2 3 SOLOS A partir da implantação do novo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 1999), os solos brasileiros têm suas denominações modificadas. O termo reconhecido popularmente como Terra Roxa passou a receber várias designações na nova classificação; no entanto, ainda não foi totalmente assimilada pela população, que continuará se referindo ao solo vermelho e fértil como “terra roxa”. Na nova classificação, aplicada para Londrina, encontramos os solos: Latossolo Vermelho Eutroférrico, Distroférrico e Aluminoférrico; Nitossolo Vermelho Eutroférrico e Distroférrico; Chernossolos e Litossolos. Se por um lado o tradicional adjetivo Roxo desapareceu da denominação oficial, a nova classificação revela a presença marcante do ferro que em nossa região é o grande responsável pela coloração avermelhada. Valoriza também a diversidade de fertilidade com os termos Eutroférrico (Rico), Distroférrico (Pobre) e Aluminoférrico (Rico em alumínio), assim como o aspecto lustroso, ceroso ou com brilho graxo da antiga Terra Roxa Estruturada, como no nome Nitossolo (camada ou horizonte Nítico: reluzente). Os antigos Litólicos receberam a denominação de Neossolos Litólicos (Neo: novo) revelando uma inexpressiva modificação em relação ao material originário, enquanto os Brunizens passaram para a denominação Chernossolos, em memória aos antigos Chernozens das estepes ucranianas, estudados por Dokoutchaiev (apud ROUGERIE e BEROUTCHACHVILI, 1991), pesquisador responsável por lançar as bases da Pedologia moderna. 4 A figura 34 e a tabela 12 revelam a distribuição espacial dos solos na área urbana, permitindo apreciar a correspondência entre o substrato geológico, a morfologia, a rede de drenagem e, os solos. Mirian Vizintim Fernandes Barros; Rosely Sampaio Archela; Omar Neto Fernandes Barros; Hervé Théry; Neli Aparecida de Mello. Lúcia Helena Batista Gratão Tabela 1 - Tipos de solo em Km2 Tipo de Solo Km2 Nitossolos 140,50 Latossolos 97,92 Chernossolos e Neossolos Total das Classes 7,10 245,52 5 FIGURA 1 - TIPOS DE SOLO NA ÁREA URBANA DE LONDRINA 6 CURSO E (PER) CURSO DAS ÁGUAS O rio Tibagi situado à leste do município de Londrina, recebe os rios tributários localizados na área urbana e em seu entorno. Ele é um dos principais formadores da bacia hidrográfica do rio Paranapanema que desemboca na bacia do rio Paraná. Uma bacia hidrográfica pode ser definida como a área da superfície terrestre que drena água, sedimentos e materiais dissolvidos para um determinado ponto de um canal fluvial. Pode ser composta por apenas um ou por milhares de canais fluviais, alguns metros quadrados ou milhares de quilômetros. A área de uma bacia é delimitada pelos divisores de água a partir das curvas de nível. A área urbana de Londrina é formada pelas seguintes bacias hidrográficas: Jacutinga, Lindóia, Cambé, Limoeiro, Cafezal e Três Bocas. Os ribeirões Jacutinga e Três Bocas são os limites ao norte e ao sul, respectivamente. A direção dos canais fluviais das bacias dos ribeirões Jacutinga e Lindóia, ao norte, é no sentido oeste-leste enquanto que as demais bacias: Cambé, Limoeiro, Cafezal e Três Bocas estão orientadas no sentido noroestesudeste (figura 35). A área total ocupada pelas bacias hidrográficas no interior da área urbana (figura 36) é de 245,52 km2, enquanto que a extensão total dos cursos de água é de cerca de 240 km. A bacia do Cafezal, localizada na porção sul, possui a maior área (67 Km2) e estende-se por aproximadamente 72 km, concentrando um maior número de canais à jusante, delineando um relevo mais movimentado em relação ao restante da área urbana (tabela 13). A bacia hidrográfica do ribeirão Lindóia é a segunda em área, porém, não apresenta a mesma abundância de canais. Seus rios totalizam aproximadamente, 43 km de extensão. 7 Tabela 2 - Área e extensão das bacias hidrográficas Bacia Área (km2) Extensão em km Cafezal 66,25 71.9 Lindóia 63,29 43.1 Cambé 51,07 48.3 *Jacutinga 36,08 33.3 *Três Bocas 14,41 26.9 Limoeiro 13,56 15.7 Total 245,52 239,2 * Considerou-se apenas a vertente sul da bacia do ribeirão Jacutinga e vertente norte do ribeirão Três Bocas O padrão geral de drenagem tanto das bacias como das sub-bacias é o padrão paralelo resultante do forte tectonismo que afetou a área em épocas remotas, fazendo com que os cursos d’água seguissem as diáclases e fraturas do basalto. No entanto, em alguns trechos das bacias localizadas ao sul da área urbana ocorre o padrão dendrítico, decorrente da movimentação do relevo. A expansão e a ocupação urbana forçaram a canalização de várias nascentes e de algumas partes dos cursos d’água (figura 37). No entanto, o ribeirão Água Fresca afluente do ribeirão Cambé, primeira fonte de abastecimento da cidade, ainda permanece em boas condições, pois, não apenas as instituições gestoras se preocupam com sua qualidade, como também a própria população. Como ele se encontra muito próximo do Lago Igapó, um dos pontos de lazer da cidade, tornou-se uma das áreas prioritárias das ações governamentais e associativas (figura 38). Na medida em que a cidade se expandiu, o manancial do ribeirão Cambé, tornou-se insuficiente, e foi substituído pelo ribeirão Cafezal, situado mais ao sul e distante da cidade, posteriormente também o rio Tibagi foi incorporado ao abastecimento da cidade. Estes dois mananciais superficiais são responsáveis pelo abastecimento de água em Londrina (figura 39), além dos mananciais subterrâneos do Aqüífero Serra Geral e do Aqüífero Guarani. Atualmente, a grande maioria dos centros de reservação de Londrina opera distribuindo água captada do Sistema Tibagi, no entanto, em caso de necessidade, um reservatório do Sistema Cafezal pode receber água do Sistema Tibagi e vice e versa. O Ribeirão Cafezal atende basicamente dois centros, o 8 centro de reservação Bandeirantes, com a maior capacidade de reservação da cidade e o centro de reservação Higienópolis, responsável por atender a região central da cidade. Além dos sistemas Tibagi e Cafezal, o sistema de abastecimento conta com a participação dos poços tubulares profundos que captam água do Aqüífero Serra Geral, localizados na região norte no bairro Vivi Xavier e a sudeste no bairro União da Vitória. Segundo dados operacionais da Sanepar em dezembro de 2006 a distribuição do volume de água produzido foi de 55% do Tibagi, 37% do Cafezal e 6% de poços tubulares profundos. No que se refere à rede hidrográfica urbana, observa-se (figura 40) um grande número de canais fluviais de primeira ordem, responsáveis pela alimentação dos principais ribeirões. Do ponto de vista da expansão urbana, estes canais fluviais requerem grandes cuidados, tanto em relação à preservação das nascentes, como em relação ao controle do uso das margens, pois é geralmente nestas áreas, que ocorre a implantação do sistema viário. A hierarquia da rede de drenagem proposta por Strahler (1994), denomina os menores canais, sem tributários como os de primeira ordem, desde sua nascente até a confluência. Os canais de segunda ordem surgem da confluência de dois canais de primeira ordem, e só recebem afluentes de primeira ordem. Quando há o encontro entre dois canais de segunda ordem, surge um canal de terceira ordem, que pode receber tanto tributários de primeira como de segunda ordem. Ao encontrar-se com outro canal de terceira ordem, surge um canal de quarta ordem que poderá receber canais de ordem inferior, e assim sucessivamente. 9 FIGURA 2 - DELIMITAÇÃO DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DA ÁREA URBANA DE LONDRINA 10 FIGURA 3 - BACIAS HIDROGRÁFICAS DA ÁREA URBANA DE LONDRINA 11 FIGURA 4 - NASCENTES DOS CURSOS DE ÁGUA DA ÁREA URBANA DE LONDRINA 12 FIGURA 5 - TOPÔNIMOS DOS CURSOS DE ÁGUA DA ÁREA URBANA DE LONDRINA 13 FIGURA 6 - BAIRROS ABASTECIDOS PELOS MANANCIAIS CAFEZAL E TIBAGI 14 FIGURA 7 - HIERARQUIA DOS CURSOS DE ÁGUA NA ÁREA URBANA DE LONDRINA 15 A formação dos lagos artificiais denominados Lago Igapó I, II, III e IV e do complexo de Lagos da zona norte da cidade, refletem as modificações de visão do que deve ser valorizado ou não no processo de constituição e crescimento populacional. Por um lado, incorpora a valorização de elementos naturais da paisagem com a revitalização de áreas verdes, antes degradadas por meio de diferentes tipos de exploração e por outro, a necessidade de implantação de opções de áreas de lazer para a população. O Lago Igapó tem sua origem em um represamento realizado em 1957 no ribeirão Cambé que nasce a oeste da cidade de Londrina, próximo ao município de Cambé. Grande parte do seu curso percorre a área urbana de Londrina seguindo em direção leste. O lago transformou-se em uma das áreas de lazer da cidade embora, a princípio, tenha sido projetada como uma solução para um problema de drenagem do ribeirão Cambé, dificultada por uma barragem natural. Sua implantação trouxe uma valorização para a região centro-sul, tornando-a uma das mais belas áreas de lazer e de embelezamento paisagístico, sendo classificada como o cartão postal da cidade. Elementos artificialmente construídos, que valorizam a natureza são parte integrante da qualidade ambiental e alimentam o imaginário de que paisagens urbanas naturalizadas e bem cuidadas agregam valor aos espaços. Para compreendermos a constituição e o surgimento do complexo Lago Norte, é necessário relembrar seu processo de formação. Esta região possui aproximadamente 108.000 habitantes que são distribuídos por 118 conjuntos habitacionais que se apresenta como uma área praticamente, independente da região central. Do ponto de vista natural, a densidade hidrográfica existente na região favorece a formação do complexo. O ribeirão Lindóia é um dos cinco principais ribeirões que atravessa a cidade e juntamente com os ribeirões Jacutinga e Quati localizam-se na Zona Norte da cidade. A nascente do ribeirão Lindóia está localizada também entre a divisa de Londrina e Cambé, que depois de percorrer dezenas de conjuntos habitacionais da Zona Norte se une ao ribeirão Quati para formar o ribeirão Ibiporã. Por estar localizado na área urbana também sofre 16 constante degradação. Atualmente seu leito encontra-se desmatado e suas margens ocupadas por conjuntos habitacionais. Muitas dessas áreas de fundo de vale são irregularmente ocupadas por uso residencial. Apesar dos riscos que essa população está sujeita, devido à falta de rede de água e esgoto, da presença de animais domésticos e das péssimas condições ambientais, as pessoas continuam a viver nestas áreas. A revitalização dos fundos de vale, com a recuperação das áreas degradadas, proporcionando um ambiente mais arborizado, mais ameno e mais saudável, contribui para a melhoria da paisagem e valorização do espaço urbano bem como, uma opção de lazer próximo ao local de moradia. O projeto do complexo reforça a idéia da necessidade de reduzir o déficit de vegetação em fundo de vale com a implementação de paisagismo adequado. 17 VEGETAÇÃO DE FUNDOS DE VALE Da densa Floresta Estacional Semidecídua que ocorria na região de Londrina restam algumas áreas parcialmente preservadas, como o Bosque no Centro Histórico, e outras que foram transformadas em Unidades de Conservação, como o Parque Municipal Arthur Thomas, localizado no bairro Piza, que hoje serve de testemunho da exuberante vegetação original. Ao longo do processo de urbanização a mata original foi substituída, primeiramente, por plantações de café e mais tarde, incorporadas às áreas urbanas, restam 32 km2 de vegetação de fundo de vale, ou seja, 13% do total da área urbana. Nos interstícios intra-urbanos, encontram-se ainda acompanhando os fundos de vale, alguns resquícios da vegetação natural como a florestal, a arbórea, a capoeira e a vegetação rasteira (MENDONÇA; BARROS, 2002), (figura 41). Da vegetação ainda existente nos fundos de vale, o tipo predominante é a arbórea com 52%, somada à vegetação florestal representa 88% do total. A vegetação dos fundos de vale, classificada segundo a fácies vegetal, com a respectiva área ocupada, está representada na tabela 14. Tabela 3 - Classes de vegetação em km2 em 2001 Classes Área (Km2) % do total Florestal 11,60 36,12 Arbórea 16,87 52,54 Capoeira 1,11 3,46 Rasteira 2,53 7,88 Total 32,11 100,00 Uma das maiores presenças do domínio florestal ocorre nos fundos de vale da bacia do ribeirão Cambé. Devido à sua localização próxima ao Centro Histórico, essa situação evidencia que no início da expansão urbana, a preocupação com a manutenção dos fundos de vale estava mais presente. O 18 mesmo ocorre com o ribeirão Água Fresca, que foi a primeira fonte de abastecimento da cidade. Apesar de não preservar o domínio florestal, sua vegetação arbórea é mantida por meio de repovoamento de espécies. Outra bacia que tem a vegetação de seu fundo de vale bem protegida é a do ribeirão Cafezal, não apenas pelas acentuadas declividades presentes, o que dificulta sua ocupação, mas, sobretudo porque o processo de expansão urbana nesta região ainda é recente e o padrão de ocupação, com chácaras rurais, promove uma densidade rarefeita. Contudo, ao norte do sítio urbano se observam resquícios de vegetação arbórea, capoeira e vegetação rasteira, somente nos fundos de vale dos ribeirões Lindóia, Quati e Ibiporã e, da mesma maneira, somente em poucas vertentes que drenam para o ribeirão Jacutinga. 