Condicionamento Operante: Reforçado ou Punido no

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE JUSSARA
LICENCIATURA EM MATEMÁTICA
KALLEBI DE PAULA ARAÚJO
CONDICIONAMENTO OPERANTE: REFORÇADO OU PUNIDO NO PROCESSO
DE ENSINO APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA?
JUSSARA-GO
2011
1
KALLEBI DE PAULA ARAÚJO
CONDICIONAMENTO OPERANTE: REFORÇADO OU PUNIDO NO PROCESSO
DE ENSINO APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA?
Monografia apresentada ao Departamento de
Matemática da Universidade Estadual de Goiás,
Unidade Universitária de Jussara, em cumprimento á
exigência para obtenção do título de graduado em
Matemática, orientação da professora Rejane Alves de
Souza Tiago.
JUSSARA-GO
2011
2
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, pois ele é a minha fonte de inspiração, faz com que eu tenha
anseio pela busca do novo, e sem dúvidas, é quem me alenta, e sustenta nas horas difíceis. À
minha família que me compreende, e apóia tanto na área psicológica, quanto financeira.
Agradeço também, aos meus professores e colegas, que de uma forma ou de outra me
ajudaram e ajudam nos momentos em que preciso.
3
Ama-se mais o que se conquista com esforço.
Benjamin Disraeli
4
RESUMO
Atualmente no âmbito educacional existem várias maneiras de ensinar, no entanto, todas ou
quase todas estão voltados ao condicionamento operante, isto é, no ato de reforçar e punir.
Esse conceito refere-se modelagem da ação de uma pessoa, através do reforço, onde a ação
gera conseqüência e, esta determina a probabilidade da ação ocorrer novamente ou não, e se
for punitiva diminuirá a possibilidade. O processo de ensino e aprendizagem é dinâmico, fato
que leva os educadores sempre buscar novas formas e métodos de ensino para que a
aprendizagem seja significativa. Dois pioneiros tiveram especial influência nos avanços e no
entendimento do condicionamento operante: Edward Thorndike e B. F. Skinner. Porém foi
Skinner que deu mais ênfase a essa teoria e, segundo ele, o reforço não é apenas uma
recompensa sobre uma ação, e sim qualquer evento que aumente a freqüência de uma reação.
O ato de criar uma situação de aprendizagem para transmitir conhecimentos, estimular
processos de pensamento, e analisar o que é mais eficaz, o ato de reforçar ou punir, é o foco
principal deste trabalho. Em relação ao contexto atual do ensino e aprendizagem da
matemática, é patente notar um déficit enorme, fracasso esse, que não é fácil de ser explicado,
porém tudo leva a crer que existem vários fatores que influenciam no mecanismo de
aprendizagem e ensino, tais como, culturais, sociais e familiares. No entanto a teoria do
condicionamento operante poderá contribuir para a formação do educando uma vez que o
professores se adéqüem ao conhecimento desse conceito.
5
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
CAPÍTULO 1 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DO CONDICIONAMENTO
OPERANTE E SUA INFLUÊNCIA NO PROCESSO DE
ENSINO APRENDIZAGEM
1.1 Operantes e Condicionamento Operante
1.2 Relevâncias do tema, diante da realidade das Escolas
Brasileiras.
1.3 Conceituando condicionamento operante
CAPÍTULO 2 A INTERFERÊNCIA DO AMBIENTE NA VIDA DO
ALUNO
2.1 Conceitos de Reforço
2.2 Conceitos de Punição
2.3 O reforço pode agir com eficiência
CAPÍTULO 3 UM MODELO ESCOLAR
3.1 Uma proposta de ensino da matemática
3.2 – Reforço: possíveis efeitos desejáveis
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXOS
06
08
09
11
13
16
18
21
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27
27
30
34
36
38
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APRESENTAÇÃO
Um dos indicadores de desempenho estudantil voltado para as políticas
educacionais o PISA1, avalia estudantes de vários países do mundo, dentre eles, está o
Brasil. As avaliações acontecem a cada três anos, e sua aplicação é destinada a estudantes
com quinze anos de idade. As avaliações do PISA, exigem dos estudantes avaliados,
domínios de Leitura, Matemática e Ciências, numa apreciação ampla dos conhecimentos,
habilidades e competências inseridos em contextos sociais.
Dados estatísticos fornecidos pelo Inep2 instituição responsável pela implementação e
execução do PISA no Brasil mostram um déficit muito grande dos brasileiros principalmente
em relação as médias de matemática, isso se comparada com os países que são membros e
parceiros do OCDE3.
A instrução matemática é definida como a capacidade individual de formular,
empregar e interpretar a matemática em uma série de contextos. Isso inclui o raciocínio
matemático. Porém, o Brasil não obteve resultados satisfatórios em relação à disciplina de
matemática.
Essa é a realidade do Brasil, e o que fazer para melhorar as condições que são postas
no processo de ensino aprendizagem, seja ele, o prédio ruim, má qualificação do professor e
insatisfação do aluno, para que o quadro atual do mesmo melhore? Há necessidade de olhar
para o presente e ver o futuro dos alunos, pois a educação brasileira está comprometida.
Diante da realidade vivida principalmente pelas escolas públicas do Brasil, essa
pesquisa será desenvolvida sob a luz da psicologia, mostrando a relevância de uma teoria de
aprendizagem, isto é, o condicionamento operante (reforço e punição).
Nessa perspectiva, esse trabalho será desenvolvido para entendermos as possíveis
causas de comportamentos inadequados de alunos em relação à matemática, o porquê há
dificuldade em aprender a mesma, mostrar que essa teoria pode ser útil ao ser aplicada no
espaço educacional, tendo em vista que essa teoria denomina-se do reforço e punição, mostrar
características do reforço, as contingências (possibilidades) para que ocorra o reforço, mostrar
as características da punição e seus efeitos.
1
Sigla, em inglês, para Programa Internacional de Avaliação de Alunos
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
3
Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico
2
7
Portanto, o foco principal dessa pesquisa é mostrar que embora no ensino
aprendizagem da matemática haja fatores que impedem a eficácia da mesma, há uma teoria da
aprendizagem que poderá contribuir para um ensino aprendizagem significativo, logo, o
intuito é entender os conceitos e descobrir o que é mais relevante para ser aplicado, reforço ou
punição, para que haja uma possível mudança de comportamento no aluno, ou seja, o que
antes agia de certa forma relapso, tornou-se agente do seu próprio conhecimento.
No primeiro capítulo o foco é apresentar o tema, mostrar a relevância do mesmo
diante da realidade do ensino aprendizagem, principalmente em relação à matemática,
fundamentado-se em conceitos. Neste primeiro capítulo também será feita a abordagem do
programa de avaliação e seus resultados comparados com outros países, e também serão
apresentados os pressupostos teóricos.
No segundo capítulo, o intuito é fazer uma leitura do ambiente do aluno, ou seja,
analisar se o ambiente do mesmo interfere em sua aprendizagem e comportamento, e
compreender que o reforço e punição sobre uma ação causam uma mudança de
comportamento no indivíduo.
No terceiro capítulo o objetivo é apresentar um modelo escolar que possivelmente
contribuirá na formação do aluno e, uma proposta para que o ensino aprendizagem de
matemática sejam mais eficazes. Serão apresentados alguns tipos de reforços que poderão ser
usados no âmbito educacional, para contribuir na formação do aluno.
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CAPÍTULO 1 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS PARA O CONDICIONAMENTO
OPERANTE E SUA INFLUÊNCIA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM
No ano de 2009, foram avaliados cerca de 470 mil estudantes em leitura, matemática e
ciências de 65 países, incluindo o Brasil através do Programa Internacional de Avaliação de
Alunos. Este programa que tem como sigla em inglês PISA, é um projeto de caráter
comparativo
de
avaliação,
desenvolvido
pela
Organização
para
Cooperação
e
Desenvolvimento Econômico, que tem como sigla OCDE. O público alvo dessa avaliação são
estudantes de quinze anos de idade, pois geralmente é nessa etapa que, na maioria dos países,
os jovens terminaram ou estão terminando a escolaridade mínima obrigatória. Uma das
características do PISA é trabalhar de forma integrada, contando com a colaboração de todos
os países participantes, e ainda de forma conjunta a partir de interesses comuns.
O PISA, teve início no ano de 2000 e tem como objetivo avaliar aptidões ou
competências comparáveis internacionalmente. E com isso produzir, em todos os países
envolvidos, indicadores de desempenho de estudantes voltados para as políticas educacionais,
fornecendo orientação, incentivo e instrumentos para melhorar de forma significativa a
educação, além de possibilitar a comparação internacional. No Brasil a instituição responsável
pela implementação do PISA é o inep, que desenvolve e executa o projeto a nível nacional.
Também, atua na articulação com instituições internacionais.
De acordo com Okada a posição do Brasil no PISA:
O Brasil atingiu a colocação de 53º em matemática, com nota 386, de acordo
com os dados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos). O
ranking é liderado pela China, que obteve pontuação média de 600. Em
seguida, vêm na lista os tigres asiáticos Singapura (562), Hong Kong (555),
Coréia do Sul (546) e Taiwan (543). (OKADA, 2010).
