizagem ocorre devido ao reforço. Não é a presença do estímulo ou a presença da resposta que leva a aprendizagem, mas sim, a presença de contingências de reforço. O importante é saber arranjar as situações de maneira que as respostas dadas pelo sujeito sejam reforçadas e tenham sua probabilidade de ocorrência aumentada. (MOREIRA, 2002, p.16, apud Oliveira). Embora tenhamos especificado os eventos reforçadores e punidores de forma esclarecedora, suas características e, principalmente suas vantagens e desvantagens para o espaço educacional, esses eventos (reforçador e punidor) podem ter diversos significados, isto 26 é, a atenção de um aluno pode significar como reforçador para o professor o ensinar, do mesmo modo, a desmotivação do aluno pode ser um evento muito aversivo. Apesar de sabermos de forma geral o que usualmente funciona como eventos reforçadores e punidores para as pessoas, isso pode variar de indivíduo para indivíduo. Por exemplo, para um aluno os elogios do professor são muito reforçador, o que faz com que os comportamentos que promovem elogios aumentem de freqüência, porém, para outro aluno nada mais é reforçador do que obter as soluções dos problemas matemáticos, mesmo que não obtenha os elogios do professor. Por isso a tarefa dos bons professores é conhecer individualmente seus alunos, mesmo sendo um trabalho difícil, para que seja possível identificar quais aspectos ou eventos funcionam como reforçadores para cada um deles, e dessa forma poder planejar atividades de ensino que os motivem a ir à busca do seu próprio conhecimento, uma vez que, a motivação é um dos fatores principais no processo de ensino aprendizagem. 27 CAPÍTULO 3 UM MODELO ESCOLAR Embora a realidade venha apresentar um quadro lamentável em relação aos mecanismos de ensino e aprendizagem no âmbito educacional, é possível encontrar algumas soluções para se chegar à escola necessária para os novos tempos, tendo em vista um ensino de qualidade e uma aprendizagem significativa em relação à matemática. De acordo com Libâneo, A escola necessária para fazer frente a essas realidades é a que provê formação cultural e científica, que possibilita o contato dos alunos com a cultura, aquela cultura provida pela ciência, pela técnica, pela linguagem, pela estética, pela ética. Especialmente, uma escola de qualidade é aquela que inclui uma escola contra exclusão econômica, política, cultural, pedagógica. (LIBÂNEO, 2001, p. 40). A idéia do autor está inteiramente ligada ao que se busca de uma escola para os dias atuais, ele ressalta que uma escola necessária frente a tantos problemas é a que prepara os alunos a viver no capitalismo, embora o caráter do mesmo seja individualista, não valorizando o esforço do indivíduo, mas, isso foi o que os agentes da sociedade impuseram a si mesmos, no entanto, é extremamente importante saber lidar com o ser humano, levando em consideração todos os aspectos que circunde a vida do aluno, e prepará-lo de forma que não afete sua personalidade. Quando o autor se refere que uma escola de qualidade é aquela contra exclusão econômica, política, cultural e pedagógica, percebe-se que para alcançar esse alvo é importante enfatizar que o professor deve conhecer individualmente a vida de cada um dos alunos, porém sem invadir a sua privacidade, para que consiga trabalhar as dificuldades dos mesmos, seja ela qual for, há uma necessidade do professor ser sábio quanto aos comportamentos dos educando, para obter ênfase sobre o problema. 3.1 Uma proposta de ensino da matemática Para apresentar possíveis soluções para o ensino e aprendizagem de matemática, faz se necessário entender alguns aspectos que afligem a mesma, pois, identificando o problema, tornar-se-á menos árduo encontrar possíveis soluções. Chagas faz algumas considerações sobre as causas do lastimoso ensino matemático: 28 Inadequação do ensino de matemática em relação ao conteúdo, à metodologia de trabalho e ao ambiente em que se encontra inserido o aluno em questão. “Má” formação de professores, ou seja, falta de capacitação docente. Programas de matemática não flexíveis e muitas vezes baseados em modelos de outros países e, conseqüentemente, são modelos que muitas vezes não representam a realidade sócio-econômica do país. Falta de compreensão e domínio dos pré-requisitos fundamentais que ajudariam este estudante a obter um bom desenvolvimento nas aulas de matemática. Desvalorização sócio-econômica dos professores. (CHAGAS 2004 p. 241). São muitos eventos aversivos que contribuem para que o ensino aprendizagem não seja eficaz, alguns aspectos seriam, falta de