19 FIGURA 8 - VEGETAÇÃO DE FUNDO DE VALE NA ÁREA URBANA DE LONDRINA EM 2001 20 TEMPERATURA APARENTE DA SUPERFÍCIE O mapa referente à temperatura aparente da superfície observada na cidade de Londrina (figura 42), foi elaborado a partir da metodologia utilizada no Atlas Ambiental do Município de São Paulo (SÃO PAULO, 2002). Foi elaborado a partir de técnicas de processamento digital da banda termal de alto ganho (TM6+) da imagem captada pelo sensor do satélite ETM-Landsat 7 no dia 28 de junho de 2002, que apresentou uma variação de temperatura entre 15 a 27 o C (tabela 15). O mapa apresentado reflete uma distribuição quantitativa da temperatura aparente da superfície registrada pelo sensor termal captada pelo satélite ETM-Landsat 7 em 28 de junho de 2002 e permite visualizar a variação de temperaturas nas diferentes áreas da cidade. As temperaturas mais amenas ocorrem nas áreas de fundo de vale que apresentam cobertura vegetal, especialmente no vale do Ribeirão Cafezal e do Ribeirão Três Bocas, devido às maiores declividades (vertentes com inclinação de 30 o a 45 o) e menores altitudes (de 430 a 470m). A presença de vegetação como a do Parque Arthur Thomas, a mata da UEL, o bosque central e outros fragmentos de mata dispersos na cidade, também contribuem para a formação de ilhas com temperaturas mais amenas. A concentração de grandes edifícios cuja projeção de suas sombras, em conjunto com outros elementos como ventos, contribui para este quadro específico. Andrey Olak Alves, Mirian Vizintim Fernandes Barros; Rosely Sampaio Archela; Omar Neto Fernandes Barros; Hervé Théry; Neli Aparecida de Mello. Lúcia Helena Batista Gratão 21 Temperaturas mais elevadas ocorrem nas principais vias de ligação da cidade (avenida Tiradentes, avenida Brasília, avenida Arcebispo Dom Geraldo, avenida Dez de Dezembro e Rodovia Celso Garcia Cid) devido a pavimentação. As altitudes mais elevadas nos interfluvios também contribuem para a elevação das temperaturas assim como as amplas construções como o Shopping Center Catuaí, Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR, Aeroporto de Londrina e outras que possuem grandes áreas de estacionamento. A influência dos materiais encontrados nas superfícies registradas pelo sensor termal e as respectivas temperaturas aparentes reveladas (por exemplo, respostas de temperaturas mais elevadas nas áreas industriais), provavelmente são decorrentes da grande refletância de suas coberturas compostas de telhas de fibrocimento/cimento amianto e metálicas. Nas áreas periféricas onde predomina a atividade agrícola, devido à presença de solo exposto, as temperaturas são mais elevadas. Tabela 4 - Classes de temperatura aparente da superfície em 2002 CLASSES ÁREA Km2 15-17 o C 0.14 17-19 o C 10.36 19-21 o C 64.01 21-23 o C 122.17 23-25 o C 47.09 25-27 o C 5.09 Embora esta metodologia não utiliza dados de temperatura coletada diretamente no campo, observa-se um resultado aproximado às informações coletadas junto ao IAPAR (2007). A distribuição da temperatura aparente evidencia a importância da cobertura vegetal para a minimização das temperaturas na cidade. 22 FIGURA 9 - TEMPERATURA APARENTE DA SUPERFÍCIE NA ÁREA URBANA DE LONDRINA EM 2002 23 OS CENSOS RETRATAM OS MORADORES 24 POPULAÇÃO Os critérios adotados no Brasil para a definição do que é urbano estão pautados no decreto-lei n. 311 de 02 de março de 1938 que considera como área urbana a sede do município, independente das características estruturais ou de suas funções. Do ponto de vista legal e real, a sede municipal de Londrina é considerada urbana, diferente de muitos municípios brasileiros dentre os 5.507 recenseados pelo IBGE em 2000. Dos municípios brasileiros aproximadamente 4.500 possuem menos de 25.000 habitantes, enquanto que 1.563 somente 2.500 mil habitantes. Porém, se adotarmos critérios funcionais e estruturais de classificação como serviço de esgotamento sanitário, museu, estação de rádio AM, provedor de internet, guarda municipal, para citar apenas alguns aspectos importantes na caracterização de um meio urbano, muitos serão considerados rurais. Nestes municípios residem 30% da população brasileira, ou seja, 51,6 milhões de brasileiros. A população brasileira é uma das mais numerosas do mundo, contando oficialmente com 169.544.443 habitantes e ocupa a quinta colocação no ranking mundial de acordo com os dados do censo realizado pelo IBGE em 2000; com um perfil etário de 48,5% de adultos, 43,2% de jovens e 8,3% de idosos. Em comparação com as populações mundiais, esse perfil caracteriza um país em transição, entre os denominados “maduros” com expressiva porcentagem de adultos e, “jovens” com predominância de crianças e adolescentes. A população da sede municipal de Londrina foi contada no ano 2000 em 428.808 habitantes na área urbana e 13.696 na área rural totalizando 447.065 o que representa 0,26% da população brasileira. Seu perfil etário (tabela 16) apresenta 55,2% de adultos, 35,4% de jovens e 9,3% de idosos, aproximando Londrina de um perfil semelhante aos países maduros. Entre os adultos há 13.743 mulheres a mais que homens e, entre os idosos 55% são mulheres. Embora nasçam mais homens que mulheres, nas faixas etárias superiores a 15 anos elas são a maioria. Tal fato explica-se, em parte, pelos maiores índices de mortalidade entre jovens do sexo masculino. Omar Neto Fernandes Barros; Mirian Vizintim Fernandes Barros; Rosely Sampaio Archela; Hervé Théry; Neli Aparecida de Mello. Lúcia Helena Batista Gratão. 25 Os adultos são maioria em quase todos os bairros, com valores percentuais maiores de 60 % em diversos setores censitários dos bairros do Centro Histórico e de seu entorno (figura 43). O perfil demográfico de Londrina mudou significativamente a partir da década de 1980, devido principalmente, a queda de natalidade, aumento da expectativa de vida e melhoria do atendimento à saúde. Estes motivos explicam as mudanças do perfil demográfico de tipicamente jovem para um perfil maduro. Isto se justifica também, pela implantação de programas sociais destinados aos idosos, desenvolvimento da medicina moderna e acesso mais abrangente aos fármacos, sobretudo, por meio da entrada dos genéricos no mercado. Os idosos concentram-se de forma mais significativa, em poucos setores do Centro Histórico e alguns bairros como Parque das Indústrias, Cilo 2 e Eldorado (figura 44). Observando a distribuição espacial dos jovens entre 14 e 24 anos, esses são cada vez mais significativos na população, quando considerados o sentido centro-periferia, com valores percentuais importantes em bairros como Cidade Industrial 2, Olímpico e União da Vitória. Entre os jovens 52,4% são adolescentes de 10 a 19 anos (figura 45). Tabela 5 - Distribuição etária por sexo em 2000 FAIXA ETÁRIA 0-4 5-9 10-14 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 65-69 70-74 75-79 80 anos ou mais TOTAL Fonte: IBGE (2000) MULHERES 17.366 18.106 18.839 20.811 20.739 17.848 18.641 18.320 16.187 13.830 11.150 8.526 7.034 5.579 4.118 2.647 2.704 222.482 HOMENS 18.274 18.613 19.461 20.513 19.506 16.821 16.647 15.891 13.738 11.888 9.564 7.443 6.191 4.586 3.333 2.007 1.815 206.326 26 FIGURA 10 - POPULAÇÃO ADULTA NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 27 FIGURA 11 - POPULAÇÃO IDOSA NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 28 FIGURA 12 - POPULAÇÃO JOVEM NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 29 FIGURA 13 - POPULAÇÃO ADOLESCENTE NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 30 Segundo os critérios propostos pelo U.S. Census Bureau (2007) que classifica como cidades, os assentamentos com mais de 50 mil habitantes com densidade superior a 386 hab/km2 em seu núcleo, e uma zona adjacente com densidade de 193 hab/km2; pode-se considerar que dos 391 setores censitários urbanos adotados pelo IBGE para a sede municipal de Londrina, apenas nove apresentam densidade inferior a 193 hab/km 2 e onze, densidades intermediárias entre 193 e 386 hab/km2 localizados nas periferias, que guardam traços marcantes de um mundo rural. Os valores de densidade demográfica, representados em habitantes/quadra (uma quadra corresponde a uma área de 10.000 metros quadrados) atingem valores máximos de 369 hab/km2. Destacam-se no mapa (figura 47) duas regiões com mais de 200 habitantes/quadra sendo seis setores no Centro Histórico e somente um setor no Bairro Cafezal, caraterizado pelo IBGE como especial, pois, abriga a Penitenciária Estadual de Londrina. O Centro Histórico apresenta os maiores valores de densidade demográfica e, é circundado por uma semi-coroa bem definida, de oeste para leste. Na região norte, em bairros como Parigot de Souza, Ouro Verde, Vivi Xavier, e, Cinco Conjuntos aparecem concentrações populacionais de 100 a 200 habitantes/quadra. No sudeste, nos bairros União da Vitória, Parque das Indústrias e Cafezal tais densidades populacionais também são mais expressivos. Nas regiões periféricas tanto norte e sul, quanto leste, as densidades não ultrapassam 10 habitantes/quadra, lembrando, entretanto, que tais setores censitários apresentam-se com aspectos funcionais ainda tipicamente rurais. Na região oeste, bairro Olímpico, as densidades variam entre 50 e 200 habitantes por quadra. A configuração do desenho e a organização espacial dos setores censitários indicam indiretamente, a organização da densidade demográfica (figura 48). Os valores de densidade demográfica, expressos em habitantes por quadra, podem ser transformados em habitantes por quilômetros quadrados facilmente. Basta para isso multiplicar os valores de hab/quadra por cem e desta forma obter valores em hab/km2, conforme é revelado no mapa (figura 49). 31 FIGURA 14 - DENSIDADE DEMOGRÁFICA EM HABITANTES POR QUADRA NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 32 FIGURA 15 - DENSIDADE DEMOGRÁFICA NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 33 FIGURA 16 - DENSIDADE DEMOGRÁFICA NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 34 RENDA O Programa Bolsa Família, é na opinião do governo atual (2006) um dos maiores e melhores programas de distribuição de renda e inclusão social já realizados no país. Foram garantidos no Orçamento da União recursos para atingir a meta de 11 milhões de famílias beneficiadas, contribuindo para reduzir as desigualdades regionais que dividem o país. No Paraná, esse programa atende a 355 mil famílias. Até o fim do ano de 2005 a meta era ampliar o atendimento a mais 600 mil famílias, em relação ao ano anterior. No Sul do país, os percentuais de população atendida são mais baixos que no Norte e Nordeste, devido um cenário de distribuição de renda, mais equilibrado. Mas há exceções como nos municípios paranaenses de Turvo, Grandes Rios e Prudentópolis, onde 23%, 12% e 10% da população respectivamente são atendidas pelo programa. Londrina, uma cidade rica na opinião de muitos, também recebe apoio dos diversos programas, tanto municipal (2524 famílias), quanto federal (9402 famílias), demonstrando a existência de um cenário de distribuição de renda intermunicipal com desvios sócio-espaciais. A geografia dos salários é reveladora das desigualdades socioeconômicas na sede do município de Londrina. Em todas as regiões encontramos pessoas com rendimento de até 3 salários mínimos sendo que no Centro Histórico elas são minoria e em direção às periferias, o percentual dos que ganham menos aumenta (figura 50). Na periferia sul, 61 a 85% da população apresenta um rendimento de até 3 salários mínimos enquanto que na periferia norte esse percentual é de 41 a 60%. Segundo dados publicados no jornal Folha de Londrina de 19/06/2003, o município de Londrina possui atualmente, 6,5% de sua população, vivendo abaixo da linha de pobreza determinada pelo programa Fome Zero do Governo Federal. Em Londrina, mais de 28.000 habitantes sobrevivem com menos de ¼ do salário mínimo e 95% destas pessoas moram na área urbana e geralmente, são catadores de papel, vendedores ambulantes e outros trabalhadores informais que moram em ocupações irregulares. 35 Em contrapartida, os bairros centrais, são nitidamente aqueles que concentram a maior parte das pessoas com rendimento superior a 20 salários mínimos. Com o estabelecimento de vários condomínios residenciais fechados e loteamentos em áreas de uso agrícola em parte da região sul-sudoeste, como nos bairros Esperança, Palhano, Vivendas do Arvoredo, e Chácaras São Miguel, a situação atual (2006) é diferenciada em relação aos dados coletados pelo censo em 2000. Os bairros centrais mais valorizados e com maior concentração de equipamentos urbanos, são também aqueles que concentram a maior parte das pessoas com rendimento superior a 20 salários mínimos (figura 51), contrastando, de forma marcante em termos espaciais e numéricos, com a distribuição daqueles que ganham até 3 salários mínimos. Em dois terços dos setores censitários verifica-se a existência de rendimento superior a 20 salários mínimos, porém, o que chama atenção, é que 57% dos 391 setores censitários, apresentam entre 1 e 18% de pessoas responsáveis pelos domicílios com rendimentos nesse valor. Até mesmo no reduzido número de setores onde esses são mais significativos, eles representam entre 37 e 56% do número de pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes. A tabela 17 apresenta a distribuição numérica e percentual de renda dos Responsáveis pelos Domicílios Particulares Permanentes na sede municipal de Londrina. Nota-se que os que ganham até 3 salários mínimos representam 45,9 %, os que ganham entre 3 e 10 salários mínimos 38,3 % e, os que ganham mais de 10 salários mínimos, 15,8 %; sendo que, apenas 5,8 % (7.033) ganham mais de 20 salários mínimos. Tabela 6 - Rendimento dos chefes de família em 2000 Pessoas Responsáveis Número pelos Domicílios Sem rendimento Percentagem % 7.084 5,8 504 0,4 Mais de ½ a 1 salário mínimo 12.038 9,9 1 a 2 salários mínimos 20.443 16,8 2 a 3 salários mínimos 15.805 13,0 3 a 5 salários mínimos 22.603 18,5 5 a 10 salários mínimos 24.175 19,8 Até ½ salário mínimo 36 10 a 15 salários mínimos 6.830 5,6 15 a 20 salários mínimos 5.362 4,4 Mais de 20 salários