Nota-se através dos dados estatísticos do PISA e fornecidos pelo inep, que o Brasil
ocupa uma posição não muito privilegiada em relação a outros países. Diante desses dados
faz-se necessário buscar alternativas para que o ensino aprendizagem de matemática possa
tornar-se eficaz. Para isso, neste trabalho recorreremos a teoria de aprendizagem de Skinner
“condicionamento operante”, que propõe de forma diferenciada das até hoje vistas, uma
possível solução para tentar melhorar o ensino e consequentemente, melhorar a posição do
Brasil no PISA.
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Apesar de a psicologia ser considerada muito complexa, é de suma importância
entender alguns fatores da mesma, ou seja, fatores estes, que determinam o porquê
determinados alunos se comportam de forma inadequada em sala de aula, principalmente na
disciplina de matemática. Esta nova proposta de ensino aprendizagem fundamentar-se-á na
teoria do condicionamento operante, objeto de estudo de Skinner. Entender melhor essa
teoria, suas características, e as melhores maneiras de aplicação no âmbito educacional,
poderá propiciar aos professores condições para que ocorra um ensino de qualidade, e por sua
vez, aos alunos uma aprendizagem significativa.
Através da psicologia estuda-se o condicionamento operante, isto é, o processo de
aprendizagem comportamental.
1.1 Operantes e Condicionamento Operante
De acordo com Linda L. Davidoff,
Operantes são ações que os animais iniciam, ou respostas voluntárias. Andar,
dançar, sorrir, beijar, escrever poemas, beber cerveja, assistir televisão,
fofocar e jogar vídeo games são operantes humanos comuns. (DAVIDOFF,
2001, p. 109).
Embora os operantes pareçam espontâneos e sob completo controle de um ser humano
é indiscutivelmente influenciado pelo ambiente. Em alguns casos, são também controlados
por eventos precedentes. Davidoff afirma que:
O condicionamento operante ocorre sempre que os efeitos que se seguem a
um operante aumentam ou diminuem a probabilidade de o operante voltar a
ser desempenhado em uma situação similar. Em outras palavras, a freqüência
relativa ou intensidade de uma ação é modificada durante o condicionamento
operante. (DAVIDOFF, 2001, p. 109).
E, é justamente através dessa idéia transmitida pela autora, que os professores devem
se apoiar para buscar meios que possam alterar o comportamento dos alunos. Se for o caso de
alunos relapsos, o comportamento poderá ser alterado de tal forma que mude a conduta dos
mesmos em sala de aula, como por exemplo, prestar atenção na aula, ter interesse pela
matéria, e assim, promover condições para que ocorra ensino de qualidade. Pois o
condicionamento operante acontece sempre que uma ação é desempenhada pelo ser humano,
onde, a intensidade de tais ações faz com que haja uma mudança de comportamento no
indivíduo. Castro ressalta que:
10
Por meio do condicionamento operante, é mais provável que os organismos
repitam os comportamentos recompensados (reforçados) e menos prováveis
que repitam os comportamentos (punidos). Neste caso, a resposta do
organismo é o chamado comportamento operante. “Operante” porque o
psicólogo opera no ambiente para produzir estímulos de punição ou
recompensa. (CASTRO, 2006).
O ato de reforçar e punir estão totalmente ligados à questão da aprendizagem, o que
condiz com a mudança de comportamento, no entanto deve haver cuidado ao aplicá-lo em
sala de aula, de modo que venha contribuir tanto na formação escolar do aluno, quanto na
formação como indivíduo.
O conhecimento adquirido por um professor em relação ao condicionamento operante
pode ser útil para o ensino quando aplicado adequadamente no ensino, pois, é através do
mesmo, que o professores conseguem estimular os alunos a buscarem horizontes para uma
aprendizagem significativa, isto é, reforçando comportamentos adequados e punindo os
mesmos quando necessário, porém sempre tendo em vista que o primordial é a educação de
qualidade para o aluno.
Atualmente boa parte das escolas brasileiras está passando por um período muito
difícil em relação ao ensino e aprendizagem, são alunos com dificuldades de aprender, e
professores com dificuldades de transmitir conhecimento e, isso vem gerando alguns conflitos
sociais, pois, não é fácil identificar onde está déficit.
O condicionamento operante mostra que se há alguma distorção no comportamento de
um indivíduo, pode ser conseqüência do passado, ou seja, do ambiente que o indivíduo viveu
ou vive, da cultura do mesmo, ou da sociedade que a pessoa está inserida, e de forma
esclarecedora essa teoria explicita algumas maneiras de lidar com tais comportamentos, isto é,
reforçando as ações de um ser humano, para que haja uma mudança de comportamento. No
entanto é improvável que o comportamento do indivíduo ocorra de acordo com o que o
professor está impondo, pois teoria e prática nem sempre é algo relacionado.
O comportamento operante se refere a comportamentos públicos e privados, ou seja,
aos pensamentos e aos comportamentos que todos têm acesso, não podemos ser simplistas ao
entender o conceito de reforçar e punir as atitudes de um aluno porque há inúmeras
influências nesse conceito, porém, o que é garantido é que se o docente souber trabalhar
adequadamente com esses mecanismos, as chances de haver uma mudança de comportamento
são maiores, e na medida em que o aluno for aprendendo, a probabilidade de a mesma ser
agente do seu próprio conhecimento será contundente. De acordo com Marquesi,
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Por muitos anos, os estudiosos acreditaram que a aprendizagem ocorria
unicamente através dos processos de condicionamento. Embora esses
processos sejam fundamentais, pesquisas recentes afirmam que a
aprendizagem pode ocorrer através das mais variadas formas. O
condicionamento é um processo de aprendizagem e modificação de
comportamento através de mecanismos estímulo-resposta sobre o sistema
nervoso central do indivíduo. (MARQUESI 2011).
Isso nos remete a entender que o ato de ensinar e o ato aprender são muito complexos,
pois não há apenas uma maneira de obter aprendizagem e, nem uma fórmula correta para
ensinar.
É fundamental entender que a aprendizagem e a mudança de comportamento estão
interligadas, embora existam muitos fatores que impedem o ser humano a mudar seu
comportamento, mesmo tendo aprendido algo e, é explícito também que mesmo aplicando os
reforços sob uma determinada ação é improvável dizer que a pessoa mudará suas atitudes, no
entanto, é importante estudar a melhor maneira de aplicá-lo no âmbito escolar, para que se
tenha uma grande probabilidade de mudança no comportamento do aluno, e assim sendo, os
mesmos possam ser capazes de irem à busca do seu próprio conhecimento, refletindo,
interpretando e colocando em prática o que está sendo proposto.
1.2 Relevância do tema, diante da realidade das Escolas Brasileiras
Nos dias atuais o sistema educacional brasileiro depara-se com uma realidade não
muito agradável em relação ao ensino e aprendizagem das escolas públicas e até mesmo
particulares do nosso país.
A mídia repassa notícias insatisfatórias quanto à precariedade do ensino aprendizagem,
principalmente na disciplina de matemática, mas onde está o problema? No ensino? Na
aprendizagem? No professor? No aluno? Bom, não é fácil identificar onde está o problema,
porém, os estudos quanto a esses aspectos podem levar a compreensão de que há uma série de
fatores que influenciam a permanência do problema.
De acordo com as Reformas Curriculares, Marcelo ressalta que:
A partir dos anos 20 do século passado, os movimentos que aconteciam em
âmbito nacional em relação à reorientação curricular não conseguiram mudar
a prática docente para acabar o caráter elitista do presente ensino. Ainda hoje
as crianças, jovens e/ou adultos chegam às salas e cresce a aura de
dificuldade. O rendimento cai. A disciplina passa a ser o maior motivo de
reprovação. Mesmo assim a formalização ainda existe. (PCN’s 1997, apud,
MARCELO).
12
Isso nos remete a entender que uma das maiores dificuldades existentes para aprender
matemática, é a própria disciplina, ou melhor, dizendo, é a maneira pela qual os docentes
ensinam a disciplina, deixando para o aluno uma imagem de autoridade. Mas, essa é apenas
uma hipótese entre outras várias.
Explicar o fracasso dos alunos usando argumentos como: não têm base, são
desinteressados e o ensino está fraco, é o mesmo que buscar causas para tranquilizar o
professor diante do insucesso ao final de cada período. Parece uma atitude natural, mas, além
de não ser convincente, não resolve a questão. As hipóteses são muitas quanto ao baixo
rendimento do aluno.
O aluno chega fraco é uma expressão que muito se ouve. Mas o que é ser fraco? Essa é
a realidade que muitas vezes os educadores não conseguem enxergar no processo de ensino
aprendizagem, isto é, o que significa fraqueza, por que está fraco, de onde vem à fraqueza,
como trabalhar diante dessa realidade.