contextualização do conteúdo matemático com o cotidiano do aluno, pois, é fato que algo se torna concreto para o aluno quando há demonstrações de que aquilo que sendo ensinado faz parte do seu cotidiano, ou seja, que há utilizações da matemática no dia a dia do aluno. A metodologia de trabalho não é satisfatória, isto é, os métodos que são usados nas aulas de matemática são corriqueiros, não mudam, são apenas aulas expositivas e exercícios de fixação, não há criatividade ao planejar uma aula de matemática. Má formação do professor, ou seja, o docente não é capacitado para ensinar, ou até mesmo, as instituições de ensino não capacitam da maneira correta, a fim de formar um professor que invés de simplesmente transmitir conhecimento, propicie ao aluno maneiras de o próprio buscá-lo. Falta de compreensão de alguns pré-requisitos por parte dos alunos, isto é, os alunos chegam à escola sem conhecimentos prévios que poderiam ajudar no processo de ensino, facilitando à sua própria compreensão em relação à matemática. A desvalorização do professor no que diz respeito ao salário, ou seja, o professor não é remunerado da forma que deveria, pois, é perceptível que nessa classe de trabalhadores, o salário não é condizente com o trabalho exaustivo que os mesmos exercem. Carvalho descreve que: É interessante notar que pesquisas em educação matemática têm mostrado que as mesmas crianças que manipulam números com destreza em diversas atividades fora da escola, fracassam nas aulas de matemática, o que evidencia falhas no ensino que não tem incorporado os números utilizados no cotidiano. Esses “números do dia-a-dia”, como estão integrados num contexto, adquirem significo para os alunos, que, portanto, têm sucesso em seu manejo. Os significados atribuídos aos números fora da escola devem ser considerados e incorporados na abordagem mais ampla que esse assunto assume na sala de aula. A humanidade precisou de séculos de cultura para descontextualizar o número; não podemos esperar que o aluno faça espontaneamente ao entrar na escola. (CARVALHO, 1994, p.33). 29 Há a necessidade de quebrar alguns conceitos quanto à forma de ensino do conteúdo matemático, isto é, esquecendo a formalidade. É intrínseca a necessidade de quebrar regras, sendo criativo ao ensinar um determinado conteúdo, abrindo caminhos para que o aluno tenha possibilidade de buscar seu conhecimento, e acima de tudo haver contextualização do conteúdo com a vida cotidiana do mesmo. Todos esses fatores discutidos até aqui contribuem para uma má formação do aluno, afetando assim, o ensino, neste caso, matemático, pois são estímulos aversivos incorporados na educação. No entanto, existem algumas possíveis soluções para o real problema do ensino de matemática no Brasil, minimizando alguns aspectos negativos que levam ao fracasso no ensino da matemática. De acordo com Chagas, O fundamental dentro do processo de ensino-aprendizagem é a alteração de “como ensinar” para “como os alunos aprendem e o que faço para favorecer este aprendizado”. Para isso, devemos entender que os conteúdos direcionam o processo ensino-aprendizagem onde priorizam-se a construção individual e a coletiva. Com isso, oportunizamos situações em que os educando interagem com o objeto de conhecimento e estabelecem suas hipóteses para que estas sejam, posteriormente, confirmadas ou reformuladas. (CHAGAS, 2004, p. 246). Ensinar sob um padrão que o professor desenvolve não favorece um ensino eficaz para o aluno, no entanto o que torna o ensino-aprendizagem eficaz é o docente entender a melhor maneira para favorecer o conhecimento ao aluno, tendo em vista que um fator possível que os levam à compreensão são como eles aprendem, ou seja, entender que existem requisitos que fazem com que os mesmos entendam a matéria. Portanto, é necessário que o professor conheça as dificuldades dos seus alunos, embora, seja um trabalho árduo, para que o mesmo possa saber como trabalhar em sala, e sabendo que dentro de uma sala de aula existem culturas e valores diferentes, evidenciados através do comportamento, o professor poderá lidar com cada situação. Usando, talvez o melhor reforçador para os alunos de matemática, a contextualização de conteúdos. Chagas descreve outro fator predominante na educação matemática: Entendo que o primeiro passo a ser dado é a ruptura da educação matemática com o modelo tradicional, optando-se por um contexto mais construtivista, onde os alunos devem analisar um determinado problema para que, só então, passem a compreendê-lo. É importante aqui que o professor ofereça espaço para discussões e interaja continuamente com seus alunos. (CHAGAS, 2004, p. 246). 