Vida Sem Glúten - O que é doença celíaca

Propaganda
Vida Sem Glúten - O que é doença celíaca
O que é a doença celíaca?
A doença celíaca é uma doença crônica do intestino que surge em pessoas com
predisposição genética para desenvolver a doença quando ingerem alimentos
contendo glúten. A ingestão do glúten vai provocar alterações típicas no intestino que
impedem a absorção normal dos nutrientes, e é característico da doença o
desaparecimento dessas lesões quando se faz uma dieta isenta de glúten.
O que é o glúten?
O glúten é uma proteína que existe na composição de alguns cereais (trigo, centeio,
cevada e aveia). O arroz e o milho não possuem glúten. O glúten funciona como um
fator de agressão para o intestino em pessoas geneticamente predispostas, causando
um achatamento da mucosa intestinal com atrofia das vilosidades intestinais e
diminuição da sua capacidade de absorção (em condições normais as vilosidades do
intestino delgado são o principal local onde os nutrientes necessários ao organismo
são absorvidos).
A doença celíaca é frequente?
"A doença celíaca foi considerada durante muito tempo uma doença rara porque o
número de casos diagnosticados na população era baixo.
Atualmente, com a melhoria dos métodos de diagnóstico e o conhecimento de que há
diferentes formas de apresentação da doença, com um leque de sintomas variável,
sabe-se que na população adulta cerca de 1 em cada 300 indivíduos pode estar
afetado pela doença." Um estudo realizado pelo Hospital de São Marcos em Braga
identificou 1 entre cerca de 134 indivíduos.
Quais são os sintomas característicos da doença celíaca?
"Sendo a doença celíaca uma doença em que há uma diminuição da capacidade de
absorção de nutrientes no intestino, os seus sintomas são comuns a outras doenças
causadoras de má absorção intestinal.
Os sintomas típicos no adulto são a diarréia crônica (aumento da frequência diária das
defecações com diminuição da consistência das fezes), a esteatorreia (fezes com um
teor aumentado de gordura, volumosas, com cor clara e brilhante, mal cheirosas e
moles) e a perda de peso (resultante de uma inadequada absorção de nutrientes).
Atualmente sabe-se que na maioria dos adultos com doença celíaca não tratada
apresenta formas atípicas, com queixas transitórias e sintomas extra intestinais nem
sempre associados à sua verdadeira causa.
Assim, além da diarréia e esteatorreia que podem ser pouco aparentes e
intermitentes, pode haver obstipação (prisão de ventre) alternando com diarréia,
cólicas abdominais e distensão do abdômen (barriga inchada), dores ósseas e cãibras
por perda de cálcio, magnésio e potássio, edema (inchaço) das extremidades dos
membros, tremores, formigueiros e diminuição da sensibilidade das mãos e dos pés,
alterações do ciclo menstrual, pele seca, unhas quebradiças, aftas, etc. A perda de
peso, característica da forma clássica, pode não estar presente nas formas atípicas."
Como se manifesta habitualmente a doença celíaca nas crianças?
"Os sintomas da doença celíaca podem aparecer em qualquer altura após a introdução
de alimentos com glúten na dieta. O seu aparecimento nas crianças é mais frequente
nos dois primeiros anos de vida, mas a doença pode manter-se assintomática até à
idade adulta.
Os sintomas mais frequentes na criança pequena são a diarréia crônica, a
irritabilidade, os vômitos, o atraso de crescimento e o aumento de peso insuficiente. À
observação temos uma criança de baixa estatura, emagrecida, com o abdômen
distendido, pele seca e pálida, olheiras e semblante triste. As suas fezes são ricas em
gordura (que não é absorvida), brilhantes, mal cheirosas, volumosas e pouco
consistentes.
A introdução da dieta sem glúten (após confirmação do diagnóstico) leva a uma rápida
modificação do aspecto das fezes, aumento de peso, com melhoria do estado geral e
do humor."
Porque é que se desaconselha a administração de papas com glúten antes dos 6
meses de idade?
Sabendo-se que algumas crianças são susceptíveis à ação do glúten e poderão
desenvolver quadros graves de diarréia alguns meses após a sua introdução na
alimentação. Procura-se com esta medida “atrasar” essa eventualidade para um pouco
mais tarde, numa idade em que as consequências de uma diarréia arrastada não sejam
tão graves como sucede nos primeiros meses de vida. A introdução do glúten deve
fazer-se a partir dos seis meses porque se a protelarmos muito mais poderemos
originar quadros tardios, que são mais atípicos e de diagnóstico difícil.
Como se diagnostica a doença celíaca?
"O diagnóstico da forma clássica de doença celíaca, particularmente nas crianças, fazse com base no quadro clínico típico (atraso de crescimento, perda de peso, distensão
abdominal, diarréia crônica). Perante estes sintomas o médico pede análises ao sangue
e às fezes que confirmam a existência de má absorção e pode pesquisar a existência de
anticorpos no sangue característicos da doença celíaca.