A falta de interesse do aluno em relação à disciplina matemática deve-se a muitos
fatores influentes, dentre as quais, a desmotivação, e até mesmo certo rigor que a disciplina
exige para compreender a mesma. O professor deve ter a percepção de que o significado do
insucesso de um aluno dá-se a uma série de fatores que circunde ia à vida do mesmo, levando
em consideração que o ambiente do aluno é um dos fatores principais. Tomando como ponto
de partida esse princípio, o professor obterá mais ênfase sob os problemas, pois, quando um
indivíduo atribui a falta de capacidade ou até mesmo o insucesso a outro indivíduo, sem levar
em consideração os fatores que o tornaram incapaz de aprender, o risco de o problema
permanecer é absoluto. Porém, ao entender que a maioria das atitudes de um ser humano é
reflexa do passado, o professor terá muitas chances de se sair com êxito sob uma situação
complicada.
A complexidade de um ser humano é notória em muitos aspectos, seja físicos ou
comportamentais, mas a preocupação aqui é desfragmentar o porquê se comporta de uma
maneira inadequada e o que fazer para mudar tais ações, principalmente no âmbito
educacional.
Embora os seres humanos sejam os que mais dependem da aprendizagem, é tamanha a
grosseria pensar que o comportamento humano é totalmente aprendido, podemos observar
que cientificamente existem dois fatores distintos que são inatos nos seres humanos, isto é, o
“reflexo”, que corresponde a um estímulo-resposta, como por exemplo, se o nariz está
coçando, você espirra, e os “padrões fixos de ação” que nos seres humanos podem ser
13
identificados como características da nossa espécie, como o sorriso por exemplo. No entanto
os padrões fixos podem ser modificados pela cultura ou ambiente de um indivíduo. Baum
destaca que:
Teriam os seres humanos esses padrões não aprendidos? Dentre todas as
espécies, a nossa parece ser a que mais depende da aprendizagem. Seria um
erro, no entanto, imaginar que o comportamento humano é inteiramente
aprendido. Nós temos muitos reflexos: tosse e espirro, sobressalto, o piscar,
a dilatação pupilar, a salivação, secreção glandular, e assim por diante. E
quanto os padrões fixos de ação? Esses são difíceis de serem reconhecidos
em seres humanos porque são bastante modificados por aprendizagem
posterior. Alguns podem ser reconhecidos porque ocorrem universalmente.
(BAUM, 1999, p. 74).
Portanto, é perceptível a complexidade existente nos seres humanos quanto ao
comportamento, porém, o condicionamento operante (reforço e punição) poderá contribuir
para uma aprendizagem significativa, uma vez que esse método é modelado a partir de nosso
repertório inato. Por isso há necessidade de entender um pouco mais sobre esse conceito.
1.2 Conceituando condicionamento operante
Todos os seres humanos possuem diversos comportamentos sejam eles inadequados
ou adequados, e para o aluno que está iniciando seus passos escolares é muito complicado
aderir aos padrões que são impostos na escola, ainda que venha favorecer o indivíduo.
Quando a educação de um aluno difere com a educação recebida na escola, os conflitos na
mente do aluno refletem em seu comportamento, nesse momento o que fazer? É uma
indagação que pode ser respondida se levarmos em consideração que a aprendizagem
operante é uma válvula de escape.
Baum (1999, p. 76) descreve que “as conseqüências tendem a modelar o
comportamento”. O condicionamento operante é referente ao comportamento que tem como
conseqüência um estímulo que afete a sua freqüência, ou seja, imaginemos um aluno péssimo
na disciplina de matemática, porém o professor ao identificar o seu déficit o ajuda de acordo
com as necessidades. Essa atitude do professor aparentemente pode parecer apenas o seu
trabalho, mas é muito provável que para o aluno essa ação do professor o mobiliza a buscar
variadas formas para obter a sua aprendizagem. Parece ser um exemplo simples, mas é
possível observar a presença da teoria do comportamento operante nesse contexto. A atitude
do professor em ajudar o aluno implica o estímulo, isto é, a conseqüência da atitude do
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professor gerou no aluno uma motivação para aprender à matéria, que por sua vez o próprio
aluno passa interessar-se pela disciplina e conseqüentemente buscar seus conhecimentos, ou
seja, o estímulo afetou a resposta (ação) do aluno. De acordo com Baum,
Eventos filogeneticamente importantes, quando são conseqüências de
comportamento, são chamados de reforçadores e punidores. Os eventos que,
durante a filogênese, aumentaram a aptidão por estarem presentes são
chamados reforçadores, porque tendem a fortalecer o comportamento que os
produz. Como exemplos temos alimento, abrigo e sexo. Se alimento e abrigo
puderem ser obtidos através de trabalho, então eu trabalho. Se chego ao sexo
através de rituais específicos de minha cultura – o namoro – então eu
namoro. Os eventos que aumentaram a aptidão durante a filogênese por
estarem ausentes são chamados punidores, porque tendem a suprimir (punir)
o comportamento que o produz. Como exemplos temos a dor, frio e a
doença. Se eu faço um agrado em um cão e ele me morde, será menos
provável que eu o acaricie novamente. Se comer amendoim me faz passar
mal, será menos provável que eu coma amendoim. Essas mudanças no
comportamento por causa de suas conseqüências são exemplos de
aprendizagem operante. (BAUM, 1999, p. 76 e 77).
O autor explicita de forma sucinta que fatores que são importantes para a própria
pessoa, quando está relacionado com conseqüências de comportamento, motivam e/ou
desmotiva o indivíduo a praticar uma determinada ação. Há motivação quando uma
conseqüência é reforçadora, como por exemplo, o aluno estuda porque boa nota trará para si
orgulho para os pais. Há desmotivação quando uma conseqüência for punitiva, como por
exemplo, boa nota não representará nada para seus familiares.
Para Baum (1999) “A lei do efeito é o princípio subjacente à aprendizagem operante.
Ela estabelece que, quanto mais uma ação é reforçada, mais ela tende a ocorrer e, quanto mais
uma ação é punida, menos ela tende a ocorrer”. O autor relata que a ação que produz
conseqüências satisfatórias, tende a aumentar. Porém a ação que produz conseqüências
insatisfatórias tende a diminuir, onde, através da lei do efeito dá-se à modelagem do
comportamento.
Baum descreve de forma clara e conclusiva de como a ação produz a reação em
relação ao comportamento e a aprendizagem.
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Baum (1999, p.77) descreve quatro tipos de relação que dão origem à aprendizagem
operante:
Relação
Reforçador
Punidor
Positiva
Reforço Positivo
Punição Positiva
Negativa
Punição Negativa
Reforço Negativo
Ação-Conseqüência:
Portanto no âmbito educacional é possível usar essas relações em sala de aula, para
que aumente a aptidão do aluno pela disciplina de matemática, porém, não desconsiderando,
que o ensino aprendizagem é dinâmico e, tampouco que a cultura, o ambiente e o próprio
repertório inato do aluno interferem em sua aprendizagem. Porém, é muito provável que o
comportamento do aluno mude para melhor.
16
CAPÍTULO 2 A INTERFERÊNCIA DO AMBIENTE NA VIDA DO ALUNO
Segundo Baum (1999, p.119) em um ser humano “há um mundo interno subjetivo e
um mundo externo objetivo”. Disso extraímos que a complexidade em relação a uma pessoa é
tamanha, pois, existem dois mundos que interfere no comportamento. Porém, o interesse é
mostrar as relações entre o comportamento público do ser humano, e comportamentos
interpessoais, ou seja, comportamentos quando envolvem duas ou mais pessoas.
Baum (1999, p.119) faz uma reflexão sobre o que o ser humano conhece melhor, o seu
mundo interno ou o seu mundo externo, porém ele afirma que para os behavioristas, essa
indagação pouco importa, o interessante é o que mais exerce controle sobre o comportamento
humano, estímulos públicos ou privados e, ele afirma que no mundo de uma criança em
desenvolvimento apenas os estímulos públicos são acessíveis ao outro e, isso torna mais fácil
reforçar os relatos verbais. Skinner afirma sobre o controle do comportamento pelo meio
ambiente que:
Não se nega a importância, qualquer que seja nossa filosofia do
comportamento, do mundo que nos cerca. Podemos discordar quanto à
natureza ou à extensão do controle que o ambiente mantém sobre nós, mas
que há algum controle é óbvio. O comportamento deve ser apropriado à
ocasião. (SKINNER, 2003, p. 142).
Portanto é contundente a força que o ambiente exerce sobre a vida de um ser humano,
por isso na maioria das vezes é importante que o educador procure entender o porquê o aluno
apresenta um déficit na aprendizagem, e mais, procure saber o porquê o aluno se comporta de
maneira inadequada, tendo em vista que há muitos fatores que influenciam em suas atitudes,
tais como, ambiente familiar, cultura, religião e muitos outros fatores que não são fáceis de
decifrar.