mínimos 7.033 5,8 121.877 100,0 TOTAL Fonte: IBGE 2000 37 FIGURA 17 - CHEFE DE FAMÍLIA COM RENDIMENTO DE ATÉ TRÊS SALÁRIOS MÍNIMOS NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 38 FIGURA 18 - CHEFE DE FAMÍLIA COM RENDIMENTO SUPERIOR A VINTE SALÁRIOS MÍNIMOS NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 39 EDUCAÇÃO O Perfil de Londrina (LONDRINA, 2003) indica os seguintes dados relacionados à educação: 72 escolas estaduais e 63 municipais na zona urbana, 22 em área rural e 10 nos distritos; 27.061 alunos entre 6 e 14 anos na zona urbana, 119 alunos nas escolas rurais e 4.127 alunos nos distritos. O município atende na zona urbana, alunos do ensino fundamental de 1ª a 4º séries e na zona rural, alunos de 1ª a 8ª séries. As escolas públicas estaduais (figura 52) estão presentes em toda a área urbana, mas apresenta maior concentração no Centro Histórico e bairros de seu entorno. Em contrapartida, as escolas municipais (figura 53) estão presentes em praticamente todos os bairros da periferia e ausentes no Centro Histórico e bairros do entrono. As escolas particulares em menor número (figura 54) ocupam a porção centro sul do bairro Centro Histórico, onde há predominância de famílias com maior rendimento. Na região sudoeste, bairro Esperança, destaca-se duas escolas particulares de ensino fundamental localizadas em área de recente expansão e próxima aos grandes condomínios fechados de alto padrão. No mesmo bairro, encontra-se uma escola municipal implantada no antigo patrimônio (Espírito Santo), recentemente incorporado à área urbana. A infra-estrutura educacional se completa com os centros técnicos que oferecem qualificação por meio de cursos profissionalizantes ofertados em instituições como a Escola Profissional e Social do Menor de Londrina EPESMEL, Serviço Nacional de Aprendizagem - SENAI e no Instituto Politécnico de Londrina - IPOLON, entre outros, as quais capacitamn alunos em diversas áreas para atuarem no mercado de trabalho. No aspecto de conclusão dos diferentes níveis de ensino, Londrina apresenta um bom nível de escolaridade revelado pelo número dos que concluem os ensinos fundamental, médio e a graduação; entretanto existe uma forte discrepância espacial e numérica entre a região central e as periferias quanto ao nível geral de escolaridade revelado pela proporção dos que terminaram o primeiro grau e, aqueles que cursaram a faculdade, conforme figura 56. 40 FIGURA 19 - ESCOLA ESTADUAL NA CIDADE DE LONDRINA EM 2003 41 FIGURA 20 - ESCOLA MUNICIPAL NA CIDADE DE LONDRINA EM 2003 42 FIGURA 21 - ESCOLA PÚBLICA E PARTICULAR NA CIDADE DE LONDRINA EM 2003 43 FIGURA 22 - PESSOAS COM IDADE ENTRE 6 A 18 ANOS RESIDENTES NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 44 FIGURA 23 - RELAÇÃO ENTRE O NÚMERO DE PESSOAS COM ENSINO FUNDAMENTAL COMPLETO PARA CADA GRADUADO NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 45 O ensino superior em Londrina é representado pelas seguintes instituições: Universidade Estadual de Londrina, Pontifícia Universidade Católica, Universidade Norte do Paraná, Seminário de Teologia de Londrina, Universidade Filadélfia, Faculdade Metropolitana, Faculdade Norte Paranaense, Faculdade Integrado, Faculdade de Teologia, Faculdade Teológica Sul Americana e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná implantada em 2007. Estas instituições compõem a rede de ensino superior e atendem mais de 20 mil alunos, e garantem a Londrina o status de cidade universitária. A cidade recebe alunos de vários estados do país e se projeta como um pólo educacional ancorado principalmente pela UEL. .A UEL teve início em 1956, com a Faculdade Estadual de Direito de Londrina e a Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Londrina e a Faculdade Estadual de Odontologia de Londrina, agregada em 1962. Nos anos seguintes foram agregadas a Faculdade de Medicina do Norte do Paraná (1966) e a Faculdade Estadual de Ciências Econômicas e Contábeis de Londrina (1968). Em 1970 as cinco faculdades formaram a Universidade Estadual de Londrina, reconhecida oficialmente pelo Decreto Federal 69.234/71. Em 1987 foi implantado o ensino gratuito na Instituição e transformada em Autarquia Estadual em 1991. O estado do Paraná apresentava, em 2005, 142 Instituições de Ensino Superior sendo 2 federais, 17 estaduais, 7 municipais e 116 particulares. Nesse ano a UEL foi classificada como uma das melhores universidades do País, por desempenhar um papel decisivo no desenvolvimento da cidade e região, com destaque para prestação de serviços de saúde, pesquisa e extensão a comunidade e no ensino pela formação de profissionais para o mercado de trabalho. Em 2004 ingressam na UEL 3.018 novos alunos originários de vários estados brasileiros sendo a grande maioria (66%) procedente do estado do Paraná, seguida por paulistas (30%) e por alunos oriundos dos estados de Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina com 4%. Dos alunos oriundos do estado do Paraná, 70% são londrinenses e 30%, originários de outras cidades do estado. Dos novos alunos residentes em 46 Londrina (tabela18), destacam-se 30%, oriundos dos bairros centrais e entorno, como também os alunos oriundos do bairro Cinco Conjuntos que representaram nesse ano 6% de calouros em 2004. Tabela 7 - Número de calouros em 2004 por bairro BAIRROS CENTRO HISTÓRICO CINCO CONJUNTOS CHAMPANHAT PRESIDENTE CALIFÓRNIA QUEBEC PALHANO HIGIENÓPOLIS CAFEZAL AEROPORTO LEONOR AUTÓDROMO GUANABARA VILA NOVA BANDEIRANTES IPIRANGA PARIGOT DE SOUZA VIVI XAVIER PETRÓPOLIS OURO VERDE SHANGRI-LÁ IDEAL ANTARES VILA BRASIL ERNANI PIZA LINDÓIA COLISEU SABARÁ INGLATERRA VILA CASONI BRASÍLIA HU VIVENDAS DO ARVOREDO CHÁCARAS SÃO MIGUEL INTERLAGOS JAMAICA FRATERNIDADE UNIVERSIDADE VILA RECREIO OLÍMPICO TUCANOS PARQUE DAS INDUSTRIAS CILO 3 UNIÃO DA VITÓRIA CIDADE INDUSTRIAL SALTINHO LON RITA ESPERANÇA INDÚSTRIAS LEVES CALOUROS 2004 1457 81 57 54 51 49 48 46 41 40 38 35 35 34 34 34 25 24 24 23 23 23 23 22 20 19 18 16 16 16 15 15 13 13 POPULAÇÃO TOTAL RESIDENTE 29906 37471 10746 6781 8757 5777 2240 3249 11916 2852 23386 10007 4924 8353 9472 3801 17328 12750 3494 8468 7262 7569 4003 8672 10515 9160 10686 7675 2854 7850 6432 6135 2767 1706 12 10 10 10 9 9 9 9 14378 6316 7288 1902 6925 9474 1909 18435 7 7 6 6 4 4 3 1895 9728 3805 4381 2069 1028 1766 47 PACAEMBU CILO 2 BELA SUÍÇA HEIMTAL PEROBINHA CIDADE INDUSTRIAL 2 ELDORADO TERRA BONITA 2 2 2 1 0 0 0 0 9387 2622 635 1666 1348 1497 262 1016 As regiões mais povoadas por pessoas de 6 a 18 anos, em idade escolar apta ao ensino fundamental e médio, representam 23% da população de Londrina. Estas se encontram no Centro Histórico e, em todas as periferias de Londrina, como em parte dos bairros Cinco Conjuntos e, Parigot de Souza (norte), Ernani (leste), União da Vitória e Cafezal (sul) e Olímpico (oeste) (figura 55). Embora haja concentração populacional com este perfil etário, nesses bairros, a oferta de vagas em escolas públicas ainda é insuficiente, implicando na necessidade de deslocamento desta população para outros bairros, principalmente os centrais. Se por um lado as regiões mencionadas podem apresentar aspectos semelhantes do adensamento populacional, é nos aspectos socioeconômicos e educacional que encontramos as maiores disparidades entre elas. O IBGE considerou como alfabetizada a pessoa com idade superior a cinco anos, capaz de ler e escrever um bilhete simples, embora, a idade reconhecida para ingresso da criança na primeira série do ensino fundamental é o ano em que ela completa sete anos. Este fato altera significativamente a forma de calcular o percentual de analfabetismo. Segundo o Censo 2000, Londrina possui 34.725 analfabetos correspondendo a 8% da população total, porém, muitos estão entre aqueles que poderiam ser beneficiados por programas estatais, tais como o “Paraná Alfabetizado”, da Secretaria de Educação do Estado. Este programa atende 47 mil alunos em 344 municípios do Paraná, em uma população de analfabetos estimada em 650 mil, demonstrando o quanto às ações públicas estão distantes das reais necessidades sociais. A situação do analfabetismo no meio urbano em Londrina não chega a ser muito grave, ainda que deva ser alvo das atenções tanto do Estado, quanto da população em geral. Em 50% dos setores censitários, concentrados no Centro Histórico e bairros adjacentes, dispostos ao longo de um eixo central noroeste- 48 sudeste, o índice de analfabetismo é inferior a 7,4% (figura 57). Os bairros, onde essa questão é mais grave, encontram-se nas periferias norte e sul, atingindo entre 10 e 29% da população. Estes índices podem ser considerados bons se comparados com outras cidades e regiões do país, mas, não deixam de ser surpreendentes para uma cidade situada entre as mais desenvolvidas do Sul do Brasil. O analfabetismo está relacionado com a pobreza e índices sócioeconômicos mais baixos, e possivelmente também, com migração rural-urbana, já que se concentra em zonas periféricas e marginais de ocupação mais recente, as quais receberam um contingente significativo de migrantes da zona rural e de cidades menores do que Londrina. A redução do índice de analfabetismo para 3%, o que é considerado razoável pela Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura - UNESCO significa incorporar 43 mil novos estudantes (estimados pelo Censo IBGE 2000) nos próximos 5 anos, o que representa um grande desafio para a sociedade londrinense. O mapa (figura 58) apresenta uma síntese das variáveis escolaridade e renda a partir de uma classificação ascendente hierárquica, cujo objetivo foi estabelecer uma tipologia em 7 classes homogêneas: 1. Os Centrais Pouco Discrepantes – A Média das Médias, como por exemplo, no bairro Antares, Universidade e Esperança; 2. Os Mais Ricos e Bem Atendidos pelas Escolas Particulares, localizados em parte do Centro Histórico e nos bairros Bela Suíça e Tucanos; 3. Os de Escolaridade e Renda Muito Baixas, exemplo dos bairros Olímpico e Cidade Industrial; 4. Os de Escolaridade e Renda baixas, tais como nos bairros Eldorado, Perobinha, Lon Rita e Piza; 5. Os de Escolaridade e Renda Médias, em bairros Heimtal e Saltinho; 6. Os de Escolaridade Média e Renda baixa, nos bairros Vivendas do Arvoredo e Ideal, e; 7. Os Desassistidos localizados principalmente, nos bairros União da Vitória e parte do Olímpico. 49 A interpretação das 7 classes, assinaladas na legenda da figura 58, baseia-se nos gráficos de barras da legenda (e séries estatísticas da Tabela de Medidas Métrica Euclidiana Comum, elaborada no programa Philcarto, não apresentadas, dado o caráter eminentemente estatístico dos dados). As barras representam os desvios em relação à média para o conjunto das variáveis. Quanto maior for o desvio, maior será a presença ou ausência da variável analisada. As barras à direita representam desvios positivos, e, as da esquerda, desvios negativos em relação à média. Esta tipologia indica uma necessidade de atuação do poder público no sentido de diminuir as desigualdades sociais apontadas. 50 FIGURA 24 - ANALFABETISMO ENTRE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 51 FIGURA 25 - TIPOLOGIA DE CLASSES HOMOGÊNEAS: ESCOLARIDADE E RENDA NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 52 Uma das decorrências da desigualdade social é a violência urbana praticada por crianças e adolescentes, uma realidade no cotidiano das cidades brasileiras. Em Londrina esse problema vem se manifestando num crescimento significativo e têm sido alvo de preocupação da sociedade como um todo. A região central da cidade e a região norte, no entorno da Avenida Saul Eikind, são os locais mais afetados por este problema social. Este tipo de violência urbana não se restrige apenas a áreas onde há uma concentração de riquezas (variedades de atividades comerciais, prestadoras de serviços e bancos) um maior fluxo de pessoas, mas a cidade como um todo. Ao analisar os diferentes tipos de atos infracionais, Teixeira (2007) constatou que o maior número de casos está relacionado a roubo, furto e tráfico de drogas. Furto e roubo se constituem em crimes contra o patrimônio e geralmente estão relacionados às questões de moradia e de renda, segundo as justificativas destes adolescentes, uma vez que estes se baseiam nela ao declarar seus desejos e anseios aos bens de consumo. A violência não está restrita apenas às ruas da cidade, mas atinge o ambiente escolar das 76 escolas estaduais de Londrina, 58 ou (76%) têm registro de casos de violência, sendo que em 30 escolas os atos ocorreram em 2007. Estes números foram informados pela Associação dos Professores do Paraná de Londrina, sendo a maioria dos casos referentes à agressão de alunos contra professores e funcionários ou de alunos contra alunos. Os dados referentes às infrações cometidas por crianças e adolescentes na cidade de Londrina foram obtidos juntamente ao CIAAD (Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Infrator), por meio do projeto de pesquisa Violência sexual, violação de corpos e mentes de crianças e adolescentes (SUGUIHIRO et al, 2005). Esses dados revelam que no período de seis anos o número de infrações cometidas por crianças e adolescentes na cidade praticamente triplicou, passando de 176 em 1999, para 470 em 2004 (gráfico1). 