30 No modelo tradicional de ensino, o professor é detentor do saber e os alunos são como receptores, ou seja, recebe as informações, fato que já fora comprovado que não leva a ascensão do ensino-aprendizagem. No entanto, o que pode melhorar o quadro do ensino matemático é aluno ser agente do seu próprio saber, buscando as informações necessárias para seu conhecimento, havendo uma interação entre aluno e conhecimento, e a função do professor é organizar atividades, a fim de que os mesmos possam ir à busca. Esses fatores poderão contribuir para que os alunos possam tornar-se ágeis e hábeis em relação à aprendizagem. De acordo com Chagas, O professor deve se dar conta que para um bom aprendizado de matemática é fundamental que o aluno se sinta interessado na resolução de um problema qualquer que seja ele, despertando assim, a sua curiosidade e criatividade. (CHAGAS, 2004, p. 246). O ensino da matemática deveria estar relacionado com experiências que produziriam nos alunos o gosto pela matéria, Chagas (2004, p. 247) faz uma consideração muito relevante em relação ao ensino da matemática, “o ensino da matemática, deveria estar apoiado em experiências agradáveis, capazes de favorecer o desenvolvimento de atitudes positivas, que, por sua vez, conduzirão a uma melhor aprendizagem e ao gosto pela matemática”. Portanto, foram identificados estímulos aversivos dentro da educação, que fazem com que não sejam produtivas as aulas de matemática, estímulos estes, arraigados desde muito tempo atrás. Porém foram feitas sugestões para que o ensino aprendizagem de matemática possa ter uma possível mudança, sugestões estas relacionadas ao reforço positivo, não apenas em casos particulares, mas em âmbito geral. 3.2 Reforço: possíveis efeitos desejáveis No capítulo anterior foram conceituados o reforço e a punição, e foi visto que o conceito de reforço no âmbito educacional pode ser a melhor maneira de sobressair em meio aos conflitos do comportamento do aluno. Agora, os professores enquanto agentes da educação devem apropriar-se a essa teoria para que suas aulas possam ser mais produtivas. Foram discutidos alguns temas envolvendo o comportamento humano, considerando os eventos que supostamente atrapalham dentro de uma sala de aula e, porque atrapalham. Conclui-se que dentro de uma sala de aula existem muitos fatores que interferem no comportamento do aluno, que faz com que o ensino e conseqüentemente a aprendizagem não sejam produtivos, tais como, o ambiente do indivíduo, o rigor com que é transmitido o conteúdo, principalmente matemático, ou/e a falta de contextualização dos conteúdos, causando ao aluno uma estimulação completamente aversiva à disciplina de matemática. 31 Serão apresentadas contingências de reforços, ou seja, possibilidades de um evento reforçador, reforçar um comportamento, o que poderá contribuir para a formação do educando, porém, não seremos simplistas ao restringir um padrão de ensino, pois o ensino aprendizagem são dinâmico e muito complexo para fazer restrições. Mas, é correto entender que, o que será apresentado é possíveis mudanças no comportamento do aluno através do reforço, sem esquecer que Skinner (2004, p. 80) relata que “a única maneira de dizer se um dado evento é reforçador ou não para um dado organismo sob dadas condições é fazer um teste direto”. Podemos exemplificar esse conceito de Skinner da seguinte maneira: o professor ao observar um determinado comportamento do aluno, aplica um reforço, se houver uma mudança na freqüência do comportamento, podemos considerar que o evento que o professor aplicou realmente foi um reforço. É muito importante destacar que a conseqüência de um comportamento operante só pode ser considerada como um reforço quando a freqüência desse comportamento aumenta após a apresentação contingente desse estímulo conseqüente. Não podemos definir, a princípio que elogios, por exemplo, são estímulos reforçadores para todos os comportamentos de todas as pessoas. Para algumas pessoas tímidas, por exemplo, homenagens e elogios públicos podem ser constrangedores a tal ponto que reduzem a freqüência da resposta que os gerou. Portanto, para atestar a função reforçadora do estímulo é preciso verificar o efeito que esse estímulo provoca, quando apresentado contingentemente a uma resposta operante. Se verificar aumento da freqüência da resposta é porque o estímulo exerceu, de fato, a função reforçadora. Os efeitos do reforço aplicado dentro de uma sala de aula, por exemplo, pode contribuir para uma aprendizagem significativa uma vez