Num exemplo particular, vamos considerar que, ao chegar à sala de aula, é bem
possível que um dos estímulos que logo se apresentem seja a fala do professor dizendo bom
dia ou boa tarde. Na presença desse estímulo, existe uma probabilidade do aluno responder
dizendo bom dia (ou outra coisa educada de preferência), mas essa probabilidade não envolve
a eliciação da resposta, ou seja, isso quer dizer que o fato do professor ter dito bom dia não
elicia a resposta de dizer bom dia. É muito mais razoável pensar que a ocorrência ou não da
resposta de dizer bom dia, neste caso, esteja relacionada às conseqüências passadas dessa
17
resposta. Assim, a probabilidade do aluno responder ou não dizendo bom dia será maior ou
menor dependendo das conseqüências que esse tipo de comportamento já teve nesse tipo de
situação na sua história.
O indivíduo muitas vezes é exposto a uma situação social na qual um evento ambiental
é apresentado e que para ele, socialmente, certas respostas verbais foram construídas, sendo
algumas descritas como adequadas (são tradicionalmente reforçadas no grupo) e outras como
inadequadas (são tradicionalmente enfraquecidas, por punição e extinção, no grupo).
Portanto, o comportamento operante não depende de eliciação de respostas, mas sim
de uma história de conseqüências, onde a mesma indica uma fonte de controle sob os
operantes, ou seja, nessa teoria eventos ambientais que aconteceram no passado interfere na
probabilidade de agir de determinados modos no presente.
Segundo Skinner (2003, p. 138). “O meio ambiente é de tal modo construído que
certas coisas tendem a acontecer juntas. O organismo é de tal modo construído que seu
comportamento muda quando entra em contanto com este ambiente”. É intrínseca a influência
do ambiente sob a vida do ser humano, pois, o autor relata que o comportamento tende a
mudar de acordo com o contexto que o indivíduo está.
Como vimos no capítulo anterior, é fato que cada ser humano tem as suas
particularidades, cada indivíduo é diferente do outro por apresentar genótipos e fenótipos
diferentes, o que corresponde à complexidade de cada pessoa. Porém é considerável que os
fatores externos (ambiente) tendem a modelar o comportamento de um ser humano.
O caráter de um cidadão é formado por todos esses fatores até aqui discutidos, tendo
como principal fator a educação recebida pela família, pela comunidade e pela escola.
Contudo, o interesse é mostrar que um indivíduo ao entrar no espaço educacional depara-se
com muitos conflitos, fato que pode atrapalhar o relacionamento interpessoal, afetando seus
estudos. Estas dificuldades que permeiam a vida do aluno podem estar relacionadas com
diversos aspectos, dentre os quais, a escola transmitir um caráter elitista e autoritarista, ou
seja, impor padrões de ensino e regras assíduas, deixando transparecer que o professor é o
dono do saber, sem deixar que o aluno busque seu próprio conhecimento. Os estudos
sistematizados também podem deixar uma imagem aversiva ao que se pretende com o ensino.
Portanto a evidência de que o ambiente tende a mudar parte do comportamento
humano é certa. Como afirma Baum (1999, p. 110) “o comportamento muda na medida em
que muda o contexto”. Porém, a discussão norteia-se não no sentido de o que age no intelecto
do aluno ou simplesmente o que leva o aluno a ter comportamento inadequado, mas é levado
em consideração o próprio comportamento.
18
2.1 Conceitos de Reforço
Baum (1999, p. 82) destaca que “o reforço e a punição modelam o comportamento à
medida que ele evolui durante a vida de um indivíduo (durante a ontogênese do
comportamento)”.
Ao direcionar essa teoria para âmbito escolar, levando em consideração todos os
aspectos que interfere na aprendizagem, a probabilidade do aluno “responder” ao que o
professor está impondo é maior. Por exemplo, imaginemos um aluno, independentemente de
qual ano ele esteja cursando, com muitas dificuldades em matemática e mais que isso, o
mesmo não faz esforço algum para aprender, o educador ao deparar com algum tipo de
comportamento do aluno que evidencia isso, o mesmo poderá usar alguns métodos para tentar
estimular o aluno a aprender, tais como, elogios e atenção mais assídua, ou qualquer outro
evento que estimule o aluno a querer aprender.
Para Baum (1999, p. 142) “Em aprendizagem operante, sucesso e fracasso
correspondem a reforço e punição”. Com base nessa idéia impregnada pelo autor é
compreensível dizer que se um aluno age de uma determinada maneira e o educador identifica
o comportamento do mesmo, o ato de reforçar e punir estão totalmente ligados ao sucesso e
fracasso do aluno.
Nessa perspectiva o condicionamento operante em relação à educação, pode trazer
alguns benefícios. Por isso serão apresentados alguns conceitos dessa teoria para uma possível
mudança no caráter da escola, isto é, propostas que podem fazer com que o ensino e
aprendizagem tornem-se mais eficazes. Skinner descreve a característica da educação como:
A educação é o estabelecimento de comportamentos que serão vantajosos
para o indivíduo e para outros em algum tempo futuro. O comportamento
finalmente será reforçado em muitos do modos que já consideramos;
entrementes os reforços são arranjados pela agência educacional com
propósitos de condicionamento. Os reforçadores que usa são artificiais,
como sugerem expressões como “treino”, “exercício” e “prática”.
(SKINNER, 2003, p. 437).
A teoria do condicionamento operante está inteiramente associada ao reforço e
punição, observaremos a seguir a distinção desses dois conceitos, mostrando suas principais
características e o favorecimento que os mesmos podem apresentar no ambiente escolar,
especificamente no ensino da matemática.
19
Para Skinner (2003, p.72) o reforço no “comportamento operante é contingente a uma
resposta”, ou seja, o reforço só é aplicado quando o ser humano tem uma determinada ação.
Tendo em vista que o ato de fortalecer uma ação irá tornar provável a freqüência da mesma.
Porém, ao contrario do que muitos pensam, o ato de reforçar condiz com qualquer evento que
aumente freqüência de uma determinada resposta (ação). No entanto, porque um reforçador
reforça? De acordo com Skinner (2003, p. 90) “uma teoria é que um organismo repete uma
resposta porque acha sua conseqüência agradável ou satisfatória”.
A maioria dos reforços apresentados nos seres humanos são os condicionados, onde o
mesmo é com freqüência, o produto de contingências naturais, como Skinner (2004, p. 84) diz
“os reforçadores condicionados são, com freqüência, o produto de contingências naturais”, ou
seja, são eventos que possibilitam o reforçamento naturalmente, como por exemplo, escovar
os dentes, ou também, dizer boa noite ao dormir.
Existem duas formas de reforço que são: reforço positivo e reforço negativo. Ambos
apresentam características em reforçar um determinado comportamento, sendo que, o
indivíduo aprende qual o comportamento desejável para alcançar um determinado objetivo.
Ressaltando que a eficácia do reforço dependerá do tempo e espaço em relação ao
comportamento que se pretende modelar. Para jamais incidir com outro tipo de
comportamento que não esteja em questão. Skinner afirma que:
Os eventos que se verifica serem reforçadores são de dois tipos. Alguns
reforços consistem na apresentação de estímulos, no acréscimo de alguma
coisa, por exemplo, alimento, água, ou contato sexual – à situação. Estes são
denominados reforços positivos. Outros consistem na remoção de alguma
coisa – por exemplo, de muito barulho, de uma luz muito brilhante, de calor
ou de frio extremos, ou de um choque elétrico – da situação. Estes
denominam reforços negativos. Em ambos os casos o efeito do reforço é o
mesmo: a probabilidade da resposta será aumentada. (SKINNER, 2003, p.
81).
O reforço positivo fortalece as chances do comportamento pretendido, levando em
consideração que quando o comportamento desejado é alcançado é adicionada a recompensa.
Para exemplificar o reforço positivo na educação consideremos que dentro de uma sala de
aula a maioria dos alunos presta à atenção na disciplina de matemática e conseqüentemente
obtém boas notas. A dependência entre prestar atenção e obter boas notas é um exemplo de
reforço positivo. Reforço porque a relação tende a fortalecer a ação (prestar atenção), e
positivo porque a ação torna provável o reforçador (boas notas).
20
No caso concreto do reforço positivo, este consiste num estímulo que se segue a uma
determinada resposta (comportamento) e aumenta a ocorrência desta resposta. Dos reforços
utilizados, os mais comuns são: palavras, expressões, proximidade física, materiais e prêmios.
Por exemplo, após um aluno realizar uma tarefa com sucesso o professor pode reconhecer
com palavras elogiosas o comportamento desta criança. Esta postura do professor poderá
aumentar a ocorrência deste comportamento no aluno, pela gratificação que representa para a
mesma.
O reforço positivo no espaço educacional pode ser entendido também, quando o aluno
aprende qual o comportamento desejado para alcançar determinado objetivo. Outro exemplo
seria a gentileza do aluno acarretaria a gentileza do professor, é reforço porque esta relação
dá-nos a idéia de fortalecimento da ação (ser gentil), e positivo porque esta atitude do mesmo
torna provável o reforçador (gentileza do professor). Portanto, o reforço positivo fortalecerá a
probabilidade do comportamento pretendido, uma vez que, é atribuída a recompensa e,
segundo Skinner (2003, p. 440) os reforçadores usados pelas instituições educacionais
“consistem em boas notas, promoções, diplomas, graus e medalhas, todos associados como
reforçador generalizado da aprovação”.