53 Gráfico 1 - Número de infrações cometidas por crianças e adolescentes na cidade de Londrina. De 1999 a 2004 As ocorrências das infrações cometidas em 1999 se deram principalmente, nos bairros Centro Histórico e Shangri-lá, como também nos bairros Cinco Conjuntos e Vivi Xavier (MARCHETTI, M.; ARCHELA, 2007). Nos anos seguintes infrações cometidas por crianças e adolescentes expandiram-se por diversos bairros da cidade, sendo mais significativas no Bandeirantes, região oeste, Cafezal e Saltinho na região sul e Interlagos e Antares na região leste. Em 2004 as ocorrências aumentaram em número e em área de atuação destacandose os bairros Cinco Conjuntos, Centro Histórico, Fraternidade, Leonor e Parque das Indústrias. Também apareceram casos registrados nos bairros Hemital, Parigot de Souza, Pacaembu, Indústrias Leves, Bandeirantes, Aeroporto, Quebec, Tucanos, Olímpico, Parque das Indústrias e União da Vitória (figura 59). 54 FIGURA 26 - INFRAÇÕES COMETIDAS POR CRIANÇAS E ADOLESCENTES NA CIDADE DE LONDRINA ENTRE 1999 E 2004 55 RELIGIOSIDADE A cidade de Londrina, como muitas das localidades brasileiras, apresenta seu histórico vinculado à religiosidade cristã. As primeiras ações religiosas registradas na cidade datam de 1932, e, foram dirigidas pelos evangélicos, a maioria proveniente de São Paulo, de uma região conhecida como Alta Sorocabana, a qual pertenciam as denominações Presbiteriana Independente e Metodista. A primeira missa só foi realizada em 1934, pelo bispo dom Fernando Taddei, vindo de Jacarezinho no local onde seria construída a primeira paróquia. Na atualidade temos em Londrina uma diversidade de denominações cristãs espalhadas na maior parte da cidade. De acordo com a classificação do IBGE, as denominações cristãs classificam-se em evangélicos de origem histórica ou de missões, entre os quais se destacam os Batistas, Presbiterianos, Luteranos, Metodistas; e os evangélicos de origem pentecostal dos quais destacam-se a Assembléia de Deus, Universal do Reino de Deus e do Evangelho Quadrangular. No Brasil, 68% dos evangélicos são de origem pentecostal e 27% de origem histórica (MUZIO, 2003). Londrina possui 621 templos das diversas religiões, sendo 446 evangélicos e 79 católicos. Dos templos evangélicos, 59 são da Igreja Assembléia de Deus, 26 Batista, 22 Congregação Cristã e, 21 Igreja Deus é Amor. As outras religiões possuem 96 templos destacando-se 14 Testemunhas de Jeová, 9 Centros Espíritas Kardecista e 3 Budistas (tabela 19). Tabela 8 - Templos por denominação em 2003 DENOMINAÇÃO QUANTIDADE Católica 79 Evangélica 446 Histórica ou de Missões Batista 26 Adventista 18 Presbiteriano do Brasil 15 56 Presbiteriana Independente 14 Metodista 11 Missionária 7 Pentecostal e Neo-Pentecostal Assembléia de Deus 59 Congregação Cristã no Brasil 22 Deus é Amor 21 Evangelho Quadrangular 11 O Brasil para Cristo 11 Cristã Primitiva 11 Luz Para o Mundo 11 Só o Senhor é Deus 10 Presbiteriana Renovada 8 Universal do Reino de Deus 8 Nazareno 4 Internacional da Graça de Deus 4 Outras Cristãs (com menos de 4 templos cada) 175 Outras Religiões 96 TOTAL 621 Fonte: Adaptado de MUZIO (2003) A igreja Católica possui individualmente o maior número de templos e sua distribuição espacial revela uma forte inserção nos vários bairros de Londrina, com exceção do centro-sul, também carente de igrejas evangélicas (figura 60). Entre os templos evangélicos, os pentecostais são em maior número, pois este segmento tem como prioridade atender a população de bairros periféricos, e, se instalam rapidamente, até mesmo antes da implantação de infraestrutura como escolas, asfalto e postos de saúde (figura 61). 57 FIGURA 27 - TEMPLOS CATÓLICOS E EVANGÉLICOS NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 58 FIGURA 28 - TEMPLOS EVANGÉLICOS NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 59 A síntese elaborada com as variáveis igrejas católicas, igrejas evangélicas, escolaridade e renda, em classes homogêneas, retrata seis agrupamentos que demonstram diferenças importantes na cidade de Londrina (figura 62). 1. Centro rico com baixa presença de templos: Uma grande distinção é feita entre este agrupamento e os demais. Localizado nos bairros geograficamente centrais e mais antigos e alguns bairros do centro sul da cidade. Em termos médios, há uma menor presença de igrejas e maior número de chefes de família com rendas superiores a 20 salários mínimos mensais. É nessa região que se localiza a catedral (católica) e algumas das mais tradicionais igrejas evangélicas. Os templos (evangélicos) embora em número reduzido, são os maiores, podendo abrigar grande quantidade de membros. A densidade de residentes em idade escolar é alta nos bairros centrais e, baixa nas zonas de expansão urbana. São representados pelos bairros que foram implantados no início do surgimento da cidade e até o final da década de 1950: Centro Histórico, Quebec, Presidente, Jamaica, Champanhat, Shangri-lá, Vila Nova, HU, Aeroporto, Brasília, Vila Brasil, Petrópolis, Higienópolis, Ipiranga, Inglaterra, Tucanos, Bela Suíça, Guanabara e Palhano. 2. Periferia pobre com ampla presença da igreja católica: Predominância de templos católicos com grande presença de templos evangélicos pentecostais. A condição socioeconômica é das mais precárias com forte presença dos que ganham até 3 salários mínimos (mínimo de 15% e máximo de 85%) e analfabetismo de jovens (mínimo de 4% e máximo de 30%). São bairros de implantação recente e alguns apresentam ocupação irregular: Heimtal, Cidade Industrial, Cilo 3, Cilo 2, Ideal, Olímpico, Piza, Parque das Indústrias e União da Vitória. 3. Periferia com realidade socioeconômica mediana com presença marcante da igreja evangélica de missões: Em relação aos índices socioeconômicos estão mais próximos das médias encontradas para Londrina (analfabetismo de jovens 11%, chefes de famílias com rendimento inferior a 3 salários mínimos, 42% e, superior a 20 salários mínimos, 3%). Encontra-se dispersos nos bairros centrais formando um primeiro anel a partir do centro. Fazem parte dessa região os seguintes bairros: Vivi Xavier, Cinco Conjuntos, 60 Leonor, Coliseu, Vila Nova, Indústrias Leves, Bandeirantes, Sabará, Vila Recreio, Ideal, Brasília, Ernani, Fraternidade, Antares, Cafezal, Saltinho e Palhano. 4. Periferia pobre com presença de igrejas evangélicas pentecostais: Os índices socioeconômicos avaliados são inferiores à média municipal (até 3 salários mínimos, 53%; analfabetismo de jovens, 14%, chefes de famílias com rendimento superior a 20 salários mínimos, inferior a 1%). A diversidade de igrejas pentecostais é significativa com até 5 templos em um mesmo setor censitário. Encontra-se localizado nos bairros implantados após a década de 1970 na periferia que concentra um grande contingente de jovens em idade escolar. Representa uma fisionomia de bairros construídos em um período revelador de um empobrecimento dos cidadãos, seja pelo esgotamento das ações do regime militar que, teve seu término nos anos de 1980, seja pelo grande afluxo da população rural, sobretudo em uma região onde as plantações de café tinham uma significativa importância até 1975. Destacam-se neste agrupamento os bairros: Eldorado, Perobinha, Parigot de Souza, Vivi Xavier, Cinco Conjuntos, Cidade Industrial, Cilo 3 Ouro, Leonor, Coliseu Verde, Autódromo, Pacaembu, Lindóia, Cilo 2, Vila Casoni, Cidade Industrial 2, Fraternidade, Interlagos, Antares, Sabará, Califórnia, Parque das Indústrias, Cafezal, Saltinho e União da Vitória. 5. Contrastes socioeconômicos sem igrejas evangélicas visíveis: São bairros com núcleos urbanos cuja presença de instituições de pesquisa e ensino como IAPAR e UEL são importantes e presença de várias propriedades com atividades rurais. Os bairros Universidade, Vivendas do Arvoredo, Chácaras São Miguel e Terra Bonita, em amplo processo de urbanização, não apresentam templo cristão de forma aparente. 6. Contrastes socioeconômicos com igrejas evangélicas pentecostais: O bairro Esperança está em forte processo de urbanização por empresas imobiliárias que, dedicam-se à implantação de condomínios horizontais, circundados por bairros mais populares e zonas rurais. O começo efetivo de implantação de condomínios horizontais deu-se somente alguns anos após a implantação do Shopping Center Catuaí em 1990. A sede do distrito de Espírito Santo, recentemente incorporado à zona de expansão urbana concentra grande parte da população. 61 Ao utilizar dados coletados com o objetivo de cadastramento censitário, como os do IBGE, ou pesquisas secundárias, não se levam em conta aspectos essenciais da natureza humana, como sua mobilidade, relações de afetividade, amizades, dependência e familiares. Ainda que a análise aqui apresentada, compartimentando a cidade em setores e bairros não seja completa e ampla, revela questões essenciais para a melhoria das condições de vida da população, como por exemplo, a necessidade de estratégias apontadas pela comunidade que devem ser implementadas pelo poder público. 62 FIGURA 29 - RELAÇÃO ENTRE ESCOLARIDADE, RENDA E LOCALIZAÇÃO DE IGREJAS NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 63 DISPARIDADES SÓCIO-ECONÔMICAS A análise de vários indicadores do IBGE revela importantes disparidades sócio-econômicas e sócio-espaciais na cidade de Londrina. A maioria dos londrinenses reside em casas. O censo 2000 indicou 99.892 habitações unifamiliares localizadas, sobretudo fora dos bairros centrais (figura 63). Indicou também uma predominância de domicílios próprios num total de 85.088 (figura 64) e 24.655 alugados (figura 65). A ausência de banheiro ou sanitários nos domicílios representa uma deficiência de equipamentos domésticos e de saneamento. Em Londrina a ausência desses equipamentos domésticos não chega atingir valores elevados quando comparada com outras cidades do país. Do total de setores censitários, 97% apresentam no máximo 4% dos domicílios nessa situação. Entretanto, nos bairros: Cidade Industrial 2, Parigot de Souza, Olímpico, Parque das Indústrias e Saltinho a situação é mais grave, pois, podemos chegar a ter entre 13% e 17% dos domicílios sem banheiro ou sanitário (figura 66). Como esses bairros são periféricos os índices podem indicar resultados de uma situação ainda provisória na construção dos domicílios. Como indicador indireto de conforto ambiental de moradia podemos confrontar os domicílios com 7 ou mais moradores (4.373) daqueles com apenas um morador (11.029), (figura 67) que, mesmo podendo ter uma melhor relação de densidade de moradia, representa potencialmente uma situação social de solidão. Nesses critérios, os domicílios mais populosos estão, sobretudo, nos bairros mais periféricos, enquanto podemos encontrar domicílios com só um morador em praticamente todos os setores, e principalmente nas zonas centrais. O censo revelou 171 domicílios improvisados, de qualidade ambiental duvidosa, distribuídas em quase toda a cidade, exceto nas áreas com setores censitários tipicamente rurais como: Esperança, Terra Bonita, Eldorado, Perobinha e Cilo 3. Do total de 123.617 domicílios em Londrina, os improvisados são apenas 0,14 % (figura 68). 64 FIGURA 30 - MORADORES EM CASAS E APARTAMENTOS NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 65 FIGURA 31 - DOMICÍLIOS PRÓPRIOS NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 66 FIGURA 32 - DOMICÍLIOS ALUGADOS NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 67 FIGURA 33 - PRESENÇA DE QUATRO BANHEIROS E AUSÊNCIA DE BANHEIRO NOS DOMICÍLIOS DA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 68 FIGURA 34 - DOMICÍLIOS COM SETE OU MAIS MORADORES E DOMICÍLIOS COM UM MORADOR NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 69 FIGURA 35 - DOMICÍLIOS IMPROVISADOS NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 70 Os responsáveis pelos domicílios particulares permanentes com rendimento inferior a dois salários mínimos (40.069), que se pode definir como em situação de pobreza, têm sua moradia especialmente nas zonas periféricas, embora estejam presentes em todos os setores da cidade. Os responsáveis com rendimento superior a quinze salários mínimos (12.395) moram, sobretudo nos bairros centrais e, centro-sul (figura 69). Quando se analisa a taxa de masculinidade média de 0,93 (figura 70) e taxa de instrução elevada pode-se perceber claramente que há mais mulheres que homens e, que essas dominam no centro e sudeste. Os chefes de família sem instrução (10.616) são quase oito vezes mais do que os que estudaram até o nível de pós-graduação (1.378), e estão presentes em todos os setores com predominância nas periferias. 71 FIGURA 36 - RICOS E POBRES NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 72 FIGURA 37 - HOMENS E MULHERES NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 73 A síntese resultante da análise de variáveis socioeconômicas revela uma cidade dicotômica com dois centros nítidos: O Centro Histórico (C2) e bairros adjacentes; e o Cinco Conjuntos (C4) e bairros adjacentes, localizado na região norte (figura 71). As variáveis analisadas foram: taxa de masculinidade, responsáveis pelo domicílio com mais 15 salários mínimos, responsáveis pelo domicílio com até 2 salários mínimos, domicílios com 7 ou mais moradores, domicílio com 1 morador, domicílios alugados, domicílios próprios, apartamentos, casas, domicílios improvisados, domicílios com 4 ou mais banheiros, domicílios sem banheiros, fossa séptica, fossa rudimentar, evangélicos, católicos, pessoas com idade entre 6-18 anos, escolas particulares, escolas municipais, escolas estaduais e número de pessoas residentes. Os dois centros (C2 e C4) têm em comum uma alta densidade demográfica, expressiva rede escolar e muitas igrejas, enquanto que as diferenças entre eles são o tipo de residência, renda dos responsáveis e condições de saneamento. Verifica-se no C2 a presença de edifícios residenciais, esgotamento sanitário por rede e predominância de chefes de família com rendimentos elevados. No C4, predominam casas térreas, saneamento por fossas e chefes de família com rendimentos médios. Dois outros aspectos interessantes e discriminantes destes dois centros (C2 e C4) são a menor taxa de masculinidade no Centro Histórico e maior presença de domicílios com 7 ou mais moradores no Cinco Conjuntos. O conjunto de bairros do entorno do Centro Histórico (C5) e do bairro Cinco Conjuntos (C3) distingue-se por estar próximo dos seus centros, não só pelo critério espacial, mas, sobretudo, pelos indicadores sócio-ambientais. A classe da legenda C3 corresponde aos bairros próximos ao Cinco Conjuntos (norte), embora outros bairros como União da Vitória e Cafezal (sul); Olímpico (oeste); e os bairros Califórnia, Ernani e Fraternidade (leste); também, apresentem condições similares. A classe C5 corresponde aos bairros do entorno do Centro Histórico, formado por dezenove bairros, entre estes, Inglaterra, Shangri-lá, Bandeirantes e HU, com perfil socioeconômico médio. 