que, compreende em estimular o aluno a sentir-se interessado pela busca do conhecimento. Para Madi, o reforçamento tem dois efeitos: O efeito de prazer e de fortalecimento. Eles ocorrem em diferentes momentos e são sentidos como coisas diferentes. Quando nós sentimos prazer, nós não estamos necessariamente sentindo uma maior inclinação para agir da mesma forma. (MADI, 2004, p. 49, apud Skinner). Os professores podem promover alguns efeitos desejáveis das contingências de reforçamento em suas aulas de matemática, para que os alunos sintam-se motivados a aprender, uma vez que no processo de ensino aprendizagem de matemática deve haver uma 32 junção entre a atividade de o professor ensinar com a atividade do aluno aprender, como descreve Chagas (2004, p. 247) “não podemos nos esquecer que o ensino de matemática tem caráter bilateral, pois combina a atividade do professor – ensinar – com a atividade do aluno – aprender”. Os eventos que tornam os reforços positivos possíveis de acontecer são fundamentais para fazer com que um indivíduo produza auto-estima e autoconfiança, ou seja, a atenção e o afeto são exemplos de eventos reforçadores. Madi relata que: As contingências de reforçamento positivo são fundamentais para garantir o fortalecimento de comportamentos, promoverem o aumento da variabilidade comportamental e produzir sentimentos de auto-estima e autoconfiança. (MADI, 2004, p. 53). Portanto, o reforço pode ser aplicado numa sala de aula a fim de promover no aluno um desejo de ir à busca do seu próprio conhecimento, não restringindo a matemática como apenas uma disciplina pronta e acabada, mas dando a visão de que a mesma é ilimitada no sentido de ser abrangente em diversas áreas do conhecimento, dessa maneira é provável promover no aluno motivação e auto-estima de tal forma que o mesmo interesse pela matemática. Goulart ressalta que: Não estamos preparados para o uso de técnicas que produzam mudanças comportamentais através da manipulação de variáveis externas. No entanto, poderíamos, através da ciência, organizar um mundo em que as pessoas aprenderiam, seriam sábias e boas, sem “ter de ser” ou sem “escolher ser”. Bastaria que aprendêssemos a manipular variáveis que tornassem possível a pessoa aprender as coisas sem esforço; isto seria um resultado ideal. (GOULART, 2001, p. 56). Ao direcionar o que o autor está relatando para o ensino e aprendizagem, o mesmo relata que um indivíduo não está preparado para usar as técnicas para promover uma mudança de comportamento em outro indivíduo, porém, através da ciência o que se pode fazer é observar as contingências de reforço que possam produzir em determinadas pessoas uma mudança de comportamento, tornando-as sábias e boas, capaz de desenvolver ações que produzam efeitos desejáveis em sua aprendizagem, tais como, interessar-se pela matéria, prestar atenção na aula, refletir sobre o conteúdo, analisar as situações problemas, interpretálas e por fim colocá-las em prática, desenvolvendo assim conhecimentos em relação ao que está sendo ensinado. Desta maneira o ensino-aprendizagem em relação à matemática poderia ser eficaz, uma vez que, essas ações são reforçadoras para o próprio aluno, ou seja, esses 33 comportamentos ajudam a propiciar aos próprios alunos capacidades de entender e desenvolver aprendizagem em relação à disciplina. Portanto, o papel do professor não é apenas conhecer os reforços e aplicá-los em sala de aula, antes, porém, é conhecer a individualidade de cada aluno, para que possa aplicar o reforço adequadamente, de modo que venha favorecer a aprendizagem de cada aluno individualmente, tendo a percepção de que não existem fórmulas de reforço. Mas, o professor como educador, conhecendo os aspectos do reforço, tais como, as possibilidades que farão com que o aluno passe a interessar-se pelo que está sendo ensinado, isto é, conhecendo melhores maneiras de aplicá-los, poderá ser possível alterar o comportamento do aluno. De acordo com Kohlenberg e Tsai, Usamos o reforçamento no seu sentido técnico, genérico, referindo-se a todas as conseqüências ou contingências que afetam (aumentam ou diminuem) a força do comportamento. A definição de reforçamento é funcional, ou seja, algo que pode ser definido como um reforçador se, depois da sua apresentação, há o efeito de aumentar ou diminuir a força do comportamento que o precedeu. (KOHLENBERG e TSAI, 2006, p.09). Embora esta definição possa parecer insatisfatória, por não identificar os reforçadores adequados para serem utilizados dentro de sala de aula, é muito relevante entender que o reforço é um processo, isto é, algo