O reforço negativo embora tenha o mesmo objetivo do reforço positivo, isto é, reforçar
um determinado comportamento, apresenta um estímulo aversivo, (diz-se que um estímulo é
aversivo apenas quando sua remoção for reforçadora), ou seja, este elemento é adicionado ao
ambiente e quando o comportamento desejado é alcançado o mesmo é retirado. Delitti e
Thomaz afirmam que:
O termo reforçamento negativo é definido como um procedimento no qual
há uma retirada ou evitação de um estímulo aversivo contingente a uma
resposta, que aumenta de freqüência posteriormente. Existem, basicamente,
dois tipos de operações que se caracterizam como reforçamento negativo:
fuga e esquiva. Respostas de fuga produzem o fim do contato com um
estímulo aversivo, respostas de esquiva evitam o contato com esse estímulo.
Se estas respostas aumentarem de freqüência no futuro, considera-se que
foram reforçadas negativamente. (DELITTI E THOMAZ, 2004, p.56).
Com base nas autoras, este consiste em associar um comportamento a uma emoção
desagradável no aluno, por exemplo, e irá reduzir a ocorrência deste comportamento. Além de
reduzir a ocorrência de um comportamento menos desejável, a ausência do reforço negativo
aumenta a ocorrência de um comportamento positivo. Na utilização do reforço positivo ou
negativo é importante que o professor tenha em atenção que um reforço não tem a mesma
21
interpretação para todas as crianças, Os reforços implicam algum conhecimento de cada
criança para conhecer o que, de fato, poderá representar uma associação positiva ou negativa
para cada criança.
Para exemplificar o reforço negativo, imaginemos que numa sala de aula existam
alguns alunos que se mostram desempenho pela disciplina de matemática, para evitar broncas
do professor, denomina-se reforço porque a relação tende a manter empenho pela matéria
(ação), e negativo porque as broncas do professor tornarão menos prováveis. Neste caso
podemos considerar que esta operação é a de esquiva, pois o aluno está evitando o contato
com o estímulo aversivo, que seria as broncas.
Outro exemplo seria o professor voltar a deixar os alunos irem ao intervalo em função
de que os mesmos estão estudando mais. Neste caso o professor estaria removendo o estímulo
aversivo que estava causando o desprazer após obter a resposta pretendida, ou seja, os estudos
com mais veracidade por parte dos alunos. Nesta situação podemos considerar que esta
operação é a de fuga, pois, para obterem novamente o direito de saírem para o intervalo das
aulas, foram necessários que os alunos se dedicassem mais aos estudos.
Portanto é perceptível que ambos os casos (reforço positivo e reforço negativo),
incidem o comportamento pretendido por parte do experimentador. Devemos ter em mente
que, “reforço” sempre será o aumento de freqüência de uma resposta, “negativo” refere-se ao
fato de uma resposta eliminar um estímulo aversivo, e “positivo” consiste na apresentação de
um estímulo pela emissão de uma resposta.
2.2 Conceitos de Punição
A punição é muitas vezes confundida com o reforço negativo, pois em ambos os casos
encontra-se inserido o elemento punitivo. Mas ao contrário do reforço negativo, o objetivo da
punição é levar a extinção de um comportamento indesejado, isto é, na medida em que o
tempo passe a probabilidade do mesmo ocorrer novamente diminui. Skinner ressalta que:
A técnica de controle mais comum da vida moderna é a punição. O padrão é
familiar: se alguém não se comporta como você quer, castigue-o; se uma
criança tem mau comportamento, espanque-a; se o povo de um país não se
comporta bem, bombardeie-o. (...) A educação não abandonou inteiramente
a palmatória. No contato pessoal diário controlamos através de censuras,
admoestações, desaprovações ou expulsões. Em resumo, o grau em que
usamos punição como uma técnica de controle parece se limitar apenas ao
grau em que podemos obter o poder necessário. Tudo isso é feito com a
intenção de reduzir tendências de se comportar de certa maneira. O reforço
22
estabelece essas tendências; a punição destina-se a acabar com elas.
(SKINNER, 2003, p.199).
No entanto a punição é uma técnica questionável, pois esse tipo de estímulo aversivo
provoca no sistema nervoso reações desfavoráveis quanto à aprendizagem, tais como,
ansiedade, falta de alto-estima e/ou até mesmo depressão. Além do mais o comportamento
punido não é esquecido, mas sim suprimido, ou seja, pode ser que ao extinguir a punição, o
comportamento indesejado volte a ocorrer. Outro fator interessante de ser observado é que
apesar de suprimir o comportamento indesejado, não guia o indivíduo para um
comportamento mais desejável. Como afirma Skinner (2003, p.199) “os estímulos aversivos
necessários geram emoções, incluindo predisposições para fugir ou retrucar, e ansiedades
perturbadoras”.
Portanto é perceptível que a punição não é o oposto do reforço, ou seja, não funciona
subtraindo respostas, o que a punição faz? Qual é o efeito da retirada de um reforço positivo
ou a inserção de um estímulo aversivo? Um exemplo primeiro seria um professor dar notas
baixas para os alunos, um exemplo do último seria castigá-los. Essas duas possibilidades
apresentam construir o campo da punição.
Segundo Skinner (2003) existem três efeitos da punição, sendo que o primeiro efeito
dos estímulos aversivos usados na punição está relacionado à situação imediata, ou seja, punir
um comportamento indesejável em certo momento. Esse ato de punição apesar de ser
poderoso para suprimir o comportamento, não é considerável que seja típico do controle pela
punição, pelo fato do comportamento de quem recebeu a punição ser temporário. Para
exemplificar, imaginemos um professor fazendo expressão facial para o aluno ao perceber que
o mesmo estava sorrindo durante a explicação. Embora o aluno pare de sorrir naquele
momento, não impedirá que o mesmo torne a sorrir em outro ambiente.
O segundo efeito da punição considera o efeito da mesma permanente, ou seja, é
esperado que uma mudança no comportamento seja observada no futuro, ainda que não haja
mais punição. Exemplificando essa situação, consideremos um aluno se comportando de
forma inadequada, o simples fato de o professor punir consistentemente o mesmo depois de
ter dito “Não, não!”, é provável que o aluno seja controlado simplesmente ao dizer-se “Não,
não!”. Embora esse contexto funcione na mesma direção da punição, esse não é o principal
efeito da mesma.
O terceiro efeito da punição é muito mais importante uma vez que é estabelecido que
os estímulos aversivos sejam evitados por qualquer comportamento desejável, a fim de
23
eliminar a punição, um exemplo seria um aluno responder as atividades de matemática, a fim
de evitar complicações, desta forma o mesmo evitará a estimulação aversiva de não cumprir o
dever, simplesmente cumprindo-o.
Portanto, embora punir comportamentos indesejados seja mais fácil, tendo em vista
que seus efeitos são mais imediatos, do que reforçar os comportamentos desejados, a punição
gera respostas não condizentes com o comportamento que queremos ensinar. Por isso, o
controle aversivo não é o melhor caminho ao ensinar (modelar) um determinado
comportamento, pois, segundo Banaco (2004 p. 64) é muito provável que ocorrerá eventos
como: eliciação de respostas emocionais, supressão de outros comportamentos além do que
estiver sendo punida, emissão de respostas incompatíveis ao comportamento punido e contracontrole.
A eliciação de respostas emocionais refere-se ao momento em que o indivíduo entra
em contato com o controle aversivo, ou seja, quando isso acontece é eliciada várias respostas
emocionais, como palpitações ou até mesmo tremores.
A Supressão de outros comportamentos além do que estiver sendo punido pode ser
compreendido como a redução de outros comportamentos em função da aplicação do estímulo
aversivo sobre o comportamento indesejável. Levando esse conceito para o espaço
educacional, podemos destacar alguns prejuízos na aprendizagem do aluno, por exemplo,
vamos considerar que um aluno ao errar uma avaliação realizada pelo professor, seja criticado
pelo mesmo, isso poderá afetar muitos comportamentos do aluno, um deles seria a rejeição
por avaliação e conseqüentemente obteria notas baixas.
É possível entender emissão de respostas incompatíveis como: o indivíduo que é
punido tende a emitir outras respostas (ação) que torne menos provável a repetição da
punição, ou seja, diminui a probabilidade de emitir o comportamento que estiver sendo
punido. Um exemplo no espaço educacional seria um aluno que na maioria das vezes tira
notas altas nas disciplinas, deixa de tirar notas altas por causa de apenas uma nota baixa.
O contra-controle é o mais indesejado de todos, pois, o indivíduo que é controlado
reage com uma nova resposta, onde a mesma impede que o agente que está controlando
exerça controle sobre o indivíduo. Um exemplo interessante seria o aluno que para escapar
das broncas da professora por não ter feito o dever de casa atribui a culpa a algo ou alguém.