74 A classe da legenda C6 é formada pelos bairros Leonor e Parque das Indústrias e apresentam perfil socioeconômico mais próximo ao C4 que corresponde ao bairro, Cinco Conjuntos. A classe C1 é formada por um conjunto de 23 bairros que têm em comum a baixa densidade populacional e heterogeneidade quanto à renda. Apresenta perfil socioeconômico médio, com sensível desvio negativo para todas as variáveis analisadas, exceto para a variável taxa de masculinidade. Fazem parte desta classe os bairros Eldorado, Terra Bonita, Aeroporto, Cidade Industrial, entre outros. Londrina foi tratada pelos agentes organizadores de seus espaços como duas grandes unidades. Uma central e outra deslocada ao norte. Suas áreas de influência são expressas na mancha geográfica e marcam fortemente esta cidade como dicotômica. 75 FIGURA 38 - SÍNTESE DE VARIÁVEIS SOCIAIS, ECONÔMICAS E AMBIENTAIS DA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 76 USOS E ABUSOS NO MEIO AMBIENTE 77 USO DO SOLO A primeira das variáveis qualificadas corresponde ao uso do solo urbano com definição e hierarquização em classes. Outros aspectos também são enfatizados como praças, arborização de rua e ocupação irregular em Áreas de Proteção Ambiental. A identificação destas variáveis foi obtida por meio da interpretação de fotografias aéreas, imagens de satélites e pesquisas de campo. O mapa de uso do solo (figura 72) foi elaborado a partir da interpretação de fotografias aéreas do ano de 1997, na escala 1:8000 (formato digital) e atualizado para o ano de 2000, com trabalhos de campo. Também foram utilizadas imagens de satélite ETM Landsat 7 do ano de 2001, como material de apoio com resolução de 15 m e a do satélite SPOT, resolução de 10 m, do ano de 2004 (BARROS et al, 2004). Neste mapa visualiza-se a paisagem urbana e rural de forma integrada no espaço urbano. Sua legenda destaca três categorias de uso: espaços livres, espaços construídos e outros. Os espaços livres estão organizados em três subgrupos - recreação, conservação e ornamental, composto por 9 classes que correspondem a praças, parques de bairros, unidade de conservação, áreas de fundos de vale, lagos, jardim de representação e verde viários, representados em sua maioria, pelas tonalidades escuras de verde e ocre. Os espaços construídos estão classificados em 8 classes sendo que os de uso residencial e misto (residencial e comercial) são os mais representativos (cores róseas), embora se destacam por toda a malha urbana, amplas áreas de terrenos vazios que são constituídos por áreas já parceladas, à espera de valorização, classificadas na categoria outros. As áreas de uso especial correspondem à localização de instituições, em grande maioria, públicas como a Universidade Estadual de Londrina, o IAPAR, o Aeroporto de Londrina e o Autódromo. Estas áreas dificilmente serão parceladas e, portanto, não implicam em aumento de densidade de ocupação urbana para atender às demandas de crescimento da cidade. Mirian Vizintim Fernandes Barros; Rosely Sampaio Archela; Omar Neto Fernandes Barros; Hervé Théry; Lúcia Helena Batista Gratão, Neli Aparecida de Mello. 78 A categoria outros está organizada em 2 classes: agropastoril, com destaque para as áreas de uso agricola e chácaras de lazer, representadas na cor verde claro e vazios urbanos pela cor laranja. A área urbana em 2002 corresponde a 245,52 Km²; 90 Km² a mais, em relação a 1995, diferença que se explica pela alteração da Lei municipal concernente ao perímetro urbano. Deste total, mais de 48% corresponde à classe agropastoril que somada a de vazio urbano atinge mais de 55%, uma área superior à utilizada atualmente para as atividades urbanas (tabela 20). Os espaços construídos correspondem a 31,67% do total da área urbana. O conjunto de suas classes é composto pela maioria correspondente à de uso residencial, com 14,73% seguida respectivamente pelas classes rua que totaliza um valor bastante elevado, uso misto, especial, indústria ou comércio atacadista, uso público, ferrovia e favela. O uso misto é uma classe importante e concentra-se principalmente no Centro Histórico e nas principais vias de acesso. As áreas de uso especial também são muito importantes para a qualidade ambiental do espaço urbano, pois são abertas e, contam muitas vezes com a presença de vegetação que influencia beneficamente na infiltração da água no solo, como também no clima urbano, porém, ocupa apenas 2,97% do total. A área de indústria ou comércio atacadista não é expressiva, concentrando-se nas saídas para Cambé, Ibiporã e para Curitiba. A cidade é bem suprida por mananciais em razão de ter seu sítio localizado sobre densa rede hidrográfica. Os fundos de vale ocupam área importante, mas, a mata ciliar é escassa predominando as áreas desprovidas de vegetação. A cidade apresenta poucas áreas destinadas a parques, e os mais representativos são o Bosque Central no Centro Histórico, parque linear do Lago Igapó e o Parque Arthur Thomas no bairro Piza. Porém, algumas áreas de vegetação são muito importantes para a cidade como a do ribeirão Cambé no bairro Sabará, o bosque da empresa Anderson Cleyton no bairro Fraternidade, o Vale Verde no Jardim Presidente e a mata da Universidade Estadual de Londrina. 79 Tabela 9 - Classes de Uso do Solo em Km2 em 2002 Km2 % Praça urbanizada 0.7 0.28 Praça não urbanizada 1.00 0.41 Parque de bairro 0.67 0.27 Unidade de conservação 3.02 1.23 Fundo de vale sem vegetação 14.98 6.10 Fundo de vale com vegetação 9.38 3.38 Lago 1.1 0.45 Jardim de representação 0.11 0.04 Verde viário 1.63 0.66 Subtotal 32,59 12,82 Residencial 36.17 14.73 Uso misto 9.81 3.99 Uso Especial 7.29 2.97 Indústria ou comércio atacadista 4.49 1.83 Favela 0.57 0.23 Uso público 2.36 0.96 Ferrovia 1.4 0.57 Rua 15.7 6.39 Subtotal 77,79 31,67 Vazio urbano 15.14 6.17 Agropastoril 120.00 48,87 Subtotal 135,14 55,04 TOTAL 245,52 100,00 CLASSE DE USO ESPAÇOS LIVRES ESPAÇOS CONSTRUÍDOS OUTROS 80 FIGURA 39 - USO DO SOLO DA CIDADE DE LONDRINA EM 2002 81 Dentre os vários ambientes que compõem a cidade, a praça é um lugar que exerce influência na qualidade de vida social e ambiental. A questão da valorização do ambiente natural no seio da cidade ganhou destaque, no Brasil, a partir da década de 1990, modificando os padrões urbanísticos e desvinculando o olhar da cidade caótica para um espaço mais saudável e mais verde, ainda que, muitos dos espaços sejam ambientes “naturais” reconstruídos pelo paisagismo. Se antes a praça era vista como lugar de lazer, passeio e descanso, além de favorecer um contato mais próximo da população com a natureza, nos últimos anos vêm rapidamente transformando suas funções, constituindo-se em lugares de prostituição, tráfico de drogas ou depósito de lixo e sendo objeto de depredação. A distribuição espacial das praças é uma informação importante, porém, pouco demonstrativa das qualidades sociais e ambientais das mesmas, é relevante considerar também, o tamanho, mobiliário, arborização e o uso (BARROS e VIRGILIO, 2003). Londrina possui 248 praças distribuídas por toda a cidade, concentradas no centro da área urbana e dispersas nos bairros das regiões norte e sul (figura 73). A área ocupada por praças e canteiros centrais das avenidas da cidade corresponde a apenas 5,07 % dos 245,52 km² e muitas apresentam área reduzida com no máximo de 80 m2 (tabela 21). Tabela 10 - Área ocupada por praças em 2002 PRAÇA ÁREA Praça urbanizada 8,6 km² Praça não urbanizada 5,4 km² Canteiro viário 0,1 km² Total 14,1 km² A maioria das praças é arborizada, exceto 5% destas que se assemelham aos terrenos baldios. A quantidade de árvores encontradas nas praças é reduzida, somente no Centro Social da Vila Portuguesa (bairro Vila 82 Recreio) este número é expressivo com 500 árvores, além de 2 campos de futebol, área para refeição, bancos, calçamento, 1 posto de saúde e 2 creches, sendo uma área com papel ambiental e social importante. A arborização das praças com relação a seus aspectos físicos e sanitários é relativamente boa, com 90% em bom estado. As espécies arbóreas, mais comuns são a Cibipiruna, as Frutíferas e o Ipê, representando um total de 47, 50% (gráfico 2). Gráfico 2 – Principais espécies arbóreas das praças de Londrina – 2002 Em relação às condições de infra-estrutura, a depredação do mobiliário é um problema generalizado, com exceção daquelas localizadas nos bairros que possuem associação de moradores atuante ou que dividem espaço com igreja ou escola. Das 131 praças urbanizadas, apenas 50% estão em bom estado de conservação enquanto que 16% estão em péssimas condições. Apenas 25% das praças possuem áreas de esportes e somente 3% destinam áreas para recreação infantil, demostrando a necessidade de maior atenção dos órgãos competentes. A imagem da arborização de rua revela, a princípio, o traçado das ruas e avenidas da cidade, ao mesmo tempo em que se articula ao processo de expansão planejada da cidade e reforça a idéia de que o padrão de arborização acompanha as exigências dos modelos de planejamento e dos critérios ambientais. 83 Percebe-se que o Centro Histórico e seu entorno, implantados entre as décadas de 1930 a 1960, valorizaram bastante a arborização, embora se distingam mutuamente no padrão da mesma. Os bairros implantados após a década de 1970 apresentam arborização escassa, muitas vezes sequer distinguindo o traçado de suas ruas, elementos destacados na figura 74. Nestes bairros a arborização urbana perdeu parte da importância como elemento urbanístico. Exceção a este contexto por apresentar o mesmo padrão da periferia imediata ao Centro Histórico é, por exemplo, o bairro Cinco Conjuntos, construído na década de 1970, cuja intensa arborização valoriza este espaço urbano. O mapa, elaborado a partir do levantamento quantitativo das árvores do sistema viário da área urbana da cidade em 2003, empregou o método de amostragem casual simples e a variável número de árvores por quilômetro de calçada (figura 75). Foram catalogadas 2188 árvores em diversas áreas da cidade, escolhidas aleatoriamente, considerando os 192,68 quilômetros de calçadas da cidade, chegando ao um índice de 11,35 árvores por quilômetro de calçada. A espacialização ocorre nos extremo leste e oeste com uma relação variando entre 16 a 22 árvores por quilômetro de calçada, até a classe de 38 a 44 árvores/quilômetro na região central da cidade. Após a década de 1990 o verde urbano (unidades de conservação, parque de bairro e fundo de vale com ou sem vegetação) se transformaria em fator de segregação social, incorporado ao mercado imobiliário como indicador de qualidade ambiental (figura 76). De um modo geral, a distribuição do verde urbano marca o desenho urbano de Londrina, embora cobrindo superfícies que variam de áreas muito pequenas a grandes extensões. 84 FIGURA 40 - PRAÇAS NA CIDADE DE LONDRINA EM 2002 85 FIGURA 41 - ARBORIZAÇÃO URBANA EM LONDRINA EM 2000 86 FIGURA 42 - ÁRBORIZAÇÃO DO SISTEMA VIÁRIO NA CIDADE DE LONDRINA EM 2003 87 FIGURA 43 - VERDE URBANO EM LONDRINA EM 2003 88 Segundo a legislação nacional e local, os fundos de vale são considerados Áreas de Preservação Permanente - APP, portanto, impedidas de uso ou de ocupação. As APPs são áreas que margeiam os cursos d’água (rio, nascente, lagos, represa), encostas com declividade superior a 30% ou 45º e outras situações quando declaradas pelo poder público, como para atenuar o processo erosivo, formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias, proteger sítios de excepcional beleza, de valor científico ou histórico; ou ainda, para assegurar condições de bem-estar público. A ocupação irregular em áreas de fundos de vale, ocorre em muitas cidades brasileiras de médio e grande porte, não sendo apenas por invasões, mas pode estar associada à aprovação indevida de loteamento, descumprimento de legislação e falta de fiscalização. Nacionalmente é um problema de elevada gravidade, pois, não se trata apenas da preservação ambiental destas áreas, mas, sobretudo, das condições sócio-econômicas refletidas nas questões de moradia no país que atinge diretamente uma parcela da população desassistida deste direito. Além disto, na maioria das vezes, estas áreas de risco natural se transformam em riscos sociais. Em Londrina existem vários conflitos de ordem social e ambiental, como é a ocupação irregular em fundos de vale. A figura 77 revela as áreas de restrição legal e de preservação permanente ocupadas irregularmente. Existem 21,36 Km² de área de preservação permanente, sendo que 5,42 Km² (25,4%) encontra-se com ocupação irregular (BARROS et al, 2003). De um modo geral, observa-se que as maiores concentrações de ocupações irregulares situam-se nas regiões sul e sudeste da área urbana, nos baixos cursos das bacias do ribeirão Cambé e do Cafezal e estão associadas a duas variáveis restritivas: a existência do curso d’água e a declividade de vertentes acima de 30%. As cabeceiras dos afluentes que formam o ribeirão Cambé, especialmente os córregos Cristal e São Lourenço, são os locais de maior ocorrência em extensão, de ocupação irregular. Situação semelhante quanto à ocupação irregular das vertentes íngremes e do curso d’água, ocorre no baixo curso do ribeirão Cafezal. Além dos problemas de ocupação irregular ocorre o lançamento de dejetos diretamente nos cursos d’água em vários pontos. 