Se estes exames forem positivos a probabilidade de se tratar de uma doença celíaca é
elevada mas, o diagnóstico necessita sempre de ser confirmado através de biópsia ao
intestino para identificação das lesões intestinais típicas da doença (achatamento da
mucosa do intestino)."
A doença celíaca afeta mais os homens ou as mulheres?
Embora o número de casos sintomáticos seja mais elevado no sexo feminino, os
estudos epidemiológicos em que foi feito o rastreamento da doença na população, diz
que independentemente da presença de sintomas, a doença celíaca atinge os dois
sexos da mesma forma.
A doença celíaca é hereditária?
Sim, a doença celíaca é uma doença genética embora se desconheça ainda a sua forma
de transmissão. A probabilidade de aparecimento da doença em familiares de primeiro
grau de um doente celíaco é de cerca de 10%.
O rastreio deve ser feito nas situações em que há um risco potencial de existência da
doença, como nos familiares em primeiro grau de doentes celíacos, nos indivíduos que
sofrem de doenças auto-imunes (diabetes, tireoidite auto imune, hepatite auto imune,
etc.), na anemia arrastada por perda de ferro sem causa aparente, na síndrome do
cólon irritável, na síndrome de Down (mongolismo ou trisomia 21), etc.
A confirmação por biópsia intestinal deve ser proposta se o rastreio for positivo.
A população geral é considerada de baixo risco, pelo que o rastreio sistemático de
grupos populacionais é apenas realizado em estudos epidemiológicos." As analises
deverão ser IGA Total, anti-corpo anti-tranglutaminase e anti-corpo anti-endomísio.
Quais são as complicações da doença celíaca?
"As complicações que surgem na doença celíaca estão associadas a uma exposição
prolongada ao glúten, quer resulte de um diagnóstico tardio, quer pelo não
cumprimento da dieta.
Entre as complicações possíveis as mais graves são o aumento da probabilidade de
ocorrência de doenças malignas (linfoma, carcinoma do esôfago ou do intestino) e o
hipoesplenismo (atrofia do baço com a consequente diminuição das defesas contra
certas infecções graves).
Quando o diagnóstico de doença celíaca é precoce e a dieta rigorosa as complicações
são extremamente raras (a mortalidade dos doentes cujo diagnóstico foi feito na
infância e cumprem a dieta isenta de glúten é idêntica à da população geral)."
Qual é o tratamento da doença celíaca?
"O tratamento de base da doença celíaca é a dieta sem glúten, tão rigorosa quanto
possível, e mantida durante toda a vida. Numa dieta sem glúten devem ser excluídos
todos os alimentos que contém trigo, cevada, aveia e centeio. Os únicos cereais
permitidos são o milho e o arroz. Não é bem assim, como podem ver aqui
Para que a dieta seja rigorosa o doente deve analisar sempre a composição dos
alimentos, particularmente os de confecção industrial. Deve ainda ter presente que
alguns medicamentos têm na sua composição excipientes que contêm glúten.
Para ajudar os doentes a identificar os alimentos comercializados que estão isentos de
glúten a Associação Portuguesa de Celíacos fornece listas atualizadas destes alimentos.
Na fase inicial do tratamento, se a desnutrição for importante, alguns doentes
necessitam de suplementos de vitaminas e minerais.
Embora seja raro, nas formas mais graves da doença poderá haver necessidade de
instituir tratamentos complementares da dieta. "
A dieta sem glúten só está indicada aos doentes com sintomas?
"Não. A dieta sem glúten deve ser feita por todas as pessoas a quem foi diagnosticada
a doença, mesmo se a forma de apresentação é atípica ou silenciosa (sem sintomas).
A necessidade de tratamento dos doentes assintomáticos baseia-se na existência de
alterações inflamatórias mesmo quando não há sintomas, com aumento do risco das
complicações malignas nas formas latentes ou silenciosas."
Uma vez que a biópsia intestinal é um método invasivo para o doente, não se pode
iniciar o tratamento com base na suspeita clínica ou na positividade das análises,
apenas para ver se as queixas desaparecem?
"Não, é incorreto iniciar uma dieta isenta de glúten sem confirmar previamente o
diagnóstico de doença celíaca, uma vez que este diagnóstico implica alterações
profundas dos hábitos alimentares que devem ser mantidas para o resto da vida.
É fundamental que a primeira biópsia seja realizada antes de retirar o glúten da
alimentação para poder detectar as lesões típicas da doença e confirmar a sua
melhoria depois do tratamento."
Como se faz o rastreio da doença celíaca e a quem deve ser feito?
"Atualmente o rastreio da doença celíaca faz-se através da pesquisa de anticorpos
específicos no sangue, que podem sugerir a existência da doença mesmo na ausência
de sintomas. Estes testes não substituem a biópsia do intestino na confirmação do
diagnóstico.
Download