As punições podem ser de dois tipos: punição positiva, quando experiências aversivas
são adicionadas, e punição negativa, quando facilitadores do comportamento são subtraídos.
Ambas as técnicas levam aquilo que chamamos de extinção. Banaco ressalta que:
24
O efeito mais claro buscado na aplicação da punição positiva é o de eliminar
uma resposta imediata e completamente do repertório de um indivíduo.
Também como visto até esse ponto, é muito difícil, a partir dessa definição,
discriminar qual o procedimento de punição, pois outros procedimentos
também teriam esse efeito. Talvez, enfim, seja nos “efeitos colaterais” da
punição que encontram-se sua especificidade. (BANACO, 2004, p. 64).
O autor explica de forma proveitosa como a punição positiva pode ser definida em
termos de comportamento, ou seja, a objeção da mesma é eliminar uma resposta inadequada
usando estímulos aversivos. Embora não seja fácil dizer quais elementos punitivos devem ser
adicionados em um mau comportamento a fim de extingui-lo, é correto ressaltar que os efeitos
colaterais, tais como, dor, medo, ansiedade e etc., da punição pode ser exemplo para eliminar
uma ação imediata.
No entanto, é plausível entender que a punição positiva, refere-se à aplicação de
estímulos aversivos a fim de diminuir ou extinguir um comportamento inadequado, em
proveito de um comportamento melhor. Queiroz (2004, p. 73) descreve que “a palavra
positiva não é usada como uma conotação valorativa, mas como termo matemático: adicionase o estímulo aversivo; ele é acrescentado”.
Para exemplificar esse conceito imaginemos que numa sala de aula existam alunos
imperativos, que não dão atenção a explicação do conteúdo transmitido pelo professor. Nesse
aspecto a punição positiva poderia ser denotada como a utilização de um estímulo aversivo,
ou seja, dar-lhes broncas, ou até mesmo ironizá-los.
A punição negativa refere-se na retirada de conseqüências reforçadoras positivas em
função de um comportamento inadequado, ou seja, na punição negativa há remoção de algo
que seja satisfatório para o indivíduo. Queiroz exemplifica algumas situações de
procedimento de punição negativa:
O procedimento de punição envolve a remoção de um estímulo reforçador
positivo contingente à resposta emitida. Ou seja, ao emitir a resposta, o
estímulo reforçador que estava disponível, ou presente, é retirado, por
exemplo: a criança está carregando uma bandeja com lanche e refrigerante,
tropeça e os deixa cair; a criança responde ao pai com um palavrão, então,
ele a proíbe de assistir ao desenho preferido; ou uma criança é proibida de
brincar com o amigo por ter tirado nota baixa na escola. As três ocorrências
– perder o lanche e o refrigerante, não assistir ao desenho preferido e não
brincar com o amigo – são exemplos de estímulos reforçadores positivos
removidos contingentemente às respostas emitidas. Essas situações
exemplificam o procedimento de punição negativa, no qual a conseqüência
reforçadora positiva é removida contingente à resposta. (QUEIROZ, 2004, p.
73).
25
Com base na autora é possível exemplificar a presença da punição negativa no âmbito
educacional. Imaginemos que numa sala de aula existam alunos imperativos, que não dão
atenção a explicação do conteúdo transmitido pelo professor, o mesmo caso do exemplo
acima, porém, em vez de aplicar um estímulo aversivo, remove algo que seja satisfatório para
o aluno, como, deixar sem intervalo, ou até mesmo proibir de jogar futebol no intervalo da
aula.
Da mesma forma que a palavra positiva não funciona como conotação valorativa, a
palavra negativa também não funciona, mas o termo vem do conceito matemático de subtrair,
diminuir, ou seja, remover algo satisfatório em prol de um comportamento adequado.
2.3 O reforço pode agir com eficiência
Embora a punição possa dar idéia de que haja com mais eficácia sobre o reforço, por
apresentar uma mudança de comportamento imediata, é ilusório uma vez que, a punição, seja
ela positiva ou negativa, funciona apenas para suprimir momentaneamente comportamentos
indesejáveis, ou então na presença do agente punidor. Por isso é uma técnica questionável.
Portanto, a presença do reforço no âmbito educacional prevalece sobre a punição, uma
vez que, a punição gera uma série de fatores que atrapalham o ensino aprendizagem do aluno
e, fundamentando-se em autores renomados foi comprovado que o reforço é um dos
principais mecanismos que pode contribuir para uma aprendizagem significativa, isto é, uma
mudança de comportamento oriundo da experiência. Moreira retrata que:
Skinner não enfatiza a analise de estímulos. Para ele o importante é não
concentrar-se no lado dos estímulos, mas sim do lado do reforço, sobretudo
nas contingências de reforço. Isso também significa que, numa situação de
aprendizagem, a partir das respostas do sujeito e a partir do reforço
estabelecido para essa resposta é que vamos analisar a probabilidade daquela
resposta ocorrer novamente e, assim, controlar o comportamento. Para
Skinner, aprendizagem ocorre devido ao reforço. Não é a presença do
estímulo ou a presença da resposta que leva a aprendizagem, mas sim, a
presença de contingências de reforço. O importante é saber arranjar as
situações de maneira que as respostas dadas pelo sujeito sejam reforçadas e
tenham sua probabilidade de ocorrência aumentada. (MOREIRA, 2002,
p.16, apud Oliveira).
Embora tenhamos especificado os eventos reforçadores e punidores de forma
esclarecedora, suas características e, principalmente suas vantagens e desvantagens para o
espaço educacional, esses eventos (reforçador e punidor) podem ter diversos significados, isto
26
é, a atenção de um aluno pode significar como reforçador para o professor o ensinar, do
mesmo modo, a desmotivação do aluno pode ser um evento muito aversivo.
Apesar de sabermos de forma geral o que usualmente funciona como eventos
reforçadores e punidores para as pessoas, isso pode variar de indivíduo para indivíduo. Por
exemplo, para um aluno os elogios do professor são muito reforçador, o que faz com que os
comportamentos que promovem elogios aumentem de freqüência, porém, para outro aluno
nada mais é reforçador do que obter as soluções dos problemas matemáticos, mesmo que não
obtenha os elogios do professor.
Por isso a tarefa dos bons professores é conhecer individualmente seus alunos, mesmo
sendo um trabalho difícil, para que seja possível identificar quais aspectos ou eventos
funcionam como reforçadores para cada um deles, e dessa forma poder planejar atividades de
ensino que os motivem a ir à busca do seu próprio conhecimento, uma vez que, a motivação é
um dos fatores principais no processo de ensino aprendizagem.
27
CAPÍTULO 3 UM MODELO ESCOLAR
Embora a realidade venha apresentar um quadro lamentável em relação aos
mecanismos de ensino e aprendizagem no âmbito educacional, é possível encontrar algumas
soluções para se chegar à escola necessária para os novos tempos, tendo em vista um ensino
de qualidade e uma aprendizagem significativa em relação à matemática. De acordo com
Libâneo,
A escola necessária para fazer frente a essas realidades é a que provê
formação cultural e científica, que possibilita o contato dos alunos com a
cultura, aquela cultura provida pela ciência, pela técnica, pela linguagem,
pela estética, pela ética. Especialmente, uma escola de qualidade é aquela
que inclui uma escola contra exclusão econômica, política, cultural,
pedagógica. (LIBÂNEO, 2001, p. 40).
A idéia do autor está inteiramente ligada ao que se busca de uma escola para os dias
atuais, ele ressalta que uma escola necessária frente a tantos problemas é a que prepara os
alunos a viver no capitalismo, embora o caráter do mesmo seja individualista, não valorizando
o esforço do indivíduo, mas, isso foi o que os agentes da sociedade impuseram a si mesmos,
no entanto, é extremamente importante saber lidar com o ser humano, levando em
consideração todos os aspectos que circunde a vida do aluno, e prepará-lo de forma que não
afete sua personalidade.
Quando o autor se refere que uma escola de qualidade é aquela contra exclusão
econômica, política, cultural e pedagógica, percebe-se que para alcançar esse alvo é
importante enfatizar que o professor deve conhecer individualmente a vida de cada um dos
alunos, porém sem invadir a sua privacidade, para que consiga trabalhar as dificuldades dos
mesmos, seja ela qual for, há uma necessidade do professor ser sábio quanto aos
comportamentos dos educando, para obter ênfase sobre o problema.
3.1 Uma proposta de ensino da matemática
Para apresentar possíveis soluções para o ensino e aprendizagem de matemática, faz se
necessário entender alguns aspectos que afligem a mesma, pois, identificando o problema,
tornar-se-á menos árduo encontrar possíveis soluções. Chagas faz algumas considerações
sobre as causas do lastimoso ensino matemático:
28
Inadequação do ensino de matemática em relação ao conteúdo, à
metodologia de trabalho e ao ambiente em que se encontra inserido o aluno
em questão. “Má” formação de professores, ou seja, falta de capacitação
docente. Programas de matemática não flexíveis e muitas vezes baseados em
modelos de outros países e, conseqüentemente, são modelos que muitas
vezes não representam a realidade sócio-econômica do país. Falta de
compreensão e domínio dos pré-requisitos fundamentais que ajudariam este
estudante a obter um bom desenvolvimento nas aulas de matemática.