89 A expansão urbana ao norte estimulou e promoveu a ocupação irregular das margens da bacia do ribeirão Lindóia, as sub-bacias do ribeirão Quati e do córrego Águas das Pedras e, igualmente, a do ribeirão Jacutinga e seu afluente, o arroio Primavera. O processo tornou-se especialmente intenso, comprometendo todo o curso do arroio Primavera, hoje totalmente ocupado. As ocupações irregulares de fundo de vale não se localizam apenas nas áreas periféricas da cidade, mas delas também fazem parte áreas nobres, como a APP do Lago Igapó que é um dos pontos de lazer da cidade. O Lago Igapó I está cercado, por um lado pelo “Parque Linear”, formado ao longo da extensão do Lago Igapó e do outro, por residências de alto padrão dos bairros Bela Suíça e Tucanos. As nascentes são também atingidas por processos semelhantes de ocupação do solo em suas proximidades, ainda que protegidas pela mesma legislação. 90 FIGURA 44 - OCUPAÇÕES IRREGULARES EM ÁREAS DE PRERVAÇÃO PERMANENTE NA CIDADE DE LONDRINA EM 2004 91 CONDIÇÃO AMBIENTAL Para a avaliação das condições ambientais urbanas foram utilizadas as variáveis de abastecimento de água, coleta de esgoto e de resíduos sólidos, uso e ocupação das bacias hidrográficas e a impermeabilização da superfície por concentração de construções (pavimentação e construção civil) como elementos geradores de conflitos entre o uso do solo e sua preservação. As primeiras redes de abastecimento de água em Londrina foram construídas pela Companhia de Terras Norte do Paraná e posteriromente, ampliadas pelo Departamento de Água e Esgoto, implantado em 1958, por decreto lei municipal. Em 1965 foi criado o Serviço Autárquico de Saneamento, para administrar os sistemas de água e esgoto da cidade. Face ao crescimento urbano de Londrina e a necessidade de investimentos para a ampliação de sistemas de tratamento e distribuição da água e coleta, e tratamento de esgoto, em dezembro de 1973 a exploração dos serviços foi concedida à Companhia de Saneamento do Paraná - Sanepar, que assumiu o compromisso de equacionar as necessidades da área de saneamento. Com a aprovação da lei federal 4933/97, a água transformou-se em objeto de compra e venda no Brasil, como qualquer outro produto. A expansão urbana gerou um uso intenso deste recurso provocando conflitos originados pelas diferentes demandas e o estabelecimento de regras de conduta, tanto na exploração, quanto no consumo. O desperdício na produção, distribuição e consumo chamou a atenção para a questão da escassez, um problema até então desconhecido no país uma vez que a água sempre foi vista como um recurso inesgotável. Londrina possui várias bacias hidrográficas e muitas nascentes e é privilegiada com relação à quantidade e a qualidade de suas águas. No entanto, o fornecimento depende, além da existência de bons mananciais, da pureza da água, ao qual se agrega o tratamento e a distribuição pela rede de abastecimento. Neli Aparecida de Mello; Mirian Vizintim Fernandes Barros; Rosely Sampaio Archela; Omar Neto Fernandes Barros; Hervé Théry; Lúcia Helena Batista Gratão. 92 O abastecimento de água pela rede atinge mais de 75% dos domicílios, sendo esse valor, equivalente à média nacional urbana. Mesmo os bairros mais populares como o Olímpico e União da Vitória, apresentam setores censitários com todos os domicílios atendidos pelo fornecimento de água (figura 78). Embora a cidade possua uma boa rede geral de distribuição de água, a água subterrânea também é explorada por meio de poços e garante cerca de 8% do abastecimento. Do total de domicílios em Londrina apenas 1,9% utiliza de poços ou nascentes para o abastecimento de água. O mapa (figura 79) demonstra que o bairro Terra Bonita está na categoria mais crítica de abastecimento de água pela rede, com um percentual de 92% dos domicílios com poços ou nascentes. Isto se justifica em parte, por ser uma área de organização tipicamente rural e pouco populosa. Os bairros da região sudoeste, Esperança e Universidade por serem de recente ocupação, e o bairro Palhano por apresentar uma grande concentração de condomínios verticais e com déficit de abastecimento pela Sanepar, justificam os percentuais entre 41 a 71% dos domicílios utilizando-se de poços ou nascentes. Na região norte, o fornecimento de água por meio de poços ou nascentes distribui-se por grande parte da região, com predominância nos bairros Eldorado e Cidade Industrial, que, apesar de não estarem na categoria extrema encontram-se na faixa entre 41 a 71% dos domicílios utilizando água de poços ou nascentes. 93 FIGURA 45 - REDE GERAL DE ABASTECIMENTO NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 94 FIGURA 46 - ABASTECIMENTO DOS DOMICÍLIOS POR POÇOS NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 95 O tema saneamento é assunto complexo, pois, além das ações básicas no campo do abastecimento de água, coleta de esgoto e de resíduos sólidos, está relacionado às questões de saúde, distribuição de renda e, investimento público. Diarréias, dengue, leptospirose são algumas das doenças de veiculação hídrica que, atinge parte da população brasileira e, necessitam não só do tratamento clínico, mas também, preventivo por meio do saneamento básico. Embora o esgoto sanitário por meio de rede geral seja a forma mais indicada, no Brasil é a menos difundida para o saneamento. São 102 milhões de brasileiros sem acesso ao sistema de rede de esgoto. Aproximadamente 76% destes contam com água encanada em suas residências e, em um universo de 9.848 distritos, 85% dispõem do serviço de coleta de lixo e limpeza urbana. No Paraná, 84% da população têm acesso a água encanada e, 38% ao sistema de esgotamento sanitário por rede. A cidade de Londrina concentra 94% da população do município com um consumo médio de 260 litros de água potável por dia, e produz de 120 a 160 litros de esgoto por habitante, além de 800 gramas de resíduos sólidos domiciliares. Os valores requerem atenção quanto ao saneamento básico para atender as necessidades dessa população. Os esgotos domésticos ou sanitários contêm 99,9% de água e apenas 0,1% de sólidos orgânicos e inorgânicos, podemos pensar que a rede de coleta de esgoto necessária para Londrina equivale a um sistema paralelo de distribuição de água, em termos de sua extensão. Enquanto a rede de distribuição de água possui uma extensão de 2.099 quilômetros, a de esgotamento sanitário possui apenas 1.217 quilômetros. Quanto as Estações de Tratamento de Esgoto - ETE a cidade possui quatro unidades com capacidade para processar 204.000 m³ por dia, porém, atualmente, são coletados diariamente, apenas 42.000 m³. Isto indica que o sistema de esgotamento sanitário necessita de ampliações na rede de coleta para beneficiar um maior número de domicílios. Dos 124.710 domicílios da sede municipal de Londrina (dados de 2000), 78.207 são atendidos pela rede geral de esgoto, 119.068 abastecidos pela rede geral de água e, 120.177 com coleta de lixo pelo serviço de limpeza. Em relação ao abastecimento de água, coleta de lixo e limpeza urbana Londrina destaca-se positivamente do restante do país, porém, o percentual de 96 atendimento pela rede de esgoto apresenta grandes distorções negativa. Apenas 35% dos setores censitários, os mais centrais e, ao longo de um eixo noroeste – sudeste possuem uma cobertura importante, com atendimento superior a 95%. Grande parte dos bairros do entorno desse eixo, são parcialmente atendidos por esse serviço essencial à saúde pública enquanto que 33% dos setores apresentam cobertura inferior a 50% dos domicílios com relação ao atendimento pela rede de esgoto. A utilização de fossa séptica, uma solução considerada apenas adequada em termos sanitários, e não em termos ambientais, cobre 15% dos domicílios, destacando-se sua utilização na zona mais periférica, em especial nos bairros Cinco Conjuntos e Cafezal. Mesmo em bairros mais antigos, como o Tucanos, aparecem soluções individuais para o destino do esgoto doméstico. Na região sul, em empreendimentos recentes como os grandes condomínios horizontais, são adotadas soluções mais coletivas e independentes da ação pública, tais como, sistema de tratamento de esgoto por zonas de raízes. (figura 80). A existência de fossas rudimentares indica ocorrência de riscos para o meio ambiente, por não haver um processo de filtragem dos resíduos. (figura 81). Esse tipo de fossa é utilizado em 20% dos domicílios da cidade, concentrando-se na periferia norte e oeste de maneira sistemática. O bairro União da Vitória, na periferia sudeste, localizado em área com rocha próxima à superfície ou aflorante, apresenta a mesma proporção de domicílios ligados à rede de esgoto e sistema de fossas, o que indica uma intervenção benéfica nessa região. Nos últimos anos, após 2005, a expansão da rede de esgoto tem sido significativa, chegando a atingir muitos bairros da região sudoeste, como também, a Universidade Estadual de Londrina que, até o ano de 2004, possuia 184 fossas sépticas em uso, para atender uma população de 20 mil pessoas, cerca de 5% da população da área urbana de Londrina. Os maiores riscos ambientais para os recursos hídricos, relacionados à elevada ocorrência (80 a 100%) de fossas rudimentares, demonstram que o atendimento público é precário no que se refere à ligação dos domicílios à rede geral coletora de esgoto sanitário, o que pode indicar alto índice de contaminação tanto para os cursos d’água quanto ao seu entorno atingindo as áreas de preservação permanente. Com esta característica encontram-se os bairros 97 Cidade Industrial, Heimtal, Lindóia, Vivi Xavier, Parigot de Souza, Perobinha, Cilo 3. Desta maneira, ao se considerar o risco ambiental para os recursos hídricos, pode-se apresentar a seguinte classificação (tabela 22). Tabela 11 - Ocorrência de fossas e risco ambiental para os recursos hídricos na região norte da cidade Bairro Características % ocorrência fossas de Grau de risco Bacias atingidas Cidade Industrial Lindóia Chácaras, urbano e industrial. Chácaras, urbano e industrial. Antigo Distrito Urbano Residencial unifamiliar Residencial unifamiliar 80 a 100% de fossas na totalidade do setor Idem Muito alto Ribeirões Jacutinga e Lindóia Ribeirão Lindóia Idem Muito alto Idem Muito alto Idem Muito alto Agrícola com plantio de soja Nascentes e bosques preservados. Pool de combustíveis Situação diversa e contrastes com altas densidade e impermeabilização. Situação diversa, concentração fossas nas nascentes. Densidade elevada, favelas, indústrias e chácaras agrícolas. Densidade elevada, favelas e chácaras agrícolas. Idem Muito alto Idem Muito alto Vertente direita ribeirão Lindóia 80 a 100% de fossas em 80% da área do setor Muito alto Ribeirão Quati e vertente do Lindóia Idem Muito alto Ribeirão Cambe Heimtal Vivi Xavier Parigot Souza Perobinha Cilo 3 Pacaembu Cilo 2 Leonor e Autódromo Coliseu de 60 a 100% de fossas em poucas áreas do bairro Idem Muito alto Alto Alto Afluentes do ribeirão Jacutinga Córrego Veado (afluente do Lindóia) Córrego Poço Fundo (afluente do Jacutinga) e ribeirão Lindóia Vertente esquerda Lindóia Ribeirão Lindóia, Quati e áreas de proteção ambiental Contaminação do lençol freático Na região leste da cidade os bairros Cidade Industrial, Lon Rita e parte do bairro Califórnia também apresentam precárias condições de atendimento público, pela alta incidência de fossas rudimentares (80 a 100%), com várias áreas de ocupação recentes e sem infra-estrutura de saneamento (tabela 23). Tabela 12 - Ocorrência de fossas e risco ambiental para os recursos hídricos na região leste da cidade Bairro Características Cidade Industrial 2 Uso agrícola, com zoneamento para uso industrial. % ocorrência de fossas Grau de risco 80 a 100% de fossas Baixo Bacias atingidas Nascentes do ribeirão Água das Pedras 98 Lon Rita Califórnia HU Aeroporto Predominância de uso agrícola Loteamento recente, padrão médio Limite com aeroporto Idem Médio Idem Muito alto Bairro de ocupação muito antiga Idem Muito alto Ribeirão Limoeiro Nenhum curso d’água Idem Poluição para o lençol freático no ribeirão Limoeiro Desvinculado da rede coletora O elevado índice de ocorrência de fossas rudimentares também se repete na região sul-sudoeste da cidade, local de expansão dos grandes condomínios residenciais pelos bairros Universidade, Esperança, Terra Bonita e Vivendas do Arvoredo, como também os bairros Olímpico e Sabará que apresentam elevado percentual (80 a 100%) caracterizando a falta de integração à rede geral coletora de esgoto (tabela 24). Tabela 13 - Ocorrência de fossas e risco ambiental para os recursos hídricos na região sul-sudoeste da área urbana Bairro Características % ocorrência fossas de Grau de risco Bacias atingidas Olímpico Bairro de implantação antiga, com áreas irregulares e favelas. Densa ocupação vertical 80 a 100% de fossas na totalidade do setor Muito alto Ribeirão Cafezal Idem Muito alto Impermeabilização do solo pela densidade próximo UEL. Condomínios residenciais de alto padrão Condomínios residenciais parte sul do bairro Idem Muito alto Córrego da Mata, afluente do ribeirão Cambé, com contaminação doméstica Ribeirões Esperança e Cafezal Sabará Universidade, Terra Bonita, Chácaras e Esperança Vivendas do Arvoredo 100% de rudimentares fossas Muito alto Ribeirão Cafezal Do ponto de vista do risco ambiental para os recursos hídricos, melhores condições são encontradas no restante das áreas urbanizadas do município. Estas correspondem às ocorrências entre 20 e 60% de fossas rudimentares e podem ser consideradas como portadoras de risco mediano. Tal situação é característica de áreas de ocupação irregular e alta densidade. Ocorrem nos bairros União da Vitória, Saltinho, Eldorado, Ouro Verde e Sabará, entretanto, ressalta-se a presença de fossas sépticas neste setor, o que reduz os 99 riscos de esgotos jogados diretamente nos rios ou contaminando os solos (figura 82). Pela análise de variáveis ligadas à rede geral coletora de esgotos e a conseqüente presença de risco ambiental para os recursos hídricos e na contaminação dos solos da cidade, conclui-se que na área compreendida entre o Centro Histórico e as áreas construídas até 1987, a presença da rede coletora não representa grandes riscos de comprometimento para os córregos e ribeirões. 