funcionará como reforço somente no contexto de um dado processo, ou seja, deve ser analisado o que funciona como reforço para cada aluno e as possibilidades que tornarão eficazes as aplicações do reforço. Kohlenberg e Tsai (2006, p. 09) afirmam que “o reforçamento não pode ser definido desta forma porque ele é um processo: um objeto funciona como um reforçador somente no contexto de um dado processo e não pode ser identificado independentemente dele”. Diante de tantas considerações, conceitos e aspectos, é possível afirmar que as contingências de reforço é a melhor maneira de fazer com que o aluno mude de comportamento, ou seja, caso seja alunos relapsos, sentir-se-ão motivados em aprender, e conseqüentemente busque conhecimentos, o que condiz com a alteração do comportamento do aluno. 34 CONSIDERAÇÕES FINAIS A objeção, portanto, desde trabalho como um todo, foi instigar o leitor a pensar e repensar o porquê há tantos problemas no ensino e na aprendizagem, analisar alguns fatores que impedem o aluno a aprender, pois o mesmo é o agente mais importante no processo de ensino e aprendizagem, ter a percepção de que se nesse processo os professores utilizarem a teoria de reforços, analisando as contingências do mesmo, a probabilidade de obterem sucesso sobre os problemas serão maiores. Nessa perspectiva foram analisados muitos aspectos interferentes na aprendizagem de cada aluno, o que faz com que o comportamento do mesmo não seja condizente com o que se espera, para que ocorra uma aprendizagem significativa através da escola. Foi destacada a relevância de se aplicar adequadamente a teoria de aprendizagem conceituada por Skinner, a teoria do condicionamento operante (reforço e punição). E para se aplicar a mesma no âmbito educacional foram analisados alguns fatores que prejudicam o ensino aprendizagem, principalmente de matemática, e conseqüentemente as melhores maneiras de ser aplicado o reforço, tendo em vista de que nesse processo o reforço pode contribuir com mais ênfase como modelagem no comportamento do aluno, ou seja, uma possível mudança de comportamento no aluno. Através dos estudos foi perceptível observar que o processo de ensino aprendizagem é dinâmico, e não possui apenas uma maneira de aprender, porém o intuito dessa pesquisa foi buscar algumas alternativas para que o aluno possa interessar-se mais pela disciplina de matemática, isto é, se há alunos que apresentam comportamentos inadequados em sala de aula, quando é apresentada a disciplina de matemática, o professor como agente do ensino, conhecendo essa teoria de aprendizagem, pode recorrer à mesma com o intuito de ajudar o aluno a interessar-se pela disciplina, ou seja, reforçando o comportamento do mesmo, para que haja possíveis mudanças no comportamento dos alunos. Através da teoria do condicionamento operante, foi possível responder algumas indagações em relação ao comportamento de um indivíduo, mostrando as melhores maneiras de aplicar o reforço, foi explicitado experimentos satisfatório, onde o próprio professor poderá usar para tentar fazer com que o aluno busque o conhecimento, para que haja uma possível mudança de comportamento. 35 Portanto, através da teoria de Skinner foi explicado o comportamento humano como resultado das influências dos estímulos do meio, e ao que pode ser observado do resultado desta influência. Foi entendido como os estímulos do meio influenciam o comportamento do homem, e assim, intervindo neste comportamento, simplesmente manipulando os estímulos que agem sobre o indivíduo. Essa pesquisa poderá contribuir na formação de muitos professores e alunos, uma vez que, foram apresentados conceitos relevantes para que o ensino aprendizagem seja significativo, principalmente em matemática, e conseqüentemente essa mudança de comportamento por parte dos alunos possa refletir nas notas da disciplina de matemática, e assim haver uma ascensão no ensino aprendizagem dos alunos. 36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, Cristiano Nabuco de. Guilhardi, Hélio José. Terapia comportamental e cognitivocomportamental: práticas clínicas. São Paulo. Ed. Roca Ltda. 2004. BAUM, William M. Compreender o behaviorismo: ciência, comportamento e cultura. Porto Alegre, Ed. Artes Médicas Sul Ltda., 1999. CARVALHO, Dione Luchesi de. Metodologia do Ensino da Matemática. São Paulo, Ed. Cortez, 1994. CASTRO, Vitor. Aprendizagem: o comportamento operante. Terra fotolog, 01 Nov. 2006. Disponível em: http://fotolog.terra.com.br/neuroscience:83. Acesso em 04 de Abril de 2011 às 10h30minh. 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