Desvalorização sócio-econômica dos professores. (CHAGAS 2004 p. 241).
São muitos eventos aversivos que contribuem para que o ensino aprendizagem não
seja eficaz, alguns aspectos seriam, falta de contextualização do conteúdo matemático com o
cotidiano do aluno, pois, é fato que algo se torna concreto para o aluno quando há
demonstrações de que aquilo que sendo ensinado faz parte do seu cotidiano, ou seja, que há
utilizações da matemática no dia a dia do aluno.
A metodologia de trabalho não é satisfatória, isto é, os métodos que são usados nas
aulas de matemática são corriqueiros, não mudam, são apenas aulas expositivas e exercícios
de fixação, não há criatividade ao planejar uma aula de matemática.
Má formação do professor, ou seja, o docente não é capacitado para ensinar, ou até
mesmo, as instituições de ensino não capacitam da maneira correta, a fim de formar um
professor que invés de simplesmente transmitir conhecimento, propicie ao aluno maneiras de
o próprio buscá-lo.
Falta de compreensão de alguns pré-requisitos por parte dos alunos, isto é, os alunos
chegam à escola sem conhecimentos prévios que poderiam ajudar no processo de ensino,
facilitando à sua própria compreensão em relação à matemática.
A desvalorização do professor no que diz respeito ao salário, ou seja, o professor não é
remunerado da forma que deveria, pois, é perceptível que nessa classe de trabalhadores, o
salário não é condizente com o trabalho exaustivo que os mesmos exercem. Carvalho
descreve que:
É interessante notar que pesquisas em educação matemática têm mostrado
que as mesmas crianças que manipulam números com destreza em diversas
atividades fora da escola, fracassam nas aulas de matemática, o que
evidencia falhas no ensino que não tem incorporado os números utilizados
no cotidiano. Esses “números do dia-a-dia”, como estão integrados num
contexto, adquirem significo para os alunos, que, portanto, têm sucesso em
seu manejo. Os significados atribuídos aos números fora da escola devem ser
considerados e incorporados na abordagem mais ampla que esse assunto
assume na sala de aula. A humanidade precisou de séculos de cultura para
descontextualizar o número; não podemos esperar que o aluno faça
espontaneamente ao entrar na escola. (CARVALHO, 1994, p.33).
29
Há a necessidade de quebrar alguns conceitos quanto à forma de ensino do conteúdo
matemático, isto é, esquecendo a formalidade. É intrínseca a necessidade de quebrar regras,
sendo criativo ao ensinar um determinado conteúdo, abrindo caminhos para que o aluno tenha
possibilidade de buscar seu conhecimento, e acima de tudo haver contextualização do
conteúdo com a vida cotidiana do mesmo.
Todos esses fatores discutidos até aqui contribuem para uma má formação do aluno,
afetando assim, o ensino, neste caso, matemático, pois são estímulos aversivos incorporados
na educação. No entanto, existem algumas possíveis soluções para o real problema do ensino
de matemática no Brasil, minimizando alguns aspectos negativos que levam ao fracasso no
ensino da matemática. De acordo com Chagas,
O fundamental dentro do processo de ensino-aprendizagem é a alteração de
“como ensinar” para “como os alunos aprendem e o que faço para favorecer
este aprendizado”. Para isso, devemos entender que os conteúdos direcionam
o processo ensino-aprendizagem onde priorizam-se a construção individual e
a coletiva. Com isso, oportunizamos situações em que os educando
interagem com o objeto de conhecimento e estabelecem suas hipóteses para
que estas sejam, posteriormente, confirmadas ou reformuladas. (CHAGAS,
2004, p. 246).
Ensinar sob um padrão que o professor desenvolve não favorece um ensino eficaz para
o aluno, no entanto o que torna o ensino-aprendizagem eficaz é o docente entender a melhor
maneira para favorecer o conhecimento ao aluno, tendo em vista que um fator possível que os
levam à compreensão são como eles aprendem, ou seja, entender que existem requisitos que
fazem com que os mesmos entendam a matéria.
Portanto, é necessário que o professor conheça as dificuldades dos seus alunos,
embora, seja um trabalho árduo, para que o mesmo possa saber como trabalhar em sala, e
sabendo que dentro de uma sala de aula existem culturas e valores diferentes, evidenciados
através do comportamento, o professor poderá lidar com cada situação. Usando, talvez o
melhor reforçador para os alunos de matemática, a contextualização de conteúdos. Chagas
descreve outro fator predominante na educação matemática:
Entendo que o primeiro passo a ser dado é a ruptura da educação matemática
com o modelo tradicional, optando-se por um contexto mais construtivista,
onde os alunos devem analisar um determinado problema para que, só então,
passem a compreendê-lo. É importante aqui que o professor ofereça espaço
para discussões e interaja continuamente com seus alunos. (CHAGAS, 2004,
p. 246).
30
No modelo tradicional de ensino, o professor é detentor do saber e os alunos são como
receptores, ou seja, recebe as informações, fato que já fora comprovado que não leva a
ascensão do ensino-aprendizagem. No entanto, o que pode melhorar o quadro do ensino
matemático é aluno ser agente do seu próprio saber, buscando as informações necessárias para
seu conhecimento, havendo uma interação entre aluno e conhecimento, e a função do
professor é organizar atividades, a fim de que os mesmos possam ir à busca. Esses fatores
poderão contribuir para que os alunos possam tornar-se ágeis e hábeis em relação à
aprendizagem. De acordo com Chagas,
O professor deve se dar conta que para um bom aprendizado de matemática
é fundamental que o aluno se sinta interessado na resolução de um problema
qualquer que seja ele, despertando assim, a sua curiosidade e criatividade.
(CHAGAS, 2004, p. 246).
O ensino da matemática deveria estar relacionado com experiências que produziriam
nos alunos o gosto pela matéria, Chagas (2004, p. 247) faz uma consideração muito relevante
em relação ao ensino da matemática, “o ensino da matemática, deveria estar apoiado em
experiências agradáveis, capazes de favorecer o desenvolvimento de atitudes positivas, que,
por sua vez, conduzirão a uma melhor aprendizagem e ao gosto pela matemática”.
Portanto, foram identificados estímulos aversivos dentro da educação, que fazem com
que não sejam produtivas as aulas de matemática, estímulos estes, arraigados desde muito
tempo atrás. Porém foram feitas sugestões para que o ensino aprendizagem de matemática
possa ter uma possível mudança, sugestões estas relacionadas ao reforço positivo, não apenas
em casos particulares, mas em âmbito geral.
3.2 Reforço: possíveis efeitos desejáveis
No capítulo anterior foram conceituados o reforço e a punição, e foi visto que o
conceito de reforço no âmbito educacional pode ser a melhor maneira de sobressair em meio
aos conflitos do comportamento do aluno. Agora, os professores enquanto agentes da
educação devem apropriar-se a essa teoria para que suas aulas possam ser mais produtivas.
Foram discutidos alguns temas envolvendo o comportamento humano, considerando
os eventos que supostamente atrapalham dentro de uma sala de aula e, porque atrapalham.
Conclui-se que dentro de uma sala de aula existem muitos fatores que interferem no
comportamento do aluno, que faz com que o ensino e conseqüentemente a aprendizagem não
sejam produtivos, tais como, o ambiente do indivíduo, o rigor com que é transmitido o
conteúdo, principalmente matemático, ou/e a falta de contextualização dos conteúdos,
causando ao aluno uma estimulação completamente aversiva à disciplina de matemática.
31
Serão apresentadas contingências de reforços, ou seja, possibilidades de um evento
reforçador, reforçar um comportamento, o que poderá contribuir para a formação do
educando, porém, não seremos simplistas ao restringir um padrão de ensino, pois o ensino
aprendizagem são dinâmico e muito complexo para fazer restrições. Mas, é correto entender
que, o que será apresentado é possíveis mudanças no comportamento do aluno através do
reforço, sem esquecer que Skinner (2004, p. 80) relata que “a única maneira de dizer se um
dado evento é reforçador ou não para um dado organismo sob dadas condições é fazer um
teste direto”.
Podemos exemplificar esse conceito de Skinner da seguinte maneira: o professor ao
observar um determinado comportamento do aluno, aplica um reforço, se houver uma
mudança na freqüência do comportamento, podemos considerar que o evento que o professor
aplicou realmente foi um reforço.
É muito importante destacar que a conseqüência de um comportamento operante só
pode ser considerada como um reforço quando a freqüência desse comportamento aumenta
após a apresentação contingente desse estímulo conseqüente. Não podemos definir, a
princípio que elogios, por exemplo, são estímulos reforçadores para todos os comportamentos
de todas as pessoas. Para algumas pessoas tímidas, por exemplo, homenagens e elogios
públicos podem ser constrangedores a tal ponto que reduzem a freqüência da resposta que os
gerou.