100 FIGURA 47 - REDE GERAL DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 101 FIGURA 48 - FOSSA RUDIMENTAR NOS DOMICÍLIOS DA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 102 FIGURA 49 - FOSSA SÉPTICA NOS DOMICÍLIOS DA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 103 A coleta de resíduos sólidos é uma das necessidades básicas para o bem estar das populações, sobretudo no tocante às questões de saúde e higiene. Como é um serviço de responsabilidade do poder público municipal, em Londrina é executada por uma empresa concessionária prestadora de serviço. A produção diária de lixo doméstico é estimada em 380 toneladas, das quais, 90 são encaminhadas para reciclagem, sendo o restante depositado no aterro controlado, localizado na estrada do Limoeiro, no bairro Aeroporto. Dos setores censitários, 85% possuem coleta total de lixo e em poucos setores localizados nos bairros periféricos, a coleta é feita de forma parcial (figura 83). A coleta seletiva iniciou-se em 1996 na região central, mas, só em 2001 passou a ser efetuada de maneira generalizada por ações das organizações não governamental formada por antigos catadores. Em 2004 existiam 26 organizações, envolvendo mais de 500 famílias, e sendo responsáveis por uma área de abrangência de coleta de aproximadamente 85% da área urbana. Em 2006 foi aprovada uma lei municipal que estabelece a obrigatoriedade de separar os materiais recicláveis dos demais resíduos (CONSEMMA, 2006). No contexto geral da área urbana quanto à ocorrência de lixo jogado no logradouro, três bairros se destacam por não serem atendidos adequadamente já que apenas 15 a 26% do total de domicílios possuem coleta de lixo (figura 84). Esta situação ocorre no extremo norte da cidade, na área de ocupação irregular no Bairro Eldorado que está localizada na vertente direita do ribeirão Jacutinga, representando um alto risco para a população dos bairros que estão à sua jusante. Ao leste da cidade, no Bairro Cidade Industrial 2, várias ocupações irregulares ao longo do ribeirão Água das Pedras e na vertente do Córrego dos Crentes representam perigo de contaminação ao meio ambiente devido à falta de coleta do lixo. Outro bairro que merece atenção é o Parque das Indústrias principalmente nas áreas de ocupação irregular. Quanto ao lixo jogado nos rios (figura 85), as maiores ocorrências estão localizadas no bairro Autódromo (ribeirão Quati) e no bairro Interlagos (córrego Marabá). Outro bairro que também requer atenção é o Saltinho devido ao lixo jogado no córrego Saltinho na bacia do ribeirão Cafezal. Evidentemente, é necessário realizar uma análise do tipo de lixo jogado no rio, para que se tenha clareza do tipo de contaminação. 104 A ocupação irregular com alta densidade de população e conseqüentemente, muita produção de lixo e a falta de coleta, podem agravar a situação de risco ambiental para os rios como também para o solo da cidade e, ao mesmo tempo, podem se constituir em um indicador que sinaliza para uma questão de saúde pública. 105 FIGURA 50 - COLETA DE LIXO NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 106 FIGURA 51 - OCORRÊNCIA DE LIXO NO LOGRADOURO NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 107 FIGURA 52 - OCORRÊNCIA DE LIXO NOS RIOS NA CIDADE DE LONDRINA EM 2000 108 A densidade de ocupação do solo como fator de impermeabilização da superfície por concentração de construções, é um elemento gerador de conflitos entre o uso do solo e sua preservação. O comprometimento ambiental é caracterizado pelas modificações da primeira natureza por meio da substituição da vegetação primária por outras atividades, em segunda natureza constituída de atividades agrícolas e urbanas (figuras 86 e 87). A qualidade do meio ambiente pode ser analisada por meio da existência ou inexistência de condições de saneamento básico e das proximidades com a rede de drenagem. Evidentemente, para compor a matriz da qualidade ambiental, outras variáveis como poluição do solo, da água e do ar devem estar presentes, no entanto, nem sempre são informações disponíveis, seja pela sua própria inexistência, seja pela dificuldade de continuidade de coleta e análise laboratorial. A evolução da densidade de ocupação do solo nos diversos bairros de Londrina entre os anos de 1987 e 2001 mostra o aumento da superfície impermeabilizada e sua intensidade a partir dos bairros centrais. Os bairros localizados ao norte-noroeste da cidade (Cinco Conjuntos, Vivi Xavier, Coliseu, Leonor e adjacências) e região sudeste (Califórnia, Inglaterra, Parque das Indústrias, Piza e Cafezal) demonstram percentuais de comprometimento situados entre 61 e 100%. 109 FIGURA 53 - COMPROMETIMENTO AMBIENTAL NA CIDADE DE LONDRINA EM 1987 110 FIGURA 54 - COMPROMETIMENTO AMBIENTAL NA CIDADE DE LONDRINA EM 2001 111 INDICADORES DE TRANSFORMAÇÃO AMBIENTAL O perfil colorido dos edifícios e construções entremeando-se no verde da vegetação, nem sempre expõe a situação problemática dos diversos ambientes urbanos. Um olhar mais atento revela um quadro de contrastes, ou seja, usos adequados do ambiente natural contrapondo-se às formas abusivas de apropriação e transformação de seus recursos sem respeitar os condicionantes naturais. O assunto qualidade ambiental tem merecido atenção no Brasil desde os anos 1980, quando, por meio de determinados valores atribuídos aos ambientes, foram declarados os padrões técnicos de qualidade do ar, água e solos em normas regulatórias estabelecidas pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA e Conselhos Estaduais, ao mesmo tempo em que organismos internacionais de estatísticas também discutiam sobre critérios para sua validação. Nas décadas seguintes foi profícuo o número de estudos experimentando diferentes conjuntos de variáveis capazes de representá-la. Para a grande maioria, o conceito e o estudo da qualidade ambiental urbana têm sido analisados de acordo com os seus indicadores. A definição dos indicadores de transformação ambiental fundamentouse em três etapas que demonstram onde e como ocorrem os usos e abusos no meio ambiente urbano de Londrina. 1 – identificar dados estatísticos indicadores de transformação no ambiente natural da cidade; 2 - comparar dados estatísticos censitários com os obtidos por meio da análise de imagens de satélite, e 3 - relacionar informações de trabalho de campo com os obtidos anteriormente. Neli Aparecida de Mello; ; Lúcia Helena Batista Gratão; Mirian Vizintim Fernandes Barros; Rosely Sampaio Archela; Omar Neto Fernandes Barros; Hervé Théry. 112 As variáveis: rede de abastecimento de água, rede coletora de esgoto, rede coletora de resíduos, condições de impermeabilização e densidade de ocupação, substituição da vegetação, condições de uso nas bacias hidrográficas e conflitos territoriais entre uso do solo e sua preservação, foram parâmetros adotados para a proposição de uma tipologia relativa aos indicadores de transformação do meio ambiente. Na tabela 26, verifica-se a adequação destes parâmetros à realidade ambiental urbana de Londrina. Alguns destes parâmetros já haviam sido inicialmente propostos em Mello (1997) para o estudo de bacias hidrográficas urbanas, posteriormente ampliadas com variáveis estatísticas censitárias em Barros et al (2003), Mello e Bertone (2006) e Mello e Théry (2005). A análise dos bairros de Londrina baseados na tabela que corresponde aos critérios quali-quantitativos das variáveis indica às condições de risco ambiental em 5 classes, cujo leque de abrangência varia de risco muito alto a risco muito baixo, de acordo com o percentual de ocorrências das variáveis. As ocorrências situadas entre 81 a 100% representam um gradiente muito alto de risco ambiental e corresponde a classe 1; ocorrências variando entre 61 e 80%, de risco alto correspondem à classe 2, e; as variações entre 41 e 60%, de risco médio, correspondem à classe 3. A classe 4, de risco baixo, varia entre 21 e 40% e, finalmente, a classe 5, de risco muito baixo, representa o agrupamento cujos percentuais dos fenômenos alteram-se entre 0 e 20% (tabela25). Tabela 14 - Matriz de critérios quali-quantitativos das variáveis estudadas Variáveis Rede de abastecimento de água Rede coletora de esgoto Rede coletora de resíduos Condições de impermeabiliza ção e densidade de ocupação Critérios quali-quantitativos Atendimento por poço Fossa rudimentar Resíduos jogados nos logradouros Percentuais entre 0 e 20% Atendimento por “Outra forma” Fossa séptica Resíduos jogados nos rios Entre 20 e 40% Entre 40 e 60% Entre 60 e 80% Entre 80 e 100% 113 Substituição da vegetação natural Condições de uso nas bacias hidrográficas Por áreas urbanas Por áreas industriais Por áreas agrícolas Bacias relativamente preservadas, com matasgaleria Matas galerias inexistentes Conflitos territoriais entre uso do solo e sua preservação Uso de APP, em margens de rios e lagos Redução das condições em função da devastação das matas galerias Áreas de declividade superior a 45º A velocidade em que a construção do ambiente social ocorre, promove a interferência nas condições naturais de renovabilidade dos ecossistemas, muitas vezes ultrapassando o limite do mesmo em recuperar-se naturalmente. Ao impermeabilizar o solo com a construção da cidade e ao alterar as condições de manutenção das características florísticas e faunísticas de um ecossistema, a cidade gera a degradação ambiental, tornando impossível a sua recuperação. A partir do mapa de uso do solo (figura 72) estabeleceu-se uma tipologia em cinco classes de capacidade de infiltração em: - muito baixa: capacidade de infiltração mínima característica de área residencial, industrial, uso misto, uso público, comércio e ruas. - baixa: característica de área urbana em expansão e favelas. - média: característica de áreas com vazio urbano e loteamento. - alta: característica de áreas de uso agrícola, vegetação rasteira, fundo de vale sem vegetação, uso especial, praça não urbanizada, praça urbanizada, jardim de representação e verde viário. - máxima: característica de áreas de unidade de conservação, parque de bairro, fundo de vale com vegetação e vegetação arbórea arbustiva. A matriz (tabela 26) indica a qualidade ambiental das regiões da cidade, caracterizadas de acordo com sua ocupação em: de inicial a 1987; de 1987 a 1993; de 1993 a 2001; e a atual. Tabela 15 - Indicadores de qualidade ambiental por região da área urbana de Londrina - Quadro-síntese de riscos e suas tipologias AGRUPAMENTO POR BAIRROS REDE DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA Rede Poço Outra geral forma REDE COLETORA DE ESGOTO Rede coletora Fossa séptica Fossa rudimentar REDE COLETORA DE RESÍDUOS SÓLIDOS Caminhões Logradouro Jogado nos rios USO DO SOLO Densidade de construção CONFLITOS TERRITORIAI S Uso do solo e APP PERDA DA VEGETAÇÃO ORIGINAL Urbano Agrícola Centro Histórico 5 5 5 1 1 1 Região pericentral 5 5 5 1 1 1 Área construída até 1987 4 4 5 2 1 2 4 Área construída até 1993 4 3 5 2 3 3 Área construída até 2001 4 3 5 3 Perímetro Risco 1 região Risco 1 na região Risco 5 - na região 1 2 2 Industrial 4 2 1 HIDROGRAFIA 3 Sem risco de comprometimento para córregos e ribeirões Sem risco de comprometimento para córregos e ribeirões da bacia do Cambé Vertente de menor densidade de ocupação da bacia Cambé (risco 4) Vertentes com densidade média de ocupação na bacia do ribeirão Cafezal (risco 3) e baixa densidade de ocupação à montante do ribeirão Cambé (risco 4) Risco 5 - região 115 Urbano 2004 sul - bairros: Esperança e Terra Bonita. Risco alto (Universidade, Vivendas do Arvoredo e Chácaras São Miguel). Risco 3 no quadrante norte (Eldorado e Cidade Industrial) e risco 4 (Lindóia e Cilo 3) norte e risco 3 na região sul norte -bairro Eldorado. Região leste - bairro Cidade Industrial 2. Região sudeste bairros: Parque das Indústrias e União da Vitória. Região oeste - bairro Olímpico. nordeste, próximo ao ribeirão Quati e afluentes: Água das Pedras e Córrego dos Crentes Classes de Risco Ambiental: Risco 1 - muito alto - ocorrências entre 81 a 100%. Risco 2 - alto - ocorrências entre 61 e 80%. Risco 3 - médio - entre 41 e 60%. Risco 4 - baixo - entre 21 e 40%. Risco 5 - muito baixo - entre 0 e 20%. Neli Aparecida de Mello; Mirian Vizintim Fernandes Barros; Rosely Sampaio Archela; Omar Neto Fernandes Barros; Hervé Théry; Lúcia Helena Batista Gratão. PEGADA ECOLÓGICA O Método da Pegada Ecológica (Ecological Footprint Method), de Wackernagel e Ress (1996), foi um trabalho pioneiro sobre a elaboração de ferramentas para medir e comunicar o desenvolvimento sustentável. O método tem por objetivo calcular a apropriação por uma população de um determinado sistema para que ele se mantenha estável. A Pegada Ecológica – PE transforma o consumo de matéria-prima e assimilação de dejetos, de um