Portanto, para atestar a função reforçadora do estímulo é preciso verificar o efeito que
esse estímulo provoca, quando apresentado contingentemente a uma resposta operante. Se
verificar aumento da freqüência da resposta é porque o estímulo exerceu, de fato, a função
reforçadora.
Os efeitos do reforço aplicado dentro de uma sala de aula, por exemplo, pode
contribuir para uma aprendizagem significativa uma vez que, compreende em estimular o
aluno a sentir-se interessado pela busca do conhecimento. Para Madi, o reforçamento tem dois
efeitos:
O efeito de prazer e de fortalecimento. Eles ocorrem em diferentes
momentos e são sentidos como coisas diferentes. Quando nós sentimos
prazer, nós não estamos necessariamente sentindo uma maior inclinação para
agir da mesma forma. (MADI, 2004, p. 49, apud Skinner).
Os professores podem promover alguns efeitos desejáveis das contingências de
reforçamento em suas aulas de matemática, para que os alunos sintam-se motivados a
aprender, uma vez que no processo de ensino aprendizagem de matemática deve haver uma
32
junção entre a atividade de o professor ensinar com a atividade do aluno aprender, como
descreve Chagas (2004, p. 247) “não podemos nos esquecer que o ensino de matemática tem
caráter bilateral, pois combina a atividade do professor – ensinar – com a atividade do aluno –
aprender”.
Os eventos que tornam os reforços positivos possíveis de acontecer são fundamentais
para fazer com que um indivíduo produza auto-estima e autoconfiança, ou seja, a atenção e o
afeto são exemplos de eventos reforçadores. Madi relata que:
As contingências de reforçamento positivo são fundamentais para garantir o
fortalecimento de comportamentos, promoverem o aumento da variabilidade
comportamental e produzir sentimentos de auto-estima e autoconfiança.
(MADI, 2004, p. 53).
Portanto, o reforço pode ser aplicado numa sala de aula a fim de promover no aluno
um desejo de ir à busca do seu próprio conhecimento, não restringindo a matemática como
apenas uma disciplina pronta e acabada, mas dando a visão de que a mesma é ilimitada no
sentido de ser abrangente em diversas áreas do conhecimento, dessa maneira é provável
promover no aluno motivação e auto-estima de tal forma que o mesmo interesse pela
matemática. Goulart ressalta que:
Não estamos preparados para o uso de técnicas que produzam mudanças
comportamentais através da manipulação de variáveis externas. No entanto,
poderíamos, através da ciência, organizar um mundo em que as pessoas
aprenderiam, seriam sábias e boas, sem “ter de ser” ou sem “escolher ser”.
Bastaria que aprendêssemos a manipular variáveis que tornassem possível a
pessoa aprender as coisas sem esforço; isto seria um resultado ideal.
(GOULART, 2001, p. 56).
Ao direcionar o que o autor está relatando para o ensino e aprendizagem, o mesmo
relata que um indivíduo não está preparado para usar as técnicas para promover uma mudança
de comportamento em outro indivíduo, porém, através da ciência o que se pode fazer é
observar as contingências de reforço que possam produzir em determinadas pessoas uma
mudança de comportamento, tornando-as sábias e boas, capaz de desenvolver ações que
produzam efeitos desejáveis em sua aprendizagem, tais como, interessar-se pela matéria,
prestar atenção na aula, refletir sobre o conteúdo, analisar as situações problemas, interpretálas e por fim colocá-las em prática, desenvolvendo assim conhecimentos em relação ao que
está sendo ensinado. Desta maneira o ensino-aprendizagem em relação à matemática poderia
ser eficaz, uma vez que, essas ações são reforçadoras para o próprio aluno, ou seja, esses
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comportamentos ajudam a propiciar aos próprios alunos capacidades de entender e
desenvolver aprendizagem em relação à disciplina.
Portanto, o papel do professor não é apenas conhecer os reforços e aplicá-los em sala
de aula, antes, porém, é conhecer a individualidade de cada aluno, para que possa aplicar o
reforço adequadamente, de modo que venha favorecer a aprendizagem de cada aluno
individualmente, tendo a percepção de que não existem fórmulas de reforço. Mas, o professor
como educador, conhecendo os aspectos do reforço, tais como, as possibilidades que farão
com que o aluno passe a interessar-se pelo que está sendo ensinado, isto é, conhecendo
melhores maneiras de aplicá-los, poderá ser possível alterar o comportamento do aluno. De
acordo com Kohlenberg e Tsai,
Usamos o reforçamento no seu sentido técnico, genérico, referindo-se a
todas as conseqüências ou contingências que afetam (aumentam ou
diminuem) a força do comportamento. A definição de reforçamento é
funcional, ou seja, algo que pode ser definido como um reforçador se, depois
da sua apresentação, há o efeito de aumentar ou diminuir a força do
comportamento que o precedeu. (KOHLENBERG e TSAI, 2006, p.09).
Embora esta definição possa parecer insatisfatória, por não identificar os reforçadores
adequados para serem utilizados dentro de sala de aula, é muito relevante entender que o
reforço é um processo, isto é, algo funcionará como reforço somente no contexto de um dado
processo, ou seja, deve ser analisado o que funciona como reforço para cada aluno e as
possibilidades que tornarão eficazes as aplicações do reforço. Kohlenberg e Tsai (2006, p. 09)
afirmam que “o reforçamento não pode ser definido desta forma porque ele é um processo:
um objeto funciona como um reforçador somente no contexto de um dado processo e não
pode ser identificado independentemente dele”.
Diante de tantas considerações, conceitos e aspectos, é possível afirmar que as
contingências de reforço é a melhor maneira de fazer com que o aluno mude de
comportamento, ou seja, caso seja alunos relapsos, sentir-se-ão motivados em aprender, e
conseqüentemente busque conhecimentos, o que condiz com a alteração do comportamento
do aluno.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A objeção, portanto, desde trabalho como um todo, foi instigar o leitor a pensar e
repensar o porquê há tantos problemas no ensino e na aprendizagem, analisar alguns fatores
que impedem o aluno a aprender, pois o mesmo é o agente mais importante no processo de
ensino e aprendizagem, ter a percepção de que se nesse processo os professores utilizarem a
teoria de reforços, analisando as contingências do mesmo, a probabilidade de obterem sucesso
sobre os problemas serão maiores.
Nessa perspectiva foram analisados muitos aspectos interferentes na aprendizagem de
cada aluno, o que faz com que o comportamento do mesmo não seja condizente com o que se
espera, para que ocorra uma aprendizagem significativa através da escola.
Foi destacada a relevância de se aplicar adequadamente a teoria de aprendizagem
conceituada por Skinner, a teoria do condicionamento operante (reforço e punição). E para se
aplicar a mesma no âmbito educacional foram analisados alguns fatores que prejudicam o
ensino aprendizagem, principalmente de matemática, e conseqüentemente as melhores
maneiras de ser aplicado o reforço, tendo em vista de que nesse processo o reforço pode
contribuir com mais ênfase como modelagem no comportamento do aluno, ou seja, uma
possível mudança de comportamento no aluno.
Através dos estudos foi perceptível observar que o processo de ensino aprendizagem é
dinâmico, e não possui apenas uma maneira de aprender, porém o intuito dessa pesquisa foi
buscar algumas alternativas para que o aluno possa interessar-se mais pela disciplina de
matemática, isto é, se há alunos que apresentam comportamentos inadequados em sala de
aula, quando é apresentada a disciplina de matemática, o professor como agente do ensino,
conhecendo essa teoria de aprendizagem, pode recorrer à mesma com o intuito de ajudar o
aluno a interessar-se pela disciplina, ou seja, reforçando o comportamento do mesmo, para
que haja possíveis mudanças no comportamento dos alunos.
Através da teoria do condicionamento operante, foi possível responder algumas
indagações em relação ao comportamento de um indivíduo, mostrando as melhores maneiras
de aplicar o reforço, foi explicitado experimentos satisfatório, onde o próprio professor poderá
usar para tentar fazer com que o aluno busque o conhecimento, para que haja uma possível
mudança de comportamento.
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Portanto, através da teoria de Skinner foi explicado o comportamento humano como
resultado das influências dos estímulos do meio, e ao que pode ser observado do resultado
desta influência. Foi entendido como os estímulos do meio influenciam o comportamento do
homem, e assim, intervindo neste comportamento, simplesmente manipulando os estímulos
que agem sobre o indivíduo.
Essa pesquisa poderá contribuir na formação de muitos professores e alunos, uma vez
que, foram apresentados conceitos relevantes para que o ensino aprendizagem seja
significativo, principalmente em matemática, e conseqüentemente essa mudança de
comportamento por parte dos alunos possa refletir nas notas da disciplina de matemática, e
assim haver uma ascensão no ensino aprendizagem dos alunos.
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ANEXOS
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