sistema econômico ou população humana, em área correspondente de terra ou área produtiva. É, portanto, a área de ecossistema necessária para assegurar a sobrevivência de uma determinada população ou sistema. Para calcular a PE de uma dada população inicialmente é necessário estimar a área apropriada para a produção dos principais itens de consumo (energia, alimentação, florestas, produção etc.) ou para a absorção de resíduos liberados. Cada categoria de consumo é convertida numa área de terreno por meio de fatores calculados para o efeito e o total per capita da Pegada Ecológica é o somatório dos itens de consumo considerados. Para a cidade de Londrina, inicialmente foi calculada a quantidade de área por habitante na área urbana, dividindo a população urbana (433.369 habitantes), pela área total urbana (245,52 km²), o que resultou em 1.765,01 hab/km². Transformando este valor para hectares chega-se em 17,65 hab/ha, invertendo esta fração, tem-se 0,0566 ha/hab. Isto significa que existem 0,05 hectares para cada habitante da cidade de Londrina. Contudo, este valor não corresponde ainda à pegada ecológica de cada um, pois a pegada significa a área necessária e disponível para consumo e desperdício de cada habitante que é diferenciada segundo a classe social e econômica de cada indivíduo da cidade, ou seja, sua capacidade de consumo e seu modo de vida. Cristiane Lisboa Kleber; Mirian Vizintim Fernandes Barros; Omar Neto Fernandes Barros; Rosely Sampaio Archela; Hervé Théry; Neli Aparecida de Mello. Lúcia Helena Batista Gratão ATLAS DIGITAL URBANO AMBIENTAL DE LONDRINA - 2006 Na definição da PE da cidade definiu-se o ano de 2004 (LISBOA,2007) como o ano de referência. Para os dados coletados que não correspondiam ao ano referência, realizou-se uma estimativa aproximada; sendo assim, todos os cálculos configuram-se numa aproximação da realidade. As variáveis escolhidas para a realização do cálculo, além de seguirem as recomendações dos autores da abordagem da PE, atendem também à formação dos grupos funcionais, ou seja, àqueles que melhor expressam o metabolismo do ecossistema urbano (o aumento da população humana, as alterações de uso/cobertura do solo e consumo), envolvidos com as alterações ambientais globais. Na definição dos indicadores para estimar a PE da cidade de Londrina, foram estabelecidas variáveis que se enquadram mais com a realidade urbana da cidade. Sabendo-se que a cidade apresenta heterogeneidade tanto social como econômica e ambiental, buscou-se identificar espacialmente estas diferenciações. Para isto, separaram-se as variáveis qualitativas, que representam aspectos de qualidade de vida e ambiental (área verde, área urbanizada e área de restrição de uso), das variáveis quantitativas constituídas por variáveis de consumo (renda, serviço de coleta de lixo, rede de esgoto sanitário), que têm influência direta da renda da população e, por conseqüência, na PE. A classificação de PE baixa, média e alta corresponde ao nível de impacto ambiental e conseqüentemente ao nível de sustentabilidade urbana sendo que quanto mais baixa a PE, menor o impacto causado. As variáveis: área verde e área modificada pela urbanização resultaram da interpretação da Imagem do SPOT de 2004; a área de ocupação ilegal é resultado da somatória das variáveis: declividade e APP (áreas de fundo de vale e nascentes) que resultaram na definição das áreas de uso restrito definidas a partir do cruzamento destas com a de uso do solo. As variáveis: renda, rede de coleta e tratamento de lixo e rede de esgoto sanitário; foram coletadas a partir dos dados do Censo Demográfico do IBGE (2000). Estas variáveis foram analisadas com o auxilio da ferramenta Linguagem Espacial para Geoprocessamento Algébrico LEGAL do SPRING, a fim de gerar uma síntese delimitando áreas homogêneas e caracterizando-as. ATLAS DIGITAL URBANO AMBIENTAL DE LONDRINA - 2006 As variáveis utilizadas no cálculo da PE foram: área verde, área modificada pela urbanização ou impermeabilizada, áreas de uso restrito, renda, rede de coleta e tratamento de lixo e rede de esgoto sanitário. 1. Área Verde - classificada em florestal, arbórea, rasteira e capoeira, totalizando 3.323 ha de vegetação. A vegetação está presente em todos os bairros e é constituída por verde viário, parques, reservas e vegetação de fundos de vale. Para definir a PE, cada classe de vegetação possui uma influência diferente. Quanto mais intenso sua biomassa, melhor se torna a pegada. Por isso as áreas próximas a parques, reservas e praças arborizadas são consideradas áreas de pegada baixa. Já áreas com baixa intensidade de arborização, como a área central de Londrina, possuem uma alta pegada. 2. Área Modificada pela Urbanização ou Impermeabilizada - a classe cujo impacto na pegada é mais alto são aquelas com taxa de impermeabilidade que variam de 61 a 100%, ocupadas por favelas, com fundos de vale sem vegetação, com uso misto, e áreas industriais e de comércio. As de impacto médio, com impermeabilidade entre 21 a 60%, são as que apresentam verde viário, uso residencial e vazios urbanos. As de pegada baixa são as classes de uso agropastoril e áreas com presença de vegetação. 3. Áreas de Uso Restrito – resultado das variáveis: áreas de preservação permanente e ocupação ilegal que somam 5,40 Km², ou seja, 25% das APPs. 4. Renda - De acordo com os autores do método PE (Wackernagel e Ress 1996) o poder de consumo influencia diretamente o aumento da PE. Sendo assim, as áreas que apresentam concentração de população com renda elevada (mais de dez salários mínimos) causam maiores impactos na pegada (alta) pois, esta influencia no intenso consumo de produtos impactantes, como por exemplo, os automóveis e consumo de carne vermelha; as de renda baixa (até 3 salários mínimos) contribuem para uma pegada baixa. 5. Rede de Coleta e Tratamento de Lixo: As áreas com coleta entre 70 e 100% abrangem 80% da área total, enquanto que as áreas com coleta até 35%, somente 18% do total. Estes dados são considerados excelentes para a pegada da cidade, uma vez que o lixo coletado é encaminhado para local adequado para tratamento. ATLAS DIGITAL URBANO AMBIENTAL DE LONDRINA - 2006 No aterro controlado de Londrina, o chorume é tratado em tanques para depois ser lançado no corpo receptor Barra Grande. O tempo de detenção do chorume leva 10 dias no tanque equalizador. Este tanque funciona em sistema aeróbico-biológico. A Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO dos líquidos provenientes de aterros é muito elevada (cerca de 30 a 150 vezes maior que a do esgoto doméstico, cujo valor oscila entre 200 mg/L e 300 mg/L). Este líquido, após ser devidamente coletado pelos drenos horizontais, deve passar por um processo de tratamento para que a DBO e o NH4 sejam reduzidos a níveis satisfatórios, para posteriormente, serem lançados em cursos de água. Existem 12 poços de monitoramento ambiental no aterro, mas não existem resultados sobre a eficiência do tratamento de chorume, sendo necessária a sua recirculação pelo aterro até que se possa assegurar que o efluente tem as condições estabelecidas pela legislação para o seu despejo em um corpo d’água. 6. Rede de Esgoto Sanitário: Apenas 35% dos setores censitários localizados nos bairros Centro Histórico e seu entorno ao longo do eixo noroeste – sudeste, possuem cobertura de coleta de esgoto com atendimento superior a 95%. Como o esgotamento sanitário de Londrina nem sempre recebe um tratamento adequado, esta variável contribui para o aumento da pegada da cidade. A Estação de Tratamento de Esgoto que atende a região sul de Londrina – ETE Sul possui um custo energético baixo, pois seus reatores anaeróbicos, não necessitam de força para a aeração. Os filtros biológicos e braços são movidos pela força hidráulica do próprio efluente, um fato positivo para a redução da pegada da cidade de Londrina. Na definição das classes de PE foram utilizadas operações boleanas para somar e multiplicar a fim de realizar o cruzamento das variáveis consideradas influentes na PE de Londrina (figura 88). A pegada “Alta”, representada pela cor vermelha, indica ocorrência de variáveis de impacto negativo no meio ambiente da cidade, como espaços sem vegetação, áreas com alta impermeabilidade, áreas com ocupação ilegal em APP, favelas, indústrias, baixo atendimento de saneamento e de coleta de lixo e alta renda. As pegadas altas estão concentradas na área central da cidade, e em pontos específicos como o aeroporto, indústrias e áreas de ocupação ilegal, como os assentamentos irregulares. ATLAS DIGITAL URBANO AMBIENTAL DE LONDRINA - 2006 A pegada “Média”, representada pela cor amarela indica a ocorrência de variáveis de médio impacto ambiental como, por exemplo, vegetação de médio porte, vazios urbanos, ruas com arborização, áreas com impermeabilização entre 21 a 60% e renda média da população. A pegada média abrange quase todo o entorno do Centro Histórico de Londrina, pois apresentam áreas construídas intercaladas com vegetação. A pegada “Baixa” representada pela cor verde indica a ocorrência de variáveis de valor positivo e sem impacto significativo no meio ambiente, como a baixa taxa de impermeabilidade e áreas com alto índice de arborização e baixa renda familiar. Esta classe de pegada está concentrada nas áreas periféricas da cidade, embora se encontrem, também, localizadas nas áreas verdes como fundo de vales preservados, lagos e Unidades de Conservação distribuídas na cidade. A Pegada Ecológica como indicador constituiu-se numa ferramenta útil para avaliar o grau de sustentabilidade da área urbana de Londrina. Considerando que existem apenas 0,56 hectares/habitante na área urbana, e, uma pegada de 1,39 ha, ocorre um déficit de -0,83 de hectares/habitante na área urbana (LISBOA, 2007). Contudo, este déficit é compensado se tomada como base a pegada de toda a área urbana e não somente da área construída, pois é expressiva a quantidade de área rural na área urbana. Alguns fatores de maior importância contribuíram para que a pegada da cidade de Londrina estivesse abaixo da média global de 2,2. O fator que mais influenciou na estimativa da pegada de Londrina foi o consumo de alimentos, por isso, esta variável necessita ter dados mais detalhados em relação ao consumo e produção da cidade de Londrina. A elevada quantidade de lixo reciclado no município contribuiu para a redução da pegada, uma vez que o volume de lixo reciclado cresce a cada ano. Em síntese, o fator renda foi definitivo no tamanho da pegada da cidade, à medida que esta variável influencia no consumo geral da população. Quanto maior o consumo de bens e alimentos, maior se torna a pegada. Contudo, é necessário enfatizar também que, em geral, quanto maior a concentração da renda, maior também a conscientização ambiental por parte da população. A Pegada Ecológica configura-se tanto como um instrumento educacional como um indicador efetivo de sustentabilidade e qualidade de vida, ATLAS DIGITAL URBANO AMBIENTAL DE LONDRINA - 2006 sendo uma importante contribuição na compreensão dos impactos existentes em Londrina e também numa caracterização geral do comportamento da sociedade de consumo atual. A metodologia da pegada torna explícito o impacto ecológico das atividades antrópicas e configura-se numa importante ferramenta de análise para as tomadas de decisões de modo a beneficiar a sociedade e o meio-ambiente. A pegada global indica que já estamos excedendo o limite da biosfera e que a extensão das atividades humanas liquidará o capital natural de que hoje dependemos e de que as futuras gerações dependerão amanhã. Atitudes como a redução do uso de transporte individual, redução do consumo de eletricidade, redução da produção de resíduos, implementação da reciclagem, plantio de árvores e jardins, hortas e pomares agroecológicos e implementação de energias limpas contribuem para um caminho sustentável onde uma mudança de comportamento e flexibilização do modo de consumo será necessária. Esforços da prefeitura de Londrina estão sendo feitos no sentido de mitigar os efeitos negativos causados pelo esgoto sanitário e decomposição do lixo através da construção da ETE, que já está em funcionamento, e do Aterro Controlado. A produção de biogás pelo aterro controlado de Londrina já é interesse da prefeitura em negociar os créditos de carbono acumulados em razão da redução da emissão de gases poluentes na atmosfera. A EcoSecurities, empresa inglesa especializada na comercialização de créditos de carbono, está analisando os dados para elaborar um projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo para o aterro de Londrina (Jornal de Londrina, 24 de agosto de 2006). As ações antrópicas têm sido imperativas em relação ao meio natural, levando o homem a enfrentar desafios no que se refere à capacidade limitada dos ecossistemas para sustentar o atual nível de consumo material e as atividades econômicas, juntamente com o crescimento conseqüências desastrosas ao meio ambiente. populacional, causando ATLAS DIGITAL URBANO AMBIENTAL DE LONDRINA - 2006 FIGURA 55 - PEGADA ECOLÓGICA DA CIDADE DE LONDRINA EM 2004 ATLAS DIGITAL URBANO AMBIENTAL DE LONDRINA - 2006 REFERÊNCIAS BARROS, M.V.F Análise Ambiental Urbana: Estudo Aplicado à Cidade de Londrina-PR. 1998. Tese (Doutorado) Universidade de São Paulo, 1998. BARROS, M. V. F.; SCOMPARIM, A. ; KISHI, C. S. ; CAVIGLIONE, J. H. ; ARANTES, M. R. L.; NAKASHIMA, S. Y.; REIS, T. E. S.; SILVA, R. M. Identificação das ocupações irregulares nos fundos de vale da cidade de Londrina através de Imagem de LANDSAT 7. Ra'e ga, Curitiba, v. 7, p. 47-54, 2003. BARROS, M. V. ; BARROS, O. F.; MELLO, N., THERY, H. 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